Uma história apeluciada

Uma história apeluciada






TERCEIRO CAPÍTULO

UMA HISTÓRIA APELUCIADA






"Vicky!", disse Alvo supreso com a chegada de Rosa seguida de Victoire.

"O que ela está fazendo aqui?", exclamou Tiago.

"Ela estava lá na cozinha quando eu fui pegar água...", disse Rosa, "Então eu contei pra ela que nós estávamos aqui esperando o Papai Noel".

"Mas era pra ser um segredo!", exclamou Alvo.

"É! Um segredo!", concordou Tiago.

"Vocês só disseram que os adultos não podiam saber!", se defendeu Rosa.

"Não é como se eu fosse contra pra alguém... Eu só queria ver estas coisas que vocês três descobriram. Não seja tão malvado, Tiago", disse Victoire, "Às vezes eu acho que tu não gostas de mim".

Tiago ficou em silêncio com os braços cruzados por alguns segundos e então disse, "Ok, tu podes ficar..."

"Isso!", celebrou Alvo, "Tens que ver quantas coisas que tem aqui, Vic!"

As quatro crianças se sentaram ao redor do baú e começaram a procurar por entre as coisas que estavam ali dentro. Victoire então pegou um pequeno urso de pelúcia marrom. Ele estava rasgado e sujo e um dos olhos havia desaparecido enquanto um dos braços estava quase caindo. Mesmo assim, ela o olhava com os olhos vibrantes, como se aquele brinquedo fosse a coisa mais preciosa de todas. "Nossa... Eu nunca imaginei que ele estaria aqui..."

"Este é o brinquedo mais horroroso do mundo bruxo", disse Tiago.

"Eu acho que ele é bonitinho!", disse Rosa.

"Tu achas tudo bonitinho...", murmurou Alvo.

"Bem, ele está meio rasgado agora, mas a Rosa está certa, ele é a coisa mais linda que existe", sorriu Victoire, "Eu adorava brincar com o Monsier Marron!"

"Ele era teu?"

"Era sim, Rosa... Eu nunca vou me esquecer do dia que ganhei ele".

"Conta pra gente, Vic! Por favor!", implorou Alvo com os olhos brilhando.

"Tu realmente adora histórias, menino", disse Victoire e os outros riram. Ela então começou, "Bem, foi a uns dois anos atrás, na véspera do Natal..."




"E aqui estamos nós, docinho!", disse meu tio Carlinhos. Ele sempre me chamava de docinho e eu simplesmente adoro! Ele acabou de me trazer do St. Mungus. Papai pediu pra ele me trazer aqui porque eu estava quase dormindo no sofá.

"Queres me ajudar a fazer o jantar, Vic?", disse a namorada do meu tio, Lola. É um nome engraçado, né? Mas eu gosto. Parece com algo doce, tipo chocolate. E, bem, ela tem a pele de chocolate afinal... Ela é bem legal comigo e eu adoro estar na cozinha com ela. A única pessoa que eu conheço que cozinha melhor que ela é a Vovó Weasley. Mas hoje eu tinha que dizer não, eu não estava com vontade. "Qual problema? Não estás contente que teus irmãos chegam em casa amanhã?"

"Acho que estou...", e encolhi os ombros, "Vou tomar um banho...". Tio Carlinhos encheu a banheira magicamente pra mim e foi pra cozinha. É bom poder ficar na banheira quanto tempo eu quiser... Mamãe sempre diz que eu sou muito esperta para uma menina de sete anos porque eu já sei apreciar os prazeres de um longo banho de banheira. Eu imagino quantos banhos desse eu vou poder tomar de agora em diante... Isso me faz lembrar que eu esqueci de contar pra vocês porque eu estava no St. Mungus pra começar... Minha mãe está tendo gêmeos. Eu nunca imaginei que eu teria irmãos... Ainda mais gêmeos. E meninos! Meninos são tão chatos... Eu já tenho que aturar meus primos e o Ted. Eles não acham que já era suficiente? Não que eu ache que ter uma irmã seria muito melhor... Eu me sequei e coloquei meu vestido. Ao me aproximar da cozinha eu pude sentir o cheirinho maravilhoso da comida e então me lembrei de como estava com fome.

"Fiz seu preferido, espero que gostes!", sorriu Lola.

"Macarrão com queijo e camarão!", eu retribuo o sorriso, "Te amo!". Eles riram e então nós três começamos a comer. Então um pensamento cruzou minha mente. Será que eles concordariam comigo? Bem, não vai fazer mal perguntar, vai? "Tio Carlinhos. Posso perguntar uma coisa?"

"Claro, docinho. Podes me perguntar qualquer coisa".

"Posso ir morar na Romênia contigo e com a Lola?" Acho que eu não devia ter perguntado isso, porque eles ficaram quietos e começaram a trocar olhares.

"Sabes que eu ia adorar te ter por perto", ele sorriu para mim, "Mas acho que teus pais não iriam te deixar ir. Eles iam sentir muito a tua falta".

"Não iam não... Eles vão ter outros filhos pra cuidar agora".

"Então é por isso que estavas triste... Agora já sabemos o problema", disse Lola.

"Os problemas, tu queres dizer... Agora Papai vai ficar só com aqueles dois. E a Mamãe também. E ela já disse que quer que eu ajude ela a cuidar dos bebês", eu deixei escapar um suspiro, "Queria que ainda fosse só eu..."

"Oh, docinho", continuou tio Carlinhos, "Eu sei exatamente como tu te sentes. E o teu pai também. Ele nunca vai te deixar de lado. Nunca".

"Então por que que ele quis mais filhos? Eu não era suficiente pra deixar eles felizes?", não consegui segurar a lágrima que correu pelo meu rosto.

"Claro que és suficiente pra deixar qualquer um feliz. Mais que suficiente até", disse tio Carlinhos enquanto ele me dava um daqueles grandes abraços que eu adoro.

"Tu vais adorar ter irmãos, Vic", disse Lola, "Um dia tu vais dar muitas risadas com eles. Mas, por enquanto eu vou te dar uma coisa que é muito importante pra mim", ela se virou pra o tio Carlinhos e disse, "Querido, será que podias fazer aquele negócio de puff de vocês e pegar a caixa roxa que está dentro da minha gaveta?"

"Claro. Eu já volto", e ele aparatou. Sabe, Lola é trouxa, então ela não pode aparatar nem fazer outras coisas. Deve ser chato ser trouxa... Acho que vou perguntar pra ela um dia desses. "Aqui está".

Tio Carlinhos entrogou a ela a caixa e sorriu para mim enquanto ela me disse, "Minha mãe me deu ele quando minha irmã nasceu. Eu tive medo, assim como tu está tendo agora. E eu quero que você fique com ele. Eu espero que gostes dele". E então eu peguei a caixa e a abri devagar. Dentro estava um pequeno urso de pelúcia sem um dos olhos. "Eu costumava conversar com ele quando eu ficava com medo, ele foi meu melhor amigo por um bom tempo".

"Ele é bonito. Obrigada", eu disse enquanto a abraçava.

"E pra deixar ainda melhor", disse tio Carlinhos, "Eu vou colocar um feitiço nele. Daí, sempre que tu quiseres conversar comigo ou com a Lola tu só vais precisar pegar ele e nos chamar que a gente vai ouvir e, assim que a gente puder, a gente vem te ver. Ok?". Eu também dei um abraço nele. E ele então fez o feitiço e disse, "Teu pai disse que já podes abrir teus presentes se quiseres".

"Não... Abro amanhã depois que mamãe e papai chegarem. Eu já ganhei o melhor presente de todos!", eu sorri segurando meu ursinho, "Posso chamar ele de Monsier Marron?" E então nós ficamos mais um pouco acordados enquanto eu curtia meu último Natal como filha única.





"E o que aconteceu, Vic?", perguntou Tiago, "Precisaste chamar o tio Carlinhos?"

"Não... No dia seguinte, depois que mamãe e papai voltaram pra casa eu fui pro meu quarto e fiz igual a Lola disse que ela tinha feito, comecei a conversar com o meu novo ursinho. O papai me ouviu e veio conversar comigo", um pequeno sorriso surgiu no rosto dela, "Ele veio pedir pra mim dormir com ele e com a mamãe naquela noite, porque os dois estavam com saudades de mim. Então eu soube que tudo ia ficar diferente sim, mas tudo ia dar certo", ela riu e continuou, "Bem, e meus Natais depois daquele foram todos bem agitados com aqueles dois por perto".

"Ai ai... Eu disse que o ursinho era bonitinho", disse Rosa.

"Eu ainda acho que ele é feio...", comentou Tiago.

"Quando que eles chegam?", perguntou Alvo.

"Amanhã. Papai teve que trabalhar hoje", Victoire olhou mais uma vez para o urso de pelúcia e disse, "Vou levar o Monsier Marron comigo e pedir pro tio Carlinhos arrumar ele pra mim".

"Ok... Estou ficando entediado... Podemos ver a próxima carta?", reclamou Tiago enquanto pegava um envelope grosso do baú, "Ei, essa é pro tio Jorge!", um sorriso maroto surgiu no rosto dele, "É de uma garota..."




N/A: E então, gostaram? Não? Bem, de qualquer forma deixem um comentário para me deixar sabendo! Obrigado a todos que já me deixaram comentários! Eles fazem o meu dia feliz! Beijos!

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