Livraria trouxa



No outro dia, no final da aula de Poções, os alunos já estavam arrumando seu material para sair da sala. Snape se dirigiu para Laura e falou seriamente:


- Srta. Steen, pode ficar mais um minuto? Precisamos conversar.

- Sim. – Laura voltou a se sentar na cadeira.

- Pretendo ir àquela livraria trouxa no próximo sábado. Gostaria que a senhorita me acompanhasse.

- Por que precisa de mim? – Laura falou com um leve tom sarcástico.

- Não entendo nada de trouxas. – falou secamente, sem olhar diretamente para Laura.

- Mas....tem que ser neste sábado? É dia de visita a Hogsmeade.

- É exatamente por isso que escolhi este sábado. Os alunos não sentirão nossa falta.

- Acho que vai ser o contrário....Eu já havia combinado de me encontrar com o pessoal no Três Vassouras...

- Isso não será problema. A senhorita deverá dizer que ficará em detenção.

- Detenção?! Tudo bem, professor, como o senhor quiser. – Laura tentou disfarçar falando com um tom tristonho...mas, na verdade, estava adorando a idéia. Passear com Snape, quem diria!!!

- Esteja na sala do Diretor, logo após o café da manhã. Iremos pela rede flu. Não esqueça de se vestir com roupas apropriadas.

- Pode deixar, professor. Estarei lá.


**


No café da manhã Laura fez uma bela encenação para seus colegas, mentindo que Snape lhe colocou em detenção o sábado inteirinho. Fez cara de triste e pediu que Hermione comprasse alguns doces na Dedosdemel.


Logo foi até seu quarto e rapidamente trocou de roupa. Vestiu uma calça jeans bem justa, tênis, um blusão de lã e uma jaqueta. Para disfarçar colocou sua capa por cima de tudo.


Dumbledore e Snape já estavam a espera de Laura. Snape estava com uma calça preta, sapato preto, um blusão de lã cinza e um casacão preto. Não conseguia gostar de vestir roupas coloridas, de jeito nenhum!


- Estávamos a sua espera, senhorita. – Snape estava tão nervoso e ansioso com a viagem, que nem olhou para Laura direito.

- Vim o mais rápido que pude. – disse Laura com uma voz ofegante.

Snape olhou para Laura .

- Então, acho melhor vocês irem logo. – disse Dumbledore.

- Posso dar uma sugestão? – disse Laura e Dumbledore fez um sinal que sim. – Acho melhor o Prof. Snape usar um nome diferente. Não posso chamá-lo assim na livraria!

- Tem razão. Esses trouxas conhecem o meu nome!

- Que tal Joe? É um nome bem diferente. – sugeriu Laura.

- Não gostei muito, mas tudo bem. – Snape fez uma careta. – Vamos logo, então.


Laura entrou primeiro na lareira do diretor, pegou um punhado de pó de flu na mão e disse claramente, atirando o pó no chão:


- CALDEIRÃO FURADO!


Chegou lá e saiu imediatamente da lareira do bar, pois logo atrás já estava chegando Snape.


O homem que ficava atrás do balcão foi cumprimentar Snape.

- Bom dia, Prof. Snape!

- Bom dia, Tom. Pode nos fazer um favor?

- Sim, senhor.

- Precisamos ir à Londres, no meio dos trouxas, pode guardar nossas capas?

- Claro, senhor!

- Obrigado, Tom.


Quando saíram do Caldeirão Furado, Snape ficou olhando um pouco para o ir e vir dos trouxas com seus carros. “Como podem viver assim? Parecem todos loucos!” Snape pensou.


Chegaram na frente da loja e os livros “Harry Potter” estavam todos expostos na vitrine. Em destaque estava o sexto livro que recém havia sido lançado. Laura achava isso tudo normal, mas Snape odiava.


Entraram na livraria e ele viu uma enxurrada de produtos “Harry Potter” na parte central da loja Havia, além dos livros, também cadernos, adesivos, agendas e até chapéus e varinhas com o símbolo de Hogwarts.


A loja não estava muito cheia, era um pouco cedo. Tinha um grupo de garotos escolhendo os chapéus, outros comprando livros. Alguns até estavam fantasiados com blusões e capas com os símbolos de Hogwarts.


- Como permitem tudo isso? O mundo bruxo está muito exposto, o Ministério tinha que dar um jeito nisso. – Snape falou baixinho para Laura. – Eu deveria ter vindo com minha roupa normal, nem teriam notado.

- Como não, Joe? Eles são só garotos, acham até engraçadinho, mas um adulto já é diferente!!! Iriam achar que você é um louco tentando imitar o Prof. Snape, com certeza!!!

- Imitar?!!! Mas eu....

- Joe....cuidado com as palavras!!!

Snape ficou emburrado.

- Então, vamos levar todos?

- Sim, todos. – Snape começou a ler os títulos dos livros – Ahhhh agora estou entendendo. Pedra Filosofal, Cálice de Fogo...nossa! Como pode?!

- Olhe só, também tem, além dos seis livros da série, esses dois aqui:
“Quadribol através dos séculos” e “Animais Fantásticos e onde Habitam”.

- Como??? – Olhar de espanto.

- A mesma autora escreveu esses livros e usou o pseudônimo do autor original do mundo bruxo. Não se assuste, Joe! Tudo isso também não passa de ficção para os trouxas.... – Laura disse baixinho.

- Mesmo assim, acho tudo uma loucura!!

- Então, vamos levar todos?

- Sim, todos.


Laura e Snape passaram no balcão para fazer o pagamento. Laura pagou com o seu cartão de crédito trouxa. Depois Snape lhe devolveria com dinheiro de bruxo.


- Mais alguma coisa?– disse a balconista.

- Não, só isso. – disse Laura. – Por favor, empacote bem, sim!!!

- Pode deixar.

A balconista terminou de empacotar e entregando as sacolas para Laura, disse:


- Vocês já assistiram os filmes?

- Eu já, ele ainda não, porque?

- Estamos com uma promoção. Temos uma sala de vídeo no fundo da loja e estamos passando o primeiro filme do Harry Potter agora pela manhã. Vai começar daqui a pouco. À tarde passará o segundo filme. Vocês estão convidados a assistir, é grátis!

- Que interessante! – disse Laura – Obrigada pelo convite. – virou-se para Snape – Vamos assistir, Joe?

- Assistir o filme do Potter....sim, acredito que possa ser útil.


A balconista olhou achando o jeito dele falar um pouco estranho. Fez um sinal com a mão indicando onde ficava a sala de vídeo para eles assistirem e se virou para atender outro cliente.


Snape e Laura entram na sala e sentaram-se nas cadeiras do fundo. Laura achava tudo muito engraçado. Snape estava muito impressionado. Tentava controlar o máximo que podia seus impulsos sonserinos.


Começou o filme. Snape ficou com os olhos “grudados” na tela da televisão. Era tudo muito estranho, aqueles aparelhos trouxas e depois quando apareceu Dumbledore ele logo reconheceu. Fizeram uma maquiagem tão bem feita no ator que realmente ficou bem parecido. Ele ficou hipnotizado, pasmo com tudo aquilo que estava vendo. A atriz que fazia Minerva McGonagall não era tão parecida. A verdadeira Minerva era um pouco mais velha. Hagrid estava bem parecido, talvez desse até para confundir os dois. Snape ficou nervoso ao ver Potter no filme. “Como aquele garoto podia ser tão parecido?” pensava.


Quando finalmente mostrou Hogwarts, ele viu o ator que fazia o papel de Prof. Snape. Olhou para Laura e fez uma cara de espanto. O ator estava bem parecido com o verdadeiro Snape. O nariz era um pouco menor e o cabelo parecia um pouco mais “leve”, mas estava bem caracterizado. Laura olhou para ele, sorriu e falou:


- Eu disse, ele ficou bem parecido!!!

- Quero ver mais detalhes.

- Logo vai mostrar a aula de poções, acho até que vai gostar!!!

- Humpf!


E realmente, Snape parecia se divertir com o ator que lhe imitava. Era cruel e sarcástico como ele. Sorriu disfarçadamente quando a Grifinória perdia pontos. E se controlou para não soltar uma gargalhada na hora em que o ator humilhou Potter e quando Neville errou a poção.


Quando começou o campeonato de quadribol, Snape parecia não acreditar.


- Como pode eles estarem voando de vassouras? Não sabia que os trouxas....

- No cinema tudo é possível, mas nada é real! – disse Laura.


Snape continuou com os olhos fixos na tela olhando o jogo. Na cena em que Hermione põe fogo na capa dele, não conseguiu se conter, chegou até a falar um pouco mais alto, fazendo com que os garotos que também estavam assistindo olhassem para trás:


- Eu sabia!!!! Foi aquela menina idiota, sangue-ruim!!


Laura, rapidamente, tentou disfarçar:


- Joe, não se emocione tanto...é só um filme!!


Snape permaneceu irritado e ficou quieto olhando o restante do filme. Laura tentava se controlar para não rir da reação dele. Entendia a irritação dele, mas a situação era cômica.


Laura pensou: “Imagina quando ele ficar sabendo, no segundo livro, que Hermione roubou um ingrediente da sala dele para fazer a poção polissuco...não quero nem ver no que vai resultar.... Melhor que ele não assista o filme, assim dá tempo de eu antes falar com Dumbledore!


Quando terminou o filme, Snape nem falava muito, estava completamente irado, com mais vontade ainda de degolar a autora dos livros. “Um ‘Avada’ nela não seria nada mal...Acredito que o Ministério nem me mandaria para Azkaban por isso...” pensava.


Já estava na hora do almoço. Laura estava com saudades de uma comida trouxa, resolveu convidar Snape.

- Está na hora do almoço.

- Vamos almoçar no Caldeirão Furado. Não é igual a comida de Hogwarts, mas é o que tem.

- Não aceitaria experimentar uma comida trouxa, prá variar?

- Comida trouxa?! – Fez uma cara de nojo – Não sei não.....nunca provei isso.

- Garanto que pode ser muito bom. Tem um restaurante ali na outra rua. Eu já almocei lá e a comida é ótima. Que tal?

- Hummm...- fez cara de desconfiado - O que os trouxas comem?

- Praticamente as mesmas coisas que os bruxos, a grande diferença é a maneira como preparam.

- Tudo bem. Pode ser melhor que a comida do Caldeirão Furado, vou experimentar.


Eles foram para o restaurante. Laura achava o máximo estar acompanhada do seu professor preferido. Almoçar a sós com ele....nem acreditava!

Snape ficava olhando de um lado a outro. Tudo para ele era novidade e também estranho.

O restaurante não era muito grande, mas muito aconchegante. As mesas eram redondas e pequenas. Acomodavam confortavelmente duas pessoas. Sentaram-se numa mesa perto da janela.

- Então, o que vamos comer? – disse Snape olhando para Laura que estava lendo o cardápio.

- Deixe-me ver.....Que tal frango ao molho de ervas, arroz aromático e salada?

- Pelo nome parece interessante....pode ser.

- O que vamos beber?

- Eu gosto de um bom suco de abóbora ou, se não tiver, pode ser cerveja amanteigada.

- Aqui não tem! – Laura deu uma risadinha – Esse tipo de bebida só no mundo bruxo....

- Ah....e o que os trouxas bebem?

- Outros sucos, laranja, por exemplo. Também tem refrigerante – uma espécie de bebida gasosa, e também bebidas alcoólicas, como o vinho.

- Vinho? Isso eu gosto.

- Então vou pedir vinho para nós.


O garçom serviu a comida. O frango estava com um aroma muito apetitoso. Foi preparado com alecrim, manjerona e orégano, com um molho feito à base de vinho. O arroz aromático era feito com canela, pimenta, açafrão, azeite de oliva e castanhas. Snape olhou aquela comida muito bem servida e ficou pasmo. Provou com um pouco de desconfiança, mas o sabor era incrivelmente maravilhoso. Não esperava que a comida trouxa pudesse ser tão deliciosa e com um perfume tão tentador.


Snape, enquanto se deliciava com a comida, falava:

- Vamos voltar na livraria depois do almoço para assistir o outro filme?

- Acho que vai ficar tarde. – Laura inventava uma desculpa. – Não podemos chegar tarde em Hogwarts. Os alunos voltam do passeio por volta das 16h, o senhor sabe.

- Tem razão. Então passaremos rapidamente no Beco Diagonal para eu comprar alguns ingredientes e logo vamos embora.

- Melhor assim. – Laura se sentiu mais aliviada.


Terminaram de comer e Laura, que não agüentava mais de curiosidade para saber o que ele havia achado do filme, finalmente perguntou:


- O que o senhor achou do filme? Gostou?

- Achei uma loucura! Como pode...é inacreditável a quantidade de informações que os trouxas têm sobre nós.

- E...sobre o ator que lhe representou, o que achou?

- Poderia ser melhor. Queria conhecê-lo para dar algumas dicas.

- Tá brincando! Quer conhecê-lo?

- Qual o problema? Eu não me identifico....

- Ah...sim.... E vai dizer o que?

- Na verdade eu queria que ele me dissesse como sabe tantos detalhes da minha personalidade. Isso tudo consta nos livros?

- Alguma coisa sim....mas não tudo. Ouvi dizer que J. K. Rowling, a autora, conversou muito com o ator e lhe deu inúmeros detalhes de sua personalidade. Detalhes que somente ela e o ator sabem...e você, é claro!

- Essa mulher.... – rosnou e revirou os olhos.

- Ela sabe muito a seu respeito.

- Poderia me adiantar o que mais conta sobre mim nesses malditos livros?

- Hummm....o senhor vai ler. Eu não vou estragar a surpresa.... – disse sarcasticamente.

- Surpresa? Isso me dá arrepios só de pensar.


Laura foi ao banheiro e Snape ficou observando-a caminhar. Ficou com o olhar “preso” no corpo dela, estava usando uma calça jeans justa. “O corpo dela é perfeito.....Pára, Severo! Você está enlouquecendo....controle-se!” – pensou. Pegou a taça de vinho e bebeu um grande gole para esfriar os pensamentos.


Logo após Laura voltar, eles foram para o Caldeirão Furado, pegaram suas capas e se dirigiram ao Beco Diagonal. Snape não quis que Laura o acompanhasse à Travessa do Tranco. Ela, então, ficou na Floreios e Borrões, dando uma olhadinha nos livros.

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