28 de novembro, apartamento



22:15, sábado, 28 de novembro, uma semana depois, apartamento

Aquela tarde parecera eterna para Draco, havia passado todo o tempo naquele apartamento, sozinho, satisfazendo-se com os programas de televisão inúteis que considerava lixos culturais, detestava alguns modos de entretenimento trouxa. Teria preferido uma tarde em bares da cidade ou mesmo naquele apartamento se por acaso tivesse alguma companhia feminina que valesse a pena, mas aquela dor de cabeça incessante o impedia completamente de encontrar diversão até mesmo em escutar suas músicas favoritas. Era tarde agora, havia acabado de voltar da cozinha e caminhava meio sonolento até a sua poltrona preferida, na sala de estar. Carregava uma caneca de café que havia acabado de preparar, precisava se manter acordado caso quisesse ler uma pequena papelada que a Ordem lhe enviara, por sorte a dor de cabeça estava fraca, agora, e permitiria que ele se concentrasse na leitura. Mas seria realmente bem mais fácil se os gritos no quarto no andar superior cessassem ou se, pelo menos, diminuíssem a sonoridade.

- Você é um estúpido, Harry. – a voz de Hermione se sobressaltara no andar superior da escada. - Não precisava ter dito essas coisas a mim.

Ao mesmo tempo em que gritava, ela arremessava almofadas sobre Harry, expondo e extravasando toda sua ira com o moreno. Draco podia apenas escutar os gritos e o som das almofadas acertando Harry em cheio, assim como os passos cambaleantes do rapaz sobre os degraus da escada. Draco estava de costas para a escada e não parecia nem um pouco interessado em encarar aquela discussão. Eram tantas, tão constantes, que não fazia a menor diferença como aquela terminaria, sabia que seria mal, como todas as outras.

- Você mereceu, Hermione. – Harry disse a ela, entre dentes, parecia mesmo irritado.

- Foda-se, Harry. – Hermione resmungou, arremessando mais uma almofada contra o noivo.

Seu arremesso não fora exatamente bem sucedido e acertara a cabeça de Draco em cheio no exato instante em que ele havia levado sua caneca e boca e dava um pequeno gole de seu café fervente. Sem poder impedir, boa parte de seu café se derramou sobre seu peito, manchando sua camisa, além de queimá-lo.
Draco resmungou irritado, não tinha nada a ver com aquela discussão mas havia acabado de pagar por ela, mesmo que indiretamente. Resolveu que não queria permanecer ali mais, suas papeladas que esperassem. Quando passou por Hermione, no topo da escada, direcionou uma discreta e rápida piscadela a ela, sussurrando baixo porém alto o suficiente para que Harry também escutasse:

- Péssima pontaria, Granger. – sorriu divertido e prosseguiu - Tente acertar nas partes baixas, vai surtir bem mais efeito.

Hermione suspirou, seus nervos estavam á flor da pele. Ponderou se aquele havia sido um bom conselho realmente, mas não tinha nada a perder. Foi quando acertou a almofada diretamente na região sensível de Harry, fazendo com que ele cambaleasse os últimos degraus e se contorcesse de dor. Era sua vingança perfeita, não poderia ter acertado um alvo melhor, afinal, tinha muito a ver com as razões para a discussão daquela noite.

- Sabe, Harry, você tem mãos... – Hermione disse a ele, preparando-se para sair dali e deixá-lo. - Por que não as usa um pouco?

Sorriu com seu comentário, observando Harry se contorcer de dores e resmungar baixo uma série de palavrões e ofensas que ela preferiu descartar de suas memórias. Hermione deu meia volta, mas em vez de retornar para a suíte que dividia com Harry, seguiu direto para o quarto de Draco, estava mais do que familiarizada com aquele ambiente. Assim que adentrou o quarto, fechou a porta em um baque forte e encostou sua testa na mesma, respirando pesadamente. Foi quando sentiu uma respiração ofegando eriçando seus pêlos da nuca.

- Vai dormir comigo hoje, Srtª?

Assustada com a aparição repentina de Draco, mesmo que ele estivesse ali o tempo todo e só não tivesse reparado, Hermione virou-se para fitá-lo, com as costas apoiadas contra a porta. Foi quando esta se abriu de repente e de forma rude, empurrando-a para frente de forma que ela caísse nos braços – fortes – de Draco. Tudo o que ele fez foi apenas abraçá-la contra seu peito, um sorriso malicioso moldando seus lábios.

- Tira as mãos de cima da minha namorada, Malfoy. – Harry esbravejou parado à soleira da porta.

- Você quer um conselho? – Draco se dirigiu a ele, fitando-o sério e com expressões nada amigáveis. - Dá um tempo, Potter. – completo, preparando-se para fechar a porta. - Não se preocupe, eu não vou fazer com ela nada que ela não queira.

Sem aviso algum, Draco bateu a porta bem diante da cara de Harry, trancando-a magicamente logo em seguida. Levou Hermione para próximo de sua cama, até que ela se afastasse dele e se jogasse à beira da cama, abraçando-se aos próprios joelhos. Sabia que por trás da cabeleira cacheada ela deveria estar chorando, e sabia, também, que aquele momento era dela, pertencia apenas ao pranto dela.

- Você está bem? – Draco perguntou a ela, ajoelhando-se próximo e demonstrando sua real preocupação.

- Sim. – ela respondeu, sua voz levemente embargada.

Draco tentou levantá-la para que ela se deitasse em sua cama, mas Hermione protestou bravamente, retornando para o chão à beira da cama e permanecendo ali. Resignado, Draco retirou a camisa manchada de café e desistiu de tentar consolá-la.

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