Noite de Lua Cheia



AI MEU DEUS, ENTRE AS 10 MAIS LIDAS DA FB!!!!! (Ao menos na semana que se passou...)
Já deu para ver como estou feliz com isso né??? MUITO OBRIGADA!!!!
Sério, em uma semana, mais de 350 visitantes, quase chegando nos 400, muita gente comentando... é impossível demonstrar o quanto estou feliz. Só posso agradecer mesmo, de coração!
Muitos dos novos leitores mencionaram as coisas desconexas e tal. Eu concordo, minha fanfic chegou a um ponto que perdi contato com algumas coisas dos capítulos anteriores, peço desculpas pelo desleixo e pelos esquecimentos. Se alguém vir algum MUITO GRAVE, avise por favor!
Mudei a capa também, se alguém reparou. Obrigada Nina!
Sobre esse novo capítulo, os leitores reclamaram que o último tava pequeno e tal... pois é, estava mesmo. Esse consegui escrever em 17 páginas, tomara que satisfaça o desejo de leitura de vocês!
Também este é um capítulo sem muitas cenas engraçadas. Neste tem um pouco  mais de drama e suspense, espero que todos gostem!
Sem mais, só agradecendo pelos comentários, pelos leitores maravilhosos e por todo o apoio que estão me dando. Amo vocês, seus lindos!
Espero comentários!


Boa leitura!


 


 


Cap. 22: Noite de Lua Cheia


 


 


Eram duas horas da tarde quando Lilian abriu os olhos finalmente. Ela olhou pro relógio, resmungou algo sobre ter dormido demais, e sentou na cama, tirando o cabelo do rosto e ajeitando o pijama. Ela olhou para a cama de Samantha, a garota não estava lá, mas ela pode ver que a porta do banheiro estava entreaberta e provavelmente a amiga estava lá tomando um banho.
Lilian levantou-se, buscou uma toalha limpa na cômoda, um conjunto de roupas, e entrou no banheiro.
Samantha havia acabado de sair do banho, estava de roupão e uma toalha nos cabelos.


- Bom dia! – ela exclamou quando viu Lilian entrar.
- Bom dia... Samy, está tudo bem? – Lilian perguntou, ao ver a expressão cansada e um sorriso fraco nos lábios da garota.


- Estou sim, só estou com uma ressaca DAQUELAS. – ela respondeu com um sorriso. – Pode secar meu cabelo?


Lilian assentiu e deixou suas coisas em cima da pia. Samantha sentou na cadeira da penteadeira e tirou os longos fios loiros debaixo da toalha. Lilian pegou uma escova e começou a desembaraçar o cabelo dela com delicadeza.


- Como foi sua noite? Eu vi que você chegou bem tarde, dona Lilian Evans... – disse Samantha com um sorriso desconfiado nos lábios.
- Foi uma noite interessante, se quer saber. – Lilian respondeu corando, tentando esconder um sorriso, enquanto desembaraçava as pontas das longas madeixas.
- Pode falar, ficou até tarde dando uns agarros no “Potter”, não foi? – disse Samantha com um sorriso malicioso, olhando pra ruiva através do espelho da penteadeira.
- Não!!! – Lilian respondeu depressa, corando mais que nunca. – Nós só dançamos e conversamos a noite toda, nada de mais...


- Não sei quem é mais lento, você ou o Tiago... – ela resmungou revirando os olhos.


Lilian riu.
- Mas Samy, quero deixar as coisas irem se encaminhando aos poucos, não quero fazer nada por obrigação. Não é porque vamos nos casar e ter um filho daqui alguns anos que eu preciso sair correndo para os braços dele...


- Mas se você gosta dele, e ele de você, porque não? – Samantha perguntou impaciente.


- Porque não sou assim, Samy. E nem ele é assim. Eu preciso ser conquistada, e ele precisa saber fazer isso. Ele está conseguindo, eu estou começando a sentir algo diferente quando estou com ele... mas quero ter certeza.
Samantha sorriu e permaneceu em silêncio. Lilian terminou de escovar os cabelos dela, e pegou a varinha para começar a secá-lo.


- Você viu o Sirius depois que fui embora?


Lilian parou de fazer o que estava fazendo no mesmo instante. Ela estava se sentindo tão bem depois da noite anterior que se esquecera do que Samantha havia feito no palco contra Sirius, e a suposta “vingança” que Tiago mencionou.


- Samy! Eu esqueci completamente de tudo aquilo! Samy, o que aconteceu entre vocês dois???


Samantha sorriu fracamente e respondeu, fingindo estar interessada num livro que pegara de cima da penteadeira.
- Eu fiz uma coisa que há cinco anos estou louca para fazer. Lilian, não me leve a mal, por favor, mas eu precisava ter feito aquilo.


- Samy, mas você gosta tanto dele...
- A questão é que ele precisava sentir na pele alguns erros que cometeu no passado. Eu lembro de você vendo a cena Lilian, deve se lembrar o que aconteceu no nosso segundo ano.
Lilian tentou se lembrar de algum fato que recordasse Samantha há cinco anos atrás, mas as duas mal se falavam na época, estava difícil descobrir o que era.


- Mas Samy, eu não entendo. Vocês estavam super bem, e agora tudo isso aconteceu... sabe que será difícil ele te perdoar, não sabe?
Samantha não respondeu, apenas baixou os olhos. Lílian voltou a ficar imaginando tudo o que havia acontecido no seu segundo ano. Lembrou-se que naquela época, seu melhor amigo era Severo Snape. Então veio em sua mente uma vaga lembrança, uma memória de uma tarde de Sol no fim do segundo ano.


 


* * *



Lilian estava sentada à sombra de uma árvore junto de Molly Prewett, na beira do Lago Negro. Ela estava estudando para as provas finais, com o livro de Poções em mãos.
- Molly, pode me emprestar suas anotações da última aula?
A outra menina ruiva, com visíveis sardas pelas bochechas e pelo nariz, absorta numa redação, pegou o livro e entregou para Lilian.


- O Snape não virá hoje estudar com a gente? – Molly perguntou, ao terminar a última linha de um pergaminho de trinta centímetros.
- Ele está atrasado com as lições de Transfiguração, acho que não vai vir... é uma pena, ele é tão bom em poções.
Molly sorriu e guardou o pergaminho na mochila. Ela encostou-se à árvore, tirou os sapatos, e ficou olhando o lago negro, tomando um pouco de Sol.
- Acabaram as lições? – Lilian perguntou frustrada.


- Não, mas gosto de descansar entre uma lição e outra. Podia tentar fazer isso um dia, Lily.


- Um dia talvez, no momento estou tentando decorar os ingredientes da poção anti-verrugas. Tenho certeza que Slughorn vai colocá-la na prova, ele a mencionou três vezes só na última aula.


Molly não pareceu muito interessada, somente sorriu em resposta. Ela continuou olhando o reflexo do Lago Negro, quando uma cena tomou-lhe a atenção.


- Lily, olha só. São aqueles garotos de novo.


Lilian ergueu seus olhos do livro e olhou para o mesmo lugar que Molly estava olhando. Molly se referia aos Marotos, é claro. Um grupo de meninos que se auto-intitulavam Marotos não pode ser facilmente ignorado, e muito menos consegue ser ignorado. Eles estavam sentados próximos às duas meninas ruivas, debaixo da sombra de um imenso carvalho, mas dessa vez a situação era diferente. Havia uma menina loira entre eles, os cabelos bem presos em um rabo-de-cavalo alto, olhos azuis muito vivos, muito magra e estava sentada ao lado de Sirius. As duas meninas ruivas lembravam-se da loira vagamente. Ela era da Grifinória, mas fez o primeiro ano em casa, e só agora no segundo ano começara a freqüentar Hogwarts. Ela estava escrevendo algo em um pequeno caderninho vermelho, apoiado nas pernas dela. Tiago e Sirius estavam discutindo qual era o melhor time da temporada, enquanto Tiago exibia sua nova vassoura, que ganhara de presente de aniversário de seus pais. Lupin parecia estar muito concentrado na leitura do livro de Poções, e Pedro dormia na beirada do lago.


- O que a Samantha tanto escreve ai? – perguntou Tiago para Sirius. Samantha pareceu não ouvir a pergunta.


- É verdade... Samantha, mostra ai pra gente. – disse Sirius para ela.


- Não. É segredo. – ela respondeu, sem olhar para eles.


- Você mantém segredos de mim, Samy? – perguntou Sirius fingindo estar chocado. – Vamos lá, conta pra gente o que é.
- É meu diário. – ela respondeu, molhando a pena no tinteiro, e voltando a escrever. – É particular.


Sirius sorriu para Tiago, e em questão de um segundo, Sirius havia pegado o diário dela e subido na vassoura de Tiago. Ele lia as primeiras páginas, enquanto Samantha gritava para que ele devolvesse o caderno.
- “Querido diário. Hoje sonhei de novo que me casei com Sirius. Havia milhares de camélias caindo sobre nós, estava simplesmente lindo. Será que se eu contar o que sinto, ele vai finalmente me pedir em namoro?”


Tiago ria enquanto Sirius lia mais e mais comentários do diário dela. Lupin não sabia o que fazer e Pedro havia acordado com a gritaria, sem saber muito bem como havia começado aquela situação. Samantha gritava no chão, pedindo que ele descesse e entregasse o caderno dela.
- SIRIUS BLACK, ME DEVOLVA JÁ!
- Olhe só, você guardou uma camélia do nosso casamento... – Sirius disse gargalhando, tirando uma flor branca perfumada, que estava dobrada junto das páginas do diário. – Vou jogá-la ao vento, pra você se lembrar daquele momento inesquecível...
- NÃO...!
Tarde demais. Sirius jogou a flor no vento, e ela voou muito longe, antes de cair a vários metros de onde estavam, boiando sobre a superfície negra e depois afundando lentamente.
Lilian e Molly assistiram aquela cena sem saber o que fazer. Samantha correu para tentar pegar a flor, mas tropeçou em Pedro e caiu dentro da água do lago, ficando ensopada. Tiago, Pedro e Sirius gargalhavam muito, e Lupin largou seu livro e tirou sua capa para colocar em Samantha.
- Parem com isso! Sirius, devolva o diário dela agora!
Sirius ouviu a voz de Lupin e desceu com a vassoura de Tiago, pousando no chão com leveza e limpando as lágrimas dos olhos, que caíram de tanto rir.


- Aqui. Ah Samy, não fique assim. Eu também guardei uma flor, depois te dou a minha.


Ela não respondeu. Somente levantou-se, com as lágrimas rolando por seus olhos azuis, e pegou o diário da mão de Sirius.
- Obrigada Remo, n-não preciso da capa. – ela disse chorando muito. – E para sua informação, Sirius, aquela flor foi o último presente que ganhei da minha mãe, antes de ela morrer no ano passado.
Sirius e Tiago pararam de rir no mesmo momento. Lupin olhou um olhar mais reprovador ainda para os dois garotos, e Pedro parecia confuso com tudo o que havia se passado.


Ela pegou o diário e jogou com toda força para dentro do Lago Negro. O caderno afundou na água fria, e ela se virou e seguiu para o castelo.
- Será melhor correr atrás dela? – perguntou Molly, olhando estupefata a cena.


- Espere aqui.
Lilian levantou-se depressa, seus olhos brilhavam em fúria. Aquela brincadeira de mau gosto fora a gota d’água.
- Espero que estejam satisfeitos! – ela gritou com os meninos, que levaram um susto ao vê-la.
- Já veio xeretar, não é Evans? – disse Tiago com desdém.
- Só vim dizer que espero que agora vocês arranjem um cérebro e peçam desculpas a ela. E aprendam a respeitar as pessoas. Cresçam, meninos!


Lilian se virou e voltou para onde estava sentada com Molly, deixando os meninos sem possibilidade alguma de defesa. Pegou suas coisas no chão, jogou-as dentro da mochila e saiu batendo os pés. Molly a aguardava. Esperou que ela terminasse de arrumar tudo e juntas seguiram para o castelo.



* * *


 


- Você se lembra, não é? – perguntou Samantha, depois de ver que Lilian parou uns cinco minutos em reflexão. – Além de tirar de mim uma das únicas lembranças que eu tinha de minha falecida mãe, ele ainda me expôs ao ridículo por estar apaixonada por ele.


Lilian pode ver grossas lágrimas escorrerem pelo rosto da amiga.


- Eu e Molly tentamos de achar depois... – disse Lilian com a voz fraca, ainda sem saber muito que dizer.


- Eu sei. Por uma semana, eu me escondi de todos que tinham visto aquela cena deplorável. Foi difícil pra eu voltar a aparecer, eu era tão tolinha na época... – ela suspirou profundamente, limpou as lágrimas com as costas das mãos, e prosseguiu. – Mas eu tinha certeza que não ia deixar aquilo passar em branco. Sirius Black ia sofrer por minha causa também. E depois daquelas longas férias de verão, no terceiro ano eu me transformei no que sou hoje.


- Mas Samy... e os meninos? – Lilian sentou-se na cama detrás da penteadeira, e ficou fitando Samantha pelo espelho. - Como pôde voltar a andar com eles, a virar melhor amiga deles, depois de tudo o que aconteceu? Seu irmão não sabe disso tudo?
- Ele não sabe, logicamente, ele iria matar o Sirius e o Tiago. – ela sorriu fracamente. – Mas ele me via chorando durante as férias, e eu menti dizendo que chorava porque havia perdido a flor da mamãe. Ele estudou em Durmstrang, sabe? Até o terceiro ano. No quarto, ele pediu para nosso pai mudá-lo para Hogwarts. E ele se tornou muito amigo dos meninos, foi a oportunidade que eu precisava. Ele se aproximou dos meninos, e eu aproveitei para fazer o mesmo. Mas eu já não era a mesma Samantha boba de antes. Eu criei um estilo próprio, passei a ser autônoma, entrei pro time de Quadribol...
- Por isso ele te deu aquelas camélias eternas, não foi? – disse Lilian com um sorriso. – Domi sabia o quanto elas eram importantes pra você.
- Meu irmão é a melhor pessoa desse mundo. – ela sorriu fitando Lilian. – Com ele eu sei que sempre posso contar, e ele se preocupa muito com minha felicidade. Quando nossa mãe adoeceu e morreu, ele adoeceu também. Papai e eu pensamos que a tristeza dele ia levá-lo para junto de nossa mãe, mas ele tomou como meta cuidar de mim. Foi o que nossa mãe nos pediu, que cuidássemos um do outro. E assim somos, até hoje.


Lilian abriu um sorriso em resposta, então Samantha recomeçou a falar:
- Só para você saber, o Tiago veio me pedir desculpas depois.


- Ah é? – perguntou Lilian surpresa.


- Nas primeiras semanas do terceiro ano, não me lembro exatamente. Ele perguntou se eu o desculpava por ter rido da situação. É claro que eu perdoei. Pedro não falou comigo, mas ele estava junto de Tiago quando ele veio falar comigo, então supus que ele pediu o mesmo.
Lilian estremeceu um pouco ao ouvir o nome de Pedro Pettigrew, o homem que trairia ela e Tiago para que Voldemort tivesse uma chance de matar Harry.
- Sirius apareceu com uma namorada uma semana depois do ocorrido, e falava comigo como nada tivesse acontecido. – continuou Samantha, baixando os olhos como se refletisse as cenas de seu passado. – O namoro não durou mais que um fim de semana, é claro, porque na segunda-feira ele já estava cantando outra menina. No começo eu sofri bastante com essa “rotatividade” que ele tinha, mas depois desencanei. Sabia que isso só aumentaria minha vontade de me vingar.


- E agora, está satisfeita com sua vingança, afinal? – perguntou Lilian preocupada.
- Não. – Samantha respondeu. Lilian pode ver os olhos da amiga se enxerem de lágrimas novamente, e algumas começarem a rolas insistentemente pelo rosto da garota. – Lily, não importa o que eu faça, ele sempre ganhará. Eu posso ter arranjado uma namorada da qual ele não gosta, posso tê-lo feito morrer de vontade de passar a noite comigo, mas no final, quem está chorando sou eu. Ele vai passar nos corredores com ela, exibir a Katie como um troféu que eu dei a ele, e vai fazer aquela cara idiota que ele tem de “você sabe o que está perdendo, não sabe?”.


Lilian esperou que a amiga chorasse bastante, para tirar todo aquele ódio e frustração do seu coração. Abraçou a amiga, enquanto acariciava os cabelos loiros dela, tentando tirar dela aquela dor insuportável que devia estar sentindo. Lilian sabia como era andar pelos corredores e desviar o olhar quando certo garoto exibia uma nova namorada. Agora ficava mais fácil enxergar que ela se dobrava de ciúmes quando Tiago beijava ardentemente uma garota nos Três Vassouras, mas abria os olhos por alguns instantes só para ver se Lilian olhava a cena. Ela sabia o que era ser rejeitada, sabia que uma garota sofria muito por querer ser valorizada. Ela não queria ser mais uma da listas de ficantes que Tiago levava à Hogsmeade. Ela sempre quis ser a única, a predileta. Foi presenciando as lágrimas da amiga que ela sentiu na pele que era essa a causa das borboletas no estômago quando Tiago se aproximava e a convidava para sair, e da vontade imensa de chorar e implorar que ele a beijasse quando ela o via com outra mulher.


Quando Samantha se acalmou e o choro diminuiu, Lilian segurou o rosto da amiga com as duas mãos e beijou-lhe a testa. Samantha sorriu em resposta e enxugou as lágrimas com as mãos, enquanto Lilian acariciava-lhe os cabelos. Ela voltou a secar o cabelo de Samantha, e depois que terminou, foi ao armário da amiga e tirou o arranjo de camélias eternas, prendendo-o nas longas madeixas loiras de Samantha.


- Agora que você está linda, respire fundo e mostre a ele que você é a mulher poderosa, lindíssima e autônoma que sempre foi. Mostre a ele que você não se abala por causa dele. Se lhe bater a vontade de chorar novamente, sorria com desdém e levante o queixo, chore depois aqui no quarto, no meu colo, mas não demonstre seu sofrimento na frente dele. Você sabe que estou sempre aqui, não sabe? Você sabe que pode contar com sua melhor amiga quando quiser.


Samantha sorriu e mais lágrimas caíram em resposta, mas ela rapidamente enxugou. Lilian a abraçou, lhe deu outro beijo na testa e pegou suas coisas para finalmente tomar seu banho. Samantha entrou no banheiro, lavou bem o rosto para limpar todas as lágrimas. O nariz ficou um pouco vermelho, mas nada que uma maquiagem não resolvesse.
Com o rosto finalmente impecável, a feição superior que sempre exibia e um belo sorriso nos lábios, ela se vestiu e deixou o quarto.


 


 


- Porque você sempre rouba minhas meias?!


Lupin bateu na orelha de Sirius com um par de meias brancas que ele acabara de tirar do malão do amigo, e as segurava com raiva.


- Porque você sempre me acorda da pior maneira possível? – reclamou Sirius, passando a mão na lateral da cabeça.


- Já está tarde. Acorda o Tiago.


Sirius se espreguiçou na cama, abrindo bem os braços e contraindo a musculatura. Ele passou a mão no rosto e virou-se para a cama de Tiago.


- Acorda Pontas, já perdemos o almoço.


Tiago se remexeu na cama, virou para o outro lado e voltou a dormir.


Sirius sorriu marotamente. Acordar Tiago era a única coisa que o animava em acordar cedo, e era um de seus passatempos favoritos.
Ele chupou a ponta do dedo indicador e enfiou na orelha esquerda de Tiago.


- Ai!


- Cotonete molhado!


Enquanto Tiago o xingava, tateando os óculos no criado-mudo, Sirius pegou o primeiro conjunto de roupas que achou na mala e correu para o banheiro para tomar banho.


- Bom dia Pontas. – disse Lupin, separando umas roupas da mala e colocando-as em cima da cama.


- ‘Dia... – ele respondeu meio atordoado, sentado na cama. – O que está fazendo?


- Separando minhas roupas velhas, como sempre.


Tiago fez cara de quem não entendeu. Lupin o olhou com uma cara meio indignada, foi quanto a ficha de Tiago caiu. Lupin estava muito pálido, sua voz estava fraca e ele tinha olheiras maiores que seu rosto. Parecia que iria desmaiar a qualquer momento.
- Você se esqueceu, não foi? – Lupin disse finalmente.


- Já é lua-cheia??? – Tiago falou com um susto, procurando um calendário. – Não pode ser, pensei que ia ser só na próxima semana...


- Pois é, acho que o Almofadinhas também se esqueceu. – disse Lupin, enquanto ouvia Sirius debaixo do chuveiro, e Domenick já acordado também, escovava os dentes.


- O Dumbledore não comentou com você sobre uma poção que amenizava os efeitos? – perguntou Domenick, com espuma na boca.


- Sim, a poção mata-cão. – respondeu Lupin calmamente, voltando a arrumar suas roupas. – O problema é que o efeito dela pode viciar a maldição sabe? Posso me tornar mais perigoso na próxima transformação se eu tomá-la e o efeito só se amenizar se eu voltar a tomar a poção, e ai vai ser pior...


- Então descubra os ingredientes da poção e leve-a para o passado! Assim você terá sempre a poção. – sugeriu Tiago.


- Não podemos mudar o passado, lembra-se?


Tiago ficou quieto e torceu o nariz.


- Bom, a boa notícia é que teremos uma semana de saídas noturnas. – ele disse finalmente, abrindo um grande sorriso.


- E a má é que teremos que arrumar uma desculpa melhor para as meninas engolirem né. – Lupin lembrou-o.


- Verdade! Esqueci delas. – Tiago exclamou. - Será que o Domi não consegue enrolá-las? Pelo menos ele já sabe que você é lobisomem mesmo...


- Shhh! Fale baixo! – Lupin virou-se irritado. – Se alguma delas entra e te ouve dizer isso, é o meu fim. Vamos agir como sempre agimos, passaremos o dia naturalmente, eu finjo que fico doente e passo a semana revezando a enfermaria e a Casa dos Gritos.


- E eu e o Sirius saímos usando a capa de invisibilidade, ou pela janela com alguma vassoura.


- Pensei que dessa vez vocês não fossem sabe? Fiquem com as meninas aqui, arrumem uma desculpa pela minha ausência...


- Nada disso. – Sirius saiu do banheiro, secando o cabelo com uma toalha. – Estamos nisso juntos, lembra-se?


Lupin fechou a cara.


- Ainda acho que vocês não deviam me acompanhar nessas transformações. Se um dia eu machucar vocês, nunca vou me perdoar...


- O mesmo blá blá blá de sempre... – falou Tiago, pegando roupas e se encaminhando pro banheiro, sem escutar o que Remo dizia.


Lupin riu e voltou a arrumar suas roupas.


 


 


 


- Louise!


Samantha levantou os olhos. Ela lia um exemplar do Profeta Diário que falava sobre a proximidade da Segunda Tarefa e do Baile de Inverno. Hermione sentou-se ao seu lado e lhe deu uma caneca com uma bebida quente.


- Rony e Harry me contaram que te carregaram ontem à noite. – ela sussurrou. – Fui até a cozinha e pedi um pouco de chá de boldo, ajuda a curar ressaca.


- Obrigada. – Samantha pegou a caneca e bebericou um pouco do chá.


- Então... está melhor de ontem a noite?


- Estou sim... obrigada Hermione.


- Eu estava querendo saber uma coisa...- Hermione disse pensativa - Você sabe quando a Lilian e o Tiago vão falar pro Harry quem eles são?


- Na verdade não sei não... sabe, a Lily e o Tiago estão começando a se entender agora... acho melhor não precipitá-los a nada.


Hermione sorriu e continuou:
- Sabe, se vocês vieram do passado, precisam tomar cuidado com o tempo. Não sabem quanto tempo lhes resta aqui, não é mesmo?


- Hum... não.


- Então. – Hermione continuou, raciocinando. – Acho que precisam utilizar esse tempo pra acertar algumas coisas.


Samantha olhou para Hermione, que indicou uma garota sentada perto da escada do dormitório masculino. Katie Bell parecia estar esperando a noite inteira que Sirius saísse, tamanha era sua empolgação.


- Não vou falar pra ela que fui eu quem armou aquilo tudo, se é o que você está sugerindo. – Samantha falou depressa, fechando a cara.


- Mas poderia tentar se reconciliar com o Sirius... – Hermione sugeriu.


- Hermione, por acaso eu e o Sirius ficamos juntos depois que saímos da escola? – Samantha disse, ficando levemente irritada.


- Eu... não sei... mas quase certeza que sim. – Hermione respondeu meio insegura.


- Então. – ela concluiu convicta. – Eu e o Sirius não vamos ficar juntos. Logo, não vou gastar meu tempo nem minha paciência tentando me reconciliar com quem não me dá valor algum.


Hermione sorriu desconcertada, pegou um livro e o abriu para ler.


- Depois não diga que não avisei...


Samantha achou melhor encerrar o assunto. Voltou a ficar absorta à sua leitura, mas sua atenção virou-se de repente para o barulho da porta do dormitório masculino se abrindo. Sirius saiu, os cabelos molhados caindo sobre os olhos. Katie Bell na mesma hora pulou no seu pescoço e lhe deu um beijo. Quando se separaram (rapidamente, Sirius parecia estar com certa pressa), Sirius disse:


- Depois conversamos, preciso levar um amigo à Ala Hospitalar.


Samantha viu então Remo apoiado no ombro de Tiago. Sirius estava com uma pequena mala em mãos. O rosto de Remo estava pálido, ele suava frio e parecia que a qualquer momento iria desmaiar.


Samantha levantou-se num pulo. Hermione assustou com o ato brusco da garota e também se virou para olhar a cena.


- O que aconteceu com ele? – ela disse, correndo para ajudá-los.


Sirius fitou os olhos azuis da garota com desdém.


- Não está na cara? – ele respondeu secamente.


- Tiago, vou chamar a Lily. Ela pode ajudar, está trabalhando na Ala Hospitalar também.


Os quatro garotos fizeram uma cara de assombro. Lilian trabalhava na Ala Hospitalar, se esqueceram completamente disso. Seria muito difícil fazer a ruiva não suspeitar de nada.


Samantha correu para seu dormitório, e poucos segundos depois, Lilian e ela vinham correndo ao encontro deles.


- Ele está com febre. – Lilian disse colocando a mão sobre o rosto de Remo. – Porque não me chamaram?


- Acordamos agora Lily, só tivemos tempo de arrumar umas roupas pra mim... - Remo respondeu com um sorriso fraco.


- Mesmo assim! Se estava se sentindo mal, devia ter pedido pra que me chamassem. – ela ralhou, brava.


- Ruivinha, ele tem uma saúde frágil, você se lembra nos tempos da escola. – Tiago disse, tentando tranqüilizá-la.


- Levem ele pra Ala Hospitalar imediatamente, eu vou colocar meu uniforme e já encontro vocês lá.


Lilian subiu correndo de novo ao seu dormitório. Sirius se despediu de Katie, avisando que a via mais tarde, e os meninos e Samantha seguiram com Remo até a Ala Hospitalar.


- Muita gente aqui! – exclamou Madame Ponfrey irritada, olhando a quantidade de pessoas que adentravam a Ala Hospitalar.


- Madame Ponfrey, o Remo não está se sentindo muito bem...    


Madame Ponfrey rapidamente entendeu o que estava acontecendo. Pediu que o levassem até uma cama mais afastada e protegida dos olhares alheios, e Remo se deitou.


- Lhe trarei os remédios habituais, pra quem amenizem os efeitos e você não se sinta tão mal. Poderiam pedir que a Srta. Evans venha para me ajudar?


- Ela já está vindo. – respondeu Domenick.


- Ótimo, então vou pedir que vocês se retirem daqui, ele precisa de repouso constante!


Eles se despediram de Remo e saíram da Ala Hospitalar. Lilian vinha correndo com o vestido branco e o avental por cima. Estava prendendo os cabelos quando encontrou os amigos.


- Toda vez que te vejo com esse uniforme, imagino você com o vestido de noiva no nosso casamento...


Todos riram do comentário de Tiago, exceto a própria Lilia, que corou e ignorou o comentário.


- Ele já está de cama? – ela perguntou.


- Sim. – Sirius respondeu. Lilian sorriu em resposta, se despediu e entrou na Ala Hospitalar.


- Ele tem alguma doença que se manifesta sempre? – perguntou Samantha. – Madame Ponfrey disse que ele vai tomar os remédios habituais...


- Sim. Algo de família, se não me engano. – mentiu Tiago.


Samantha assentiu com a cabeça e não fez mais questionamentos.


- Tenho que ver a Katie. Vejo vocês mais tarde. – disse Sirius, fazendo questão de olhar a expressão de Samantha quando terminou de dizer isso. Ela, porém não pareceu ligar.


Ele saiu. Tiago e Domi na mesma hora olharam para Samantha.


- Está tudo bem, maninha?


- Hum? Sim, Domi, por quê?


O irmão sorriu para ela e lhe deu um beijo na testa.


- Vou encontrar a Gabrielle. Depois nos vemos.


- Quer dar um passeio? – perguntou Tiago, quando Domenick se afastou.


- Claro. – ela respondeu.


 


Os jardins ainda estavam com uma fina camada de neve, apesar dos elfos domésticos se esforçarem para tirar toda a neve possível da escola. As árvores sem folhas davam uma sensação de calmaria. O inverno só não era a estação mais romântica em Hogwarts porque a coloração avermelhada que os pinheiros e as folhas das árvores da floresta proibida davam toda uma vivacidade na escola, incapaz de ser descrita. Tiago levou Samantha até a beirada do Lago Negro. Eles se sentaram em um banco á beira do Lago, onde ficaram vendo o balançar das copas das árvores da Floresta Negra.


- Então, finalmente se vingou?


Samantha olhou assustada para Tiago, e depois fechou a cara, ao ver que ele sorria.


- Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você daria o troco no Sirius, mas eu esperava que você ficasse bem com isso.


- Estou bem. – ela respondeu sem rodeios.


- É, estou vendo.
Eles ficaram mais uma vez em silêncio. Samantha pegou um pouco de neve e com a varinha, começou a fazer alguns bichinhos esculpidos com o gelo, que começaram a andar felizes perto dos pés dos dois.


- Seu unicórnio perdeu o chifre. – Tiago mostrou, quando um unicórnio de gelo tropeçou num montinho de neve e quebrou o chifre.


- Eles são meio idiotas mesmo... – Samantha disse, e no mesmo momento seu dragãozinho deu uma rabada no unicórnio, arrancando-lhe a cabeça.


Tiago riu e com sua varinha, voltou a reconstruir o unicórnio.


- Às vezes, algumas coisas que são quebradas podem ser consertadas. – ele disse, pegando o unicórnio com a mão e lhe mostrando. – Mesmo que ele seja idiotice, talvez algumas pessoas mereçam ser reparadas dos seus erros.


- Eu não quero ser perdoada, Tiago. – ela disse, quando sua fênix de gelo ficou pronta e começou a voar sobre sua mão. – Eu quero que ele perceba que não sou qualquer uma.


- Você não é qualquer uma.


- Mas estou cansada de ser tratada como. – ela respondeu irritada, e todos seus bichinhos se transformaram em neve novamente.


Tiago sorriu e acariciou os longos fios loiros dela.


- A Lilian já deve ter conversado com você, eu conheço aquela ruivinha quando está preocupada... – ele disse sorrindo, e Samantha sorriu também. – Mas acho que você deve não só lutar por ser valorizada, mas lutar para ser feliz também. Que adianta o Sirius te respeitar, se você o mantém longe, e fica triste pelos cantos?


Samantha sorriu e deitou sobre seu ombro.


- Obrigada Pontas.


 


 


- Madame Ponfrey disse que esse remédio fará a febre estabilizar. – disse Lilian, dando uma colher com um líquido vermelho à Remo.


- Obrigada Lily. – ele agradeceu, tomando o remédio depressa e fazendo uma careta com o gosto.


- Não entendo porque essa temperatura não abaixa! – Lilian reclamou, umedecendo alguns panos para colocar sobre a testa de Remo.


Lupin sorriu. Ele sabia que não iria baixar, pois a temperatura do corpo de um lobisomem em transformação aumenta durante a semana de Lua Cheia. Não havia muito que fazer, exceto com poucos resultados, estabilizar a temperatura.


- Tem certeza que não quer que eu te faça companhia de noite? Posso chamar um dos meninos também, Remo. – Lilian disse, olhando a janela. O Sol começava a se pôr.


- Não Lily, vá dormir. Madame Ponfrey ficará comigo, e você já fez muito por mim hoje. – disse Remo com um sorriso.


- Preciso ir embora então. Madame Ponfrey disse que vou trabalhar até as seis da tarde essa semana. – disse Lilian, fechando os xaropes de Remo, em sua mesa de cabeceira.


- Ela está certa, você precisa descansar.


- Prometa que vai tomar a sopa do jantar direitinho, está bem? – ela disse, colocando a bandeja com um prato de sopa quente. – Se não tomar, vou ficar realmente irritada com você.


Remo riu e tomou a primeira colherada.


- Está ótima. – ele disse, enchendo a próxima colher.


Lilian sorriu e deu um beijo na bochecha do amigo. Depois virou-se e seguiu para a Torre da Grifinória.


Madame Ponfrey esperou que Lilian sumisse pelo corredor, então Lupin começou a tomar a sopa rapidamente. Quando terminou, ele levantou da cama e Madame Ponfrey lhe deu suas roupas.


- Troque-se, querido. Dumbledore já está chegando para levarmos você para a Casa dos Gritos.


Lupin assentiu com a cabeça e fechou o cortinado para se vestir.


 


 


 


- Lupin está melhor? – perguntou Samantha, ao ver a amiga atravessando o quadro da Mulher Gorda. Tiago, sentado ao seu lado, também virou sua atenção para a ruiva.


- Está sim, mas a febre não quer baixar. Amanhã vou bem cedo para ver como ele passou a noite.


Tiago lhe deu um sorriso quando ela passou. Ela retribuiu o sorriso e disse:


- Vou tomar um banho.


E seguiu para seu dormitório.


Sirius atravessou o quadro no momento seguinte. Katie Bell vinha junto dele, abraçada. Samantha virou a cabeça, fingindo prestar atenção no fogo da lareira.


- Preciso tomar um banho agora. Estou cansado, acho que só vou vê-la amanhã.


- Sem problemas, amor. Boa noite.


Eles se despediram com um caloroso beijo, e Sirius seguiu para onde Tiago estava sentado.


- Te encontro lá em cima?


- Em um segundo.


Sirius subiu as escadas seguindo para seu dormitório, ignorando a presença de Samantha. Tiago virou-se para a amiga e disse:


- Vou descansar, está bem? Vejo você amanhã.


E seguiu para o dormitório.


Samantha continuou fitando as labaredas na lareira, e entediada, subiu para seu dormitório também. Ao abrir a porta, viu Lilian fitando a janela muito pálida.


- Lily?


- Samy! Venha aqui, rápido!


Lilian ainda não havia se trocado. Ela não tirava os olhos da janela. Samantha foi até a janela e viu a mesma cena que entorpecera Lilian:


Duas pessoas carregavam Remo pelos terrenos da escola. Remo se debatia, e parecia estar em péssimo estado de saúde. Com a varinha, um dos vultos fez com que o Salgueiro Lutador parasse de se mexer, e colocaram Remo dentro de um buraco aos pés do Salgueiro. As duas garotas que presenciavam aquilo ficaram estupefatas, e muito preocupadas.


- Lilian! O que vamos fazer? Remo pode morrer ali! Você viu o estado em que ele estava?


- Samy, eu vou buscar o Remo, não importa o que aconteça. Avise Tiago, Sirius e seu irmão, e corra com eles até lá.


Lilian pegou sua varinha em cima da cama e saiu correndo para a porta. Samantha fez o mesmo, mas seguiu para o dormitório masculino.


- Tiago, Sirius! Abram por favor!!! – ela batia a porta com desespero na voz.


- Samy! O que aconteceu? – Domenick abriu a porta assustado, secando o cabelo (agora curto) e olhando a irmã com preocupação.


- Domi, eu e a Lilian vimos duas pessoas colocarem Remo dentro de um buraco perto do Salgueiro Lutador, lá fora, nos terrenos da escola. Pelo amor de Merlim, chame os meninos para tirar ele de lá!


- Calma Samy, entre aqui. – ele disse, abrindo a porta pra que ela entrasse. Samantha entrou, andava de um lado ao outro, procurando Tiago e Sirius.


- Onde eles estão???


- Saíram, há uns dez minutos. Samy, não se preocupe com o Remo, ele está bem...


- ELE ESTÁ DOENTE, LÁ FORA, TRANCADO. – ela gritou desesperada. – Não vou ficar aqui sem fazer nada!!!


- Vai sim Samy. – Domenick disse calmamente. – É o que sempre fazemos quando Remo está doente, maninha.


- Nós? – ela exclamou, desconfiada do irmão. – O que quer dizer com isso?


- Samy, Remo é um lobisomem.


Samantha abriu a boca pra responder, mas logo a fechou. As palavras não saiam. De repente, tudo fez sentido. Sempre, uma vez por mês, Remo desaparecia por algum motivo. Morte da avó, doença, mãe doente. De repente todas aquelas tragédias transformaram-se numa ainda maior: Remo era um lobisomem, e não havia nada que pudesse reverter esse fato.


- M-mas... não entendo...


Domenick a fez sentar em sua cama, enquanto ela organizava seus pensamentos.


- Desculpa não ter te contado, mas Remo não queria que vocês soubessem. Espero que entenda a situação dele.


- Não, claro... – ela disse, ainda entorpecida. – Meu Merlim, pobre Remo...


- Tiago e Sirius normalmente o ajudam nessas transformações, mas é difícil, eles não podem ficar perto dele, lobisomens atacam humanos. Eu descobri por acaso, numa conversa dos três, mas ele me fez prometer que eu não contaria à você nem à Lilian...


- LILIAN! – ela gritou, ficando desesperada novamente. – DOMI, ELA FOI ATRÁS DO REMO!


Domenick levou um grande susto, e imediatamente pegou sua varinha e saiu correndo do dormitório, Samantha o seguindo. Os dois atravessaram os corredores, iluminados pela enorme Lua Cheia que pairava no céu.


- Se Remo vir a Lilian, ela estará morta! Temos que avisar o Sirius e o Tiago. Samy, eu procuro os dois, você não saia daqui, por favor! – gritou Domi, correndo o mais rápido que podia.


- São meus amigos que estão lá fora! Nem vem com isso agora! E o que Tiago e Sirius estão pensando, se arriscando perto de um lobisomem? – ela respondeu, enquanto desciam juntos a escadaria principal.


- Eles são diferentes Samy! Eles têm um método que os protege do Remo.


- Que método? – ela perguntou, ainda correndo ao seu lado.


Nesse momento, um longo uivo lupino prorrompeu nos jardins. O coração dos dois irmãos pulou em seus peitos, e eles pararam para ouvir melhor os barulhos da noite. Nenhum grito ainda.


 


 


Lilian estava parada em frente ao Salgueiro Lutador. Ele balançava seus longos galhos, tentando acertá-la.


- Imobilus! – ela gritou, mas o feitiço não funcionou. Só serviu para deixar a árvore mais irritada, e balançar com força seus galhos, jogando-os contra o chão.


Ela respirou fundo, esperou o momento oportuno e saiu correndo em direção à entrada que havia visto pela janela. Um galho se jogou a poucos centímetros dela, arranhando um pouco sua perna. Ela continuou correndo, desvencilhando dos galhos que se jogavam contra ela, sofrendo alguns arranhões. De repente, um deles bateu contra seu peito, e ela foi jogada para trás, rolando rapidamente antes que pudesse ser atingida por um enorme tronco. Levantou-se rapidamente, e pulou para dentro do buraco.


Cheia de lama no uniforme de enfermeira e nos membros expostos,  folhas por todo o cabelo e vários arranhões e pequenos sangramentos no rosto, braços e pernas, ela seguiu engatinhando pelo estreito caminho. Sentiu o piso de madeira alguns minutos depois, quando pôde finalmente se levantar. Viu-se dentro de uma casa velha, móveis rústicos, cheios de teias de aranha e muito empoeirados. O barulho da madeira estalando e do vento forte batendo com força as janelas, a fez ficar apreensiva. Ela acendeu a ponta da varinha e seguiu pela casa. Parecia não ter ninguém nela.


- Remo? – ela chamou.


- Sirius? – alguém chamou em resposta.


Lilian seguiu para o próximo cômodo. Remo estava agachado, tremendo muito, as mãos semicerradas e com algumas escoriações pelo corpo.


- Remo! – ela disse, correndo até o garoto.


- Lilian, o q-que está faz-fazendo aqui? – ele disse, o suor escorrendo por seu rosto.


- Vim te tirar daqui! Quem te trouxe aqui Remo? Meu Merlim... – ela disse, medindo a febre dele. – Você precisa sair daqui agora, venha, se apóie em mim.


- NÃO! Lilian, você precisa sair daqui agora...


- Não vou te escutar mais Remo! – ela ralhou, puxando o corpo fraco do amigo e o enganchando. Segurando-o firme, ela o arrastava para a saída do Salgueiro.


- Não Lilian... – ele tentava dizer, engasgando-se e guinchando, às vezes gritando e grunhindo. Lilian teve a impressão que por uma ou duas vezes, o ouviu uivar.


- Estamos quase saindo Remo... agüente firme... – ela dizia, puxando-o pelo caminho estreito do Salgueiro Lutador.


- N-não Lily, p-por favor...


Ela chegou até a saída. O Salgueiro começou a se debater novamente. Ela se apoiou numa raiz próxima, e imediatamente a raiz afundou, fazendo o Salgueiro parar de se debater.


- Ele parou Remo! Vamos logo, a Samy deve estar vindo.


Ela virou-se para o rosto pálido do amigo, iluminado pela luz do luar, e deu um grito de susto.


Os olhos dele haviam ficado brancos. Suas pupilas haviam sumido, seu corpo se contorcia. Ela ouviu o barulho das costelas dele se quebrando, e vários pêlos aparecerem por seu corpo. Ela se afastava lentamente enquanto as roupas dele rasgavam, pois ele crescia de forma descomunal.


- Remo... – ela dizia, sua voz falhando, algumas lágrimas caindo insistentemente de seus olhos amedrontados. – Remo, o que está acontecendo...


Remo continuava a se debater, grunhindo com raiva. Quando a transformação acabou, um enorme lobo arfava deitado no chão, virado de costas pra ela. Ela se levantou. O vestido branco rasgado e imundo, seu rosto sujo de lama, sangue e lágrimas. Aproximou-se lentamente e pousou a mão no amigo.


- R-remo...?


O lobisomem deu um salto, jogando-a para trás. Ela se apoiou no cotovelo quando o enorme lobisomem uivou para a Lua Cheia. Lilian não conseguia gritar, não tinha como. O rosto do enorme lobo virou-se para ela, e arreganhou-lhe os dentes.


Lilian não podia se mover, não havia escapatória. Ela fechou os olhos para sentir a brisa fria passar pela última vez por sua pele.


 


N/A: HAAA adoro deixa um suspense. Desculpem, sei que vão querer me matar, mas de que outro modo faria vocês lerem o próximo capítulo? Rs. Comentem por favor! Até a próxima!


 


 

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Comentários (6)

  • Gabi Lima

    que PUTARIA  e essa isso nao e novela nao minha amiga!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    2011-12-28
  • Luana S. Potter

    MEU DEUS, que maldade parar bem nessa parte.. meu, você tem talento, de verdade.. sua fanfic é de longe uma das melhores que já li, eu particularmente AMO os marotos e acho o Tiago e a Lilian o casal mais fofo de TODOS, portanto estou AMANDO continue assim, e ve se posta logo o próximo capítulo hahaha beijoos

    2011-08-16
  • Priscylla R

    Isso foi maldade, acabar bem nessa parte.  Adorei o capitulo. ^^

    2011-08-02
  • Deusa Potter

    Isso é sacanagem!!!!!!! Não se para uma historia nesse momento!!!!!!!!!!!!!! Vô te contar viu... ¬¬Agora, deu muita dó da Sammy, tadinha. Espero que o Sirius deixe de ser um mané e resolva essa situação. E quando é que o Tiago e a Lily vao contar a verdade pro Harry? To louca pra ver a reação dele...Por favor nao demore pra atualizar, ja que a senhorita fez o favor de parar logo na parte mais emocionante e a curiosidade vai estar no auge...

    2011-08-02
  • Sah Espósito

    ahhhh adorei ver sua fic atualizada!!! to sem inspiração pra um comentario decente... mas to gostando muito... Por favor posta rapido ta! Da uma olhada nas minhas e comente! Bjs!

    2011-08-01
  • Sah Espósito

    ahhhh adorei ver sua fic atualizada!!! to sem inspiração pra um comentario decente... mas to gostando muito... Por favor posta rapido ta! Da uma olhada nas minhas e comente! Bjs!

    2011-08-01
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