Primeiros Passos



Capitulo 1 – Primeiros Passos




Minha cabeça girava, devia estar cheio de zonzóbulos em minha volta. Ou será que era ansiedade? Não, eram os zonzóbulos mesmo.




O trem tinha acabado de partir e eu estava numa cabine vazia. Fazia muito calor e eu transpirava. Tirei meu casaco e fiquei só com minha camiseta amarela. Fiquei observando a janela, as paisagens por onde passávamos eram muito bonitas. Alternavam entre montanhas e pastos muito verdes, mas para mim eram fascinantes, já que, com tanto espaço, dava para se imaginar várias cenas para acontecerem nesses lugares. Não queria nem imaginar como seria quando chegasse a Hogwarts, só de formar esse pensamento sentia um aperto engraçado no estômago.




De repente uma garota ruiva entrou no compartimento, e pediu pra se sentar comigo. Concordei com um aceno e fiquei observando-a guardar a bagagem. Ela se sentou na minha frente e estendeu a mão dizendo:




- Prazer, sou Gina Weasley.




- Sou Luna. – Respondi vagamente e voltei a observar a paisagem.




- Você é a Luna Lovegood? – Ela perguntou para tentar puxar assunto, ou pelo menos foi o que pensei.




- Sim, mas como você sabe meu sobrenome? – Perguntei um pouco surpresa




- Bem, ouvi – nesse momento ela hesitou, mas logo completou – minha mãe falou da sua família. – Ela respondeu meio constrangida.




Como ainda fiquei com uma expressão confusa ela acrescentou:




- Moro perto da sua casa, em Ottery St. Catchpole. – Fiz um aceno com a cabeça. Me lembrei que papai havia me falado da família Weasley. Segundo ele eram pessoas de bom coração e trabalhadores, mas nunca tinham dinheiro sobrando. Mas mamãe me ensinou que isso não importa nem um pouco, o que realmente importa é o coração da pessoa, opinião que papai sempre apoiou.




Daí em diante conversamos sobre coisas bobas como a casa para qual iríamos, como era a seleção e tudo mais. Quando eu contei sobre meu pai não ter me contado como era a seleção, porque ele disse que era surpresa, ela contou que os irmãos haviam dito que era uma prova muito difícil, e envolvia uma luta com um trasgo. Eu não achava que seria isso, mas deixei pra lá.




Ela me contou que tinha mais seis irmãos, sendo ela a mais nova e a única garota. Bom, a única garota mesmo, porque na família Weasley não nascia uma garota a muito tempo.




- É muito difícil, - ela ia dizendo, - ser a única menina. Tem muita proteção, na verdade é um sufocamento. Você não sabe a sorte que tem, porque eles sempre implicam comigo. Mas tem seus pontos altos também; sempre alguém com quem contar, uma proteção, que não sufoque obviamente...




Deixei que ela falasse, percebi que era uma coisa que ela gostava muito. Mas realmente pensava nessa coisa de ter irmãos. Eu já quis muito, mas a vida com meu pai era muito boa, ele sempre me passava seus conhecimentos, e eu sempre amei conhecer verdades que os outros nem imaginam.




Ela também me contou que conhecia o Harry Potter, e suas bochechas ficaram da cor de seu cabelo, mas ela soube disfarçar bem. Ela explicava que o irmão dela é amigo dele e que ele passou as férias na casa deles. Achei isso vagamente interessante, afinal já ouvi falar muito d’O Menino Que Sobreviveu, meu pai sempre falava que, o ano em que nasci só foi um ano totalmente feliz para ele porque Voldemort sumiu, mas ele também sempre disse que ele ainda está por ai.




A porta da cabine se abriu e dois garotos de uns treze, quatorze anos entram. Os dois eram idênticos e tinham o cabelo vermelho berrante de Gina.




- Vamos lá pra nossa cabine Gina, comprei umas coisas pra gente. – Um dos garotos ia dizendo, então olhou pra mim de alto a baixo e olhou pro irmão e eles deram sorrisos idênticos.




- Essa é Luna Lovegood, e Luna, esses são meus irmãos Fred e Jorge. – Gina disse percebendo o rosto dos irmãos.




- Olá. – Respondeu um dos gêmeos sem aparentar importância, mas o sorriso continuava lá. – Vamos Gina, me ajude a procurar o Roniquinho e o Harry, ninguém está achando eles. – Ele disse estendendo a mão para Gina.




Em seu rosto apareceram várias emoções: preocupação, vergonha, receio, medo. Minha intuição dizia que era mais pelo Harry Potter do que pelo irmão.




Ela me olhou por um momento, mas ele já a estava puxando para fora da cabine.




- Eu volto lo. . . – Ela gritou já do lado de fora da cabine.




Eu voltei a observar a paisagem, mas agora praticamente só havia montanhas. Peguei minha mala e procurei minha revista d’O Pasquim. Só a achei quando já tinha tirado quase todas minhas coisas da mala. Suspirei. Coloquei a revista no banco e comecei a jogar meus pertences de qualquer jeito pra dentro da mala. Quando faltava metade ouvi a porta abrindo.




Me virei e vi um garoto alto, cabelo castanhos enrolados e com sardas no rosto. Ele olhou as coisas ao meu redor, e sem sequer esperar ser convidado, pegou minha revista e soltou uma risada dizendo:




- Você lê esse lixo?


- É uma ótima revista! – Eu disse com raiva, tentando pegar a revista das mãos dele. Nunca suportei as piadinhas sobre a revista em que meu pai trabalhava. Ele é repórter dela há três anos, e faz quase todas as matérias.


- Essa revista é delirante, mas se você gosta. – Ele disse dando de ombros e devolvendo a revista.


- Você que deve ser um obtuso. – Eu disse não conseguindo me controlar. Mexeu com O Pasquim, mexeu comigo.


- Como se atreve a falar assim com um Jaker? – Ele disse, também se irritando


- Como você se atreve a falar assim com uma Lovegood? – Perguntei quase gritando.


- Uma Lovegood? – Ele disse e sua expressão era de entendimento. – Ta explicado. – Ele disse saindo da cabine.




Como assim, tá explicado? Tive vontade de segui-lo, mas não ia me rebaixar a isso. Enquanto guardava o resto das coisas na minha mala, as palavras dele vinham na minha mente. O que ele entendeu quando soube que eu era uma Lovegood? Não fazia sentido.




Peguei a revista e consegui esquecer aquele garoto, afinal, as palavras dele não tinham como competir com uma reportagem completa sobre Narguilés.




O carrinho de lanche passou e fui desesperada comprar comida. Fiquei muito decepcionada, não tinha nenhum dos meus doces favoritos. Nem mesmo uma tortinha de frutas silvestres australianas! Tive que me contentar em comprar bolos de caldeirão e tortinha de abóbora. Já tinha anos que eu não comprava sapos de chocolate, afinal, eles nunca tinham os meus bruxos favoritos.




Meus pensamentos vagaram para Gina, afinal ela disse que voltaria logo. Mas tinha acordado muito cedo, e estava com a barriga cheia. Acabei adormecendo encostada na janela.




Quando abri o olho, a paisagem já havia mudado completamente, lá fora estava escuro e o céu salpicado de estrelas, na cabine as lâmpadas estavam acesas. Levantei a cabeça e senti uma dor no pescoço. Olhei para os lados desnorteada por um momento e notei que a bagagem da Gina não estava mais lá.




De repente o trem começou a perder a velocidade e me levantei sobressaltada. Comecei a tirar minha calça jeans e minha camiseta, trocando rápido pelas vestes de Hogwarts. Quando o trem parou sai com minha bagagem para o corredor. Até me impressionei comigo mesma, já que minhas vestes estavam todas no lugar, não exatamente alinhadas, mas isso não era importante.




Nem precisei fazer muita força com a bagagem, já que fui praticamente fui empurrada pelos alunos. Ao sair na estação passei pela Gina; ela estava com os olhos vermelhos transbordando de lágrimas, e ao redor dela estavam outros três garotos ruivos e uma garota de cabelos castanhos volumosos, todos com uma cara preocupada.




Mais a frente havia um homem muito grande, que segundo meu pai se chamava Rúbeo Hagrid, chamando os alunos do primeiro ano. Mas meu pai só me contara até ai, o resto, ele disse, fazia parte da magia de Hogwarts.




Uma pequena fila começou a se formar, e fomos chamados a prosseguir. Só agora pude reparar em todos os meus colegas que entrariam no primeiro ano. Não que desse realmente para reparar, já que agora eu era praticamente empurrada pela aglomeração de pessoas.




Hagrid nos conduziu por um caminho íngreme e com muitas arvores. Eu observava as árvores e via muitos animaizinhos muito fofos, porém outras garotas davam gritinhos ao avistarem alguns.




- É logo ali, fiquem atentos, já veremos Hogwarts – Ele disse antes de uma curva.




Quando essa curva chegou eu prendi a respiração, e quando soltei um suspiro todos pareciam fazer o mesmo. Recortado ao luar, no topo de um penhasco, estava o castelo de Hogwarts. Mesmo só com a luz da lua dava para perceber bem o formato do castelo, e mesmo essa pequena luminosidade parecia dar um toque de mistério ao castelo, o que o deixava ainda mais especial. Eu já havia visto fotos, mas era tão diferente, tão mais vivo!




Hagrid nos conduziu até a margem do um lago e embarcamos em barquinhos, em que cabiam quatro alunos. Me encaminhei para um vazio e me sentei. Logo em seguida mais dois garotos e uma garota se juntaram a mim. Eu até ia falar um oi, mas minha garganta não permitiu. Eles também pareciam não serem capazes de tal ato.




Hagrid verificou os barcos e sentou num barco só dele dizendo:




- Todos seguros? – Deu mais uma olhada em volta. – VAMOS!




Os barcos começaram a se movimentar sozinhos, como se puxados por uma corda... Todos em sintonia. Hagrid avisou sobre galhos à frente e mandou todos abaixarem as cabeças. Entramos num túnel e visualizei uma abertura na rocha à frente.




Chegamos a margem e Hagrid conferiu se não havia nada nos barcos. Vi Gina de relance, só a reconhecendo por causa dos cabelos vermelhos. Hagrid começou a andar a nossa frente e o seguimos agora em um gramado muito verde e fofo. Paramos de frente a uma porta enorme e esperamos enquanto Hagrid batia na porta. Uma mulher muito elegante, que vestia trajes impecáveis que combinavam com seu coque na cabeça.




Ela tinha uma cara muito severa, e não sorria a toa como Hagrid, muito pelo contrário, parecia impossibilitada de tal gesto. De repente vi um inseto dourado perto dela, e pelas descrições de papai só poderia ser uma coisa. Soltei uma exclamação e fiquei encarando o inseto. De repente ficou tudo num silêncio Ao que parecia, ela havia começado a falar com Hagrid e parou para me olhar, e eu nem tinha notado.




- Algo errado senhorita? – Ela perguntou levemente confusa, digo levemente porque parecia sempre zangada.


- Tem um Ferriony perto da senhora. – Eu disse apontando para o inseto.




Ela olhou para ele junto com toda a turma.




- É só um mosquito garota. – Disse uma garota ao meu lado. – Eles ficam perto das florestas.


- Não, tenho certeza que é um Ferriony. E eles são muito perigosos, já que se picarem a gente podemos ficar desarcodados por...


- Já chega de brincadeiras mocinha. – A mulher disse num tom zangado. – Como eu ia dizendo meu nome é Minerva McGonagall, pra vocês professora McGonagall. E agora me acompanhem.




Falando isso ela seguiu para dentro do castelo. Eu fui meio contrariada, afinal não era uma brincadeira. Será que ela não conhecia a historia do Ferriony? Como poderia não conhecer se era professora? Com certeza não era a área dela. Ela nos conduziu a uma sala e começou um tipo de discurso.




- Daqui a pouco vocês entraram no castelo e serão selecionados para suas casas. – Ela dizia numa voz enérgica. – Suas casas serão como suas famílias, passarão a maior parte do tempo em suas salas comunais e ao decorrer do ano acumularão pontos com as atividades em aula, e logicamente, poderão perder também. No final do ano letivo será entregue a taça das casas para a casa ganhadora. As casas são Grifinória, Lufa-Lufa, Corvinal e Sonserina que foram fundadas por bruxos espetaculares e formado bruxos tão talentosos quanto. Esperem um momento e já chamarei vocês para a seleção.




Logo que a McGonagall saiu começou o falatório. Mas não era muito, mas a maioria parecia muito nervosa.




- O que você acha que é a seleção? – Era o que eu mais ouvia. Tinha uns que perguntavam nervosos e uns que levantavam o nariz com ar de arrogância, aparentando que já sabiam muito bem o que ia acontecer. Eu não sabia como seria a seleção, mas tinha certeza pra qual casa gostaria de ir, o que me deixou tranqüila e alheia ao nervosismo ao meu redor.




- Formem fila e me acompanhem. – McGonagall ordenou voltando à sala e seguimos ela em silêncio.

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