O Retorno a Hogwarts



Capítulo V – O Retorno a Hogwarts


 


Voltaram para a cabine juntos, mas em silêncio. Hermione sentia aquele silêncio doer no peito, mas também sabia que era o melhor que havia conseguido até então. Ao entrarem na cabine os amigos os aguardavam com muitos bolos de caldeirão, suco de abóbora, sapos de chocolate e feijõezinhos de todos os sabores...


 


_Cara, eu não paro pra comer doces e conversar com vocês há tanto tempo... – Rony falou, enchendo a mão com três bolos de caldeirão enquanto enfiava um na boca.


 


_Também! Passou o mês inteiro enfurnado naquele quarto! – disse Gina.


 


_Você que parece esquecer fácil... – Rony disse, virando-se para a janela com a amargura voltando aos olhos.


 


_Não vamos começar de novo, ok, Ron? Eu sei da minha dor sobre o Fred, e você sabe da sua... Todos aqui sofremos com o que aconteceu, só que nenhum de nós parou a vida por isso, está bem? Se você acha que essa sua amargura vai curar o que aconteceu, fique sabendo que NÃO VAI!


 


_Gente, que clima pesado no ar... – disse Luna, antes de Ron poder retrucar, agitando o parafuso chamuscado em torno da cabeça. – Ainda bem que esse chifre de Unicórnio Bilombonês serve para melhorar o ar, ou senão provavelmente estaríamos todos nos matando já...


 


Gina e Harry contaram que haviam voltado a namorar oficial e finalmente, e que passaram as férias juntos, estando já para completar um mês. Luna disse que havia viajado para o Mambo e que lá havia arranjado um chifre de um Unicórnio Bilombonês. Hermione nem se atreveu a perguntar. Neville disse que sua avó nunca o havia tratado da forma como o estava tratando: com muitas regalias, dignas de um herói. Disse que às vezes ela o chamava assim agora.


 


Hermione não conseguia explicar quão grata e feliz ela estava por finalmente poder simplesmente sentar com os amigos e conversar banalidades. Não havia mais vilões, não havia mais Voldemort, não havia mais preocupações... Quer dizer, haviam algumas, mas nada que ela não pudesse dar conta depois de tudo que enfrentara nos últimos sete anos...


 


_Eu duvido! – eles ouviram alguns gritinhos histéricos e uma conversa sussurrada vindo da porta. Quando olharam para a porta da cabine, alguém abria uma fresta na porta e entrava na cabine.


 


_Ah, oi Romilda. – disse Harry sem emoção.


 


_Olá, Harry. – disse a garota. – Como vai?


 


_Bem, bem, e... – ele começou, meio sem graça.


 


_E namorando. – Gina completou, lançando um olhar furtivo para a garota e agarrando-se mais aos braços de Harry em torno de sua cintura.


 


_Hm. – a garota não mostrou reação. – E no que isso me interessa?


 


_Bem, você provavelmente veio aqui entregar uma caixa de bombons ou algo à Harry, e... Bem, ele não está disponível. – Gina completou apontando a caixa em forma de coração na mão de Romilda.


 


_Ah, isso. – a garota sorriu torto. – Quem disse que é para Harry? – ela sorriu novamente, mas não parou de falar. – Claro... Ano retrasado eu tive uma quedinha pelo Harry, mas que garota não teve, não é mesmo? Apesar de todo meu esforço para que algo desse certo, não deu. Bem, eu não sou do tipo de garota que fica sentada esperando a mesma pessoa mil anos, ah, não... Sabe, eu corro atrás de quem se interessa por mim... – quando disse isso, Romilda olhou para Ron e sorriu, corando nas bochechas. – Ouvi dizer que você quis ir até mim ano retrasado, Ron, e com certeza teria conseguido se não fossem todos os... Hm... Obstáculos... Que esses anos tiveram, não é? Bem, aqui está. – ela entregou a caixa de bombons para o garoto, deu-lhe um beijo na bochecha e saiu correndo da cabine. Todos se olharam por algum tempo, mas Gina foi a primeira a começar a rir. Todos a acompanharam.


 


_Romilda Vane, Ron? – disse Gina, depois de algum tempo rindo. – É, você ta bem, maninho... – e dizendo isso deu-lhe uns tapinhas no ombro.


 


_Cala a boca, Gina... Eu é que não vou comer isso... – Ele disse, olhando com azedume pra caixa de bombons.


 


_Dá pra ver se eles estão enfeitiçados – disse Hermione, pegando a caixa de bombons da mão de Rony e apontando a varinha para a mesma. – Amortentia Revelio! – ela observou enquanto uma nuvem de fumaça branca saia da ponta da varinha e se espalhava pelo ar. – É. Não tem nada, pode comer.


 


Ron pegou os bombons de volta e sem pensar duas vezes abriu a caixa, enfiando três na boca de uma vez só. Hermione riu ao vê-lo fazer aquilo: fazia tempo que ela não ficava com Ron, e mesmo assim ela não havia esquecido como ele agia; ele havia devorado os bombons exatamente da mesma forma que ele devorava tudo desde o primeiro ano.


 


_Do que fosse ta rindo, Hemion?? – perguntou Ron, a boca cheia.


 


_De você comendo...


 


Ele engoliu os bombons, e meio sem graça sussurrou um ‘desculpe’.


 


_Não tem porque se desculpar... É um riso bom, prometo... – e ela riu novamente.


 


Ron sorriu de volta e eles voltaram a conversar:


 


_Mione... – Disse Harry – E a sua mãe? Alguma notícia?


 


Hermione olhou para o chão, repentinamente triste ao lembrar da mãe.


 


_Nada. – ela sorriu fraco, os olhos ainda nos pés – Mas tenho certeza de que ela vai aparecer...


 


Quando ela olhou pra cima, viu Ron fazer a menção de abraçá-la e então com a mesma rapidez com que quase a abraçou, encarou Neville, corado.


 


_E Neville, me conte... Quais estudantes novas já tentaram te enfeitiçar com Amortentia? - E todos riram.


 


Foram assim, conversando banalidades e rindo até chegarem a Hogwarts. Há tempos Hermione não se divertia assim: os amigos eram uma fonte de alegria tão grande para ela que por alguns momentos ela conseguiu até se esquecer do problema com a mãe sumida na Austrália. Por alguns momentos, porque assim que colocou os pés em Hogwarts a Profª Minerva veio correndo ao seu encontro:


 


_Srta. Granger, preciso falar com a senhorita no meu escritório assim que terminar a seleção. É importante, mas não é urgente. É sobre a sua mãe.


 


_Fale agora, professora! Por favor! – Hermione sentiu o coração bater forte no peito. – Eu não posso espe...


 


_Não é nenhuma novidade, senhorita Granger, e eu preciso estar na seleção, por isso não posso lhe falar agora. Assim que terminar a seleção me encontre em minha sala.


 


Assim que a Profª McGonagall virou as costas, Hermione encarou os amigos, aflita, mas não pode fazer nada além de dar os ombros:


 


_Se não é urgente, mas é importante, provavelmente ela só quer oferecer o apoio... – e continuou andando em direção ao salão principal para se sentar à mesa da Grifinória.


 


Olhar para a escola depois de tê-la visto destruída era um alívio para Hermione. Apesar de algumas tapeçarias queimadas (que Hermione acreditava terem ficado chamuscadas de propósito, para sempre lembrarem os resquícios da guerra), a escola era quase a mesma. O que mudava era o clima que estava no ar. Hermione viu Luna mexer o parafuso chamuscado em torno de si e de alguns outros e riu. Precisariam de muitos parafusos a mais para melhorar o clima, mas ficou feliz por perceber que não era a única que ainda não se sentia completamente confortável. Lembrou-se de repente da monitoria e virou para Ron:


 


_Ron, se a McGonagall quer falar comigo depois da seleção você vai ter que levar os primeiranistas sozinhos para o salão comunal, tudo bem?


 


Antes que Ron pudesse responder, Romilda se interpôs entre os dois e apontou um distintivo pregado na capa:


 


_Eu posso ajudar você, Ron – ela disse sorrindo. – Sou monitora também e não tenho nenhuma atividade pra agora... – e ela piscou descaradamente pra ele.


 


Ron encarou Hermione e Romilda com os olhos arregalados, parecendo em dúvida sobre qual das duas ele preferia enfrentar como companhia. No fim das contas sacudiu os ombros e balançou a cabeça afirmativamente para Romilda, murmurando sem vontade:


 


_Depois da seleção a gente junta os pirralhos então... – e saiu andando sem olhar para trás.



Romilda lançou um olhar dos pés a cabeça para Hermione e saiu correndo para o salão principal com as amigas. Hermione encarou Gina e a garota disse:


 


_ Romilda Vane no seu pé? Ninguém merece, Mione!


 


_Romilda Vane atrás do Ron? – Harry disse, rindo – quem não merece é ele.


 


Hermione encarou Romilda ao longe e continuou andando até o salão principal. É... O ano ia ser comprido.


 


 


 


Todos estavam sentados em torno da mesa da Grifinória rindo e conversando como nunca. O clima, apesar de pesado, também era feliz: Voldemort estava morto. Hermione observou os quadros de ‘In Memorian’ ao torno de todo o salão. Snape, Fred, Lupin, Tonks, Colin Creevey, Olho-Tonto, e Dobby, entre outros que ela não conseguiu reconhecer em uma primeira olhada tinham quadros pendurados no salão principal e sorriam para os estudantes que retornavam (Snape tinha sua corriqueira carranca, como se mesmo do quadro quisesse tirar pontos de todos os alunos por sua simples felicidade). Ela reparou que o quadro de Fred não era apenas dele, mas dele e de Jorge, montados em vassouras e explodindo um grande “GW” no salão principal. Hermione se lembrou com uma pontada no peito da noite em que os gêmeos haviam abandonado sua educação bruxa por causa de Umbridge, anunciando a loja de Gemialidades no beco. Sorriu para o quadro e sentiu uma lágrima quente sair de um dos olhos. Viu que o mesmo havia acontecido com Gina, Rony e Harry ao verem a homenagem. Assim que todos haviam se sentado a professora Minerva começou a seleção.


 


_E finalmente, Zony, Michael! – ela chamou.


 


_Lufa-Lufa! – anunciou o chapéu, e todos aplaudiram o novo aluno da Lufa-Lufa.


 


_Agora – disse a professora McGonagall – Tenho alguns anúncios a fazer. Como sabemos, os últimos meses foram dúbios para muitos bruxos: muita alegria com o fim da guerra e muita tristeza com todas as perdas. Este ano, esperamos, será um ano de reconstrução: reconstrução da confiança que temos uns nos outros, da confiança que temos na escola e da confiança que temos em seus futuros. Por isso, nesse ano todos os alunos que por algum motivo não puderam retornar ano passado, foram aceitos de volta e vão ser tratados como alunos do sétimo ano. A reconstrução da confiança que possuímos uns nos outros será feita aos poucos, mas eu já gostaria de anunciar que em Dezembro, perto do natal, teremos um baile. – Hermione se afundou na cadeira. – E será um baile diferente! As garotas deverão convidar os garotos – Hermione afundou mais – E a festa terá um tema: Fadas e Leprechauns! Atentem-se ao tema e queremos que se divirtam! Queremos que esqueçam as dificuldades que passaram e que dancem! Gostaria também...


 


_E se é sobre confiança que estamos falando por que os Sonserinos voltaram? Eles fugiram da batalha no passado, não fugiram? – gritou um aluno da Grifinória que Harry não conhecia.


 


_Senhor Vendiz, dez pontos a menos para a Grifinória! – a Professora bradou. – Sei que o ano nem começou, mas não aceitarei esse tipo de comentário! Um dos maiores heróis de toda essa guerra foi um Sonserino: Severo Snape. O professor Snape morreu em batalha e batalhou por anos com muito mais coragem do que muitos que lutaram apenas na batalha final! O Professor Slughorn batalhou conosco! Não são as atitudes de alguns que devem excluir essa casa tão importante da escola, senhor Vendiz e espero que tanto os Grifinórios quanto os Lufos ou os Corvinais e os Sonserinos se espelhem nas uniões que a guerra causou para que saibamos que somos todos parte de uma comunidade e que devemos estar juntos, mesmo que os tempos não sejam mais de desespero! – ela abrangeu o salão, como que esperando que mais algum comentário desnecessário fosse feito. Nenhum foi. Ela retomou a fala anterior – Enfim... Gostaria também de avisar aos monitores que, visando a união que queremos das casas, além das rondas com parceiros de cada casa, teremos também as rondas que serão divididas entre as casas. Uma pessoa de cada casa para cada dupla de vigília. O mapa com as duplas está afixado em cada quadro de avisos dentro de seus salões comunais. Meu último, porém não menos importante anúncio, é a apresentação de sua nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, a Professora Héstia Jones e seu novo professor de Transfiguração, o Professor Phill Johnson – e ela abrangeu dois novos professores na mesa.


 


A mão de Hermione se levantou no ar.



_Sim, senhorita Granger?


 


_A senhora vai ficar encarregada de que matéria, professora? – ela perguntou.



A professora McGonagall respondeu:


 


_Como atual diretora da escola, senhorita Granger, temo que não possa ministrar mais as aulas. – e sorriu carinhosamente para Hermione. – Mas tenho certeza que a senhorita continuará a impressionar o Professor Phill em minhas antigas aulas como me impressionava... – Ela abrangeu o salão com um movimento dos braços e continuou - E agora, aproveitem o banquete!


 


Eles comeram conversando banalidades: como nunca esperariam ver o dia da Profª Mcgonagall se aposentar das aulas, como o novo penteado do Professor Flitwick era estranho... Depois dessa injeção de energia, Hermione sentiu-se preparada para ir falar com a professora sobre a novidade que ela lhe traria. Já não esperava que fosse novidade, apenas apoio, mas algo que repuxava seu estômago enquanto ela andava em direção à sala da diretora lhe dizia o contrário. Ao sentar-se de frente à Professora McGonagall e observar seu semblante sério o repuxo no estômago aumentou um pouco:


 


_Professora... A senhora disse que...


 


_Sim, sim... Sei o que disse, Srta. Granger... Eu... Tenho novidades sobre sua mãe.


 


Hermione se manteve em silêncio, apenas o fogo crepitando na lareira.


 


_Sua mãe foi encontrada, Srta. Granger.

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