# Convite, sonhos e embarque



Lupin demorou alguns segundos para digerir aquela informação mas, quando o fez, não disfarçou seu largo sorriso.



– Isso é... absolutamente fantástico! – Exclamou veementemente, os olhos arregalados de empolgação, que Moody não parecia compartilhar.



– Éé. De certo modo, é útil; teremos, finalmente, algum poder entre esses dementes – Bufou Moody – O impressionante é como me colocaram entre eles.



– Conte, Alastor – Pediu Tonks, sorridente.



– Bom, bom... eu estava andando pelos corredores, tranqüilo, quando do nada me aparece aquele fanfarrão do Jonesburg entre os cubículos dos Aurores; estava mais louco do que o habitual. Veio me pedindo para assumir o posto, porque ele não queria ser Ministro – Moody riu roucamente, irônico –, e não conhecia ninguém que quisesse assumir em seu lugar. E aceitei, oras!



– Não diga! – Lupin riu ainda mais; tudo seria tão mais fácil a partir de agora...



– Pois digo! – Olho-Tonto ria mais do que nunca; estava, até então, tentando omitir sua satisfação – Enfim um malandro útil – Disse maldosamente, ao olhar para o lado e focalizar Mundungus Fletcher, meio tonto, encostado em um canto e agarrado à um garrafão suspeito, querendo obviamente se esconder da multidão do corredor em frente. Lupin e Tonks trocaram sorrisos constrangidos.



– Precisavam ver a cara dos coitados do Conselho, quando o tal do Jonesburg me indicou para ocupar o cargo; pareciam que tinham visto hipogrifos desembestados – Gargalhou gostosamente o idoso – Mas tiveram que acatar, ou então eu podia mandá-los para a rua num piscar de olhos – E Moody piscou forçadamente com seus olhos desiguais.



– Bem... foi uma vitória para o nosso lado, enfim – Disse Lupin, tentando abrandar a conversa.



– Oh, sim... – Disse Tonks, sorrindo para Remus e entendendo a intenção do bruxo. – Ah... Olho-Tonto? Você não disse que estava com fome? A Molly acabou de fazer um assado maravilhoso – disse, ressaltando cada letra da última palavra. – Não quer ver se já está pronto?



Moody olhou para a jovem, depois para Lupin e enfim voltou a olhar para Ninfadora; então fez cara de quem estava entendendo e deu uma risada.



– Ah, claro... mas eu esperava mentiras melhores vindas de uma Auror – Riu Moody, caminhando mancamente até o corredor cheio de gente, de modo que os dois ficassem sozinhos. Tonks estava corada, mas sorria.



– Bem... – Ela parecia constrangida, apesar de determinada. –, Remus, eu... ah! – Ela deu risada, pensando que fazia papel de idiota –, olhe, você é meu amigo e eu sempre vou querer o seu bem, afinal, seu bem é meu bem também, não é? sim, é cafona mas é a verdade, então... eu passei no Gringotes hoje, peguei um ourinho e você não vai me perguntar quanto foi, pois isso é muito feio – ela avisou –, e... comprei um presente para você.



As sobrancelhas de Lupin saltaram até as franjas.



– M-mas eu... – Tentou argumentar; Tonks, no entanto, cortou-o violentamente.



– Não, não – Ela balançou a cabeça, sem olhar para o amigo, e abriu a aba lateral do sobretudo preto, procurando algo em seus bolsos internos. Tateou até encontrar e retirar do bolso um envelope fino e dourado, e empurrou-o na mão de Remus.



– Abra, e sem cerimônia, por favor! – Pediu a moça, encarando o amigo, sorrindo, o rosto voltando à tonalidade natural. O bruxo obedeceu e seu queixo, também obediente, caiu; em suas mãos, um finíssimo papel dourado com escritos gravados.



– Passagem VIP para um tour pelo mundo mágico – Explicou Tonks, animada, apontando – De trem, mágico, é claro... mas são interessantes. França, Rússia e Alemanha. Paradas boas, lugares legais. Enfim, você vai amar. Ah, sim, e começam amanhã, às 10:30 da manhã – Completou, ainda rindo.



– Você sabe que não precisava disso, não sabe? – Perguntou Lupin, após uma curto período de silêncio, em que o bruxo digeriu todas aquelas informações. Seriam úteis, pelo jeito.



– Eu acho que precisa sim – Sorriu Tonks; céus, ela não parava de sorrir. – Hm... dê mais uma olhadinha no envelope.



Lupin olhou absorto para a embalagem em mãos - havia mais? O que fizera para Tonks para merecer tanto?



E lhe caiu sobre as palmas mais uma passagem.



– Por quanto tempo me quer longe de casa? – Perguntou Lupin, sorrindo. Tonks ignorou-o.



– É para um acompanhante que, quem sabe, você queira levar... ou melhor, uma acompanhante... – o trejeito dos lábios mostrava que queria insinuar alguma coisa. Sim, a piscadela logo em seguida confirmou isso.



– É – O bruxo mirou a passagem na palma da mão, e voltou a olhar para a amiga– tem razão, já tenho até a acompanhante.



– Já? – Riu Tonks, porém de um jeito diferente. Um riso... nervoso, amargurado. Ou quase. – Quem é a garota de sorte?



– Obviamente que é você, claro. – A bruxa não parecia esperar por isso; seus olhos se arregalaram, redondos como bolas de tênis, e os dentes se mostraram radiantes no maior sorriso que a moça dera; estava agitada, olhando os cantos da sala.



– É bom mesmo – Disse Tonks, dando risada e surpreendendo Lupin. A bruxa se virou em direção à saída, decidida, e subitamente, parou. Voltou a olhar o amigo, por cima do ombro. – Tem certeza do que está fazendo? – Disse, com um sorriso, mas com uma expressão estranha no rosto.



– O que quer dizer? Você é minha melhor amiga, será que não foi avisada? – Tonks deu risada e correu até Lupin, abraçando-o, parecendo comovida.



– Vou arrumar as malas... – Sorriu a bruxa, soltando-se do abraço com ligeira relutância, e virando-se até a saída. Lupin acompanhou-a com o olhar, suspirando... e observou as passagens em sua mão.



Estava sendo insensato; como poderia viajar a passeio, em meio ao estopim da pior guerra dos bruxos do século? A não ser que não fosse passear; fingiria estar se divertindo com Tonks enquanto ficava de vigilância. Sim, era isso que ia fazer.



Só ia ser difícil fazer alguém acreditar nele.



E, obviamente, cumprir. Precisava tanto de umas férias..



Lupin continuou pensativo por mais alguns instantes, até ser gentilmente retirado do estupor; um barulho estranho ecoava na sala. Olhou para os lados, apreensivo, sacando a varinha de dentro das vestes, quando um novo barulho aconteceu: algo pesado caindo no chão. O coração socando o peito por dentro, caminhou devagar até as colunas, que pareciam produzir uma sombra disforme no chão. Os passos arrastaram-se... devagar, cautelosamente... chegou até a coluna, espichando o pescoço ao máximo...



E só encontrou Mundungus Fletcher caído de bêbado no chão, ainda abraçado ao garrafão de bebida e cheirando fortemente à álcool. Remus só não gargalhou porque sabia que acordaria o colega; o ritmo cardíaco abrandou-se, e ele soltou o ar, suspirando longamente. Estava ficando paranóico, estava sim. Mas tinha seus motivos, justificou a si mesmo. Saiu da sala num átimo, pensando que deveria arrumar as malas.



Ainda havia muita gente na Ordem da Fênix, rindo e comemorando o mais novo integrante da sociedade no Ministério. Moody, o principal motivo da comemoração, no entanto, não era lá um bom e receptivo anfitrião; praguejava alto sempre que alguém passava por perto de sua perna de madeira, e sua expressão carrancuda o tornava ainda mais assustador. Lupin sorriu de leve e subiu as escadas até o quarto. Ao passar pelo corredor, encontrou Tonks novamente; a bruxa estava retirando algumas roupas de dentro do armário de louça.



– Há tanta coisa aqui que mal sei onde estão meus pertences – Explicou, sorrindo, sacando uma meia vivamente colorida de dentro de uma jarra avermelhada. Lupin riu. Andava tão risonho ultimamente.



– Tonks.. mais uma vez, muito obrigado. Você não tem idéia de como essa viagem vai me fazer bem – Disse, sério.



– Ah, assim espero! Senão não saberei o que mais fazer para lhe agradar – Disse a bruxa, com simpatia, ainda procurando partes de roupa no armário. Ao verificar que nenhum dos seus pertences encontrava-se entre as xícaras do café da manhã (o que, por sinal, deixou Lupin honestamente contente), a bruxa despediu-se e foi para seu quarto, carregando a meia. Lupin imitou-a, seguindo para seu próprio dormitório.



Se achava, há segundos atrás, que era impressionante encontrar uma meia dentro de uma jarra de chá, é porque andava realmente distraído com relação às suas coisas; seu quarto era uma grande pilha de roupas, livros e outros objetos, maciçamente empilhados, formando uma montanha alta e que provavelmente desmoronaria se o bruxo tentasse apanhar algum item da base do conjunto. Lupin arriscou-se, e conseguiu retirar algumas peças de vestimenta e livros interessantes para ler durante a viagem do grande bloco de bagunça que era sua moradia. Desenterrou uma mala suficientemente espaçosa para suas coisas, e começou a organizar seus pertences. Demorou algum tempo até conseguir organizar e guardar tudo o que queria na mala, e quando finalmente encerrou o trabalho, jogou-se imediatamente na cama, o sono conquistando-o no instante seguinte.



*




"Realmente, não posso confiar em você." – A voz de Sirius ecoava tão alto que parecia que ele fazia uso de um alto-falante para se comunicar. Lupin o encarava, tenso.



– Você não entende, Sirius. Ele não pode saber, ainda.



"Claro que pode. Harry é forte o suficiente" – Retrucou Sirius, mau-humorado. Seu rosto parecia difuso, as cores de sua face se misturavam, sem muito contorno, e vestia roupas brancas e luminosas, emanando uma espécie de luz líquida.



– Não depende só disso, como você sabe também. E eu não duvidei da força de Harry nem por um segundo.



"Você então é decididamente fraco, Aluado. Está deixando de lado algo absolutamente importante em troca de seus medos pessoais."



– Meus medos pessoais? – Lupin olhou incrédulo para Sirius; estava, certamente, perdendo o juízo. – Você sinceramente acha que..



"Está blefando, acho sim. Não vai falar tão cedo."



– Você não está aqui, não entende mais.



"Você teme que os Marotos acabem depois da sua morte, não é? Mas eu já tomei providências para isso não acontecer. Ele vai ter que cumprir a promessa até o fim. Claro que não é a melhor opção, mas não estamos em pé de questionar qualquer coisa que seja..."



– Então, você acha que ele vai querer continuar com a promessa? – Perguntou Lupin, desconfiado. – Isso é, se lembrar.



"Pobre lobo, tão jovem e já com problemas auditivos" – Zombou Sirius – "Eu disse que já resolvi tudo. Ele vai ter que cumprir, não importa se ele quer ou não. Isso independe das escolhas daquele panaca. E agora... diga-me... viajar com Tonks, hã? Interessante." – Mesmo com a expressão difusa como se estivesse atrás de uma superfície transparente embaçada, a piscadela malandra de Sirius, seguida de um sorrisinho irritantemente maroto foi muito visível.



– É isso que amigos fazem – Explicou Lupin, subitamente irritado.



"Você nunca me levou para a França, até onde eu sei" – Riu Sirius à vontade. "Principalmente em viagens de luxo. Por Merlin, abra esses olhos e perceba que você está prestes a bater com a cara no poste, Remus! Tonks está aí, uma garota tão..."



– Quieto, por favor – Pediu Lupin, porém agora sorrindo.



"Besta." – Reclamou Sirius. A luz em suas roupas intensificou-se de maneira inevitável, e subitamente, englobou todo o físico do homem. A luz era tão intensa que Lupin não conseguia encará-la diretamente... abriu um pouco os olhos, e percebeu que tinha acordado. As cortinas da janela tremulavam devido ao vento das vidraças abertas, mania que Lupin mantinha desde a infância, e exibiam o sol irradiante da manhã. Seus olhos arderam por alguns segundos, em que se acostumava com a claridade recém-adquirida, e piscou várias vezes. Levantou-se, esticando-se ao máximo, e viu que tinha dormido mais do que a noite passada; já era dez horas e alguns minutos.



Dez horas... Dez horas! Já devia estar pronto para sair até a estação com Tonks, já devia estar tomando café! Não, não... não tomaria café antes da e passar horas em um trem, não mesmo. Assim ganhava mais alguns minutos. Vôou até a pilha de roupas e escolheu qualquer peça; ouviu batidas na porta, e, desesperado, começou a vestir as calças.



– Já estou indo! – Anunciou Remus, já abotoando a camisa. Abriu a porta com algum nervosismo e viu Tonks, sorridente, os cabelos loiros e cacheados na altura do ombro. Seus olhos azulados encararam Lupin por um ou dois nanossegundos, tempo que demorou até a bruxa segurar o braço do amigo para conduzí-lo até a escada.



– Vamos? – A bruxa abriu espaço para o amigo passar, afastando para o lado sua bolsa verde-limão e peluda. Lupin riu ao ver a bolsa e até apontou-a, mas a expressão debochada em seu rosto desapareceu ao perceber que uma minúscula boca saiu das entranhas da bolsa até sua superfície fofa e mirar diretamente nos olhos de Lupin. Por reflexo, o bruxo se afastou, bem no momento que o objeto "cuspiu" uma substância malcheirosa e que aparentemente era tóxica, pois o quadro logo atrás de Lupin, de dois cachorros brincando com uma bola de praia, emitiu alguns ganidos de dor.



– Trava de segurança – Disse a moça, acariciando a bolsa, que agora ronronava. Lupin olhou novamente para as alças da sacola, tenso, dando mais uma risada, porém desta vez nervosa. E não hesitou em passar ligeiramente longe da bolsa; o objeto parecia realmente nervoso quando Tonks não lhe dava atenção. Permitiu que a bruxa descesse as escadas primeiro, e arriscou um relanceio para o quadro dos cachorros; um buracão carbonizado bem no meio da tela deixara os dois habitantes do quadro temerosos de passar por ali. Com um ligeiríssimo arrepio involuntário, o bruxo seguiu a metamorfomaga pelas escadas até a sala de acesso para os jardins, muito utilizada quando queria-se entrar sigilosamente na casa e sem precisar encarar a tapeçaria histérica da sra. Black.



Os restos da festa da noite passada ainda perduravam; havia uma boa quantidade de copos sujos espalhados pela sala de estar, formando uma nova e esdrúxula decoração improvisada no ambiente cuidadosamente arrumado.



Tonks dirigiu-se até a porta sem nem ao menos hesitar, e ao ver esta cena, Lupin sentiu algo estranho dentro do peito; como se, de repente, achasse que Tonks estava despedindo-se da Ordem por um longo tempo. Afastou os pensamentos da cabeça com um chacoalhão que, por sinal, resolveu bastante, afinal, pensamentos e mais algumas coisas se mexeram dentro da caixa craniana do moço, e uma ligeira tontura foi o resultado final do gesto.



– Você avisou alguém sobre a nossa viagem, Tonks? – Perguntou Lupin, os olhos voltando a olhar para frente; tinha ficado realmente zonzo.



– Oh, sim – Avisou a moça, a mão já girando a maçaneta – Avisei a sra. Weasley – Disse, ligeiramente misteriosa, abrindo a porta para o dia claro e não fornecendo mais informações. – Vamos? – Repetiu, adulando o amigo. Parecia esconder algo, mas Remus já sabia, de longa data, que não conseguiria convencê-la a falar. Para descobrir o primeiro nome de Tonks, foram necessárias duas semanas de pedidos insistentes, e mesmo assim, a moça revelou o nome de batismo com muita relutância e uma varinha na mão.E Tonks não era lá uma bruxa incompetente. Principalmente em azarações e transformações, obviamente.



O dia estava luminoso e belo lá fora; absolutamente terrível para ficar preso em um trem, limitado a um banco duro de locomotiva, porém não havia alternativa; Tonks já saíra para os jardins, e esperava pelo amigo, pisando na grama verde e brilhante. Remus desceu as escadas, e o aperto em seu coração dobrou, triplicou; era uma sensação estranha, dolorosa, de perda. Caminhou até o gramado, solitário, até Tonks emparelhar com ele e sorrir, simpática e animada.



– Onde iremos aparatar? – Perguntou Tonks, parecendo não perceber a preocupação de Lupin, o que deixou o bruxo aliviado – não queria preocupá-la.



– Acho que na própria plataforma, não? – Perguntou Lupin, sem prestar atenção em suas próprias palavras.



– É, sim.. Bom, estou indo. – Tonks agarrou a bolsa verde, girou nas pontas dos pés e desapareceu imediatamente; Lupin, suspirando resignado, agarrou as alças da sua mala, deu um leve giro sobre a sola dos sapatos e sentiu um rodopio – estava aparatando. O mundo era um giro de cores sucessivas, um quadro confuso de tonalidades confusas. No instante seguinte, no entanto, o rodopio parou abruptamente, e deu espaço à visão da majestosa estação de trem de Londres. Já era a segunda vez que sua cabeça girava naquela mesma hora; boa escolha não ter almoçado ou tomado café da manhã naquele dia, pensou Lupin. Tonks já estava ajeitando a mala no ombro com firmeza, e encarando o amigo com seus olhos momentaneamente azuis, sorriu.



– Qual trem? – Perguntou Lupin, a voz tremendo sem querer.



– Você está tão distraído hoje... ansioso, é? – Riu a amiga, ajeitando os cabelos. Era estranho ver Tonks loira; sua aparência ficava séria demais. Os olhos se destacavam mais que nunca; pareciam grandes lagoas brilhantes. Por algum motivo, ela parecia tão ansiosa quanto dizia que Lupin estava. Isso fez o bruxo se sentir melhor. Mas só um pouco. Lupin realmente não gostava de pressentimentos, não, não. Já tinha se metido em problemas demais por causa deles. Sem perceber o que fazia, começou a seguir Tonks em direção até o trem, a bruxa correndo à sua frente.



Iria tudo se repetir, mais uma vez? E se estivesse enganado, exatamente como da outra vez? Não podia tolerar um novo erro, não com tantas pessoas em jogo...



– Aqui, Remus! Aqui! – Acenou Tonks freneticamente, agitando os braços na frente do amigo, há cerca de três metros longe um do outro. O bruxo tinha parado de andar no meio do corredor principal da estação, fazendo trouxas e bruxos resmungarem palavras ininteligíveis e, caso fossem verdadeiras, realmente assustadoras – O que há com você hoje, honestamente? Não dormiu, foi?



Lupin não respondeu, e Tonks lhe enviou um olhar preocupado.



– Venha, o trem sai em dez minutos. – Os dois entraram com vagar na cabine de acesso do trem, e depois dirigiram-se diretamente até a ala restrita. As passagens de honra na mão de Tonks tremiam levemente, o que Lupin reparou, mas depois de alguns segundos. O torpor mental ainda não cessara totalmente.



Um guarda bigodudo, cuja barriga ocupava uma parte razoável do corredor, esperava por eles na frente da ala restrita. Ao receber as passagens em sua mão ressecada, o guarda encarou longamente os dois. Demorou seu olhar nos bolsos furados do casaco de Lupin e nas manchas da calça do bruxo, mas não fez qualquer comentário; apenas certificou-se quatro vezes se a passagem era realmente verdadeira, o que deixou Tonks irritada.



– Procurando manchas na passagem, senhor? – Perguntou Tonks desdenhosa, observando uma grande mancha de cor amarronzada em um dos punhos da farda do guarda. – Nós não limpamos resquícios de Sapos de Chocolate nela, pode apostar.



O rubor na face daquele homem bigodudo chamou Lupin de volta à realidade; aliás, mesmo se estivesse em um estupor profundo, teria gargalhado com a observação de sua amiga, e da reação do guarda. Mas conseguiu se conter em uma risadinha discreta.



– Estão em ordem, podem passar – Gaguejou o homem, mais vermelho do que nunca, devolvendo as passagens. Tonks ainda teve que lembrá-lo de picotar o recibo, senão poderiam entrar quantas vezes quisessem sem pagar, e o oficial apressou-se em retirar a parte da entrada que lhe cabia.



– Impressionante – Disse Lupin, rindo. – Absolutamente fantástico, Tonks.



– Coisas que só uma jovem sabe, anote aí: Oficiais bruxos sempre limpam a boca nos punhos da roupa. Eu sei disso desde que ouvi uma conversa da bruxa dos doces do trem de Hogwarts e o maquinista e seu hábito esquisito. Há quanto tempo! – Riu Tonks, um olhar saudosista para o teto. Lupin acompanhou a amiga nas risadas.



O sacolejo do trem avisou que finalmente o trem estava caminhando pela estrada de ferro. Tonks recostou-se na parede, os cabelos cacheados espalhando-se pela superfície de metal fria. Lupin imitou-a, e sua cabeça pareceu voltar lentamente ao normal com o gesto. Fechou os olhos, sentindo-os pesados.



Provavelmente teria adormecido ali.



Se não fosse o grito.



********************




Enfim o segundo capítulo T_T Não aguentava mais olhar para a cara dele xD, mas saiu! Foi difícil escrevê-lo já que eu não tinha a menor vontade de escrever esse cap e ir direto para o terceiro /o/, é meio conflituoso e tem mais mistérios T_T Me matem =D Podem, sim ^~



O terceiro capítulo está vindo =D Não garanto que ele vá sair loguinho, mas garanto que vai estar mais interessante que esse (tá, não é difícil T_T) \^^/ E... obrigadão deeeeste tamanho | ^^ | para quem comentou aqui ^~ Quando eu tiver coordenação motora, respondo direitinho os comentários ^^/



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