O último maroto



Remus chegou em seu pequeno apartamento alugado no subúrbio de Londres nas primeiras horas da manhã. Estava exausto devido a temporada que passara em companhia de lobisomens assassinos... lobisomens que gostavam de passar pelo que passavam... repudiavam as pessoas normais... sentiam prazer em morder e contaminar os outros... tinham ódio dos bruxos e trouxas normais... normais - de repente um sorriso muito conhecido veio a sua lembrança.

* - Aluado, cara, você é normal... mas tem esse probleminha peludo!! - dizia James com muita frequência.*

Estava com saudades de seus amigos marotos e do seu praticamente-sobrinho Harry, que devia ter crescido bastante nas últimas semanas que esteve fora. Estava um pouco abatido também pois esse era o primeiro dia de lua minguante... com certeza quando a lua é mais linda no céu, quando cansa de seu reinado e se recolhe. E, além disso, o encontro com aqueles Comensais da Morte no caminho de volta pra casa não tinha sido nada bom... o que ele mais queria era tomar um bom banho e dormir.

Inexplicavelmente, porém, ele estava bem pior do que a situação pedia. Já fazia alguns anos que tinha se acostumado com suas tarefas de membro da Ordem da Fênix, mas esses últimos dois dias de viagem tinham lhe debilitado tanto que seu coração até apertava de dor ao pensar nos amigos e como estava com saudades de todos.

Ele chegou na porta de seu apartamento e entrou. Imediatamente percebeu que a assinatura do Profeda Diário tinha funcionado, pois mesmo sem ter ninguém em casa, as corujas do Profeta tinham feito as entregas diariamente. Os jornais faziam uma grande pilha em cima de uma mesinha próxima da entrada. Ele se aproximou e viu o último exemplar cobrindo as outras manchetes. Leu a notícia de capa. Leu de novo.

- Não pode ser... - sussurrou incoerente. Verificou a data impressa na margem superior do jornal. 02 de Novembro de 1981. Automaticamente pegou o jornal e sentou-se na velha poltrona gelada por falta de uso, lendo.

* Ministério confirma que Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear e seu reinado de terror caíram

Não é novidade para a comunidade bruxa que Você-Sabe-Quem desapareceu misteriosamente no último dia 31 de outubro, noite do Dia das Bruxas. As boas novas se infiltraram rapidamente de forma informal, levando a uma grande comemoração durante todo o dia de ontem, onde bruxos saíram as ruas comemorando, soltando fogos de artifícios e enviando tantas corujas-correio para os amigos e familiares que a comunidade não-mágica, conhecidos como trouxas, chegou a noticiar que o país está diferente.

E está mesmo. Essa manhã a Ministra da Magia Emília Bagnold fez uma declaração confirmando a maioria dos boatos a respeito da gloriosa noite de Halloween - o bruxo mais terrível do último século realmente encontrou sua perdição ao tentar matar um bebê de apenas 01 ano de idade.

Você-Sabe-Quem recebeu uma valiosa informação que, ao que tudo indica a sociedade secreta conhecida como Ordem da Fênix fez o possível para esconder, e a pista o levou direto para Godric´s Hollow onde moravam James e Lily Potter com seu filinho, Harry. - Remus sentiu uma vertigem e as letras no jornal se embaralharam, mas ele continuou a ler -

"Lamentamos informar que James e Lily Potter foram encontrados mortos em sua casa, que estava praticamente destruída." - informou a Sra Bagnold - "Contudo, o bebê Potter sobreviveu de alguma forma misteriosa e - sim! - conforme estivemos escutando desde o dia em questão, Aquele-Que-Não-Se-Deve-Nomear foi derrotado pelo simples fato de ter tentado matar a criança. Parece que a Maldição voltou-se contra ele ao tentar matar o bebê... os Aurores estão investigando o caso. Sendo o único ser humano a resistir a uma Maldição da Morte, o Menino-Que-Sobreviveu - com apenas uma cicatriz em forma de raio na testa - é, realmente, um milagre duplo." - concluiu nosso Ministra com um leve sorriso, arrancando aplausos da multidão que escutava a declaração.

Harry Potter, o Menino-Que-Sobreviveu, foi entregue aos tios trouxas para ser criado, para a decepção de uma tremenda lista de casais em espera no St Mungos que alimentaram esperanças de adotar o garoto. Um porta-voz do Ministério informou que "Alvo Dumbledore decidiu entregar o garoto para a irmã de Lílian Potter, uma touxa. E convenhamos que ele tem razão: se o menino tem uma família, porque adotá-lo?"

Apesar de toda alegria que tomou conta do país nos últimos dias, ainda temos notícias de Comensais da Morte que se recusam a aceitar o sumiço de seu mestre e andam desesperados e violentos atrás de novidades. Mas nós temos outro motivo para comemorar, pois o Ministério divulgou que os Aurores fizeram uma quantidade de capturas recorde nas últimas 48 horas. A lista de capturados completa pode ser lida na página 08.

Entrementes, outro caso horripilante chocou as autoridades nesta madrugada. Nossa equipe acredita que o Caso Potter esteja relacionado com o fato de Sirius Black, conhecido amigo dos Potters, foi condenado a prisão perpétua em Azkaban por um brutal assassinato em massa de 12 trouxas e um bruxo, Pedro Pettigrew, com um único feitiço. Black foi encontrado em flagrante e seguiu para Azkaban as gargalhadas. "Black é possívelmente o Comensal da Morte mais perigoso, o braço direito do Lorde das Trevas." - disse uma fonte ministerial - "Não apenas matou todas essas pessoas com um único feitiço, formando um rombo no meio da rua, como descobrimos recentemente que Black era o espião de Você-Sabe-Quem e entregou os Potters ao mestre. É uma grande captura."

Porém, nossa equipe aconselha os leitores a não se sentirem muito seguros quanto a redução de Comesais da Morte até uma nova declaração, que deve vir em breve, do Ministério da Magia informando que nosso país, finalmente, reconquistou a PAZ.*

Remus largou o jornal, que caiu lentamente até seus pés. O chão estava se abrindo ao longo da poltrona e uma força o empurrava para a abertura... ele agarrou os braços da poltrona com toda a força que tinha, suas mãos ficaram brancas com a pressão. Ele escorregou um pouco no assento, sentindo-se zonzo.

- Nahhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!! - berrou com todo o pulmão, sentindo que alguém, de repente, tinha agarrado seu coração com um punho de aço e o torcia para ver até quando pingaria sangue... Caiu de borco no chão e começou a chorar.

Diferente de Sirius, Remus tinha mais facilidade em aceitar as tragédias de sua vida, ou talvez fosse as experiências tão dramáticas que vivera que o fazia mais maduro. Tão pequenino ele era quando levou a mordida que nem se lembrava do que era viver sem medo de lua cheia... entrou em Hogwarts com medo de ser descoberto, mas finalmente era realmente amado... depois veio as mortes de seus pais, e sempre teve todo o apoio de que precisou de sua verdadeira família, seus amigos mais amados. E agora? Em vez de seu coração cair em negação, explodia de dor com aquela fria verdade.

Num momento tinha uma vida maravilhosa... ou pelo menos mais maravilhosa do que sempre ousou sonhar em sua condição e no meio de uma guerra... voltara pra casa na ansiedade de ver as pessoas que mais amava e, no momento seguinte, não tinha mais nada!! Numa folha áspera de papel a verdade o zombara... tinha perdido todos aqueles que mais amara na vida numa única tragédia. Todos. "Ainda vale a pena viver?" pensou incoerente. Chorou no tapete poído de sua pequena salinha... chorou, gritou de dor em seu peito... até que lhe faltou forças e as lágrimas secaram... adormeceu onde estava.

- Remus. - chamou uma voz penetrante, segurando-o pelos ombros e virando-o. - Vamos, levante-se.

Ele abriu os olhos, mas suas pálpebras estavam pesadas como chumbo, e encarou os olhos azuis de Alvo Dumbledore. O mago ajudou Remus a se sentar novamente na poltrona e, com a agilidade de um jovem, apanhou o jornal caíado no chão antes de se sentar em uma cadeira de frente pra ele.

- Sinto muito que você tenha descoberto assim. - começou com a voz grave e suave como sempre, como se estivesse impenetrável - Sinto mesmo. Não te enviei um patrono pois receei que te expusesse, caso você ainda não estivesse em viagem. Vejo agora que foi um erro.

O rosto jovem de Remus Lupin o encarou sem reação. Desviou o olhar. Agora sentia vergonha por ter sido descoberto em posição humilhante de desespero. Quis dizer alguma coisa, mas sua garganta estava bloqueada e desejou, de súbito, que não tivesse acordado nunca.

- Eu sei como está se sentindo. - disse Dumbledore, mais docemente e Lupin voltou a olhá-lo. - Realmente foi uma tragédia horrível. - ele deu uma pausa - Mas Harry sobreviveu.

- É... eu li isso aí. - disse Remus, finalmente, indicando com a cabeça o jornal.

- Ele vai morar com Petúnia Dursley agora.

- Ela o aceitou? - perguntou Remus, levantando as sombrancelhas.

- Bom, eu explique que era importante e... sim, ela o aceitou. Mas acredito que ela não vai querer que o menino receba visitas de bruxos com frequência.

- Sei, em outras palavras eu devo me afastar de Harry também e esperar que ele entre em Hogwarts?! - disse Remus, mais agressivo do que pretendera.

- Acho que vai ser melhor pro Harry crescer longe de toda a agitação que o nome dele está provocando. - comentou Dumbledore, fingindo que não notara o tom do rapaz.

Eles ficaram um longo tempo em silêncio. Dumbledore juntou os dedos das mãos e cantarolou baixinho, olhando pelo apartamento. Então Lupin falou, sentindo-se idiota e infantil:

- É tudo verdade, então?

- Eu diria que a manchete do Profeta de hoje fez um resumo bem verdadeiro. - Lupin sentiu que novas lágrimas queimavam seus olhos como fogo em brasa.

- Ele está em Azkaban? Sirius matou Pedro com as próprias mãos depois de entregar o Segredo pra Voldemort? - Dumbledore pareceu radiografar Lupin com seu olhar antes de responder:

- Todas as provas apontam pra isso. - Remus sentiu que uma lágrima escorria de seus olhos, mas não estava ligando para o constrangimento agora...

- Quando será os enterros?

- James e Lily serão enterrados hoje a tarde, pois eu consegui adiar um pouquinho, na esperança que você chegasse a tempo. - Remus sentiu novas lágrimas brotarem de seus olhos, como se na verdade as lágrimas viessem do âmago de sua alma. Dumbledore continuou - Frank e Alice estão lá agora, ajudando a preparar as coisas. - ele deu uma pausa e acrescentou num tom mais brando - Não acharam nada além de um dedo de Pedro.

- Q-quê?

- É. O maior pedaço de Pedro Pettigrew que foi encontrado foi um dedo. Sabe, a rua ficou toda despedaçada, outros trouxas também perderam pés, mãos...

Eles caíram num novo silêncio... um silêncio que esfaqueava Remus Lupin. Então ele tomou a palavra novamente:

- Então acabou... a Ordem da Fênix acabou?

- Bem - disse Dumbledore depois de um momento de reflexão - Acredito que todos estamos ligados através de amizade, mas... sim, nosso objetivo não tem mais sentido. Lutamos contra os valores de Voldemort e, com a queda de seu reinado de terror, acho que a gente pode tirar umas férias. - concluiu o mago com um sorriso.

- Então ele se foi mesmo? Simplesmente morreu o homem que todos julgavam imortal?

- Não... acredito que ele vai voltar. Não sei dizer quando, mas Voldemort não morreu, embora seja inegável que está debilitado demais até para possuir um corpo.

- Mas se ele tentou matar Harry e a Maldição ricocheteou contra ele...

- Só posso ter suposições e teorias quanto a isso. - eles deram outra pausa. Lupin não perguntou quais eram as teorias, em vez disso fez uma pergunta mais inquietante, que no fundo sabia a resposta...

- Por que Harry não morreu?

- Porque Voldemort não planejava matar Lílian e, ao mandá-la sair da frente de Harry, lhe deu uma escolha entre viver e morrer e...

- Ela deu a vida pelo Harry. - completou Lupin, com a voz embargada. Dumbledore acenou a cabeça levemente para ele.


Algumas horas mais tarde, Remus Lupin caminhava lentamente pelas ruas de Godric´s Hollow, enxergando no horizonte cada vez mais próximo o cemitério da vila. Seu destino inexorável. Ele queria e não queria ao mesmo tempo chegar lá. Via uma pequena concentração de pessoas, provavelmente ao redor dos corpos de seus amigos.

Alcançou a portinhola do cemitério e a empurrou... até o rangido da portinhola o maltratava... em poucos passos chegou até as pessoas que cercavam os corpos dentro de bonitos caixões. Antes de Remus ver o rosto morto de qualquer um de seus amigos, uma mulher se aproximou dele com os olhos vermelhos e inchados.

- Remus... - disse ela baixinho antes de abraçá-lo. Ele retribuiu o abraço em silêncio e, enquanto ela se afastava dizia: - Primeiro os McKinnon... ainda não me conformo com a morte de Marlene... e agora os Potters... minhas queridas amigas... Remus, nossos amigos... - ela soluçou.

- Alice... - ele começou, tentando consolar - Sabiamos que estavamos enfrentando algo perigoso quando começamos isso tudo.

- Acredita que eles estejam em algum lugar melhor, Remus?

- Sim. - disse ele, depois de um segundo de reflexão. A moça sorriu e se afastou. Acompanhado-a com o olhar ele viu Frank de longe segurando Neville, seu filinho pequenino.

Aproximou-se dos caixões e finalmente viu seus amigos dentro de caixões, pálidos. Controlou a vontade de cair em desespero, ele era experiente em se controlar. Chegou perto de James e viu que o amigo parecia dormir, sem óculos. Fechou os olhos e se lembrou...

* - Você é meu quatro-olhos lindinho, amor... - disse Lily para James, fazendo um carinho no rosto do marido enquanto os marotos riam.*

Remus sacou a varinha e conjurou um par de óculos idêntico ao que James costumava usar. Com muito carinho encaixou os óculos no rosto do amigo e depois olhou demoradamente para o rosto dele, seu amado irmão. Antes de desviar o olhar, segurou a mão gelada do amigo como se apertasse com carinho, mas sem fazer força alguma. Sentiu lágrimas em seus olhos novamente e os fechou.

* - Acho que devemos deixar o mapa aqui em Hogwarts. - disse James para os espantados marotos.

- Mas é nosso trabalho. - interferiu Rabicho.

- E não vai ter validade alguma pra quem não está aqui!! Temos que legar isso daqui para as novas gerações de martos. - respondeu James com um sorriso levado.

- Achei que você iria fazer questão de dar o mapa para o Potter Junior. - caçoou Sirius com um largo sorriso.

- Tenho certeza que o filho legítimo de um maroto encontraria o mapa na escola em questão de poucos anos. - disse Remus, rindo. James o cumprimentou com um aperto de mão estiloso e lhe deu um meio abraço, dizendo:

- Isso aí Aluado, falou como um Maroto e meio... hehehe. - se virou para os outros amigos e disse - Acho que o melhor lugar para deixar o mapa esperando ser encontrado é atrás da estátua da Bruxa de um olho só...*

Remus encarou o rosto do amigo mais uma última vez e se encaminhou para o caixão de Lily. Parou exatamente acima da cabeça da moça. Ele notou como os cabelos dela pareciam mais vermelhos em contraste do branco giz do rosto dela, que normalmente era corado e risonho. As pálpebras dela estavam fechadas docemente, como se ela estivesse prestes a abrir os olhos a qualquer momento e, de repente, o coração de Remus disparou com a ansiedade de ver aqueles lindos olhos verdes novamente. Mas isso não aconteceria... nunca mais aquele brilho verde piscaria pra ele... Remus sentiu que outra lágrima pingava de um de seu olhos e antes que pudesse fazer alguma coisa, viu que a lágrima caiu no rosto de Lily e lá permaneceu, como se a lágrima tivesse acabado de escorrer dos olhos da moça.

* Remus estava sentado em uma varanda olhando para o horizonte, onde um glorioso sol se punha. Ao seu lado estava uma linda moça de cabelos acaju espessos até a cintura, que lhe caíam em ondas leves nos ombros enquanto ela tentava se ajeitar no banco ao seu lado, sendo que estava com uma enorme barriga. Ela dizia:

- Você tem que se apaixonar logo, Remus, para se casar com uma boa moça e...

- Não é tão simple assim, Lily. - ele a cortou.

- Eu sei que não. - tornou ela sorrindo - Mas já pensou que tragédia se nossos filhos não crescerem juntos, Remus? - ela deu uma risadinha ao vê-lo sorrir.

- Você realmente acha que posso me casar, ter filhos e ter uma vida normal? - perguntou ele em tom brando.

- Claro que sim! - respondeu Lílian, séria - Como ousa pensar assim??!! Você é normal Remus, pare de se colocar pra baixo... já te disse umas mil vezes que você é uma pessoa esforçada e muito especial. Logo vai aparecer uma mulher apaixonada por você... - eles se encaram - Remus, se você pôde frequentar Hogwarts por sete anos e nunca aconteceu nada demais, como acha que pode fugir da felicidade de ter uma família? - ela pegou nas mãos dele e sorriu... os lindos olhos verdes brilhando pra ele.

- Bom... - ele tentou desconversar - estamos no meio de uma guerra e... bem...

- São nessas horas que devemos dar ainda mais valor ao amor, Remus. - disse ela sabiamente. Remus riu. - Queria que você e Sirius dessem priminhos pro Harry logo, logo... - os dois riram.

- Bom, se eles não crescerem juntos, quem sabe o Harry não me ajuda a tomar conta de meu filho um dia? - sorriu Remus. Lílian o abraçou com força de repente e, ao se separarem disse:

- Promete? Promete que vai ser feliz independente do quanto essa sociedade em que vivemos dificultar seu caminho...? Promete que vai amar e se permitir ter uma família? - ela sorria radiante pra ele, com os olhos úmidos.

- Porque está falando assim??!- perguntou ele, um pouco ríspido - Parece até que está se despedindo, Lílian!!

- Só me promete, Remus...

- Ok, prometo. - disse ele rápido, mas voltando a sorrir.

Ela se levantou e lhe deu um beijo na testa, passando uma das mão nos cabelos dele e ele fechou os olhos ao toque dela...*

Remus abriu os olhos e teve dificuldade de enxergar pois sua visão estava turva e embaçada devido a concentração de lágrimas. Ele levou uma das mãos aos cabelos de Lily e fez um leve carinho, antes de se debruçar sobre o caixão e beijar a testa da moça.

- Durma em paz, minha querida. - ele sussurrou.

Pouco depois chegou o bruxo de cerimônias e disse meia dúzia de palavras sobre a honra do casal Potter, antes dos caixões desceram para a cova e a terra ser empilhada em cima deles, pra sempre...

Então Remus decidiu que não queria mais ficar ali... não tinha exatamente um rumo pra seguir, mas resolveu dar uma voltinha num determinado bairro trouxa em Surrey.

Ao sair do cemitério parou de xofre ao ver dois passarinhos amarelos brincando. Os passáros piavam, cantavam e dançavam ao vento, como se namorassem... irresistivelmente se lembrou de um dia quando James e Lily dançaram numa praça depois de uma leve garoa e ele batera uma foto, onde James e Lily dançariam apaixonados para sempre.

Ele entrou na Rua dos Alfeneiros andando lentamente, procurando a casa número 4 sem ter certeza se queria mesmo encontrá-la. Mas acabou achando a casa sem demora e parou, contemplando-a, tentando escutar algum ruído que vinha de dentro. Escutou um choro de criança, um choro histérico. Mas não parecia ser de Harry, devia ser o filho de Petúnia. E, como para confirmar esse pensamento, ele escutou a voz de uma mulher dizendo:

- Calma fofinho, ele não vai pegar seus brinquedos não, ok? Vamos combinar que ele só brinca com os brinquedos que você não gosta, tá bom assim Dudinha lindo da mamãe?

Remus sentiu um aperto no coração e o sangue ferver de raiva... teve o impulso de entrar na casa e arrancar Harry de lá. Mas se conteve, afinal conseguia se controlar e, o que poderia oferecer ao menino além de amor? Apenas amor não sustenta ninguém... isso sem contar no perigo de ser criado por um lobisomem pois, a despeito do que tinha dito para Lílian, se considerava perigoso para uma criança, especialmente uma que só pudesse contar com ele.

Remus olhou intensamente para a casa, desejando que Harry sentisse seu carinho emanando dele.

- Com certeza ainda nos veremos Harry.

E dizendo isso partiu solitário, sem saber que estrada tomar ou o que fazer de sua vida. Não tinha mais ninguém a quem contar... todos os que mais amara tinham desaparecido da vida. Ele estava sozinho. Era o último maroto.

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