Não sou eu

- Vocês são uns idiotas! Completos imbecis! Vocês dois!
- Por que Aluado?
- Se você não percebeu quase fomos pegos! – afobou Lupin, assim que fecharam o retrato da Sala Comunal da Grifinória.
- Quase! – riu-se Sirius, olhando para Tiago que tinha uma cara de zombado. – Nem chegaram saber que havia alguém fora da cama!
- Ainda não.
- Como assim? – perguntou Tiago, que sentiu um pequeno gelo na barriga. – Você vai nos denunciar?
- Eu posso.
- Não pode, não. – disse Sirius bem sério – Se você nos dedurar, nós te colocamos no meio. É simples. Não pode...
- Em quem eles vão acreditar? Num honrado monitor, ou em três infratores da lei?
- Dois. – completou Pedro indignado.
- Que seja. Você também se envolve...
Sirius deu um bocejo alto, que abafou a voz de Lupin.
- Aí, vou dormir. Para mim, foi uma noite daquelas!
- Ah, eu também vou. – disse Tiago, acompanhando o amigo - E, Remo, não se preocupe. Essa noite já passou. Estamos protegidos pelo feitio do Snape. Então, relaxa.





Bem cedo da manhã, parecia ser. Na noite anterior, Tiago nem percebera que adormecera. Sentia-se realizado por escapar de uma detenção e ainda acabar com a felicidade de Severo Snape. Assim que abriu os olhos, pegou os óculos que repousava no criado-mudo ao lado da cama.
Quando tudo entrou em foco, ele despreguiçou num bocejo. Talvez aquela poção tivesse lhe deixado mais a vontade, pois sentiu como se não fosse o mesmo. Sentou na cama, e notou que os amigos dormiam ainda com as cortinas fechadas.
Assim, Tiago despiu o pijama, pegando uma roupa casual no guarda-roupa. Enquanto caminhava até a porta, o garoto passou em frente ao espelho, quando seu coração pareceu parar de bater para dar um berro...
- Ah... que isso? – gritou Lupin debaixo das cobertas, que descobrira a cabeça para olhar.
- Quê? O que...?
- Não acredito!
- O que aconteceu?
Em um momento de silêncio, Tiago respondeu com uma voz incomum de si:
- Eu tenho seios!
- Não brinca, Pontas. Quero voltar a dormir...
- É sério – confirmou Tiago, que admirava sua nova aparência assustadora.
Seu cabelo mudara incrivelmente, mas não se alterara do desarrumado persistente. Suas pernas estavam mais formadas, e a cintura redondinha... sem falar dos dois peitos que brotaram de repente. Quando olhou para trás, Sirius acabara de sair das cortinas... ou deveria ser o Sirius.
- Cara... estou tão... uaaaaa!
Agora o garoto percebera pelo seu reflexo a mesma bruta mudança que Tiago notara nos dois.
- Olha só – disse Tiago. – Bumbum grande, ein, Sirius?
- O que aconteceu! – exclamou o amigo que correra para o espelho com as mãos nos cabelos enrolados e compridos, tentando arrancá-los da raiz.
- Do que vocês estão falando, seus dois pervertidos...? – falou Lupin que abrira violentamente as cortinas de sua cama – Nossa! O que aconteceu com vocês?
- O que aconteceu com nós, não é? – disse Tiago. – Com você também!
Pedro também se levantara da cama. Parecia não ter mudado muito, pois permanecia gordo, baixinho e atarantado. Só se alterara pelos longos cachos pretos e armados que brotavam de sua cabeça.
- Caramba! – disse Remo que olhava seu traseiro com uma mistura de fascinação e assombro.
- Como isso aconteceu com a gente? – falou Pedro que puxara a gola da blusa e enfiara o rosto dentro – Credo! Continuo gordo!
- Olha só a barriguinha de moça! – falou Sirius parecendo o mais satisfeito com a transformação.
- Você falou como uma legítima menininha agora. – disse Remo.
- Tenho certeza que foi aquela poção do Seboso! – exclamou Tiago – Tenho certeza! Ele armou pra gente! Sabia que nós iríamos tentar atrapalhar tudo o que ele fizesse.
- Se foi, o azar foi nosso! – falou Lupin – Não disse que ia sobrar pra gente?

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