Prólogo



Prólogo


 


- Olhe... para... mim. – sussurrei sabendo que seriam minhas ultimas palavras.

Fitei seus olhos verdes, não para ver os olhos de Harry Potter, do garoto que sobreviveu. Mas sim para ver uma ultima vez os olhos dela, de Lily. Os olhos da cor da minha infância, do tempo mais feliz de minha vida.

Minha vida...

O verde sumiu, se foi com toda a luz. Não havia mais a dor da picada e do veneno em minhas veias e artérias, não havia qualquer ruído, não havia mais nada. Ou talvez até houvesse...

Continuei consciente de minha existência, e isso não gerou entusiasmo ou sequer um pensamento positivo. Tudo que eu esperava do fim da vida era o fim da existência. Diferente da maioria, eu jamais sonhei com o paraíso, sempre soube que não o merecia, e se merecesse, não o queria.

Após essa decepção lembrei-me de Lily. Talvez hoje eu pudesse revê-la! E por um momento quase senti esperança. Quase. Pois lembrei também que ela deveria estar ao lado dele, do Potter. E somente por isso o paraíso jamais poderia ser perfeito, como um dia ouvi falar que seria.

Mesmo assim abri os olhos, e só então percebi que os possuía. Percebi que estava deitado de barriga para cima, como eu morrera. A principio preocupei-me somente com observar, mas havia apenas uma nevoa prateada e sobrenatural ao meu redor.

Sem me dar conta do que fazia me levantei. Só então percebi que estava nu, o que me incomodou, já que imaginei que estivesse num lugar aberto. E no mesmo instante vestes brancas apareceram sobre um banco que até o momento eu não havia notado. Sua cor me surpreendeu, foram raros os momentos de minha vida em que usei cores claras. Apesar disso as vesti de bom grado, afinal eram limpas e confortáveis.

Agora eu podia ver o ambiente com mais clareza. Não sei se enquanto observava o lugar ganhava forma ou se já estava lá. Só sei que quanto mais olhava, mas via. Me lembrava uma estação de trem, só que parecia maior que king Cross.

- Deveria usar branco mais vezes! – a voz me pegou de surpresa de forma que poderia ter me assustado.

O que me deixou mais espantado foi reconhecer o dono da voz, que eu também não soube explicar se aparecera de repente ou se já estava ali por perto. Era Alvo Dumbledore, aquele que por muito tempo fora não só um aliado, mas um amigo em que sempre pude confiar. E eu fui seu assassino.

- Alvo Dumbledore. – falei receoso.

- Não se aflija, Severo. Eu melhorei muito depois que cheguei aqui, melhorei espiritualmente. Me sinto bem agora, assim como um dia você também se sentirá!

O antigo diretor sorria de forma amigável, como eu gostava de me lembrar. Notei que sua mão estava bem novamente e ele parecia mais vivo do que eu me recordava.

- E quantos dias ou anos passarão até que eu possa me sentir completo?

- Isso só depende de você, Severo. Assim como cabe somente a você escolher qual caminho irá seguir.

Aquilo era novidade para mim.

- Há mais de um caminho?

- Sempre há mais de um caminho. E as escolhas que foram dadas a você, Severo, são raras e complexas. Mas digamos que você pode ir em frente, ou voltar.

Como sempre, as palavras de Dumbledore pareciam conter algo mais do que o que ele claramente dizia. E nesse momento eu me sentia como uma criança aprendendo a atravessar a rua.


- Voltar? Como isso é possível? Estou morto.

- Ah, claro que está! Mas não falei em continuar a vida daquela forma.

Meus pensamentos deveriam estar errados, mas no mesmo instante em que escutei essas palavras já relembrava de minha infância e do principio de minha adolescência. Tão diferente de como minha vida terminara. Se pudesse mudar algumas atitudes tanto tempo atrás, tudo teria sido diferente. Talvez eu pudesse continuar a vida assim.

- Não estou entendendo, Alvo.

- É exatamente o que você pensou, Severo.

- Mas... por quê?

- Há perguntas que não podem ser respondidas, Severo. Mas se quer saber, há poderes maiores do que a magia e que vão muito além do que chamamos de universo. E quando aqui cheguei também tive de fazer uma escolha.

Eu adoraria saber qual foi a sua escolha, mas entendi que mesmo perguntando não obteria resposta. Não cabia a mim saber de sua escolha.

- Então há realmente um paraíso e um inferno? – nesse momento a curiosidade foi maior e tive de perguntar.

- Você só saberá quando optar por seguir em frente.

- E também só saberei se posso mudar minha vida se eu tomar o outro caminho.

- Exato, Severo.


Antes eu desejava que Alvo pudesse me dizer o que fazer. Mas a neblina tornou a ficar espessa e seu rosto foi sumindo.

E então me vi novamente deitado, mas não de barriga para cima e nem mesmo no chão. Tampouco era a cama que ocupei por tantos anos como professor, era sim uma cama, mas menor que aquela com a qual me acostumei.



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