Capítulo 4



Aviso: Nada disso me pertence

Capítulo Quatro


“Talvez seja verdade que não existimos enquanto não houver quem veja que nós existimos, que não falamos enquanto não houver quem ouça o que estamos a dizer, no fundo, não estamos completamente vivos enquanto não formos amados”.
Poucas coisas são tão estimulantes e simultaneamente aterrorizadoras como saber que somos o objeto do amor de alguém, já que para quem não está completamente convencido de que merece ser amado, ser alvo de carinho é como receber uma grande honra sem perceber bem porquê.
Assim que se resolve descobrir sinais de atração mútua, tudo o que o ser amado diz ou faz pode ser interpretado como significando praticamente o que se quiser.
Só nos apaixonamos quando não sabemos por quem estamos apaixonar-nos.
Se nos apaixonamos com tanta rapidez, talvez seja porque à vontade de amar precede o objeto do amor.
Apaixonamo-nos na esperança de não encontrarmos no outro aquilo que sabemos existir em nós - covardia, fraqueza, preguiça, desonestidade, acomodação e estupidez.” (Ensaios sobre o amor)

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“Qual o seu problema Weasley? A falta de comida na sua casa afetou o desenvolvimento do seu cérebro?”.
O corredor estava deserto àquela hora. Gina olhou para os lados, tentando lembrar-se do mapa do maroto tantas vezes mostrado por Fred e George e assim descobrir a forma mais rápida de sair dali. Malfoy por sua vez tomou o gesto como uma demonstração de insegurança por parte da garota e não pode deixar de sorrir cinicamente com isto.
“Se algum de nós sofreu alguma afetação mental aqui Malfoy, definitivamente não foi eu. Afinal, os meus melhores amigos não são dois brutamontes que só Merlin sabe como conseguem andar e falar ao mesmo tempo! E não sou eu que tenho uma pessoa tão... agradável e... hum... respeitável como namorada “. Gina respondeu venenosamente esquecendo-se de tentar achar um roteiro de fuga. O rosto corado demonstrando todo o seu desconforto diante da situação enquanto o maldito só fazia dar-lhe aquele bendito sorrisinho torto que a fazia sentir aquele turbilhão inexplicável e querer... “Virgínia Molly Weasley!”
— É impressão minha Virgínia — disse Draco aproximando-se da garota, fazendo-a dar alguns passos para trás — ou eu senti uma pontada de ciúme quando você falou da minha ex-namorada?
— Faça-me rir Malfoy! Até parece que eu teria ciúmes de você, um sonserino nojento... e desde quando você tem a permissão de me chamar pelo... peraê, você disse “ex-na ... — Gina calou-se abruptamente ao perceber o que ia falar. Maldita curiosidade Weasley! Repreendeu-se Gina mentalmente ao ver o sorriso aumentar no rosto do loiro...


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“Who kicked a hole in the sky so the heavens would cry over me?
Who stole the soul from the sun in a world come undone at the
seams?
Let there be love

I hope the weather is calm as you sail up your heavenly stream
Suspended clear in the sky are the words that we sing in our
dreams
Let there be love” (Let there be love – Oasis)


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A manhã ensolarada trazia consigo uma luz e claridade incomum aquela época do ano. Normalmente deveria estar bem mais fria que a temperatura atual... mas quando se vive na Inglaterra deve-se estar preparado para tudo. Possivelmente uma chuva forte cairia ao fim do dia acabando com qualquer expectativa daqueles que almejam a mudança de estação.
Ela na verdade, gostava do outono, de observar as quedas das folhas e toda a renovação da natureza. Ainda em Hogwarts, gostava de sentar-se nos jardins com as amigas onde passavam horas conversando ou filosofando sobre a vida... Nos últimos anos observava os jardins de sua casa, que com tanto carinho cuidava. Era um hobby do qual não abria mão, cuidava pessoalmente de cada canto daqueles jardins, da forma que sua mãe havia ensinado-a quando ainda era pequena. O único que a ajudava, algumas poucas vezes era o pequeno Hingle, o mais novo elfo da casa...
Era verdade que essa era uma das poucas tarefas que Gina possuía nos últimos tempos. Por mais que Josh ainda fosse uma criança pequena e de conseguir dar muito trabalho à mãe correndo de um lado para o outro e mexendo em tudo que podia deixando-a exausta por cuidar pessoalmente do filho, Gina sentia falta de um à profissão. Era diferente de sua mãe que cuidava de uma casa com sete filhos, sendo dois deles Fred e Jorge, só Merlin sabe como ela conseguiu criá-los sem antes ir parar no St.Mungus. Mas na mansão não era ela que cuidava da casa, os elfos cuidavam dessa tarefa, por isso fazia tanta questão do filho não ter uma babá e ela mesma cuidar dele todo o tempo que podia...Mas ás vezes, como aquela, onde se via sentada em alguma das inúmeras salas da casa, sem nada o que fazer a não ser esperar por qualquer coisa que pudesse movimentar o seu dia, Gina sentia-se de certa forma derrotada.
Suas amigas tinham trabalhos ao qual se dedicavam, vidas profissionais que construíam com o mesmo amor e dedicação que davam as suas famílias. Por Merlin onde foi para os seus sonhos! O desejo de ter sua própria carreira, de ter sucesso na vida... é verdade que a carreira de modelo aconteceu de forma não intencional, mas se estava dando tão certo valia a pena largar tudo.
Não era a primeira vez que aquelas perguntas martelavam em sua cabeça, e possivelmente não seria a última. Mas que decisão ela devia tomar? Não podia negar que se sentia privilegiada pela vida que tinha, ainda mais com todo a infância que teve, sabia dar valor ao que possuía, porém por mais que tivesse ganhado muito dinheiro enquanto modelo, era o de Draco que ela dependia...ela e Josh...mas...
—Sra. Malfoy – um gritinho fino tirou-a de seus pensamentos – o Sr. Malfoy pede pra falar com madame – falava o elfo rapidamente, enforcando-se ao máximo para não desapontá-la – na lareira madame... pede para que Hingle seja rápido...
Gina levantou-se caminhando em direção ao Hall com o elfo saltitando atrás de si. Pegou o sobretudo preto e jogou por cima da calça jeans escura e da blusa quente que vestia, sem importa-se muito com a aparência desleixada.
—Avise-o que saí, ok?”- disse Gina caminhando para a porta – Você poderia pegar minha bolsa antes, por favor? - pediu Gina que foi rapidamente atendida pela criaturinha. – diga que não sabe pra onde eu fui e que deixei Josh sob seu cuidados ok!
—Hingle obedecer à madame, não se preocupe...Hingle vai cuidar muito bem do senhorzinho Malfoy...Mas o que eu devo fazer com as rosas que chegaram? – perguntou o elfo rapidamente, angustiado por fazer o patrão esperar tanto...
— Jogue-as fora. – disse Gina antes de aparatar.

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Diabos! Aquela mulher queria deixá-lo louco só podia ser...Sua paciência já se esgotara, não estava mais agüentando aquele jogo de gato e rato, e iria providenciar um fim para essa situação rapidamente. Não duvidara em momento nenhum o quão difícil seria colocar sua vida nos trilhos novamente, mas Virgínia definitivamente não ajudava de maneira nenhuma...
Mas essa noite a situação iria mudar...ou ele não se chamaria Draco Malfoy


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O Beco Diagonal estava anormalmente agitado naquele dia. As férias escolares já haviam acabado, logo não poderia ser de Hogwarts aquele bando de adolescentes que entupiam as pequenas ruas do tradicional centro comercial bruxo. A temperatura tampouco ajudava. O frio, comum ao inverno inglês, parecia cada vez pior e os inúmeros casacos que vestia não pareciam ajudar a espantar o clima.

Já havia passado no Floreios e Borrões, alguns livros chamaram-lhe a atenção, comprou-os pensando em ocupar-se um pouco, não deixou de lembrar como isso não poderia ter acontecido alguns anos atrás devido à situação financeira da sua família. Andava pelas ruas sem rumo certo, carregando as poucas sacolas. A verdade era que havia saído de casa apenas para não ter que encarar o marido. Não aquentaria mais nenhuma discussão entre os dois. Já haviam se passado alguns dias desde a noite que haviam saído. Procurava não pensar muito sobre o ocorrido, havia chegado à conclusão que o melhor seria ignorar o acontecimento se não poderia acabar enlouquecendo em suas divagações.

Decidida a tomar um chá, quem sabe alguns biscoitos antes de voltar pra casa. Porém ao atravessar a rua a caminho da cafeteria do lugar uma voz conhecida chamou-lhe a atenção.

− Gina! Gina! Aqui! – uma loira alta gesticulava aos berros em meio a uma corrida desajeitada, devido aos imensos pacotes que carregava, em direção à ruiva que não pode deixar de sorrir.

− Kate! Meu Merlin como eu senti sua falta menina. – falou Gina em meio a um abraço caloroso. Algumas pessoas passavam olhando reprovadoras para as duas moças espalhafatosas que se cumprimentavam de forma por demais entusiasmada em meio à multidão

− Eu pensei que você ainda estava na França! Come é que você chega e não dá notícias? – perguntou Gina inquisitoramente.

− Ah...tenho tanta coisa pra contar que você vai desejar não me ver nos próximos milênios! – respondeu Kate alegremente, enquanto puxava a ruiva pela multidão entupida de sacolas, em direção a um lugar onde pudessem conversar.


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A Mansão Malfoy sempre foi sinal de elegância, beleza e riqueza. Desde que foi construído seu primeiro cômodo, há muitos anos por algum antepassado que Draco não se lembrava. Apesar dos rumores que circulava ela não servia para abrigar Voldemort ou prisioneiros trouxas como dizia as fofocas do mundo bruxo. Verdade que em algum momento da Idade Média, Frederick Malfoy IV mandou construir masmorras na parte oeste da mansão. Lucius dizia que aquele loiro dos olhos negros, que encarava a todos sem piscar, no hall dos retratos da família havia sido o mais sadista de todos os Malfoy’s. Mas segundo conta as histórias do pai alguma das seguintes senhoras da mansão havia mandado destruir aqueles compartimentos depois de sonhar com um gringlesh gigante que atacava algum de seus filhos dentro da benditas masmorras. Não eram só os Black que possuíam casos de loucos na família. Segundo sua mãe a avó materna enlouqueceu muito antes dele nascer, diz ela que foi culpa dos parentes adoradores de sangues-ruins que desgraçaram a honra da família.

Porém, por mais que Draco se importasse e desse tanto valor as tradições de sua família, pra ele pouco importava toda a interminável história secular dos Malfoys. Nesta noite estava determinado a mudar o jogo a seu favor. Talvez não houvesse abordado o assunto corretamente com Gina, e agora se punia por ter sido tão direto e incisivo. Mas como dizia seu pai “um Malfoy não se arrepende, ele sabe que aquilo que foi feito era necessário. Não importavam os meios, mas apenas o fim...”.

E naquela noite Draco Malfoy cuidaria para que sua adorável esposa nem ao menos notasse o que a havia atingido.



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— Vai querer algum chá?

— Que chá o que! — gritou Kate já sentada na cafeteria lotada — traga alguma coisa alcoólica!

Gina não pode deixar de rir enquanto espremia-se em meio à multidão em direção ao bar. O local estava apinhado de gente, e o fato de ser uma sexta-feira em fim de tarde trazia ainda mais pessoas comemorando o começo do fim-de-semana.

Após pagar e esperar vários minutos paras ser atendida, além de receber uma cantada de um velho que estava ao seu lado no balcão, Gina teve ainda mais dificuldades em voltar à mesa, agora segurando dois drinks na mão.

— Até que enfim! Já estava indo atrás de você!

— Da próxima vez quem vai é você engraçadinha... —respondeu Gina enquanto se sentava a mesa — o que será que deu nesse povo tudo pra vir até aqui justamente hoje?

— Meu Merlin Gin-gin! Em que mundo você vive? — perguntou Kate fazendo Gina estreitar os olhos a menção do apelido da ruiva — Hoje tem show do Room on Fire! Acostumou-se a ser notícia que agora nem lê mais jornal foi?

—Deixa disso Çucinha. — respondeu rindo Gina.

—Ah não você ainda lembra disso?! — indagou a loira levando o drink aos lábios — Malditos apelidos dados a namorados abestalhados.Humpf!

—Foi você quem começou. — respondeu Gina terminando o seu próprio drink— falando nisso como vai Andy?

—Muito mal eu espero. Aquele desgraçado acabou comigo uma semana antes de começar a temporada você acredita nisso? Eu na maior fossa,morrendo de vontade de me entupir de sorvete e chocolate a sete dias dos desfiles!

Kate, ao contrário de própria Gina, havia continuado sua carreira. Verdade que não era nenhuma conhecidíssima modelo, mas estava entre aquelas mais estáveis no mundo da moda que agradava a todos os estilistas e por isto participava de tudo quanto era desfile.

—Mas não era você quem dizia que ele nem era assim tão importante para você? — perguntou Gina confusa.

—Eu sei...mas quem é que gosta de ser dispensada? — falou Kate amuada —Mas vamos falar de coisas mais produtivas. Como vai meu querido afilhado?

Nesse momento Gina assumiu aquela espressão que todas as mães fazem quando vão falar dos seus filhos que aos seus olhos não poderiam serem mais perfeitos, isto é, até a próxima dor de cabeça.


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− Eu não acredito! – Gina e Kate riam descontroladamente, após duas horas de conversa e alguns drinks a mais...

− Pois foi isso mesmo – disse Kate uma pouco corada por causa da bebida – para uma homem tão... pomposo, gritar pela mãe foi bem ridículo...

−Graças a Merlin nunca passei por isso! – Gina levantou o copo com em oferenda antes de virar o conteúdo garganta abaixo...

O café onde se encontravam estava consideravelmente menos lotado. Gina não pode esconder o sorriso aos dois rapazes na mesa ao lado que tentavam chamar a sua atenção.

− Não de esperanças Ruiva. Provavelmente mal saíram de Hogwarts. – falou Kate enquanto a própria piscava para o rapaz moreno inflamando o ego dele.

− Hora... deixe-os sonhar um pouco.- Gina jogou os cabelos para trás – Você quer mais uma rodada?

− Claro...quer dizer..não...sim...peraê – Kate levou as mãos a cabeça, tentando segurá-la e fazer o mundo parar de rodar – Merlin, eu estou bêbada!

−Somos duas então – e para comprovar que estavam certas as duas gargalhavam sem motivo, recebendo olhares admirados dos jovens da mesa ao lado. — Droga Katherine! Já são oito e meia! Se eu pudesse usar minha varinha e destinguir qual o lado certo, pode ter certeza que eu lhe lançaria uma maldição...

− Agora a culpa e minha é? E ainda se diz minha melhor amiga!

−Desculpa – disse Gina rindo da falsa cara de desapontamento da amiga – bem que Brenna poderia estar com a gente...

− Mês de outubro, esqueceu? A coitada deve estar enfurnada naquele escritório até o fim do mês... por isso bebemos por ela! Ei, moço...- gritou a loira para o homem no balcão- mais dois e a conta!

- Kate, é a quinta vez que você pede a conta...

− Ué. Não era você que estava reclamando da hora Senhora Malfoy. Merlin, imagine algum repórter lhe vendo assim, posso até ver as manchetes “Socialite e Modelo bebem e dão vexame na noite bruxa!”...

− Ei...eu não sou socialite! E não estamos dando vexame... – protestou Gina pegando o último copo que o garçom trazia enquanto jogava alguma moedas na mesa.

−Ok, perdoe-me então Senhora Malfoy. Então me explique porque aquele casal nos lança olhares reprovadores a cada minuto e o garçom parecesse esperançoso do nos carregar em seus braços ossudos – diante do olhar da ruiva ele pegou seu próprio copo. – Ta bom. Parei. Proponho um brinde...a primeira noite de diversão de muitas...

− E a sua estadia temporária em Londres...

E dito isto as duas viraram o copo do que parecia ser o décimo drink pelas contas de um garçom esperançoso...


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