Segundo Capítulo



Harry tinha acabado de acordar e foi direto para a cozinha comer alguma coisa. Sua mãe estava na pia mexendo nas panelas. Ele hesitou um instante, mas resolveu entrar na cozinha.

- Mãe, hoje eu não vou sair. Minha perna está doendo.

Na batida que Harry teve com o carro, além do pequeno corte em sua cabeça, ele tinha machucado sua perna. Ele não tinha quebrado, mas por causa disso teria que andar usando muletas por algumas semanas.

- Melhor eu ligar para o seu pai... – ela pegou o telefone.

- Não. Não vou falar com ele. – Harry ficou sério e pegou a caixa de cereais na sua frente.

- Isso entre você tem que acabar. Você não pode fazer isso, precisa de um pai!

Harry olhou para ela e se virou para o prato. Lílian desistiu de ligar e voltou a mexer na pia.

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Harry estava na missa com sua mãe. Não que ele não gostasse de Deus, mas ele não estava com muita paciência para ficar assistindo o sermão do padre por uma hora e meia.

- Hoje vamos agradecer ao pai, por uma vida que foi salva! E vamos rezar pelos envolvidos que certamente não estão no caminho da rendição. – o pastor terminou dizendo aquilo olhando para Harry.

O pastor saiu do altar e o coral que estava sentado, se levantou e começou a cantar.

Tinha uma garota no coral que ficou olhando Harry. Ele percebeu isso e resolveu encarar ela. Ela rapidamente tirou os olhos de cima dele e Harry sorriu para si mesmo.

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No dia seguinte, Harry estava na entrada do colégio junto com todos seus amigos. Eles ficaram conversando enquanto o sinal da aula não batia. Harry teve a impressão que eles estavam bastante agradecidos por ele não ter os envolvido quando o policial o interrogou.

- E a perna cara? – Rony sentou ao lado dele e apontou para a perna que Harry tinha machucado na batida.

- Esta boa.

- Eu não acredito que você foi preso. – comentou Luna enquanto passava batom nos lábios.

- O que disse a eles?

Harry olhou para Draco. Esse parecia mais cauteloso e visivelmente transtornado pela prisão do amigo.

- Que tinha saído para passear, acabei na fábrica de cimento e encontrei o Neville. Tentei ajudá-lo, mas me assustei.

- Sério cara, você é o mestre Jedi da mentira. – Rony riu e bateu no ombro do amigo.

- Nossa, essa Hermione Granger tem estilo! – Gina comentou com Luna.

- Ela já usava esse vestido na quarta série. – Draco riu do próprio comentário.

Harry virou para ver Hermione. Agora tinha se lembrado! Sabia que conhecia a garota do coral de algum lugar. Ela era Hermione Granger! Uma das garotas mais descuidadas da aparência e inteligente da escola. Ela sempre usava aquele suéter bege e aquilo era sempre motivo de piada.

- Ei, cuidado com as quietinha, são as piores. – cutucou Rony em Draco, apontando Hermione que vinha na direção deles - Com um banho de loja, ela até fica bonitinha!

- Belo suéter. – Hermione estava passando pelo lado deles quando Gina a elogiou. Ela parou e a fitou.

- Obrigada. – Hermione voltou a andar e seguir seu caminho para a sala.

- “Obrigada”. – Draco ficou repetindo o que Hermione tinha dito num tom de voz feminino, fazendo todos rirem.

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Harry estava saindo do colégio quando foi chamado para comparecer a sala do diretor. Ele se despediu dos amigos e foi em encontro ao diretor.

Quando chegou lá, bateu na porta e espero o Sr. Tomas aparecer. Quando o diretor viu quem era, indicou a sala para que ele entrasse. Harry seguiu para uma das cadeiras defronte a mesa dele e ali permaneceu.

O diretor deu a volta e se sentou na frente dele. Abaixou-se e começou a pegar algumas garrafas de cerveja vazias do chão. Harry ficou acompanhando esse movimento do diretor calado. Quando o sr. Tomas deixou em cima da mesa pelo menos dez garrafas vazias, ele se ajeitou na cadeira e encarou Harry.

- Alunos dizem que você bebeu na escola no sábado. – ele indicou as garrafas - Sorte sua Neville não poder falar, pois eu acho que vocês está mais envolvido no acidente dele do que você disse as autoridades. Mas nem por isso vou deixar de puni-lo!

- Vai me expulsar? – Harry já estava impaciente. Odiava receber sermão, principalmente quando essa pessoa não tinha nenhum tipo de parentesco com ele.

- Não. Além de freqüentar as aulas, você ajudará a limpar a escola...

- Por um salário?

O sr. Tomas parecia estar se divertindo.

- Pela satisfação. Aos sábados vai ajudar alunos carentes. E você vai participar o evento do teatro.

- A peça de primavera? – Harry ficou aturdiado por uns instantes. Participar da peça de primavera era suicídio social

O sr. Tomas percebeu sua reação e sorriu.

- Está na hora de experimentar outras coisas, de conhecer pessoas diferentes. Não vá estragar tudo!

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Como parte do castigo, Harry estava numa das salas do colégio limpando o chão. Naquele momento estava ocorrendo o clube de estrelas e astros. Hermione estava a poucos passos dele, ensinando a outros alunos alguns experimentos úteis.

Ela escolheu um objeto estranho que estava em cima da mesa e mostrou para os alunos que estavam na arquibancada.

- Esse é um aparelho simples, feito com invólucro plástico, cabide e corretor. Alguém sabe o que é?

Harry que tinha visto o que era, ao ver que ninguém sabia responder a pergunta dela, não resistiu e deu a resposta.

- É um localizador de estrelas.

Hermione se virou e olhou para ele. Harry deu os ombros e voltou a varrer a sala.

- É um localizador, para ver estrelas e planetas a olho nu. – repetiu ela, voltando à atenção aos alunos.

Rony e Draco entraram na sala. Eles queriam falar com Harry, mas Draco não ia deixar de perder aquela oportunidade para mexer com Hermione.

- Aposto que dá para ver os anjos voando. – disse ele em seu ouvido enquanto passava por trás dela, em direção a Harry.

Hermione largou o objeto que segurava e se virou para falar com Draco que estava cumprimentando Harry.

- De fato há coisas milagrosas. Einstein disse que estudar o universo é acreditar em Deus.

Draco a encarou e olhou de cima a baixo, nunca perdendo o sorriso cínico do rosto.

- Se é que Deus existe mesmo, porque ele não te dá outro suéter?

Rony segurou a risada. Hermione não se abalou com o comentário de mal gosto de Draco.

- Porque ele está ocupando procurando o seu cérebro. – respondeu ela com toda a calma. Hermione deu meia volta e voltou a explicar os apetrechos para os alunos.

Rony que não esperava aquela resposta caiu na gargalhada. Draco olhou furioso para ela, mas Harry o puxou para o lado, antes que ele fizesse alguma besteira.

- O que vocês estão fazendo aqui?

- Viemos te salvar! Vamos embora, cara! – respondeu Draco um pouco mais calmo.

- Não posso.

- Mas o diretor já foi embora. – argumentou Rony.

- Não insistam, por favor! Senão eu vou ficar mais encrencado do que estou.

- Esta bem, mas depois não diga que não nos importamos com você.

Eles se despediram do amigo e sairam pela porta lateral. Harry olhou de relance para Hermione e voltou a varrer o chão.

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A semana tinha passado devagar e Harry estava todo dolorido do trabalho que ele estava fazendo. Era sexta de noite e tinha saído com os amigos para se divertir um pouco.

Eles tinham ido para o boliche e ficaram jogando a noite toda. Harry sabia que no dia seguinte ele tinha que ir dar orientação aos alunos carentes, por isso encerrou sua noite mais cedo do que o normal.

Quando estava indo embora, Gina pediu uma carona, pois não estava se sentindo tão bem. Eles estavam parados agora em frente a casa de Gina e Harry esperava ela sair do carro.

- Eu te vejo na escola.

- Meus pais não estão e o Rony vai demorar a chegar. Você não quer entrar? – Gina chegou um pouco mais perto dele.

- Gina, nada mudou. – Harry sabia que isso ia acontecer em algum momento.

- Eu sei, só achei que...

- Acabou. – ele não queria magoa-a, mas não podia fazer com que ela ainda tivesse esperanças que eles voltariam a ficar junto.

Gina recuou. Não esperava que Harry a negasse. Sempre achou que ele ainda gostava dela, mas parecia que tinha se enganado.

- Tudo bem.

Ela abriu a porta e saiu. Estava com tanta raiva que bateu com a porta do carro. Harry tinha que voltar para ela!

Ele ficou um tempo ali parado com o carro olhando ela entrar em casa. Tinha feito o que era certo. E não ia voltar a trás.

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Harry estava dormindo. A briga que ele teve com Gina na noite anterior tirou um pouco do seu sono, pois não queria que ela ficasse chateada, afinal gostava dela como uma irmã. A impressão que ele teve, é que não dormiu muito até sentir sua mãe lhe chamando.

- Bom dia Harry. Acorda! Vamos, de pé!

- Sábado não tem escola... – murmurou sonolento com a cabeça debaixo do travesseiro.

- Orientação! – disse ela tirando o travesseiro da frente e cutucando ele.


Por pouco não chegou atrasado para pegar a condução até a escola das crianças. Não se surpreendeu ao encontrar Hermione lá também. Ela fazia o tipo de pessoa que ajuda o outro. Quando chegou lá, foi apresentado a um menino que seria seu aluno por algumas semanas.

- Vamos tentar de novo. Qual desses triângulos é semelhante? O que você acha? – ele estava sentado numa mesa com o menino e tentava ensinar matemática a ele. Mas parecia que ele não estava muito interessado em aprender.

- Eu acho que isso é uma droga! – o menino saiu da sala, deixando a cadeira cair no chão.

- Eu concordo. - Harry se virou e viu que Hermione o observava. Aquele castigo que o diretor tinha lhe passado, estava começando a tirá-lo do sério.

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Eles estavam voltado para casa e Harry deu graças a Deus por isso. Ele se sentou sozinho mais atrás no ônibus para evitar de ter que aturar qualquer tipo de pessoa.

Hermione que estava sentada mais na frente, se levantou e foi sentar ao lado dele. Normalmente ela não faria esse tipo de coisa, mas era por uma boa causa.

- Você quer comprar uma rifa? É para comprar novos computadores para a escola das crianças... – começou ela tímida.

- Não. – Harry foi curto e grosso com Hermione.

- Eu te vi com o Brendon. - Harry podia ser grosso com ela, mas não se importava com o que ele dizia. - Pode ser bem complicado, mas você pode tentar outra abordagem. – Harry permaneceu calado e sem olhar para ela - Você vai visitar Neville? – novamente ele não deu resposta a ela - Acho que é não. Eles o transferiram do hospital para a reabilitação?

- É assim que joga conversa fora? – Harry se virou para ela nervoso - Porque você precisa ser mais social! E além do mais ninguém o forçou a pular.

- Ele foi pressionado. – respondeu ela calmamente.

- Como você sabe disso? Leu no seu precioso livro? – ele apontou com o rosto a bíblia que ela carregava no colo.

Hermione respirou fundo e se virou para ele novamente.

- Não finja que me conhece, ok?

- Mas eu te conheço. – começou ele sarcástico - Temos as mesmas aulas desde o jardim. – ele virou o rosto e a encarou - Você é Hermione Granger. Você almoça na mesa sete, não é a mesa dos rejeitados, mas definitivamente é território de auto-exílio. Você só tem um suéter. Gosta de andar olhando para os pés. Ah! E nos fins de semana dá instrução e freqüenta astros e planetas.Que eu tal? – ele se virou para ele vitorioso, certo que ela se calaria agora.

- Bem previsível. Nada que eu já não tenha ouvido.

Harry ficou surpreso. Hermione parecia não se abalar com nada.

- Você não se importa com o que as pessoas falam de você?

- Não. – respondeu ela sinceramente.

Hermione se levantou do banco e voltou para o seu lugar deixando Harry pensativo.

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