Todos Encontram o Seu Caminho.



No dia seguinte, Rony e Hermione tiveram alta, mas o silêncio entre os dois continuava inquebrável.

Gina, Luna e Neville também tiveram alta no mesmo dia e visitaram Harry, que percebeu, com surpresa, que Neville era, agora, namorado de Luna e se sentia extremamente orgulhoso por ter ajudado a exterminar Voldemort (ele, Harry, por seu turno, estava aliviado por não ter tido que matar ninguém).

Os dois saíram do quarto, após a visita, deixando Gina lá dentro, sozinha com Harry.

-Você viu isso, Harry? - Dizia ela. - Quem diria que a Luna e o Neville... bem, eles são os dois surpreendentes!

Harry não respondia. Continuava em estado de choque. Gina o olhou nos olhos. O seu olhar revelava uma profunda tristeza contida:

-Desculpe, Harry, mas você não pode continuar assim. Eu sei que é difícil, mas a vida continua... e eu estou aqui, pronta para começar com você essa nova fase da sua vida. Por favor, Harry, reaja!

Nos olhos azuis de Gina se formaram lágrimas e ela se aproximou de Harry, o beijando na boca.

Harry correspondeu ao beijo e a abraçou. Acabara de sair do estado de choque e estava disposto a despertar para uma nova vida.



****************



No dia seguinte, Harry teve alta e Gina o levou para a Toca. Para além da família, também Hermione estava lá, mas o silêncio entre ela e Rony prosseguia.

Não aguentando mais o clima entre os amigos, Harry resolveu falar com Rony:

-Desculpe, cara, mas eu acho que já chega!

-Você está a falando do quê?

-Da Mione, claro! Não suporto mais esse clima entre vocês os dois! Estou começando a ficar com saudade dos tempos em que vocês não paravam de brigar!

-Não se preocupe. - Disse Rony. - Pelo menos, esses tempos não voltam nunca mais.

Rony deixou Harry sozinho na sala e se retirou, com ar triste. Algum tempo depois, surgiu Hermione e Harry resolveu falar com ela, pela primeira vez. Estava decidido a juntar os amigos de uma vez por todas.

-Mione... - Começou. - Por favor, pare com esse clima horrível entre você e o Rony. Vocês dois estão se machucando mutuamente.

-Diga isso a ele! - Resmungou Hermione, com amargura na voz. - É ele quem está me evitando feito um idiota. Ele não fala comigo, foge do assunto... Que situação tão estúpida! Oh, Harry, eu não aguento mais!

Lançando-se nos braços do amigo, ela começou a chorar. Ele se sentiu meio constrangido e pediu:

-Calma, Mione. Você tem que fazer alguma coisa...

Nesse momento, o aparecimento de Gina na sala, acompanhada por Rony, os interrompeu. Ao ver Hermione, Rony corou e virou costas, para tornar a sair da sala. Contudo, ela se levantou de um pulo e se dirigiu para ele, exclamando:

-Rony, espere! Nós temos que conversar!

-Porquê? - Inquiriu ele, em tom revoltado. - Você vai rir de mim?

-Não seja estúpido! - Exclamou ela. - Só quero falar um pouco...

Rony desviou o olhar e replicou, voltando as costas:

-Se eu sou estúpido, porque é que você quer falar comigo? Fique aí, falando com o Harry e a Gina, porque eu não quero falar com você.

Hermione estava à beira das lágrimas e Harry percebeu que ela iria explodir a qualquer momento. De facto, em menos de dez minutos, ela gritou para Rony:

-Estúpido! Mal-educado! Idiota!

Furiosa, ela o agarrou por um braço, o obrigando a se virar para ela. Rony a olhou, com certa mágoa e inquiriu, em tom de desafio:

-O que é que você quer, Senhorita Miolos?

-Isso! - Berrou Hermione descontrolada, puxando Rony para si e o espantando com um belo beijo na boca, a que ele, após a surpresa inicial, correspondeu.

Harry e Gina se entreolharam, sorrindo. Finalmente!

Quando Hermione soltou Rony, olhou para ele, com um sorriso e disse:

-Você é mesmo um idiota. Você nos fez perder tanto tempo...

Rony, porém, corado até a raiz dos cabelos, só conseguia gaguejar:

-Você... você...

-Eu... eu... - Brincou Hermione, ligeiramente impaciente. - Eu beijei você, sim. Beijei, sim, porque gosto de você. Sempre gostei.

-Você... você...

-Sim, Rony, sempre gostei. Todos sabiam que nós gostávamos um do outro... menos nós próprios.

Rony baixou os olhos:

-Mas... eu não lhe mereço, Mione. Eu sou um...

-Um tonto? - Completou ela. - Sim, tonto, estúpido, arrebatado, esculachado, distraído, louco, infantil, engraçado, valente, amigo... e é por tudo isso que eu te adoro, seu... seu tonto!!!

Se jogando nos braços de Rony, Hermione tornou a beijá-lo, perante o ar feliz de Harry e Gina.



******************



Dumbledore convencera Lupin a marcar o casamento para o mesmo dia da festa do final do ano lectivo em Hogwarts. Sempre discreto, Lupin começara por discordar da ideia, mas acabara por não conseguir resistir aos apelos de Mary, a quem a ideia sorrira grandemente.

O Grande Salão de Hogwarts estava enfeitado com todas as cores possíveis e imaginárias e, no teto, se via um enorme arco-íris, num céu muito, muito azul.

Dumbledore presidira à cerimónia de casamento, durante o qual Molly e Tonks não pararam de chorar, comovidas, e Gui aproveitara para pedir a Fleur que fosse ela a próxima noiva.

Mary estava muito bonita, num vestido azul-celeste, com reflexos cor-de-rosa e Lupin parecia dez anos mais novo, com um manto azul-escuro novinho e o cabelo muito bem penteado.

Os pais de Mary compareceram à cerimónia, apesar do ar apreensivo. Pelos vistos, Lupin conseguira convencê-los de que tudo faria para garantir a felicidade dela.

-Cuide bem da nossa menina, sim? - Pediu a Srª Hallow, chorosa.

-Não se preocupe. - Respondeu Lupin, abraçando Mary carinhosamente. - Vou protegê-la com a minha própria vida. Para além disso, a poção que o Snape deixou vai ajudá-la muito.

Perto de Harry, Rony e Hermione dançavam, com ar muito feliz.

-Pelo menos, dessa vez, você não me convidou para uma festa como último recurso. - Brincou Hermione, com uma careta. Rony riu e a calou com um beijo.

-Vamos dançar? - Perguntou a voz de Gina, que estendia a mão para Harry.

Ele abriu um enorme sorriso e, pegando na mão dela, se levantou e respondeu:

-Claro, Senhorita Weasley.

Harry não sabia dançar. Contudo, nos braços de Gina, nada parecia ter importância. Junto deles, Neville e Luna dançavam, agarradinhos, e Harry não pode deixar de sorrir. Sorriu ainda mais ao ver Dumbledore puxar a Professora McGonnagall para dançar.

Dumbledore voltara para Hogwarts. Era, de novo, o diretor, cargo que, afinal, sempre lhe pertencera por direito. O novo Ministro da magia era, agora, Artur Weasley e Percy teria que se esforçar por agradar ao próprio pai, de quem tanto havia desdenhado. Umbridge fora demitida e desaparecera sem deixar rasto. Os Dementadores voltaram para Azkaban, retomando o seu posto de guardas.

Todos aqueles que haviam participado da batalha final contra Voldemort eram, agora, heróis e mitos no mundo mágico, o que significava que o preconceito contra Lupin e Mary se transformara numa grande admiração e respeito. Essa mudança o levou Remo a aceitar o convite de Dumbledore para reassumir o posto de Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts, onde trabalharia junto da mulher, que continuaria ensinando Adivinhação ao sétimo ano.

Harry se sentia no meio de um sonho, enquanto rodopiava nos braços de Gina. De repente, olhou para a porta e estremeceu. Um enorme cão preto o olhava fixamente, como se sorrisse. Não! Não podia ser! Era bom demais para ser verdade...

-Snuffles! - Gaguejou, com o coração disparando.

-O que foi? - Perguntou Gina.

Harry a olhou, tremendo de felicidade.

-O Snuffles, Gina! Ele está ali, junto da porta! Olhe!

Harry voltou a olhar para o lugar onde acabara de ver a forma canina de Sírius. Gina o imitou. Contudo, o cachorro já não estava lá.

Harry correu até à porta, mas não viu qualquer sinal de Snuffles... Mas não tinha sido um sonho! Snuffles estivera ali e ele sabia disso, do fundo do seu coração.


FIM............

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