I - Invisível.
' Todos os personagens lidos a seguir foram criação da Jô e eu honestamente não quero lucrar com isso.'
– Boa Leitura.
Capítulo I - Invisível
"Eu sou apenas alguém
ou até mesmo ninguém
talvez alguém invisível
que a admira a distância
sem a menor esperança
de um dia tornar-me visível"
O sol entrava por entre as cortinas verdes do enorme quarto de Scorpius Malfoy. Uma penumbra aconchegante tomava de conta do cômodo, enquanto o rapaz loiro sorria durante o sono.
Acaricia seu rosto rosado, afaga seus cabelos vermelhos, olha dentro de seus olhos azuis. Aquele não seria o paraíso?
– SCORPIUS, ACORDA! – uma voz fria soou, tão alta que Scorpius caiu da cama, bufando com a interrupção. Era sempre assim, quando ele estava colando os lábios nos dela, alguém o chamava, ou ele mesmo acordava. Como se nem em seus sonhos isso fosse possível. – SCORPIUS, NÓS VAMOS NOS ATRASAR. Eu odeio gritar como uma desesperada! – Astoria disse, um pouco mais baixo, seus passos se aproximando do quarto do filho.
Abriu a porta de chofre e o encontrou sentado no chão, encostado na cama, cabisbaixo.
– O que houve, filho? – perguntou, aproximando-se de Scorpius e se ajoelhando ao seu lado. A testa lisa franzida em sinal de visível preocupação. – Sonho ruim? – ele assentiu.
Porque aquele era um sonho ruim. Uma tentação. Aquilo era o seu inconsciente lhe mostrando que aquele momento nunca iria acontecer, mostrando-lhe que aquele rosto nunca seria acariciado pelas suas mãos. Era aquele tipo de sonho em que você quer acordar e não consegue; porque, se ele não acordasse, provaria do divino, do sublime, e não saberia mais viver sem. Mas por outro lado, se ele acordasse, nunca saberia como era se sentir completo.
Astoria não pareceu compreender desta forma.
– Não é sempre assim? – ela perguntou retóricamente. – Sempre que você vai à Hogwarts, tem pesadelos. – afagou os cabelos quase brancos do filho e se levantou. – Acho que é a aura daquele colégio que é ruim. Mas seu pai nunca me escuta. – sorriu para Scorpius. – Arrume-se logo, não queremos chegar atrasados, queremos? – o rapaz balançou a cabeça e, com um último sorriso mínimo para ele, Astoria deixou o quarto, fechando a porta com cuidado.
A se ver sozinho no quarto novamente, Scorpius cerrou os olhos com força e se concentrou no que restava de seu último sonho. O cheiro de verde, de natureza, a calmaria, a pele macia, os olhos vivos, os cabelos que deslizavam por seus dedos...
Abriu os olhos com fugacidade. Cansara de viver de sonhos, cansara de viver de pensamentos irreais, pensamentos que nunca, sequer por um momento, seriam verossímeis.
Mas, mesmo que tentasse com todo afinco, Scorpius não conseguia esquecê-la. Às vezes ele se deitava em sua cama e contava os defeitos dela, pois ela os deveria ter. Ficava até horas da noite a xingá-la e, quando pensava que havia conseguido, dormia e sonhava com ela.
E desde quando?
Sete anos! Sete míseros anos pensando na única garota que não o encarava, que não o idolatrava, mas que também não o julgava nem tampouco o xingava. Scorpius a amava mesmo antes de vê-la, mesmo antes de visualizar seu sorriso simples e encantador, rindo das piadas dos primos; mesmo antes de se perder em seus olhos de um azul cobalto, ele já a amava. Nunca saberia explicar como tal coisa poderia acontecer, mas era a verdade. Porque, quando Scorpius Malfoy viu Rose Weasley pela primeira vez, não houve surpresas ou indagações, só houve um ar morno que entrou pelos seus poros e lhe impediu de respirar.
Levantou-se abruptamente e se dirigiu ao banheiro de mármore, ainda divagando a idéia de Rose o encantar de uma maneira tão forte. Porque não era possível que uma pessoa emanasse tanta luz, e também não era possível que essa luz o cegasse tanto.
***
A plataforma 9¾ já estava lotada de alunos apressados com seus malões e com a tão conhecida névoa que o expresso vermelho exalava.
Draco Malfoy, já com algumas rugas e com alguns fios brancos, que em quase nada se diferenciavam de seus cabelos loiros, cedeu um longo abraço a Scorpius, que o aceitou de bom-grado, dizendo que sentiria saudades do pai. Logo após, abraçou Astoria, que lhe deu recomendações e lhe desejou boa sorte com os N.I.E.M’s, que ele faria naquele ano.
– Não se preocupe, mãe. – Scorpius respondeu às recomendações exageradas de Astoria Malfoy, que parecia tão nova como se ainda tivesse trinta anos. – Me comportarei direitinho esse ano. Só por ser meu último. – os pais lhe sorriram e o rapaz deu as costas, indo em direção ao Expresso de Hogwarts, que já dava seus últimos apitos.
Como o Monitor-Chefe que era, Scorpius se dirigiu ao vagão dos Monitores, localizado no inicio do trem. Seu pensamento ainda quedava-se no sonho que o amanheceu, pois foi o mais diferente dos sonhos. Não pelas imagens, porque eram sempre as mesmas, mas sim pelo cheiro de vegetação pós-chuva e o aroma que Rose exalava. Era tão magnífico que Scorpius deixou-se perder nele por alguns instantes, até que o cheiro se foi com uma brisa imaginária.
– Bom dia, Malfoy. – disse com falsa alegria Christopher Wood, o coordenador da Monitoria. Um garoto forte e bem aparentado que fazia o mesmo ano que Scorpius, com a diferença de ter sido sorteado para a Grifinória.
Lógico.
– Bom dia, Wood. – Scorpius respondeu com seu tom superior de sempre.
– Como foi o verão, M...? – Wood parou no meio da pergunta e piscou para alguém atrás de Scorpius, que sentiu um embrulho no estômago e uma felicidade disfarçável.
Era Rose Weasley.
– Bom dia, Christopher. – ela desejou, sua voz adentrando os ouvidos de Scorpius como música. – Bom dia, Malfoy. – e sorriu com cordialidade para ele, que retribuiu, policiando-se.
De repente, como se o teto do vagão fosse retirado, tudo ali ficou mais iluminado e mais vivo. Era como se tudo que Rose tocasse virasse luz, tornasse belo, esplêndido, fabuloso.
Scorpius nunca se deixou levar, aparentemente, pelo que sentia por Rose. E ele era tão bom ator que ninguém nunca havia percebido o seu modo de olhar para ela. Com ternura.
Porque todas as emoções e sensações que não conseguia deixar de sentir, Scorpius camuflava com sua arrogância e com seu egoísmo. E sempre que, de alguma maneira, Rose passava por ele e lhe exibia um esboço perfeito de um suposto sorriso cordial, Scorpius esquecia-se de seu escudo egocêntrico e focava toda a sua existência nela. Só na imagem dela.
Chegaram à Hogwarts quando a noitinha despontou e o cheiro do lago alcançou as narinas dos estudantes.
Acompanhou a Seleção das Casas com atenção e aplaudiu, mesmo sem emoção, todos os alunos que entravam para a Sonserina. Tentava disfarçar os olhares que lançava a mesa da Grifinória, uma mesa distante da sua, mas os cabelos de fogo de Rose o chamavam e, quando ele se via, estava a admirando.
Ela aplaudia a todos os alunos, até aqueles que não iam para a sua casa, Grifinória. Depois comentava algo com Albus Potter, seu primo, e os dois riam. Scorpius até podia escutar sua risada melodiosa e alegre, até mesmo podia sentir os pulmões dela se contraindo após alguns minutos rindo sem parar de um comentário que sua prima Lily fez a respeito de um Lufa-Lufa carrancudo demais para ter onze anos.
Hector Zabini lhe falava algo a respeito de suas férias de verão, mas Scorpius não estava muito atento. Era sempre assim durante as primeiras semanas de aula, ele se perdia na visão deslumbrante de Rose e não conseguia mais pensar em nada. Depois se acostumava, de certo modo, a vê-la em sua rotina aparentemente divertida.
Após um banquete delicioso, Scorpius levou os novos Sonserinos, que andavam todos, não se sabia se por coincidência ou porque todos os Sonserinos que Scorpius conhecia andavam assim, com os queixos elegantemente arqueados, para seus dormitórios.
Deitou-se em sua cama de dossel e colcha verde e contemplou o teto adornado de madeira, as pálpebras fechando-se não por sono, mas sim por necessidade. As visões sempre ficam mais nítidas quando fechamos os olhos, somos até capazes de entrar completamente nelas. E era exatamente isso que Scorpius queria. Encontrar uma memória e entrar de cabeça nela.
Dormiu antes que percebesse, sorrindo.
N/A: E então, gostaram?
Seguinte, serão apenas cinco capítulos baseados num poema sobre Amor Platônico que eu li no Orkut e simplesmente me apaixonei. Não sei quem o fez, não conheço ninguém que saiba, por isso não coloquei os créditos. Mas não fui eu, okay? Vou tentar seguir esse tipo de narração até o fim do quinto, sabe, sem muitas falas e mais pensamentos, mas não prometo lá muita coisa. Simplesmente adoro os diálogos entre Scorpius&Rose, então esperem muitas conversas entre os dois.
Obrigada à Lyla Garbo.
Perdão antecipadamente pela possível demora,
Pollita.
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