Temido Adeus
Foram 2 longas semanas n’ A Toca. Sempre que Hermione tentava se aproximar de Ron de alguma forma, ele dava um de fugir, até que ela se cansou de arranjar desculpa para eles conversarem e se isolou também. Harry e Ginny assistiam aos dois sem entender o que estava se passando.
Ao fim da segunda semana, Hermione se preparava para sua viagem à Bulgária. Quanto mais próxima ficava a partida de Hermione, mais irritadiço e insuportável ficava Ron.
- Nossa, que mau-humor, hein ? Se for contagioso faça pelo menos o favor de ficar em quarentena. – disse Fred, após Ron expulsá-lo de seu quarto.
Era a noite da véspera de sua partida e Hermione estava sentada à lareira, separando alguns livros de runas. Ron desceu as escadas saltitando, estava arrumado, com os cabelos um pouco displicentes, mas isso apenas lhe dava mais charme.
- Onde está indo, Ron ? – perguntou Hermione desconfiada.
- Ah, vou sair, me distrair um pouco – respondeu o garoto com um ar de pouco caso – Não espere por mim acordada. – abriu um sorrisinho provocativo e deu uma piscadela, saiu e bateu a porta às suas costas.
- Não vou. – disse Hermione entre dentes quando ouviu um estalo no jardim, fechando com força o livro em suas mãos.
As horas se passaram e Hermione nem sentia, sentada na poltrona examinando seus livros, às vezes se distraindo pensando irritada em Ron. Passava das 3h da manhã, quando ouviu um estalo e um forte baque de corpo caindo no chão.
Hermione pulou assustada da poltrona e empunhou a varinha. Dirigiu-se lentamente à janela e viu um ruivo caído no meio do jardim. Saiu correndo ao seu encontro e vociferou:
- Ronald! Que diabos você está fazendo ?
- Tentando dormir – respondeu Ron com a voz pastosa, a cara grudada na grama. Hermione foi até ele e o ajudou a se levantar. Quando ele finalmente se pôs de pé, Hermione sentiu um bafo horrível.
- Ah, maravilha, você está bêbado! – disse ela revirando os olhos – Venha, vamos entrar.
- Não, não, não... Mione, escuta – disse Ron se apoiando nela – Você não pode ir à Bulgária Mione, tem ficar ok ? Tem que ficar...
- Não seja bobo Ron, já está tudo pronto e...
- Não, já sei, vou te esconder! – interrompeu o garoto, e seu rosto se iluminara como se ele tivesse acabado de ter uma idéia brilhante. Então ele começou a empurrá-la para o armário de vassouras.
- Ronald, pare já com isso! – mas ele era mais forte, bem mais forte que ela.
- Pronto, agora... agora estamos seguros – disse ele, e então pôs a cabeça sobre o ombro de Hermione e adormeceu.
Hermione quase perdeu o pouco equilíbrio que lhe restava com o seu peso sobre o dela.
- Francamente, eu deveria deixá-lo aqui mesmo Ronald Weasley... – vociferou Hermione tentando segura-lo. Ao passar seu rosto perto do pescoço do ruivo ela parou e fechou os olhos: aquele cheiro... queria poder guardar na memória. O cheiro que a acalmava, lembrança do homem pelo qual era apaixonada...
- Venha Ron, vou te botar na cama.
Era meio-dia, sua cabeça estava estourando, sentia que um caminhão o havia esmagado e rachado seu crânio em 15 partes.
- Mas que m... ?
- Bom dia! – exclamou Harry trazendo um copo vazio. – E aí cara, melhor da ressaca? Aguamenti! – o copo se enchera de água, e Harry o estendia para Ron.
- Valeu cara. – disse Ron pegando a água e tomando de uma vez, com uma cara de quem estava prestes a vomitar. – O que aconteceu?
- Ah, não sei direito, Mione não quis contar muito bem – respondeu Harry sentando ao pé de sua cama. – Parece que você não chegou em casa muito bem ontem, ela ouviu e foi te ajudar. Agora ela tá falando com o Kingsley, daqui a poço ela vai. Você não lembra?
- Nadinha. – respondeu Ron aturdido, ainda estava meio zonzo, mais... Seu coração congelou. – Que você disse?
- Disse o que? – perguntou Harry olhando pro amigo como se ele fosse doido.
- Ela ta indo? Agora? – Ron se pôs de pé num pulo.
- Bom, é, agora... – disse Harry olhando pro amigo meio sem saber o que fazer.
Ron já corria disparado pelas escadas. Ao chegar na cozinha, olhou para sua mãe:
- Ela está indo, querido. – respondeu a Sra. Weasley e indicou com a cabeça o jardim. Ron já estava sem fôlego quando chegou no portão:
- HERMIONE! – gritou em desespero, apoiando as mãos nos joelhos, tomando ar. – HERMIONE!
- Ron? – respondeu uma Hermione confusa atrás dele – Você não estava dormindo?
- Olha, a gente precisa conversar e eu...
- Eu tenho que ir, Ron. Você mesmo disse que eu tinha que ir, e agora...
- Olha, eu sei, eu sei que eu disse pra você ir, mas agora... – ele se segurou por um instante. Ele amava ela, sabia que sim, mas as palavras pareciam não querer saírem de sua boca... “Eu te amo Hermione, amo você.” Ele queria dizer isto mais que tudo, mas parecia que as palavras escapavam dele, tão distantes...
- Mas agora... o que? – perguntou Hermione, um pouco ansiosa. Será que aquele legume insensível ia falar? Ia finalmente se declarar? A esperança ardia no coração de Hermione.
- Agora vejo que precisamos de você. – disse ele, ficando com as orelhas vermelhas. “VOCÊ É UM TREMENDO MERDA RONALD WEASLEY” – Ginny, Harry, os Weasley...
- Acho que não. – respondeu Hermione friamente. Estava tentando segurar as lágrimas. – Vocês são bruxos extraordinários, vão se dar muito bem sem mim. Tenho que ir Ron.
- Então... é adeus? – perguntou ele. Parecia que ele tinha engolido uma pedra.
- Acho que sim... – respondeu Hermione. Não conseguia mais segurar as lágrimas, elas rolaram lentamente pelo seu rosto. – Acho que vou demorar.
- A gente te espera.
- É acho que sim... – ela virou as costas e começou a andar. Então virou para trás e abriu um sorrisinho molhado de lágrimas. – Mas Ron... Não precisa me esperar acordado. – então ela desaparatou, deixando Ron parado na frente do portão d’ A Toca, com a sensação de que tudo que ele um dia conheceu, um dia viveu e um dia sentiu, fosse tudo mentira. E então, com a sensação de que cada nervo do seu cérebro estava morrendo, e que um frio insuportável tomava conta de seu coração, ele se dirigiu lentamente para dentro de casa, tentando pensar no que o faria sorrir agora, se não ela.
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