A Aula de Defesa
O almoço foi agradável e delicioso, Tomi apesar de parecer subnutrido, pequeno e fracote, comeu vorazmente uma grande quantia. Na mesa da Sonserina, Cirian conversava alegremente, cercado de garotas que o olhava com grandes pretensões. James e Hanna pareciam tranqüilos enquanto comiam, mas eles eram o centro de toda atenção na mesa da Grifinória, não era todo dia que se tinha uma beldade como ela, e um garoto gigante sentado na mesma mesa que você.
Comeram e se encontraram novamente na saída do salão. Tomi foi o ultimo a chegar, e parecia ainda estar mastigando algo, que tratou de engolir rapidamente ao ver Hanna. Laura e Cirian foram os primeiros a terminarem o almoço. Em seguida chegou Hanna e James, vindos da mesa da Grifinória. Os sonserinos e os grifinorios olharam aquele encontro com admiração e ódio.
- E ai Esquisito, comeu bem?
Cirian estava com seu sorriso habitual no rosto, austero, Tomi estava lá, meio curvado, com sua aparência doentia. Riu ao ouvir o companheiro.
- Comi sim. Estava esplêndido, mas quem deve estar mais contente deve ser você, meu caro Cirian, pensa que não vi como aquelas meninas te olhavam?
Ele indicou com a cabeça para uma garota da Sonserina de aparência monstruosa. Parecia ser filha da cruza de um buldogue com uma hiena, só que na forma humana.
- Fazer o que? Meu charme é irresistível até mesmo para essas pobres criaturas...
Riram alto, assustando quem passava por perto. Continuaram tagarelando pelos corredores enquanto iam para a próxima aula, dessa vez Tomi e Cirian ficariam na mesma sala, era aula conjunta da Sonserina e Curvinal, de História da Magia com o professor Bins. Hanna e James teriam aula com a Lufa Lufa na sala de Transfiguração.
- Até o jantar.
Tomi, Cirian e Laura se despediram de Hanna, James e Gina e seguiram para a sua aula. Quando chegaram à sala procuraram lugares próximos uns dos outros. A turma de primeiranistas estava com expectativa no rosto.
Quando deu o horário da aula, sem atraso ou adianto, um fantasma atravessou a parede e surgiu em frente ao quadro negro. Os alunos estranharam o fato de o professor ser um fantasma, mas aparentemente ele nem percebera a surpresa nos rostos de seus alunos.
- Muito bem crianças, abram o livro de História da Magia na pagina 15, Introdução à História da Magia na Grã-Bretanha.
Então o professor Bins começou a falar... E quanto mais falava, parecia que o ar tornava-se pesado e lhes passavam uma sensação de cansaço... Nos primeiros vinte minutos, metade da turma já estava cabeceando, começando a cochilar. Era incrível como aquele professor conseguia ser chato a ponto de fazer alguns alunos eufóricos dormirem em menos de meia hora de aula. Tomi não resistiu, gostava de história, mas aquele professor era insuportável! Decidiu que seria bem melhor dormir durante a aula e estudar pro conta própria no salão comunal da sua casa.
Quando a aula terminou, Tomi já dormia profundamente, e teve que ser acordado por Cirian, que o balançou vigorosamente.
- Ei, acorde esquisito!
Tomi se levantou lentamente, o rosto todo amassado e o pescoço enrijecido pela posição que ficara sobre a mesa.
- Já acabou?
Perguntou ainda não desperto totalmente.
-Já, e o professor já foi há uns dez minutos. Temos que nos apressar se não ficaremos atrasados para a próxima aula.
Tomi reclamou alguma coisa inaudível e se levantou, pondo a mochila nas costas, ainda estava sonolento.
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Gina, Hanna e James avançaram apressados pelo corredor até a sala de Transfiguração, não queria se atrasar no primeiro dia de aula, principalmente para a aula de Minerva McGonagall, que era a diretora da Grifinória. Entraram na sala de aula e sentaram-se em silêncio. Aparentemente a professora não havia chegado, mas um gato listrado com manchas quadradas ao redor dos olhos estava sentado em cima da mesa, abanando o rabo.
- Eu dou as boas vindas aos novos alunos de Hogwarts.
Ouviu-se a voz da professora de transfiguração, enquanto o gato saltava da mesa e tomava a forma da professora McGonagall. Os alunos olharam-na admirados, aquela exibição sempre arrancava aplausos da turma de calouros, e este ano não seria diferente.
- Nossa professora, que incrível!
Um aluno da fileira da frente estava maravilhado com a grande exibição da professora. Ela não pode deixar de sorrir. Todos os anos ela mostrava sua transfiguração em gato e arrancava exclamações de surpresa dos alunos e aplausos, e não foi diferente dessa vez, eles começaram a aplaudi-la, primeiro palmas tímidas no fundo da sala, depois aplausos vigorosos.
- Muito bem, alunos, agora daremos inicio ao ano letivo de Hogwarts na disciplina de Transfiguração. Como viram, Transfiguração é a arte de mudar a forma, de transformar e redefinir. Bruxos excepcionais nessa área podem fazer milhares de transformações diferentes. A transformação é uma habilidade básica para os bruxos. Por isso gostaria que se esforçassem em minha disciplina. Eu não irei ser razoável com nenhum de vocês, espero apenas o melhor e não aceitarei notas baixas. Espero um nível alto em relação à Transfiguração! Então bem, vamos começar. Hoje será apresentada uma transformação simples...
A professora ensinou-lhes a transformar pequenos gravetos em taturanas. Não que a turma toda tenha conseguido... Mas a aula tinha sido bem agradável.
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Os três bruxedos, Cirian Laura e Tomi, caminhavam lado a lado pelo corredor, olhares de espanto viravam-se de todos os lados para eles. Uma mudança drástica devia esta operando em Hogwarts, desde quando um sonserino andava com alguém que não fosse puro-sangue?
Depois de ter uma aula de poção com a Lufa Lufa, Tomi se reunira a Cirian no corredor, iam juntos para a próxima aula, na sala de Gilderoy Lockhart.
Em apenas um dia de aula, aqueles calouros já estavam sendo o assunto da semana, ao lado do Potter e do Weasley com seu carro voador! Cirian Mclaster era um nome bem conhecido no circulo da alta sociedade bruxa. Os Mclaster faziam parte da nata. Cirian era neto de Caius Mclaster, nome bem respeitado entre os bruxos, e também um dos conselheiros. Era tradição dos Mclaster serem da Sonserina, no entanto não se conhecia a historia de um sonserino amigo de qualquer bruxo não fosse da mesma casa. Ao menos assim foi por muitos séculos.
Tomi não gostava nada daquela notoriedade repentina. Estava sendo desagradável para ele ser alvo de tantos olhares, alguns surpresos, outros odiosos. Queria tornar-se invisível e evitar que as pessoas o olhassem tanto.
- Ei Cirian, por que nos olham tanto?
Ele olhava com uma cara desagradável para a multidão ao redor. Cirian, no entanto parecia calmo, e Laura estava ocupada demais em seus pensamentos secretos.
- Não se preocupe esquisito. É normal na nossa situação. Eles nunca viram um sonserino andando com um bruxo que não fosse sangue-puro. Isso lhes causa espanto, e no caso do outros sonserinos, isso seria uma traição.
-Pouco me importo com isso, só não gosto que fiquem a me olhar de forma fixa assim, odeio esses olhares!
Chegaram às portas da sala de defesa contra as artes das trevas. Tomi estava curioso em saber como seria a aula daquele professor com cara de retardado... Não entendia com ele era tão famoso sendo aparentemente um incapaz. Deveria ser um homem excepcional.
Entraram e se sentaram ao fundo da sala, como fizeram na aula de história. O famoso bruxo Gilderoy Lockhart entrou na sala. Havia vários quadros e retratos dele por ali.
- Boa noite meus jovens! Bem vindos a minha aula de Defesa Contra as Artes das Trevas. Eu sou Gilderoy Lockhart, como já sabem... E só poderei distribuir autógrafos no final da aula para não tumultuar a aula.
Ele sorria bobamente exibindo belos dentes brancos e perfeitos. Começou a fazer comentários sobre ele mesmo e seus feitos no mundo da magia, de quantas vezes fora eleito o sorriso mais bonito do Semanário dos Bruxos. Tomi agora tinha certeza que esse era um imprestável, e não acreditava que fosse verdade o que ele dizia sobre ter combatido criaturas das trevas. Cirian também odiou a aula.
Já estava na metade da aula quando dois alunos entraram na sala, eram os gêmeos Weasley, e vinham desafiar uma exibição do professor.
- Professor, mostre-nos suas habilidades de duelo!
Eles eram apenas alunos, Gilderoy teve toda certeza que isso seria mole, então não teve motivo para recusar, alem disso seria uma ótima oportunidade para se exibir diante dos seus alunos e conseguir novos fãs.
- Claro que posso fazer isso por vocês... E será uma ótima oportunidade para ensinar essa classe sobre os perigos do mundo e como se defender!
Ele não parava de sorrir nem um instante. Isso já estava deixando Tomi bastante irritado, mas o garoto achou que o duelo poderia ser interessante, tinha certeza do resultado final, e Gilderoy não ia se dar bem...
Os gêmeos sorriram então sacaram suas varinhas, o professor, de maneira pomposa sacou sua própria varinha, mas parecia que ele não tinha grande habilidade, tentou fazer alguns floreios, mas acabou deixando a varinha cair no chão. Meio sem graça ele pegou a varinha de volta, e murmurou algo como: “Eu deixei cair apenas par descontrair... Faltam risadas nesta turma”.
- Preparados? – Perguntou o professor.
Os gêmeos menearam com a cabeça afirmativamente. Foi uma sequencia rápida de movimentos. O clarão do feitiço dos gêmeos tomou a parte da frente da sala.
- Estupefaça!
O professor teve uma reação lenta de mais, os dois feitiços estuporantes lhe atingiram em cheio, ele voou para trás e se chocou contra sua escrivaninha. Estava desacordado. Os dois desafiantes foram até ele e conferiram seu estado, não havia acontecido nada serio com ele, então não tinham motivo para se preocupar.
- Achamos que vocês estão liberados da aula mais cedo por causa de uma indisposição do professor. Então queiram sair de forma ordenada e sem tumulto.
Os desafiantes voltaram-se para a turma e com um poder dado por ninguém à eles, dispensavam os alunos da aula de Defesa Contra a Arte das Trevas.
Os pirmeiranistas, em sua maioria gostaram da interrupção da aula, mas as meninas acharam uma grosseria atacar um professor, ainda mais Gilderoy Lockhart, um bruxo famoso. Cirian ria muito ao se lembrar do professor sendo derrubado pelos Weasley, e Tomi compartilhava esse contentamento.
- Conseguiu aprender alguma coisa na aula de hoje, Esquisito?
Tomi ficou carrancudo ao ser chamado de Esquisito de novo. Ao que parece aquele apelido iria ficar.
- Um pouco. – Respondeu com indisfarçável mal humor. – E tu?
- Bem, agora já sei um bom feitiço de duelo. Deu pra assimilar os movimentos e a entonação da fórmula.
Tomi olhou impressionado. Se ele dizia que tinha aprendido com apenas uma exibição rápida ele acreditava, mas ao mesmo tempo se perguntava que tipo de pessoa era ele para aprender rápido assim sem qualquer ajuda.
- Se você diz. – Deu de ombros. – Também digo o mesmo, apesar de que eu ache impossível eu conseguir conjurar um feitiço como esse no momento.
Cirian sorriu de forma misteriosa. Acabara de ter uma boa idéia.
- Tomi, após o jantar temos uma hora antes de violarmos o toque de recolher. Eu quero que vocês se reúnam comigo hoje à noite. Tenho uma surpresa pra vocês.
Falou de forma um tanto obscura para Tomi que não entendeu nada do que quis dizer. Mas concordou mesmo assim.
Cirian tinha tido uma grande idéia quando ouviu o colega comentar que era incapaz de conjurar aquele feitiço, então esteve pensando sobre ter uma aula de verdade.
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Tomi deixou Cirian ir à frente. Disse que tinha pressa pra fazer algo e que encontrava-os no refeitório. Ele não se importou, estava acompanhado de Laura, que lhe parecia uma ótima companhia. Diminuiu o passo e começou a andar ombro a ombro com ela. Ficou um pouco constrangido ao perceber que era um pouco mais baixo que ela.
- Então Laura, o que esta achando da escola?
Ela lhe olhou de forma vaga. Parecia um autômato sem pensamentos. Então balançou a cabeça como se estivesse concordando com ele. Parecia que não prestava atenção em nada do que ele dizia.
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Como o habitual separavam-se na entrada do grande salão e comiam suas refeições cada um em sua respectiva mesa. Tomi já estava terminando seu segundo prato quando viu Cirian entrar. Ele foi direto até a mesa da Sonserina, cochichou algo no ouvido de Laura e foi até a mesa da Curvinal.
- Olá de novo, Esquisito.
Sorriu e estendeu a mão para Tomi, que lhe apertou a mão de forma vigorosa, ao mesmo tempo que recebia um papel, da mesma forma que receberia uma mensagem secreta de um conspirador. Não entendeu aquele mistério todo, mas manteve a pose.
- Vou lá falar com o grandão e com a loirinha...
- Vai lá, encantador de serpentes. – Respondeu Tomi, voltando-se para sua comida.
Da mesma forma que veio, Cirian foi, andando de forma comedida, como se calculasse cada passo que dava. Tomi, depois dele ir abriu o papel e leu o recado, escondendo-o de olhares curiosos: “ Hoje a noite, na sala vazia no quinto corredor, a esquerda da estatua do ciclope, terceiro andar.”
Se perguntava intimamente o que aquele maldito tinha em mente, e sorria com a possibilidade.
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