Recomeçar



2 meses haviam passado desde que Hermione se fora. Ron estava sempre enfiado no quarto ou, por alguma razão que ninguém entendia, o armário de vassouras.
O garoto estava deitado em sua cama, de barriga para cima, contemplando os pôsteres de quadribol no teto. Seus olhos estavam desfocados e ele cantarolava uma canção baixinho, enquanto segurava um pedaço de pergaminho na mão. Baixou os olhos e leu novamente o que havia no papel.

Oi gente! Só se passaram 2 meses desde minha ida,
Mas a saudade de todos é enorme! Bulgária está sendo
Incrível, já descobri runas nunca vistas antes, com meus
Colegas de pesquisa, Joshua Green e Frank Vedecci.
Frank é italiano, me disse maravilhas de sua terra, daqui
3 meses partimos para lá, surgiu um serviço extra.
Bom, acho que devo demorar mais do que o esperado, por isso... Não me esperem acordados.

Saudades, Hermione Granger.

Ron encarava aquelas últimas palavras com tanta vontade que parecia que sua vida dependia daquilo. “Não me esperem acordados”... Os outros podem não ter entendido o que significava quando a Sra. Weasley leu para todos na cozinha, mas ele entendera... “Será que ela pensa em mim depois daquilo despedida desastrosa? Será que seu coração bate como o meu quando penso nela?” Mas então ele foi despertado de seu transe por Harry, que acabara de entrar:

- E aí cara, posso entrar? – perguntou Harry fechando a porta atrás dele.
- Já entrou... – resmungou Ron baixinho, enfiando depressa a carta debaixo do travesseiro, e se sentando na cama.
- Como você tá? – perguntou o amigo, ignorando o resmungo e sentando ao seu lado.
- Olha, diz pra minha mãe que eu não tenho realmente sarapintose, então ela não precisa mandar ninguém de babá...
- Ela não me mandou. Eu vim por que... pô cara, to preocupado com você. – ao ver a cara de desentendido de Ron, falou – E não faça essa cara! Sabe muito bem do que estou falando.
- É só que... eu realmente sinto falta dela – respondeu baixinho Ron. Tão baixinho que Harry quase não ouvira. Ron foi afundando na cama de cabeça baixa: podia sentir as lágrimas ardendo em seus olhos.
- Eu sei cara, eu também... mas ela não ia querer um cara que não come e não dorme e que se isola de todos. Esse cara... esse cara, Ron, eu nem sei quem é.
Ron o encarava com uma expressão vazia. Porque ele não podia simplesmente deixá-lo ali? Porque não podia simplesmente deixa-lo fraquejar...
- E você sabe muito bem que nada disso... – falou Harry, pegando o pedaço de pergaminho debaixo do travesseiro –... irá traze-la de volta.
Harry se levantou e deixou o papel em cima da cômoda e saiu do quarto deixando Ron contemplando a paisagem que se formava fora da janela. Sabia que esta era a hora de recomeçar. Então porque diabos não conseguia se levantar da cama?
De um pulo ele se levantou, pegou a varinha e descia as escadas. Havia decidido que não o faria por ele e sim por ela.
Ele tinha um plano traçado: ia fazer a audição para entrar para o Departamento de Aurores junto com Harry, se mudar d’ A Toca. Foi até a cozinha contar o plano à mãe.

- Ah Ron! Como é bom ouvir isso. É melhor se preparar, a audição é daqui a 2 semanas. – disse a Sra. Weasley ao soltar o filho de um abraço apertado.

E assim foi por 2 semanas, Ron estudando mais que nunca (meio difícil de acreditar, eu sei) e praticando todos os feitiços e contra-feitiços com Harry. 5 dias depois da audição, Harry e Ron passam com louvor e se tornam aurores. Ron estava parado na porta do seu quarto, com uma mala nas costas e outra apoiada na parede. Ele olhava pelo quarto para ver se não esquecia de nada. Seus olhos caíram sobre um pedaço de pergaminho em cima da cômoda. Ele foi até ela, e o apanhou. Ficou alguns segundos olhando para ele, engolindo em seco.
- E a vida sempre continua. – disse Ron amassando o papel e colocando ele no bolso ao fechar a porta.

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