Capítulo 3



Sabe quando você realmente acha que nada pode ficar pior do que já estava em sua vida? Quando já está tudo tão ruim, mas tão ruim que, inocentemente, você realmente acredita já estar no fundo do poço? Pronto... era assim que Gina se sentia até aquele momento. Toda aquela idéia louca de Draco de bancarem o casal feliz para a sociedade bruxa havia feito ela acreditar estar literalmente na pior. Mas ela não estava. E descobriu isso da pior maneira possível, com o simples escutar de uma mísera voz. Existia afinal, uma situação pior que a anterior. Se, ter que passar a noite na frente de Draco, querendo ora beijá-lo ora esmurrá-lo era... desagradável, por assim dizer, estar com Draco, querendo ora beijá-lo ora esmurrá-lo E com Parkson como companhia era definitivamente muito pior.



— E então, Pansy, — Gina disse com um tom levemente irônico — já conseguiu se recuperar do último divórcio? Ouvi dizer que seu advogado conseguiu fazer um ótimo negócio para você? — completou levando a taça de champanhe à boca.



A mesa ocupada pelas duas passaria despercebida por qualquer bruxo que não conhecesse a fundo a história deles. Seriam facilmente tomados por amigas que em uma noite comum encontram-se e jogam conversa fora em um restaurante.



— Ora, Virgínia... sarcasmos e ironias não combinam com você. — Pansy respondeu, sem demonstrar nem um pouco da inveja e da raiva que sentia pela ruiva a sua frente. Odiava-a pela beleza que fazia os homens quererem cuidar dela, por ter feito mais sucesso que ela em Hogwarts, por ser Gina, uma Weasley e grifinoriazinha certinha, que estava sentada ao lado do loiro, ao invés dela. Odiava-a por ter se casado com Draco. Odiava-a por ter acabado com seus sonhos de se tornar a Senhora Malfoy. — Afinal, você é a meiga e delicada Gina, não? O que diria seus amigos grifinórios se a ouvisse agora?



— Não sei... Afinal, eles não estão aqui, não é? — respondeu Gina com um belo sorriso formando-se nos lábios —Engraçado, quem diria que uma Weasley fosse conviver tanto com sonserinos? — continuou Gina fingindo espanto — Vai ver que foi assim que eu aprendi certas ironias e sarcasmos. Afinal vivendo com um marido que é sonserino até o fundo da alma e com um filho que parece seguir o mesmo caminho do pai, não seria de se admirar! — completou, enfatizando as palavras venenosamente.



A face da morena torceu-se em profundo ódio. A ruiva havia conseguido tocar exatamente na ferida da outra. Ela poderia até mesmo não concordar com Draco por estar fazendo ela representar o “casal feliz do ano”, mas naquele momento ela não poderia ficar mais exultante por estar naquele restaurante.



Draco aproximou-se da mesa da qual havia saído há alguns instantes para receber uma coruja que havia sido mandada a ele pela secretária do escritório.



— Virgínia, acho que a nossa noite acaba por aqui. Preciso voltar agora.



— Mas já Draco? — lamentou Pansy, ficando de pé rapidamente. Pegando no braço do loiro fazendo-o virar-se para ela. — Mas eu acabei de chegar!



— Desculpe-me Pansy. Assuntos profissionais.



Gina não podia apreciar mais a situação. Apesar de querer matar a outra após notar a mão que alisava o braço do loiro.



— Adeus, querida. É uma pena ter que sairmos justamente no momento em que você chegou. — disse Gina, deixando a insinuação pairando no ar. Voltando-se para Draco, passou seu braço pelo dele, e falou com uma voz doce. — E melhor irmos querido, Josh pode estranhar a nossa falta.



Draco olhou para Gina com um rosto que mostrava confusão e espanto pela repentina mudança de comportamento da mulher. Porém logo depois, ao enfim perceber a situação na qual se encontrava, não pode conter o sorriso que se formou em seus lábios. Gina sem deixar de notar a expressão zombateira que se formou nas íris azuis do marido, estreitou os olhos como quem o avisava para não mexer com ela.



— Claro, querida. — E com um movimento rápido, aproximou o rosto do dela e depositou um pequeno beijo em seus lábios, fazendo a ruiva arrepiar-se de desejo e a morena de raiva. — Temos que chegar logo em casa, não é?



— Até logo então. — falou Pansy, com toda a dignidade que conseguiu reunir. E, como não recebeu resposta alguma dos dois que ainda se fitavam sorrindo, deu meia volta bufando indignada.



Draco tentava a todo custo segurar a gargalhada que ameaçava escapar dos seus lábios. Enquanto Gina rezava internamente pedindo a Merlin que chegassem logo ao maldito carro, e pudesse a voltar a respirar normalmente.



Atravessaram o salão do restaurante rapidamente, de braços dados cumprimentando alguns conhecidos que estavam no recinto. Afinal, o show tinha que continuar...



Mal passaram pelas portas do restaurante, Gina desvencilhou-se rapidamente dos braços do loiro. Eles haviam saído por uma porta lateral, que dava acesso direto ao estacionamento do estabelecimento. Caminhavam lado a lado sem trocar um palavra, e assim entraram no conversível de Draco.



Gina tentava a todo custo manter a atenção na paisagem que passava veloz pela janela, nem ao menos havia lembrado de ligar o rádio como de costume. Draco percebendo o comportamento forçadamente distante da ruiva, que pelas suas experiências anteriores não estaria nem um pouco disposta a receber provocações, tentava concentrar-se na estrada e controlar a todo custo a gargalhada que ameaçava explodir a qualquer momento.



Porem suas tentativas foram em vão. Ao perceber que a ruiva lhe lançava olhares disfarçados, não consegui se conter a tempo. A ruiva virou a cabeça em direção ao loiro, com uma expressão insatisfação e vergonha estampada na face. O que significava que estava ficando tão vermelha quanto seus cabelos rubros.



—Posso saber qual é o motivo da piada?



Ouvir a pergunta feita com uma voz tão indignada, só aumentou as gargalhadas de Draco. A ruiva, que superando todas as probabilidades ficava cada vez mais corada, ligou o rádio sem nem ao menos prestar atenção no que estava tocando. Seu grunhido, segundos mais tarde, foi suficiente para fazer o loiro perceber que era melhor para antes que sofresse uma tentativa de homicídio.



—Um homem não tem mais o direito de rir? — perguntou Draco sem desviar os olhos do trânsito londrino — Afinal, estamos em um país livre...querida.



—Para quem dizia que demonstrar emoções, até mesmo risadas, era sinal de fraqueza, isso soa um pouco estranho, não...querido?



—Digamos que uma situação em particular me fez rever meus conceitos...querida.



—Hum... quer dizer que convicções sonserinas estão se perdendo ao longo do tempo...querido>.



—Acho melhor pensar, que convicções sonserinas foram moldadas com o tempo e talvez... que entre duas pessoas tão íntimas valores podem ser deixados para trás...querida. — Gina sem perceber, que Draco parou o carro, já diante da mansão, levou um susto ao vê-lo inclinar-se sobre ela, tirar-lhe o sinto e beijar-lhe a costa das mão logo depois de ditas tais palavras.



Enrubescendo ligeiramente, Gina se desvencilhou e abriu a porta do carro dirigindo-se rapidamente em direção a porta. Passou pelo hall e começou a subir as escadas, o mais rápido possível. Mas não tão rápido para fazê-lo ficar satisfeito pela reação que provocava nela. Draco sem deixar por menos, andava tão rápido quanto a ruiva, já estavam quase em frente à porta do quarto de Draco quando ela parou abruptamente quase fazendo os dois colidirem no meio do corredor àquelas horas às escuras.



—Ok, já chega – disse Gina dando meia volta e ficando de frente para o loiro. A pouca luz que iluminava o ambiente só era suficiente para fazê-la distinguir os contornos do corpo esguio e o par de olhos que a encaravam. – Será que você poderia para de me seguir?



—Não sei se você percebeu mais estamos em frente à porta de meu quarto, querida – disse Draco irritando a ruiva a sua frente. Mesmo na escuridão do local era capaz de apostar cem galeões como ela estava corando.



Gina bufou ao escutar a frase dita pelo loiro e antes de virar-se novamente com a intenção de alcançar o porta do seu quarto a poucos passos dali, falou:



—Ah! Merlin! Voltamos ao querida de novo!



—Algum problema com isso, querida? – perguntou Draco dando pequenos passos em direção à ruiva fazendo-a recuar.



—Nenhum, querido, apenas acho que já estamos bem crescidos para...- o loiro, de alguma forma inexplicável conseguiu encurralá-la entre a porta e o seu corpo, fazendo a ruiva tremer involuntariamente e prender a respiração. Naquele momento ela estava tendo sérias dificuldades em completar a frase. - ...para...eh...esse tipo de joguinho, é...é isso.



—Ora, Virgínia – Draco colocou as duas mãos na porta do quarto ao lado da cabeça de Gina impedindo-a com seu próprio corpo de tentar fugir. – Qual tipo de jogo você já se considera grande o suficiente para jogar, querida? – perguntou aos sussurros no ouvido da ruiva.



Beije-o. Agarre ele. Faça qualquer coisa, mas ponha as suas mãos nele. Rápido! Era só nisso em que conseguia pensar. Naquele momento ela soube o quanto sentiu falta dele, daquele cheiro. Dos olhos que a fitavam intensamente sem ousar em desviarem-se. Do sussurro no ouvido. No hálito adocicado que parecia afagar-lhe o rosto. Naquele momento sabia que tivera saudades de simplesmente estar com ele. Ainda sentia desejo, paixão. Era isso... desejo! Ele é um homem lindo, natural sentir-me atraída por ele, pensou Gina. É meu marido, mas estamos separados, e tudo isso são apenas meus hormônios a todo vapor. Afinal já faz algum tempo, ele concluiu.



Draco pode ver o hesitação nos olhos que o encaravam. O medo, o receio e o desejo. O que ela estaria pensando? Será que ela também só conseguia pensar nele, assim como ele só podia pensar nela?



Sem poder controlar-se mais, ele inclinou a cabeça em direção aos lábios rosados entreabertos que soltavam um respiração pesada e entrecortada. Sorriu ao ver que ela fechava lentamente os olhos, sorriu ao constatar que ela também queria.



O que se passou depois? Gina não podia explicar. Ao sentir os lábios finos contra os seus, novamente pode sentir o arrepio que subiu pela sua coluna. E foi impossível não abrir os lábios permitindo que as línguas se encontrassem. Foi impossível não corresponder ao beijo sensual de Draco. Foi impossível conter o pequeno gemido que subiu-lhe pela a garganta. E quando ele segurou sua cintura apertando-a ainda mais contra seu corpo, foi impossível não agarrar-se à ele, senão possivelmente ela teria caído devido a falta de força momentânea de suas pernas. Era simplesmente impossível resistir àquele ato.



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