LIMITES



Encontros & Desencontros – R/M pós DH
Envolvente como você nunca viu.


CAP 12 - LIMITES

Resolvemos sair pra jantar só os adultos um dia aí. Até o Neville veio. Definitivamente uma noite pra colocar os assuntos em dia. Fomos num restaurante truxa, mesmo, porque todos sabem como as paredes do mundo bruxo têm ouvidos.

Estranhei quando a Lilá chegou sozinha. Mione já tinha avisado que não viria. Me perguntei se era o meu deja vu clássico, o que eu estava tendo.

-Oi Lilá! - Luna cumprimentou. - Cadê o Ron?

Lilá fez uma cara decepcionada.

-Saiu cedo, ainda não voltou. Sei lá, ele ta estranho... Estou preocupada...

-Não deve ser nada de mais. - Harry disse. - Ele me falou que estava enrolado com as coisas da pós.

Lilá deu de ombros e sentou.


-É, deve ser.

Olhei para Harry e ele sorriu pra mim, como que confirmando a história. Continuamos então comendo e conversando. Vi Lilá se animando aos poucos e achei isso bom, mas sabia o que estava por vir pra ela.


Ron me dissera, há alguns dias, que fora conversar com Hermione e ela pediu pra que ele se divorciasse. Bem, eu concordava com ela, né? E ele também concordou, porque ela estava certa. Então ele estava dando entrada na papelada e estava quase tudo pronto. Mas eu esperava que ele viesse no jantar.

E como se houvesse um evento oculto atuando como uma força de atração entre nós, Ron entrou no restaurante todo molhado. Nem tinha reparado que chovia.

Ele veio até a nossa mesa, cumprimentando a todos e a Lilá levantou para dar-lhe um beijo. Eu ia sorrir pra ele, mas sua expressão me deixou preocupada.

-Oi, meu amor... Estava com saudades. - Lilá disse feliz, tentando olhar nos olhos de Ron, que sempre desviava. - Vem, senta. Ainda dá pra comer a sobremesa.

Ela puxou Ron pra sentar ao seu lado, mas ele não se moveu.

-Lil, na verdade...

-Eu guardei seu lugar.

-Não... - Ele puxou-a pela mão e passou o braço na cintura dela. - Nós temos que conversar. Vamos pra outra mesa, oks?

-Tá... - Ela respondeu com uma cara de quem não entendeu nada e deu uma olhada pra gente antes de ir com ele pra outra mesa, um pouco mais distante.

-Orelhas extensíveis? - George perguntou, fazendo todo mundo rir.

Eu não precisava de Orelhas Extensíveis pra saber qual era o assunto e acho que a Luna também não, porque ela, apesar de rir, me lançou um olhar bem significativo. Suspirei, retribuindo o olhar e observando os dois de vez em quando.


Quanta bobagem tudo que se falou
Me olho no espelho e já nem sei mais quem sou.



Ron e Lilá sentaram de frente um pro outro. Ron segurou as mãos dela e começou a falar, olhando-a nos olhos. Dava pra sentir as mudanças de humor da Lilá à distancia. Confusão, carinho, confusão, descrença, raiva, desespero. É o que eu sentiria.


Quanto talento pra discutir em vão
Será tão frágil nossa ligação?



Lilá soltou uma das mãos e passou no rosto de Ron. Ela devia estar tentando convencê-lo do contrário. Eu entendia o lado dela. Eles têm uma família linda e enorme, tão bem estruturada... Que não fazia sentido terminar dessa forma.

Mas também havia o outro lado.


Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que se arriscar?



Ron tirou a mão dela de seu rosto, voltando a falar. Era estranho ser um ponto fora da reta que alterava o desvio padrão. Estranho, porque eu parecia bem intrusa, mas eu tinha a minha participação nisso tudo. Fui a pacificadora, a Suiça. Mesmo sabendo como tudo ia terminar, de certa forma.

Acho que ela acreditou demais no incerto.


Então volta pra mim
Deixa o tempo curar esse estranho jeito de amar



Lilá se alterou de verdade quando Ron tirou de dentro da jaqueta um envelope pardo grosso. Ela balançou a cabeça freneticamente, se negando a ver cada um dos papéis que Ron tentava lhe mostrar, ela não queria aceitar.


Falsas promessas, erros tão banais
Mas ninguém cede, nem pensa em voltar atrás



Ron desistiu de tentar mostrar os papéis e segurou o rosto de Lilá com das duas mãos, falando com ela. Ela tentava balançar a cabeça negando e parecia estar balbuciando algo. Devia estar à beira das lágrimas. Eu estaria.


Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que se arriscar?
Então volta pra mim
Deixa o tempo curar esse estranho jeito de amar



Devagar, ele soltou o rosto dela e voltou a mostrar os papéis, indicando coisas neles. Lilá ouviu quieta. Então, depois de um tempo curto, ele arrumou os papéis, empilhando-os encima do envelope. Ron deu alguma adivertência para Lilá e se levantou, conseguindo o estardalhaço que evitara, ao se levantar.

-NÃO, RON! - Lilá praticamente gritou aos prantos, atraindo a atenção de todo mundo. - Você não pode fazer isso comigo... E os nossos filhos, Ron? Nossos filhos lindos, tão bem criados...

-Lil, eu já expliquei essa parte. - Ele disse. Parecia estar engasgado.

-Mas... Não pensei criar meus filhos assim! Estava tudo tão bem, Uon-Uon... Pode voltar a ficar bem! - Ela se atirou em Ron, beijando-o sem ser correspondida. - É só você deixar, meu amor... Nós podemos fazer isso...

Ron tirou as mãos de Lilá de seu pescoço, afastando-a, e deu um passo pra trás.

-Não, Lilá. A gente já tentou uma vez, há quatorze anos, e não deu certo. A cota já foi.


Esquece esse jogo, não há vencedor
O mesmo roteiro de sempre cansou
Vou te amando e me frustrando e sobrevivendo por um fio
Mas to aqui sem desistir
Volta pra mim



-Não, Ron... - Ela balbuciou para as costas do meu irmão, enquanto ele se afastava ,e foi caindo, perdendo a força nas pernas.

Luna e eu nos levantamos e fomos até ela, impedindo-a de ficar ali no chão, e colocamos-na sentada na cadeira.

-Calma, Lil... - Falei.

-Não é possível, Ginny... - Ela disse aos prantos. - Tantos anos juntos, ele não pode fazer isso.

Luna e eu trocamos um olhar cúmplice.

-A história de vocés é uma bagunça, não é? - Eu ponderei. - Mas pense, Lilá... Agora que você sabe que a verdadeira intensão do meu irmão é se separar, mesmo que ele aceitasse continuar com você e tentar outra vez... Você iria se sentir bem?

Ela me olhou confusa. Provavelmente estava tendo problemas pra raciocinar.

-Mas...


Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Pra quê que a gente tem que se arriscar?
Então volta pra mim
Deixa o tempo curar esse estranho jeito de amar



-Pensa, Lil. - Foi a vez de Luna falar, com sua voz sempre tranquila e sonhadora. - Você ia conseguir viver sabendo que não tem mais amor? Sabendo que estão dormindo na mesma casa, sob o mesmo teto, sem amor? Ia ser feliz sob essas condições?

Lilá baixou os olhos e enxugou as lágrimas com as costas das mãos, suspirando. Ela olhou de mim para Luna, deu de ombros... Algumas lágrimas ainda ecorrendo. Luna empurrou os papéis para mais perto de Lilá, que levantou os olhos pra nós cheios de desespero, mas não mudamos a nossa posição.

-Pense, Lilá. - Luna repetiu.

Demorou um tempinho pra ela decidir. Por fim, pegou os papéis, lendo algumas linhas do primeiro, depois olhou triste pra nós.

-Não precisava ser desse jeito. - Sussurrou.

-Não mesmo. - Concordei, mesmo havendo várias outras coisas subentendidas na minha curta frase. - Não mesmo.


Não tem que ser assim
Tanto desencontro, mágoa e dor
Se é bem melhor a gente se entregar
Então volta pra mim
Deixa o tempo curar esse estranho jeito de amar...

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