Capítulo I



Harry Potter sentia-se tolo... Não porque estivesse ali, no saguão do Aeroporto Internacional de Calgary, com suas legítimas roupas de cowboy, chamando a atenção das pessoas que passavam.
Afinal, ele era mesmo um cowboy de verdade. E se seu traje causava uma certa estranheza, bem... Harry pouco se importava com isso.

O que o irritava, a ponto de quase fazê-lo perder o controle, era o fato de ter se sujeitado a ir até ali... Sem a menor vontade. E também o fato de estar segurando um ridículo pedaço de cartolina, com dois nomes estranhos escritos em caneta hodrigráfica, em letras enormes: Hermione Granger e Jamie Granger... Dois nomes que nada representavam para ele, já que nunca vira essas pessoas e, sinceramente, não tinha a menor vontade de conhecê-las. Uma verdadeira multidão transitava pelo aeroporto.

Era dia vinte e um de dezembro, o mais movimentado do ano, como lhe dissera uma funcionária do estacionamento... Como se isso representasse grande coisa!

Um suspiro de impaciência brotou do peito de Harry Potter. A alegre agitação em torno só servia para exasperá-lo. Grupos alegres passavam pelo saguão, empurrando seus carrinhos lotados de bagagens, apressando-se para pegar o próximo voo, que os levaria à casa de familiares ou amigos queridos.

Outros chegavam de viagem e olhavam asiosamente ao redor, á procura dos amigos ou parentes que os aguardavam.

Abraços cumprimentos eufóricos, crianças usando suas melhores roupas, pacotes coloridos, presentes, bebês com touquinhas de Papai Noel... Nada disso contribuia para melhorar o estado de ânimo de Harry.

Para ele, o clima de festivo de Natal não tinha ao menor significado. Se dependesse de sua vontade, Harry sairia correndo do Aeroporto o mais rápido possível.

Nada lhe parecia mais atraente, naquele momento do que a paz e tranquilidade de seu lar, longe daquele clima de festa e confraternização.

Para piorar ainda mais as coisas, um coral de jovens, usando roupas brilhantes, nas quais predominavam as cores vermelha e verde, começou a entoar uma típica canção de Natal.

“Era só o que faltava”, Harry pensou, no auge da irritação. “Para todos os lados existem faixas e cartazes com a ridícula inscrição FELIZ NATAL... Será que essas pessoas não pensavem em outra coisa?” decidamente não, ele concluiu, com amargura.

Sem exceção, toda aquela gente parecia disposta a ficar feliz, em paz com a vida e com o mundo em geral. Apenas ele, Harry Potter, sentia-se como em uma ilha de solidão, ali, parado no meio do saguão do Aeroporto Internacional de Calgary, segurando um ridículo pedaçode cartolina.

Aliás, o fato de sentir-se alheio ao clima de Natal que reinava no ambiente não o incomodava.

Afinal, Harry não tinha o menor interesse em se adaptar ao mundo das outras pessoas. Já fazia algum tempo que aceitara o fato de ser diferente da maioria dos seres humanos.

Sabia muito bem a que mundo pertencia: ao lugar onde a Mãe-Natureza ainda reinava, no sopé das montanhas Rochosas na região de Kananaskis, localizada a oeste de Calgary. Era lá, onde as montanhas dominavam a paisagem, onde as árvores parerciam tão altas qua davam a impressão de tocar o céu, onde as correntes de água límpida formavam riachos que corriam sobre as pedras, entoando uma espécie de canção misteriosa... Era somente nesse mundo que Harry conseguia experimentar um pouco de paz: lá onde poucas pessoas tinham coragem de ir, onde os passáros cantavam livremente e os animais selvagens podiam desfrutar de sua liberdade.

Harry estava acostumado ao silêncio, aos sons típicos dos bosques, à companhia de uns poucos seres humanos e dos cavalos que criava em sua fazenda.

Por tudo isso, ele se sentia um grande tolo, naquele momento. Não pelo que era, pois já fazia muito tempo que aceitara sua própria natureza.

Sentia-se tolo justamente por estar fora de seu elemento, fazendo algo que era totalmente contrário a sua vontade esperando duas pessoas que não queria ver, em meio a uma multidão festiva, e ainda por cima sendo obrigado a ouvir aquela detestáveis canções de Natal.

- Que música maravilhosa!- uma mulher comentou, ao passar por ele.- O Natal deveria durar o ano inteiro, o senhor não acha?

- Não- Harry respondeu, por entre os dentes.

Mas a mulher já não o ouvia. Tinha acabado de avistar um grupo depessoas que a esperavam e corria para elas, de braços abertos. “Menos mal”, Harry pensou “Seria terrível se eu tivesse de explicar a ela porque não gosto do Natal".

As pessoas começaram a se agrupar ao redor do coral que cantava. Aplaudiam calorosamente, ao final de cada música. As palmas se mesclavam a exclamações de alegria e cumprimentos. “Ao menos isso ajuda a descongestinar o trânsito”. Harry pensou, com ironia. De fato, com a aglomeração em torno do grupo que cantava o saguão parecia um pouco mais transitável.

- Feliz Natal, moço!- exclamou um adolescente que, de mãos dadas com a namorada, caminhava em direção ao coral.

Harry nada respondu. Apenas olhou para ambos e fez um ligeiro movimento de cabeça.

Se aquela gente pudesse imaginar o que lhe passava pela mente, certamente não cometeria a bobagem de lhe desejar Feliz Natal. Pois naquele momento, os pensamentos de Harry eram sombrios, para se dizer no mínimo.

Lutando para controlar a irritação, que chegava a um limite insuportável, ele pensava em Lílian Potter, sua mãe... Que em geral lhe causava grandes alegrias. Mas, em contrapartida , nunca abria mão de um desejo. E esse era o grande problema.

Lílin Potter era o que se poderia se chamar de uma senhora adorável. Aos sessenta anos, permanecia ativa e bem-humorada, como sempre fora. Tinha uma compleição delicada, uma saúde de ferro, um coração de ouro... E ese era outro grande problema: ela não sabia dizer não a ninguém. Por isso, Harry estava ali.

A filosofia da Sra. Lílian Potter poderia resumir-se numa frase, que ela vivia repetindo: “Temos de fazer tudo para viver com qualidade”.

Isso incluia ajudar as pessoas, sem discriminação e sem poupar esforços. Ao receber um telefonema de uma jovem desconhecida que morava em Tucson, no Arizona, a Sra. Potter deixara que seu coração de ouro se derretesse de ternura.

Mentalmente Harry reviu a cena que se desenrolara cerca de duas semanas atrás... Ele tinha ido à casa da mãe, para verificar um problema no sistema de aquecimento.Depois de resolvê-lo, fora convidado para tomar um chá em sua companhia.

Estavam ambos acomodados à mesa, quando o telefone tocara.

Harry ouvira a mãe dizendo:

- Sim, minha querida? Mas claro... Bem, veremos o que se pode fazer... Aguarde um momento, por favor. Obrigada...

Tapando o fone, a Sra. Potter comentara.

- Lembra-se da minha amiga Luanna Lovegood, mãe da Luna?

- Não, mamãe. De quem se trata?

- Oh, eu a conheci durante aquela viagem que fiz à América do Sul, no ano passado.

- Ah- Harry assentira, sem dar grande importância ao fato.- É com aquela senhora que está falando?

- Não. Mas foi ela quem deu o número do meu telefone a essa adorável moça.

- Como sabe que ela é adorável, se nem a conhece?- Harry retrucara, servindo-se de uma torrada com geléia.

- Bem, ela parece adorável- Lílian replicara.- E meu coração não se engana.

- Nem todas as pessoas têm um coração puro como o seu- Harry afirmara, num tom de leve censura.- Portanto, tome cuidado.

- Oh, meu filho... Você é muito descrente das pessoas.

- Tenho motivos para tanto.- E Harry tentara encerrar ao assunto:- Agora, que tal terminar a conversa com essa adorável moça, para que possamos continuar com nosso chá?

- Claro- Lílian assentira.- Não quero fazê-la esperar. Afinal, a pobrezinha está pagando uma ligação interurbana em Tucson. E sabe o que ela deseja?

- Nem imagino, mamãe- Harry repondera, aborrecido.

- Quer oferecer ao sobrinho um Natal com muita neve.

Interrompendo o gesto de levar a torrada a boca, Harry comentara:

- Que eu saiba, não há neve em Tucson, nesta época do ano. Aliás em nenhuma outra.

- Em compensação aqui temos para dar e vender.

- Isso significa que a senhora vai convidá-la para passar o Natal aqui...- Sem esperar pela resposta, Riley acrescentara:- Bem, essa questão não me diz respeito. Afinal a casa é sua.

Mas Lílian já não o ouvia. Voltando a falar ao telefone, afirmara:

- Mas é claro, querida, terei imenso prazer em preparar-lhe a antiga cabana de caça, um local muito aprazivel, na encosta de uma de nossas montanhas mais altas. E garanto-lhe que seu sobrinho vai adorar. Oh, sim, ele terá um Natal inesquecível, com direito a muita neva. Sim, pode contar com isso, desde já. Vou lhe enviar um fax, explicando tudo melhor. Por favor, dê–me o número, sim? Como? Ah, você não tem fax em casa? Sim, naturalmente poderei enviar as informações sobre o local da cabana para o seu local de trabalho. Qual é o número?

Entre furioso e perplexo, Harry vira a mãe fazer anotações no bloco de notas que ficava ao lado do telefone. Depois, tivera de esperar que ela se despedisse amavelmente da desconhecida.

- O que foi, querido?- Lílian perguntara, com ar inocente, depois de desligar o aparelho. Voltando a acomodar-se à mesa, acrescentara:- Por que está me lhando assim?

Harry tomara fôlego. Estava prestes a perder o controle. Não queria ofender a mãe, mas tinha de reconhecer que, dessa vez, ela fora longe demais.

- Mamãe...- ele começara, fitando-a com ar de reprovação.

- Calma, filho- ela o interrompera, levando calmamente a xícara de chá aos lábios. Sorvera um gole e colocara a xícara de volta sobre o pires, enquanto recomendava:- Você parece nervoso... Por que não conta até dez, antes de dizer qualquer coisa?

- Creio que, no momento, seria mais aconselhável contar até mil- Harry resmungara.- Mas como não quero perder tempo, irei direto ao assunto.

- Está bem.- Lílian sorrira.- Fale, meu querido.

- Estou enganado, ou a senhora acaba de ceder nossa antiga cabana a uma desconhecida.?

- Ah, então foi por isso que você se irritou?- A pergunta de Lílian soava como uma constatação.- Bem, na verdade...

- Na verdade a senhora acaba de cometer mais uma de suas tolices- ele completara.- Pois saiba que passou dos limites, desta vez, mamãe.

- Ora, o que há de mal em satisfacer o desejo puro de uma criança? O pobre garotinho quer um Nata com neve... E se podemos proporcionar-lhe essa alegria, por que nos recusariamos?

- Mamãe!- Harry a advertira, elevando levemente a voz- Não dá para pensar com um pouco de bom senso?

-Não existe maior bom senso do que servir ao próximo, sempre que possível.

-Mas não podemos nos prejudicar, prestando esse pequeno favor?

Harry quisera responder, mas a senhora o interrompeu, com um gesto:

- Calma, querido. Deixe-me explicar...Não pense que sou uma velha caduca e boba.

- Lógico que não, mamãe.- Esforçando-se para imprimir um tom menos agressivo à voz, Harry continuara:- Se a senhora fosse uma velhinha senil, eu lhe contrataria uma dama de companhia competente e tudo estaria bem. O problema é que a senhora é uma pessoa muito ativa... Que graças a sua filosofia de vida e amor ao próximo, vive nos colocando em algumas situações constrangedoras.

- Constrangedoras?- Lílian repetira, ajeitando uma mecha de cabelos brancos que caía-lhe sobre a testa.- Como assim?

- Ora, não se faça de tola, mamãe. Vamos direto ao assunto.

- E o que você chama de ir direto ao assunto?

- É muito simples: ligue para aquela moça e diga-lhe que a velha cabana de caça não está disponível. Isso resolve a questão.

- Querido, eu não vou fazer o que está pedindo- Lílian sentenciara, num tom subtamente sério.

- Nesse caso, eu mesmo tomarei essa providência.

- Não!- Lílian pedira, com veemência.- Antes, deixe-me explicar o que tenho em mente.

- Está bem, mamãe.- Recostando-se na cadeira, Harry cruzara os braços.- Mas não pense que irá me convencer.

- Ora, você consegue ser mais rabugento do que eu, às vezes. Trate de abrir essa cabeça dura e ouça-me com atenção: Aquela moça tem um sobrinho de cinco anos, que perdeu a mãe no ano passado. Ela foi nomeada tutora do garotinho e está lutando, com todas as suas forças, para dar-lhe uma vida digna.

- Muito louvável da parte dela. E isso inclui uma cabana nas montanhas?

A pergunta de Harry soava irônica. Mas a senhora não se detivera:

- Bem, o garotinho escreveu uma carta para o Papai Noel, pedindo um presente especial: um Natal com muita neve. E você sabe muito bem que lá em Tucson...

- Não neva nunca, nem no Natal- Harry completara.- Nesse caso, tudo o que a moça tem a fazer é explicar essa verdade, tão simples, ao garotinho. Afinal, as crianças devem aprender, desde cedo, que nem todos o desejos podem se tornar realidade.

- Sábias palavras, meu filho. Mas pense em como está o coração desse garotinho, depois do duro golpe que sofreu. Além do mais, o desejo dele pode se tornar realidade.

- E é ai que a senhora entra.

- Exato.

- Cedendo nossa velha cabana de caça?- Harry perdera a paciência.- Ora, francamente, mamãe!

Lílian ficara em silêncio, por alguns instantes. Mas Harry não se enganara facilmente. Sabia que o silêncio da mãe não significava uma aquiescência. Na verdade, poderia jurar que ela estava apenas ganhando tempo para encontrar um argumento mais eficaz. E, como a confirmar seus pensamentos, a velha senhora perguntara:

- Diga-me, querido, você tenciona passar o Natal na cabana?

- Claro que não

- Nem eu, tampouco. Isso significa que ela continua vazia.

- Mamãe, tente ser razoável, embora eu saiba o quanto isso é difícil, para alguém como a senhora... Aquela cabana não é o que pode se chamar de um local de férias ou lazer. Ela foi feita para caçadores...

- E, graças a Deus, já faz muitos anos que ninguém a usa para esse fim. Foi-se o tempo em que os homens dessa região caçavam ursos, ou leões da montanha. Agora, depos da grande devastação que o homem causou no meio ambiente, o mínimo que podemos fazer é ajudar a preservar a vida selvagem da região.

- E é exatamente o que fazemos, mamãe- Harry afirmara, com um suspiro.- Mas isso não vem ao caso, no momento. A questão é bem outra.

-Qual?

- A questão é que uma cabana rústica, aqui no Canadá, não serve para uma mulher e uma criança acostumadas a viver numa cidade como Tucson.

- Ora, isso não é problema.- E Lílian decidira:- Darei um jeito na cabana, para que ela fique confortável e acolhedora.- Com um sorriso finalizara: Posso imaginar como se sentirá aquele garotinho, ao contemplar a bela paisagem das montanhas, desfrutando um profundo contado com a Mãe-Natureza... Será inesquecível, para ele, sobretudo quando os primeiros flocos de neve começarem a cair.

- Mamãe, pare com essa loucura, enquanto é tempo. Aquela cabana precisará de muito trabalho, para...

- Trabalho não é problema- ela o interrompera.- colocarei cortinas novas e almofadas. Providenciarei roupas de cama limpas, utensilios de cozinha e até mesmo alguns livros de histórias infantis, para que essa tia devotada possa entreter o sobrinho, antes que ele pegue no sono.

- Mamãe, estou chegando ao meu limite de tolerância- Harry avisara, num tom seco.- A senhora não conseguirá tranformar aquela cabana num local do tipo que se vê na revista Casa e Jardim... A senhora se esforcará, ao máximo, para nada.

- Ora, deixe de ser pessimista. Apenas diga-me: os sistemas de água, esgoto e aquecimento estão funcionado bem, lá na cabana?

- Sim.

- Ótimo. Isso é tudo que preciso saber.- Com essa frase, Lílian encerrara o assunto.

Mas Harry ainda não estava disposto a ceder. E continuara a argumentar. Sua mãe o ouvira em silêncio, por vários minutos. Por fim, sentenciara:

- Filho, vou lhe dizer uma coisa: não vivi à toa, nesses sessenta anos. Tenho uma grande experiência e sei reconhecer uma pessoa desesperada. Esse é o caso daquela moça, sabe? Ela está muito angustiada, tensa, quase perdida.

- Bem, nós devemos evitar pessoas desesperadas... Em vez de convidá-las para dentro do nosso lar.

- Harry Potter !- a mãe o repreendera, chocada.- Como pode ser tão insensível?

- Escute, mamãe, se essa moça quer passar o Natal nas montanhas, por que não faz, simplesmente, uma reserva num hotel-fazenda.

- Talvez porque a essa altura, os hotéis esteja todos lotados... Ou porque ela não tenha dinheiro para pagar as Diarias abusivas que se cobram, nessa época.

Harry ia argumentar, mas Lílian continuara:

- Calma, querido. Não pense que pretendo ceder a cabana de graça, para aquela jovem. Na verdade, vou cobrar-lhe um preço simbolico...- e a velha senhora mencionara um valor insignificante.

- Seu preço é menor do que uma única diaria, num hotel razoável- opinara.

- Bem, esse dinheiro servirá para cobrir as despesas que terei, com as novas roupas de cama e demais objetos necessários para tornar aquela cabana confortável.

- Está bem,mamãe- Harry cedera, derrotado.- Faça o que quiser. Mas, por favor, não me envolva nessa história maluca. E de preferência, nem pense em me apresentar essa moça e seu adorável sobrinho. Promete que respeitará, ao menos essa exigência?

- Claro, meu bem. Como quiser...

Voltando ao momento presente, Harry meneou a cabeça com ar de desgosto.

Nem mesmo seu desejo de manter-se longe da jovem mulher de Tucson e seu sobrinho fora respeitado. Pois ali estava ele, no Aeroporto, pronto para receber Hermione e Jamie Granger.. E tudo isso graças ao coração de ouro de Lílian Potter.

Nos dias que se seguiram à difícil conversa de ambos a mãe se desdobrara para cumprir a árdua tarefa de transformar a velha cabana em algo habitável. A cabana, situada na encosta de uma montanha, a sudeste da fazenda onde Harry morava, exigira duas semanas de muito trabalho e dedicação, para se tornar habitavel.

Em certos momentos, Harry chegara a sentir-se culpado ao ver Lílian dirigir seu velho jipe pela sinuosa estrada de terra que conduzia à cabana.

Harry vivia sozinho na casa principal da Fazenda Rocky Ridge, desde que a mãe preferira mudar-se para uma casa menor, também situada na propriedade.

As casas ficavam distantes entre si. E, a cabana, mais distante ainda. Na verdade, situava-se bem próxima so Alberta Provincial Park, uma reserva ecológica castante visitada pelos turistas no verão. Mas o acesso à reserva era fácil, através de uma pista asfaltada e bem sinalizada. Já para chegar à cabana, não havia outra opção, senão dirigir por uma estrada de terra, estreita, acidentada e cheia de curvas.
Harry jurara a si mesmo que não interferirria no trabalho de Lílian, na cabana. Incansavelmente, a mãe passara quinze dias fazendo compras,costurando, transportando objetos e arejando a velha cabana.
O resultado como não poderia deixar de ser, revelara-se surpreendente.

Embora a contragosto, Harry tivera de admitir que a mãe fizera um ótimo trabalho e não pudera deixar de parabenizá-la.

- Confesse que, no fundo, você estava com ciume de alguém usasse seu velho refugio...- a mãe gracejara, ao abraçá-lo

- Ora, o que é isso, mamãe...

Mas, no fundo, Harry reconhecia que a mãe tinha razão. Aquela cabana fizera parte de sua infância. Ainda era seu refúgio, nas horas difíceiss... Ou nos momentos em que precisava ficar sozinho, para refletir ou simplesmente contemplar a natureza.

Harry fechou os olhos por um instante... e deixou que a mente o transportasse até a cabana. Mas o som dos alto-falantes do aeroporto, informando a todos que o vôo proveniente de Tucson teria um atrasode mais meia hora, interrompeu-lhe as divagações.

“Só me faltava essa”, ele pensou, abaixando a cartolina que estava segurando.

Já tinha sido informado, no guuichê da companhia responsável pelo vôo, sobre o atraso. Mas a funcionária dissera que a previsão seria de uma hora... E, agora, ele teria de esperar mais trinta minutos.

- Droga- Harry murmurou, passando a mão pelos cabelos negros, num gesto de exasperação.

“Devo agradecer a mamãe, por mais esta dor de cabeça...”, pensou dirigindo-se a uma lanchonete.

Pediu um café e consultou o relógio. Não havia nada a fazer, senão continuar esperando. Assim, Harry voltou a se recordar do motivo que o levara ao aeroporo e aquela série de aborrecimentos. Dois dias atrás Lílian surgira inesperadamente em sua casa, com uma expressão ansiosa.

- Aconteceu alguma coisa, mamãe?- ele indagara, preocupado.

- Sim, querido. Minha amiga Alícia Longbottom comprou duas passagens para as Bahamas. Ela ia viajar com o filho, para lá, a fim de passar o Natal num hotel maravilhoso, sabe? Só que o garoto não conseguiu passar nos últimos exames da faculdade. Ficou em dependência numa matéria e, agora, não poderá viajar. Isso quer dizer que...

Lílian se interrompera. E Harry a fitara com apreensão. Conhecia muito bem aquele olhar da mãe... Significava problemas, sem dúvida alguma.

- Bem, acho que sua amiga Alícia terá de adiar a viagem.- ele comentara.

- Não será possível, querido. Ela comprou um pacote turistico e, se não desfrutar dele, perderá o direito.

- Ora, mamãe, a coisa não é para tanto. Basta que ela explique ao agente de turismo o que aconteceu e...

-Acontece que Alícia queria tanto ir.. Todas as amigas dela, que alías são minhas também, estarão lá.- Após uma pausa, Lílian sentenciara, num tom exageradamente dramático:- Acho que você terá de passar o Natal sozinho, meu bem.

-Como assim?

- É que Alícia me convidou para ir, no lugar do filho dela. E eu sempre quis conhecer a Bahamas...

- Ora, então vá, mamãe. E não se preocupe comigo. Alías a senhora sabe que não ligo para festejos de Natal.

- Quer dizer que você não vai ficar aborrecido, se eu for com ela para Bahamas?

- Lógico que não. Vá, divirta-se com suas amigas. A senhora bem que merece, depois de todo aquele trabalho para colocar a cabana em ordem...

Tarde demais, Harry havia se dado conta do que estava para acontecer.

- Espere um momento, mamãe- disser, num som cauteloso.- Para quando esta marcada a viagem?

- Para amanhã cedo. Mal me sobrará tempo para arrumar as malas.

- Mas a senhora terá de receber seus convidados, depois de amanhã, no aeroporto.

- Pois é, querido. E a menos que você me faça esse pequeno favor...

-Aqui está o seu café, senhor- disse a garçonete interrompendo-lhe os pensamentos e trazendo-o de volta ao momento presente.

- Obrigado.- ele agradeceu, num tom polido.

“E já basta de lembrança desagrádaveis”, decidiu, em pensamento. “A essa hora, mamãe está se divertindo nas Bahamas, enquanto estou aqui, ajudando-a a ajudar ao próximo...”

Bem, tanto melhor. No fundo, Harry jamais conseguia se aborrecer, de verdade com a mãe. Admirava seu despreendimento e bom coração, essa era a verdade. Apenas não queria se envolver nas situações, as vezes embaraçosas, provocadas por Lílian... Porém, como escapar? Não havia jeito. Por isso ele estava ali.

E ainda faltavam longos vinte e cinco minutos para tudo acabar... Ou melhor para que seus aborrecimentos começassem.

Harry suspirou profundamente, só esperava que a tal Hermione Granger não fosse o tipo de garota antipática e fútil de cidade grande... Isso seria simplesmente o fim.

De qualquer forma, ele não tinha a menor intenção de conhecê-la a fundo. Tudo o que pretendia fazer era levê-la à cabana e ajudá-la a instalar-se. Depois disso, poderia se recolher a sua vida solitária, a sua casa e sua fazenda, de onde nem deveria ter saido.

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Finalmenteeee.

Espero que gostem do novo Capítulo.

Desculpa a demora, mais começo do ano, sabe como é né.

Bjinhussss e Comentem, Pliaseeeeeee


FUI


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