Dirigindo a palavra



Como previu, aquele dia foi péssimo: Sirius sequer deu bom dia à ela. O último dia das férias também foi quase tão divertido quanto o anterior. De tarde ela resolveu sair mais cedo do Grande Salão e se isolar um pouco, já eu todos estavam lá, ou na biblioteca...


 


Quando chegou na sala comunal, sentiu-se satisfeita: estava vazia! Sem qualquer alma viva. Ou morta... Correu ao quarto pegar seu MP3 pra ver se funcionava, afinal todos os tipos de aparelho eletrônico pifavam em Hogwarts, mas ela havia aprendido um modo de evitar esse incidente; ilegal, ninguém podia vê-la com o acessório; mas precisava ouvir música, elas lhe acalmavam. Conjurou uma xícara com chocolate-quente (sua tia a ensinou fazer isso) colocou os fones no ouvido e tomando o chocolate ficou escutando. As músicas que passavam ficavam falando sobre amor, eram meio tristes e faziam ela ter vontade de chorar... Ela não ligou, pois realmente estava querendo desabafar o que sentia...


 


-I’m sorry, I can’t be perfect –cantou ela deixando as lágrimas escaparem. Não sabia em que estava pensando ou em quem... O nome “Sirius Black” veio em sua mente.”Talvez fosse mesmo por ele” pensou com raiva de reprimir-se para si mesma, mas já enxugando o rosto molhado.


 


O fato de estar isolada do mundo fazia sentir-se muito bem e liberta para qualquer coisa que pensasse ou dissesse... Afinal, não havia ninguém para caçoar dela...


 


Longas horas se passaram, Ana já dormira no sofá. Assustou-se ao acordar e ver tudo do mesmo jeito, como se fosse a única em Hogwarts... Agora sentiu medo por estar sozinha e, como se tivesse ouvido seus pensamentos Lílian adentrou pelo retrato. A primeira coisa que fez foi ver o aparelhinho entre as mãos da garota:


 


-Você tá louca?! Se te pegam com isso...


 


-Eu sei Líl, só tava precisando espairecer, ouvir um pouco de música...


 


-Tá bem mas olha só, não posso ficar te acobertando de tudo e...


 


-Você está exagerando é a primeira vez que me pega fazendo algo <i>supostamente</i> errado! E não estou pedindo que faça isso Evans –retrucou Ana com descaso –Vou guardá-lo, mas não agora...


 


Líly ficou em silêncio a observando, estava com uma feição cansada e deprimida.


 


-Você consegue ser grossa quando quer hein?


 


-Líli dá um tempo! Tá vendo meu estado! O que você quer que eu faça? Que eu diga que você pode contar pra Minerva o que está vendo?


 


-Você sabe que é magia ilegal!


 


-É claro que sei! Não sou idiota, apesar de aparentar! Mas ninguém tá vendo mesmo... A sala está vazia!


 


-Ana as paredes tem olhos!  Se alguém resolve te denunciar?


 


-Aí eu sou expulsa –retrucou com certa rebeldia e simplicidade. –Mas acho que ninguém faria isso, afinal, não estou devendo nada a...


 


Parou de falar: Sirius e James acabavam de entrar pelo quadro, enquanto ela instintivamente, guardou o aparelho no bolso. Os dois olharam para a cena de Líly abaixada com os olhos marejados e Ana parecendo desinteressada:


 


-Está acontecendo alguma coisa aqui? –perguntou James sério.


 


-Nada... –respondeu Ana com indiferença –Eu já disse tudo a Líly não é?


 


-É –respondeu a ruiva agressiva, subindo as escadas com passos fortes.


 


-Você é incrível! –disse Sirius finalmente se dirigindo à ela, mas com um tom nada amistoso –Mal chegou e já foi arranjando confusões...


 


-É que bom que reparou nisso, era exatamente a imagem que eu queria passar! –retrucou ela com cinismo.


 


-Se as coisas continuarem assim, você vai acabar sem amigos... Não me surpreenderia –disse Sirius com desdém.


 


-Pois é, devo ser uma pessoa realmente insuportável não é Black? Então, porque ainda está me dirigindo a palavra? Um ser repugnante como eu deveria ser esquecido e abandonado no mundo você não acha?


 


Sirius a encarou chocado, e não respondeu. Apenas subiu em direção ao dormitório. James continuou fitando Ana com preocupação. Ficou em silêncio, como um analista que espera o paciente começar a falar.


 


-Senta aí, não vou te morder juro! –disse Ana em tom divertido.


 


James obedeceu:


 


-As coisas não estão indo muito bem não é?


 


-Ah é que... Eu vou te contar porque não acho que seja errado... Olha isso: -e tirou o aparelho do bolso –Conhece?


 


James franziu a testa:


 


-Nunca vi! O que é?


 


-Um MP3... É um aparelho trouxa dá pra colocar um monte de músicas e escutá-las com esse fone aqui ó...


 


Ela colocou no ouvido do garoto e uma música começou a tocar:


 


-Uau, que legal, mas... Esse tipo de coisa não funciona em Hogwarts...


 


-Por isso Líly estava brigando comigo, porque eu estou usando mágica para ele funcionar o que é totalmente ilegal por se tratar de um artefato trouxa.


 


-Mas que mal há em ficar escutando música...


 


-Essa pergunta não dá pra te responder... Mesmo assim, se alguém me pegar com isso eu posso até ser expulsa entende?


 


-Que exagero!


 


-É... Mas não esquenta, lá em Beauxbatons também era proibido... Ah eu nem ligo...


 


-Parece que você tem um certo desprezo por regras também...


 


-Só para as sem sentido...


 


-Sei sim... Se fosse menino já estaria no grupo dos Marauders sabia?


 


-Ah é? E só porque sou menina não posso?


 


-É que bem... Sabe...


 


-Ei eu tô só brincando James!


 


Os dois riram.


 


-Finalmente as aulas começarão amanhã... –comemorou Ana.


 


-Ui credo! Você gosta de estudar é? –retrucou incrédulo.


 


-Claro, não existe coisa melhor... Ainda mais se tratando de bruxarias –respondeu ela rindo.


 


-Mais uma cdf ahhhh!!! –debochou ele.


 


-Ah James nada a ver!


 


-Ei gazela! –gritou Sirius do corredor de cima.


 


-Que seu pulguento?


 


-Sobe aqui, quero te mostrar uma coisa...


 


-Já to indo...


 


-Gazela? Pulguento? Que é isso? –sussurrou Ana para James, que se desconcertou...


 


-Ãhn, não, não é nada... Bobeiras dos marauders sabe...


 


-Aham... Vou fingir que acredito! –retrucou ela desconfiada enquanto ele subia.


 


*************************


 


Remus estava com Sophie “a sós” no Grande Salão, pois Peter estava muito entretido em comer a sobremesa do jantar.


 


-Então, amanhã começaremos tudo de novo –animou-se Sophie.


 


-É, último ano, temos que aproveitar bastante... Estudar para os NIEM’S ...


 


-Duro ter um namorado cdf... –debochou Sophie no que Remus riu.


 


-Você é tão animadora! –respondeu ele com sarcasmo.


 


Ficaram em silêncio e antes de voltarem para a torre, Remus a levou para um corredor vazio, grande e escuro. Encostou-a na parede e começou um beijo suave, que foi se intensificando e tornando-se ardente. Sophie não ousava resistir... Ele deslizava suas mãos da nuca para sua cintura fina, beijando seu pescoço e sentindo seu perfume... A garota de olhos fechados sorria marotamente e o abraçou passeando a mão por suas costas; os dois estavam colados. O amor crescia cada vez mais entre eles...


 


-Remie, vamos voltar pra torre agora, antes que nos peguem aqui –disse Sophie ofegante.


 


-Certo –respondeu ele sem jeito.


 


Os dois seguiram de mãos dadas pela escada, fazendo piadas e rindo...

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