Bancando o médico



Na casa de Gina


Harry cutuca a ruiva levemente. Embora ele se sinta mal em acordá-la agora que ela dorme a sono solto, já está na hora de tomar os remédios – ruiva... (ele sussura de modo suave)


Harry... – ela balbucia ainda de olhos fechados e o moreno percebe que ela não está acordada


Ei ruiva, acorde... (ele fala novamente) eu estou aqui


Gina acorda sobressaltada. Por um momento ela não sabe onde está, tudo que ela se lembra é dela e Harry em uma situação, digamos, muito íntima


Desculpa ter te acordado, mas está na hora do remédio – Harry fala e só então Gina percebe que ele está a seu lado e se recorda que está doente. No entanto, no seu sonho ela estava perfeitamente bem. Bem até demais... Ela pensa ficando imediatamente ruborizada


Acho que a sua febre não baixou (ele fala, preocupado) seu rosto está vermelho...


Ele coloca a mão em sua face e constata que seu rosto está quente, mas Gina sabe que tal fato se deve não apenas à febre


O moreno lhe trás algumas pílulas e um copo com água que Gina prontamente sorve – você não deveria estar em casa? (ela pergunta)


Harry sorri – tem alguém doente precisando de cuidados por aqui, sabia? E essa pessoa com certeza não iria admitir que um garotinho de quatro anos bancasse o enfermeiro


Eu poderia chamar a senhora Xavier – a ruiva fala em meio a tosse


Ora ruiva, não seja teimosa! Eu estou à disposição, pra que acordar a senhora Xavier? (Harry faz uma pausa) E depois, se eu chegasse em casa e deixasse você assim, Alvo iria atazanar até que alguém viesse pra cá cuidar de você. Talvez eu mesmo, ou Minerva, ou Hagrid... Isso se ele não escalasse a Madame Pomfrey ou viesse pessoalmente


Gina se cala. Ela conhece muito bem aquele velho teimoso e sabe que, se ele realmente quisesse, nada seria capaz de impedir que Alvo Dumbledore, a despeito da convalesça, se deslocasse para ver se tudo estava bem com ela


Ok, eu desisto! (ela fala com um suspiro e olha pra Harry) Obrigada... Eu tenho que admitir que você tomou conta direitinho da situação (ela dá uma olhada para a escada) o Cody deu trabalho pra ir pra cama?


Harry sorri – Ele praticamente apagou... Ele queria ficar aqui com você, mas eu prometi pra ele que ficaria (ele pega na sua mão e mais uma vez Gina sabe que o calor que sente não tem muito a ver com a febre) é hora de deitar, eu sei que seu sofá é confortável, mas não pra passar a noite inteira


Gina se ruboriza e agradece por estar doente e tal fato não transparecer. Em sua mente as lembranças da última vez em que ela e Harry estiveram neste sofá


Vem, eu te ajudo – Harry fala sem soltar a sua mão e ambos sobem as escadas


XXXXX


Harry entra no quarto de Gina. A despeito da situação ele não pode deixar de olhar ao redor e imaginar a ruiva adormecida naquele leito, com os cabelos flamejantes espalhados pelo travesseiro e num devaneio de sua imaginação por um momento ele se vê ao lado dela acariciando aqueles cabelos com um sorriso saciado no rosto


Mas ele não pode deixar a realidade de lado, e a realidade neste momento é Gina doente, precisando mais de um enfermeiro do que de um amante. Então ele respira fundo para espantar os pensamentos e fala – eu vou arrumar a sua cama enquanto você usa o banheiro. Deixe a porta aberta


A ruiva apenas assente com a cabeça e vai fazer a sua higiene noturna


Harry suspira e começa a procurar as roupas de cama. Ele abre o guarda-roupa e não pode deixar de observar que a maioria das roupas dela se resumem às que ela usava no trabalho, não há quase roupas para festas e eventos sociais. Ela vive apenas para o filho... Ele não pode deixar de pensar. O moreno pega os lençóis e travesseiros, ele arruma a cama e para por um momento pensando se deve ou não deixar uma camisola ou pijama separados pra ela. Não... Ele fala para si mesmo. Não lhe parece apropriado atravessar uma barreira tão intima


Neste momento Gina sai do banheiro e olha para a cama impecável com aprovação – você, por acaso, serviu o exército? (ela ri perante a cara espantada que Harry faz) Gui, meu irmão mais velho, serviu o exercito e ele dizia que nem nossa mãe teria tanta fixação com camas bem arrumadas quanto o pessoal de lá


Harry sorri – não, eu não servi o exército. Mas nos colégios internos por onde passei o pessoal deve ter servido, uma cama mal feita seria motivo para uma detenção de uma semana (ele olha para o relógio e vê que já passou da meia noite, ele também está cansado, mas Harry fez uma promessa e pretende cumprir) está na hora da moça doente dormir (ele fala olhando para Gina)


A ruiva vai até o guarda roupa e pega um pijama que, para a sorte ou desapontamento de Harry, é apenas um comportado pijama de algodão. Melhor assim. Ele fala para si mesmo, Harry não sabe se conseguiria se comportar caso Gina se vestisse com uma camisola sensual ou algo do tipo


Você pode ir se quiser (a ruiva fala tirando Harry do devaneio) eu vou ficar bem


Harry encosta a mão em sua testa – você ainda está com febre e vai precisar tomar o remédio de novo daqui a algumas horas. Eu vou ficar por aqui (ele sorri) enfermeiro Harry Potter, a sua disposição


Não precisa, Harry. É sério (a ruiva argumenta) eu estou bem


Sem discussão (Harry rebate) agora você vai se deitar e tentar dormir, se sentir alguma coisa me chama (ele pega o celular dela e disca o próprio número) pronto, é só você apertar o "send" que vai ligar automaticamente pra mim


Eu sei usar um celular, Harry... – a ruiva fala, mas já está caindo de sono novamente


Harry a fita por um momento, Gina respira profundamente num sinal de que está em um sono pesado. Ele não resiste e a beija suavemente nos lábios, o moreno sai do quarto feliz como um colegial que arrumou par para o baile de formatura


XXXXX


Um pouco mais tarde


Harry muda de canal pela décima ou décima quinta vez, por mais que tente o moreno não consegue dormir. O sofá não é o lugar mais confortável do mundo, mas Harry sabe que não é apenas isso, ele sabe que a idéia de ter Gina adormecida no quarto logo acima já é o suficiente para que perca o sono. Ele olha para o relógio, ainda falta um bom tempo para a ruiva tomar o remédio. Ele olha para o celular e pensa. Será que aquela teimosa iria me ligar se estivesse passando mal. Ele desconfia que seria difícil para Gina engolir o orgulho e pedir ajuda, que isso só aconteceria se ela realmente estivesse se sentindo muito doente


Por um momento sua mente se dirige ao dia em que quase fizeram amor naquele mesmo sofá. Harry tem certeza que se o ex marido dela não tivesse aparecido os dois teriam se entregue à paixão, ele tem que admitir que deseja esta mulher com todas as células do seu corpo. Quem diria... Ele sorri para si mesmo, que a sua relação conturbada com aquela ruiva prepotente iria tomar esse rumo


Harry não pode negar que o fato de se sentir bem nesta casa simples com uma ruiva esquentada e um garotinho simpático o assusta e muito. Ele, que sempre foi um homem razoavelmente sofisticado, que sempre se relacionou com mulheres deslumbrantes para quem deixava claro que não seria um relacionamento duradouro, agora se via mais envolvido do que gostaria com uma garota simples, mãe de uma criança


Não que Gina não fosse bela. Harry, assim que a viu, a despeito da antipatia inicial, teve que admitir que estava diante de uma dar mulheres mais bonitas que encontrou, mas o fato dela ser diferente de todas com quem ele estava acostumado, de ter uma vida praticamente celibatária o assusta e fascina


E ele se vê pensando em coisas que sempre se esforçou para cortar da sua vida, se vê pensando em acordar ao lado daquela ruiva todos os dias, em ensinar truques de basquete para seu filho


Pare com isso, Harry! Ele se recrimina mentalmente e para evitar que a sua imaginação voe mais longe, o moreno se levanta e vai ver como Gina está


XXXXX


Ao se deparar com a ruiva, ele agradece aos céus por ter dito essa idéia ao mesmo tempo em que se recrimina por não ter feito isso antes. É evidente que a febre não cedeu e o pior, Harry acha que aumentou. A ruiva está enrolada no cobertor e embora esteja suando em bicas, ele nota que seu corpo treme levemente


Harry respira fundo para manter a calma. Ele se lembra quando era criança no seu primeiro ano no internato, um dos garotos que dividiam o quarto com ele teve uma febre assim e chegou até mesmo a convulsionar. Harry nunca esqueceu do garotinho tremendo e da correria dos professores para atende-lo e medicá-lo


Mas Harry não é uma criança, ele é um homem feito e deve ter controle da situação, a primeira coisa a ser feita e tentar baixar a temperatura dela. Caso não consiga não haverá outro jeito a não ser levá-la ao médico


Harry para por um momento. Ele sabe que talvez um banho ajude a febre a baixar. Embora não seja hora pra isso ele não pode evitar que seu corpo reaja a simples possibilidade de ver a ruiva debaixo do chuveiro


Ele respira fundo para espantar a imagem – Gina... (ele fala enquanto a sacode suavemente)


A ruiva balbucia palavras sem nexo, Harry espera sinceramente que ela esteja apenas sonhando e não delirando devido à febre – Gina... (ele chama novamente e fica mais apreensivo ao ver que ela está queimando)


Harry suspira, se não tem outro jeito... Ele se senta ao lado da mulher e a obriga a sentar – Gina... (ele fala tomando cuidado com as palavras) a sua febre está muito alta, você está me entendendo?


A ruiva balança a cabeça, mas Harry não tem certeza que ela realmente está prestando atenção nas suas palavras, não quando ela enlaça seu pescoço com as mãos – ah ruiva, não faz isso, não torne as coisas mais difíceis (ele tira as mãos de Gina do seu pescoço e fala) ruiva, me escute. A sua febre está muito alta e eu estou com medo de te dar mais remédio e piorar a situação...


Neste momento a ruiva lança-se em seus braços e Harry reúne todo seu auto-controle pra continuar – ruiva, agora não é hora pra isso. Me escuta, você vai tomar um banho. Vamos tentar fazer a febre baixar, se não der certo vou ter que te levar ao médico...


Gina ouve algumas palavras ao longe, a voz parece com a de Harry, mas ela não tem certeza. Ela não se sente bem, sua cabeça dói e ela sente um frio insuportável. Ela distingue a palavra banho e imediatamente a fisionomia de sua mãe vem em sua mente. Neste momento a ruiva é apenas uma menininha de cinco anos que balbucia – eu sei tomar banho sozinha, mãe


Harry sorri com as palavras de Gina, mas ao mesmo tempo começa a ficar mais preocupado ainda. É evidente que ela está delirando. Ele reúne todo seu auto-controle para fazer o que tem que ser feito. O moreno a deixa por um momento para analisar o banheiro, para a sua sorte a casa em que Gina mora é uma daquelas casas antigas e possui uma banheira tão antiga quanto. Deve servir. Ele pensa enquanto liga as torneiras


Ele toma cuidado pra não colocar a água numa temperatura muito fria, mas também não quente demais. Banho morno. Ele pensa consigo mesmo enquanto volta rapidamente para o quarto e encontra Gina enrolada nos cobertores novamente


Colabora ruiva... (ele fala enquanto vê que Gina dá mais trabalho do que ele esperava) olha pra mim... (ele fala forçando-a a encará-lo) você vai tomar um banho agora, eu vou ajudar...


Banho... (ela fala e sorri) com você...


Não, Gina (ele fala tentando em vão tirar a imagem dos dois juntos na pequena banheira) não comigo, mas você precisa baixar essa febre. Vem, eu vou te ajudar


Ele respira fundo enquanto começa a desabotoar o pijama da ruiva. Concentre-se Harry, pense que você é um médico


Mas a sua concentração vai abaixo quando ele percebe que Gina está tentando fazer exatamente o mesmo com as suas roupas – ruiva (ele consegue balbuciar) o que você está fazendo?


Banho... nós dois – ela fala, meio grogue


Droga! (o moreno não contem a imprecação) Que diabos havia no remédio que ela tomou? (definitivamente ele nunca imaginou que pudesse haver esse tipo de efeito colateral. Ele respira fundo rezando para não fraquejar) não, Gina. Você está doente! Você vai tomar banho! Por favor, colabore


Ele termina de tirar as roupas dela lutando para ter força de vontade e não fixar o olhar nos seios da ruiva, mas logo ele percebe que isso é impossível. Mais ainda, ele percebe que não precisa visualizar os seios dela, apenas olhar as sardas que ela possui no colo já e o suficiente para deixá-lo louco


Harry sempre se considerou um homem sensato com um autocontrole razoável. Mas ele sabe que este autocontrole está indo para o espaço. Como se controlar ao perceber que Gina continua tentando tirar a sua camisa ao mesmo tempo em que beija seu pescoço?


Ele respira fundo sentindo uma ereção indevida crescer, ele sabe que Gina jamais o perdoaria se ele se aproveitasse dela neste estado. Ele também não se perdoaria


Então ele beija os lábios de Gina suavemente e se afasta antes que ela aprofunde o beijo – vamos fazer o seguinte. Você vai tomar um banho, depois a gente continua


A ruiva sorri diante da possibilidade e se deixa despir. Harry a leva com cuidado e a coloca na banheira, ele pega uma esponja e fica por um bom tempo molhando suas têmporas e tentando controlar as batidas desenfreadas de seu coração


Depois de quase meia hora, ele a tira da banheira. Harry a envolve em uma grossa toalha e decide medir primeiro a sua temperatura caso a febre não tenha baixado ele a fará trocar de roupa para ir ao hospital


Felizmente a febre cedeu. Harry suspira aliviado, ele ainda não havia pensado no que fazer com Cody caso tivesse que levá-la ao médico. Ele poderia chamar a senhora Xavier ou ligar para Minerva, mas Harry tem certeza que nos dois casos o menino ficaria assustado e apreensivo


O moreno olha para a porta, ele sabe que o mais sensato seria voltar para o sofá, mas Harry não se atreve a deixar Gina sozinha novamente, principalmente depois deste susto. Ele senta-se na cama o mais longe possível dela, mas não resiste em segurar a sua mão. É apenas pra ver caso a temperatura suba novamente. Ele fala para si mesmo enquanto se prepara para passar o restante da noite em vigília. Mas seus planos são modificados quando o sono bate, ele se recosta na cama e fecha os olhos. É apenas por um momento... Ele mal tem tempo de pensar enquanto seu corpo sucumbe ao cansaço...




NOTA DA AUTORA


Chega de mansinho, morrendo de vergonha pelo atraso monstro... Tem alguém por aqui? Espero que sim, espero que ninguém tenha ficado chateado com a minha demora a ponto de desistir da fic. Por favor, não façam isso! Eu juro que não é de propósito! O problema é que o final do ano torna as coisas muito complicadas pra mim no trabalho, e pra completar ainda estou postando quatro fics e tenho que dar atenção a todas elas


Espero que tenham gostado do capítulo. Confesso que este foi um dos que eu mais gostei de escrever até agora. Muito obrigada a todos que estão lendo, pela paciência que têm em esperar as postagens e mais ainda aqueles que deixam uma palavrinha de incentivo


Bjos e até o próximo

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Comentários (3)

  • Ana Slytherin

    Uau Hary medico , tb quero ficar doente O pior vai ser no dia seguinte , e a Gina cahar ele dormindo na cama dela final de ano é corrido mesmo mas qd tiver um tempinho posta please bjos

    2011-12-28
  • Natascha

    adorei o capítulo! e a Gina não colaborou com o Harry nem um pouquinho, coitado!

    2011-12-13
  • Gemeas Potter

    VC É MÁ! Como termina o cap assim? Fiquei com gosto de quereo mais! haha, amei (como sempre) o cap... Harry de médico, ai... sonho de toda potteriana *-* Enfim, final de ano é complicado mesmo, boa sorte pra você! Por favor, não demore a postar o outro cap, como presente de natal, poste antes do ano acabar, pode ser? haha, ok, estou pedindo muito (pensa com carinho!)... beijos =*

    2011-12-12
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