Capítulo 3



Chegando ao estacionamento do prédio, Harry colocou a bagagem no porta-malas do seu carro e abriu a porta para Hermione. Suas maneiras eram sempre impecáveis, e ela não podia deixar de se indagar se ele as havia aprendido com a mãe ou se por conta própria. Eram tantas as perguntas que gostaria de lhe fazer! Porém, tinha certeza de que Harry as ignoraria, assim como fazia com tudo o que não o interessava.
Ele dirigia com a mesma segurança e confiança com que desempenhava qualquer tarefa. Nada parecia perturbá-lo, nem o intenso trânsito de carros, nem a falta de habilidade de alguns motoristas, e logo estavam no aeroporto.
Ao entrarem no avião, Hermione sentiu-se tomada de prazer ao reparar que, embora Harry não houvesse solicitado, eles tinham sido colocados em assentos vizinhos. Foi então que percebeu o quão apaixonada estava, sedenta por um toque, ainda que acidental, daquelas mãos fortes ou pelo roçar das suas pernas musculosas.
Harry sentou-se completamente à vontade, enquanto Hermione parecia apreensiva, tentando lembrar-se de todas as estatísticas capazes de provar que as viagens aéreas são realmente seguras.
— O que há de errado agora? — ele perguntou.
— Nada.
— Então, por que você está segurando os braços da poltrona com tanta força?
— Porque desse jeito não serei lançada para longe quando cairmos.
Ele riu baixinho:
— Nunca a imaginei covarde. Você é realmente a mesma mulher que me ajudou a montar uma cilada para agentes inimigos apenas algumas semanas atrás?
— As situações são diferentes.
Embora tentasse, Harry não conseguia afastar os olhos dela e sentia-se irritado consigo mesmo. Quanto mais próxima, mais bonita Hermione lhe parecia: cheia de curvas, voz sexy, e uma boca feita para ser beijada. Mas ali morava o perigo. Ele não poderia se entregar a um envolvimento, pois seu estilo de vida não era compatível com a maioria das mulheres, e em especial, com as mulheres brancas. Mesmo procurando se convencer de que devia manter distância, não podia deixar de admirar-lhe a beleza, inebriar-se com seu perfume suave. Ela parecia tão distante... Como gostaria de acariciá-la, deslizar as mãos sob suas roupas...
Foi só depois de haverem decolado que ela voltou a falar: — As pessoas que você supõe estarem nos seguindo pertencem ao mesmo grupo que entrou no meu apartamento?
— Tenho quase certeza absoluta. Você tem que se lembrar que o valor dos metais estratégicos costuma flutuar no mercado de acordo com a lei da oferta e da procura. Quando um novo uso para esse tipo de metal é descoberto, ele se torna imediatamente mais valioso.
— E um aumento do seu uso na indústria também provoca o mesmo resultado.
Ela raciocinava rápido. Harry apreciava a sua inteligência tanto quanto o seu corpo, mas não pretendia deixá-la perceber co¬mo se sentia atraído.
— Nós não conseguimos apanhar o cabeça da operação, você sabe muito bem por quê.
Hermione sentiu-se enrubescer, porém, defendeu-se.
— Não lhe pedi para perder tempo se certificando se eu estava bem.
Harry sabia que ela estava com a razão. A lembrança da angústia que experimentara ao vê-la caída no chão ainda o assombrava, porque fora naquele instante que percebera o quanto se sentia vulnerável. E agora vivia tentando se esquecer daquela noite! Os agentes inimigos, seu trabalho, os interesses da empresa, tudo havia sido momentaneamente esquecido quando o ladrão derrubara Hermione com violência. O que o deixara zangado não fora o fato de que o homem conseguira escapar, mas a compreensão de que a preocupação por Hermione havia sido maior do que a sua dedicação ao trabalho. E fora a primeira vez em sua vida que o sentimento dominara a razão.
— Vamos trocar de avião em Phoenix, e viajaremos com nomes falsos. Com sorte, os agentes inimigos seguirão até a Califórnia, pensando que ainda estamos a bordo.
— Como conseguiremos enganá-los? Eles estão neste avião?
— Sim, a umas cinco fileiras atrás de nós. Na próxima escala, nos levantaremos a pretexto de esticarmos as pernas e antes que o avião decole para Tucson, mudaremos de aparelho e de companhia aérea.
— E se eles nos seguirem?
— Eu os verei. Esta não é a primeira vez em que brinco de gato e rato com esse tipo de gente.
Hermione sentia-se contente por não precisar se preocupar com os detalhes, pois afinal, a sua ocupação era a geologia e não espion¬agem industrial. Ela o olhou ainda mais uma vez, sem conseguir disfarçar a emoção que experimentava, e pegando uma revista fingiu estar imersa numa leitura interessante. Porém Harry não se deixava enganar com facilidade. Ele percebia muito bem o efeito que estava causando em Hermione. Os próximos dias no deserto seriam um convite ao perigo e aos problemas. Teria de conseguir controlar os impulsos do seu corpo, ou acabaria fazendo algo estúpido.
A viagem foi rápida, e logo após o café da manhã ser servido, eles estavam se preparando para pousar.
Harry já havia tomado todas as providências, desde as reservas no hotel até o aluguel de um carro que os esperava no aeroporto. E tudo corria muito bem até que chegaram ao hotel e o recepcionista lhes entregou as chaves para quartos separados.
— Não, assim não. Somos o Sr. e a Sra. Champ e estamos em lua-de-mel. Quero um quarto de casal.
— Oh! Desculpe-me, senhor. Parabéns. — o recepcionista respondeu com um sorriso agradável.
"Meus sonhos vão se tornar realidade!" Hermione pensou, imaginando toda a sorte de imprevistos deliciosos que poderiam acontecer durante a noite.
Ao ficarem a sós, no quarto, Harry foi logo dizendo:
— Não entre em pânico, não pretendo tocá-la. Trata-se apenas da melhor maneira de tornar essa farsa mais convincente.
Hermione enrubesceu e conseguiu apenas murmurar:
— Eu não disse uma palavra!
Tendo nas mãos uma engenhoca eletrônica, ele vasculhou o aposento à procura de equipamentos de escuta, mas não havia nada.
— O quarto não está grampeado, mas isso não significa mui¬ta coisa, pois estou certo de que estamos sendo observados. Não saia daqui a menos que esteja em minha companhia e não diga nada a respeito do motivo da nossa viagem. Está claro?
— Por que não vamos para o deserto de uma vez?
— Primeiro precisaremos providenciar as coisas necessárias pa¬ra acamparmos e, como já está quase na hora do almoço, é melhor deixarmos para mais tarde.
— Está bem. — ela respondeu colocando as suas malas próximas à porta do banheiro e parecendo um pouco hesitante.
— Você pode escolher qualquer uma das duas camas. Posso dormir em qualquer lugar.
Hermione colocou a pasta com os mapas sobre a cama e preparou¬-se para arrumar o resto do material.
— Me dê essa pasta. — Harry pediu.
Ela esvaziou, substituindo os mapas por um jornal, e guardando-a numa gaveta sob algumas camisas. Os papéis importantes, ele decidiu esconder num dos bolsos de uma calça jeans e deixá-la dentro da sua mala.
Hermione sentia vontade de dizer o quanto o considerava eficiente, mas tinha medo de que o comentário deixasse transparecer os outros sentimentos que lhe iam na alma. Por fim, resolveu desfazer a bagagem, sem no entanto retirar a roupa íntima e a camisola, pois sentia-se inibida demais. Será que deveria dormir de camisola, ou daria a impressão de estar fazendo um convite? Aflita, um pensamento lhe ocorreu: será que Harry dormia nu? Alguns homens o faziam e ela não vira sinal, no meio das coisas dele, nem de robe nem de pijama. Entretanto, esse não era o tipo de pergunta que pudesse ser feita a um homem como Harry. Era incrível pensar que uma mulher da sua idade e com a sua aparência fosse tão ignorante sobre o corpo masculino. Afinal, nunca havia visto um homem inteiramente nu!
— Há alguma coisa incomodando você?
A pergunta inesperada fez com que ela dissesse a primeira coisa que lhe veio à cabeça:
— Você usa pijama?
— Por quê? Quer que eu lhe empreste o meu ou está pensando em me dar um de presente?
— Desculpe-me. É que não estou acostumada a dividir um mesmo quarto com um homem.
Harry achava impossível acreditar que Hermione nunca houvesse passado uma noite em companhia masculina. O mais provável era que se sentisse nervosa com a sua presença.
— Supostamente, estamos em lua-de-mel e seria muito estranho se dormíssemos em quartos separados.
— É claro. — ela respondeu, percebendo sarcasmo na voz dele — Será que poderíamos sair para almoçar? Estou faminta.
— Primeiro preciso entrar em contato com os meus agentes locais. Eles estão envolvidos em investigações referentes a um ou¬ro projeto. Não demorarei muito.
Hermione pensou que Harry fosse usar o telefone, mas de repente viu-se sozinha no quarto. Ele havia saído. Hermione jogou-se na cama sentindo-se uma idiota. Que bela maneira de começar as coisas com o pé esquerdo, perguntando ao companheiro de quarto se ele usava pijama! Agora Harry a consideraria uma pudica além de uma chata.
Por fim, decidiu trabalhar um pouco. Colocou os óculos de leitura, espalhou os gráficos sobre a cama e ligou o computador portátil. Urna hora depois, Harry estava de volta.
— Eu não sabia que você usava óculos.
— Não mesmo? — ela perguntou num tom mordaz. — Sempre pensei que você sabia mais sobre mim do que eu mesma. Afinal, não faz parte do seu trabalho levantar a ficha de todos os funcionários da empresa?
— Não seja sarcástica, não lhe fica bem.
Harry se atirou sobre a outra cama, esticando todos os músculos do corpo e Hermione teve de se esforçar para não encará-lo. Ele era bonito demais, perfeito da cabeça aos pés, o homem dos sonhos de qualquer mulher.
— Que tipo de mineral você e Eugene estão procurando?
— Adivinhe. — respondeu Hermione.
Só então ela percebeu o erro. Harry levantou-se e antes que Hermione desse por si, ele a estava segurando pelos pulsos e puxando-a de encontro ao peito. Tanta proximidade a desnorteava. O calor que vinha daquele corpo másculo era excitante demais. Talvez fosse exatamente para tê-lo perto de si que ela o havia provocado.
— Menininhas costumam jogar pedras nos garotos de quem elas gostam. — ele falou devagar e bem baixo — É isso o que você está fazendo? Porque se a resposta for positiva, eu não estou a fim de ter um caso tórrido durante esta semana de trabalho, boneca.
Hermione teve vontade de que o chão se abrisse sob os seus pés, de tanta vergonha. E o pior fora que ele havia percebido com clareza o que lhe passava no íntimo; o que não era difícil, tratando-¬se de um homem experiente e vivido. Ela já tinha ouvido alguns comentários de que Harry não gostava das mulheres brancas, provavelmente porque elas o consideravam apenas como uma oportunidade de experimentar algo diferente. Entretanto, a atração que aquele homem lhe despertava ia muito além do sexo.
— Eu não estou tentando chamar a sua atenção. Estou cansa¬da, e quando fico cansada me comporto como uma tola.
Harry ainda a mantinha junto ao corpo, e o cheiro dele a enlouquecia. Tentando controlar-se, Hermione continuou:
— Você não tem necessidade de me avisar. Sei que não vale a pena tentar me insinuar.
Ele pareceu se divertir com o último comentário:
— Sabe mesmo? Por quê?
— Ouvi dizer que você odeia as mulheres, especialmente as brancas.
Harry a fitou com intensidade e, depois, vagarosamente, desceu o olhar até os seios firmes que quase lhe tocavam a camisa. Então lembrou-se de uma outra morena que o havia abandonado quando ele estava com cinco anos, temendo que o filho mestiço lhe causasse embaraço diante dos amigos da alta sociedade. Naquela época, sua mãe já havia encerrado a fase de ativista na defesa dos índios e estava interessada num homem do seu próprio meio. E apenas alguns anos atrás, ele mesmo tivera tido um envolvimento com uma mulher rica e elegante que achava o máxi¬mo ter um companheiro apache. Mas quando fora mencionada a possibilidade de um compromisso permanente, ela rira, dizendo: "Meu Deus, me casar com um homem que vive numa reserva indígena?" Essas lembranças ainda doíam, embora fizessem parte do passado. Harry soltou Hermione de um modo brusco, pouco comum ao seu jeito educado de ser.
— Sinto muito. — ela falou ao perceber a expressão de tristeza daqueles olhos verdes. — Eu não tencionava fazê-lo lembrar-se de coisas desagradáveis.
— O que você sabe sobre mim?
Hermione tentou sorrir enquanto se afastava dele.
— Eu não sei de nada, Sr. Potter. Ninguém sabe. Sua vida é um segredo trancado a sete chaves. Mas a expressão do seu rosto era de... mágoa.
Harry estava atônito ante a perspicácia de Hermione. Na verdade, ele não sabia quase nada sobre a vida particular dela, mas tinha certeza de que não estava envolvida com homem algum da empresa. Pensando bem, após todos esses anos trabalhando na mesma companhia, jamais soubera que ela tivesse um namorado e Hermione mantinha distância de todos os colegas do sexo oposto. Certa vez, durante uma expedição, ele a vira rejeitar, duramente, um homem que tentara lhe passar uma cantada.
E embora se sentisse tentado, não iria arriscar suas emoções, pois ainda estavam vivas as lembranças da antiga paixão por uma mulher branca e como acabara por se sentir humilhado. Além do mais, nunca havia conseguido esquecer como fora rejeitado e abandonado pela própria mãe. Decidido a não remoer a dor, Harry falou:
— Vamos sair para comer alguma coisa e então compraremos o material necessário para acamparmos.
— Será que poderei comprar uma rede? Eu dormi numa quando era garota e estava acampada com os meus pais.
— Você pode comprar a rede, desde que encontre onde dependurá-la.
— Mas só vou precisar de duas árvores...
— O deserto é notório pela falta de árvores, ou você já se esqueceu?
Hermione o olhava com tanta intensidade, que Harry sentiu-se estranhamente perturbado. Os olhos dela eram enormes, meigos, e o faziam estremecer. Tenso, virou-se de costas. — É melhor ir¬mos agora, Hermione.
Seu nome dito por aquela voz profunda deixava-a excitada. Estar ao lado dele era sentir-se mulher, com as emoções à flor da pele.
Ela caminhou até a porta e, sem querer, esbarrou em Harry. O breve contato dos corpos foi o suficiente para deixá-la em fogo. Mais do que depressa, Hermione se afastou, tentando esconder o embaraço. Harry ergueu-lhe o queixo com uma das mãos, percebendo o leve tremor que a sacudia.
— Você realmente tem medo de mim.
— Um pouco.
Sim, havia um pouco de medo, mas não pelos motivos que ele pensava.
— Meu Deus! — Harry murmurou, chocado. — Vamos sair daqui!
Hermione não havia esperado que a sua confissão o deixasse tão furioso. Ia ser uma viagem difícil, e este era apenas o começo. Durante todo o caminho até o restaurante do hotel ele se manteve frio, distante, só lhe segurando o braço quando passavam perto de outras pessoas, a fim de manter as aparências. E voltou a falar, apenas quando já estavam no meio da refeição.
— Já faz muito tempo desde que tirei o escalpo de alguém.
O garfo caiu da mão de Hermione com um barulho estridente, e ela olhou nervosamente para os lados, temerosa de ter chamado a atenção.
Devia ter se lembrado o quanto Harry era sensível no que dizia respeito a sua ascendência. Ele acreditava que a amedrontava por ser meio-índio. O que não faria se descobrisse que ela o temia porque estava apaixonada? Provavelmente morreria de tanto rir.
— Não é por isso. — Hermione começou, tentando encontrar as palavras certas — Não é pelo que você é... que não me sinto muito confortável ao seu lado. Você nunca fez segredo de que não gosta de mim e age de maneira hostil sempre que me vê. Não é medo o que eu sinto. É nervosismo. E não tem nada a ver com a sua ascendência.
Harry reconhecia que Hermione tinha um pouco de razão. Seria impossível negar que ele houvesse sido hostil em várias ocasiões. E o motivo de tanto antagonismo era a beleza dela. Ao seu lado, sentia-se vulnerável e esse sentimento o irritava. Também sabia que o fato de ser mestiço o tornava mais desconfiado. Era esse o preço por viver no mundo dos brancos.
— Eu não acho muito fácil viver entre a sua gente. — Harry falou, admitindo a alguém, pela primeira vez, algo que o incomodava.
— Posso imaginar. Mas tenha certeza de que ser mulher e geóloga também é difícil. Porém, minha profissão me dá muito prazer. É que eu sempre amei as pedras.
Eles se olharam por um longo instante e foi como se o ar estivesse carregado de eletricidade.
— Não a considero uma pessoa muito fácil, Hermione Granger, mas creio que conseguiremos sobreviver. Eugene me disse que deve¬mos acampar na área-alvo apenas na segunda noite.
— Sim. — ela falou com a voz sumida. Hermione tinha uma das mãos sobre a mesa, e, num impulso, Harry a tocou, sentindo-a estremecer. Tentou enganar a si mesmo, pensando que era apenas para manter as aparências. Mas sabia que tocá-la lhe dava prazer.
— Você está tremendo.¬
Ela retirou a mão depressa, quase derrubando o copo de água.
— É melhor eu terminar de almoçar. As lojas não demorarão a fechar.
— É verdade.
Hermione sabia que Harry percebera o motivo do seu embaraço, e aqueles olhos verdes e profundos pareciam brilhar com um novo interesse.
Ele estava curioso agora. Uma bela mulher como Hermione de¬via estar acostumada a deixar os homens nervosos, e não o contrário. Harry olhou para a boca sensual e sentiu o corpo ficar rígido. Nos últimos anos ele havia fantasiado, inúmeras vezes, como seria fazer amor com Hermione, e com o passar do tempo as imagens vinham se tornando cada vez mais fortes. Embora se esforçasse para manter esse tipo de pensamento a distância, ha¬via noites em que não conseguia dormir, imaginando aquela boca se abrindo para ele, as mãos macias acariciando-o, suas per-nas entrelaçadas às dela na escuridão. Ao final das horas insones sentia-se descer ao inferno, tão grande era a frustração. E agora teriam de enfrentar uma semana no deserto, e a sós! Para ela se¬ria uma pesquisa de campo; para ele, um curso de sobrevivência, onde precisaria de toda a sua força de vontade para não sucumbir ao desejo.
Tinha de lembrar sempre que estavam ali a trabalho e que agentes inimigos os seguiam, já que metais estratégicos costumavam atrair todo o tipo de gente. Precisava estar atento ao trabalho e não a Hermione, mas a proximidade dela só iria lhe dificultar a tarefa. Havia muito tempo que não possuía uma mulher e a fome era grande. Desejava-a e algo lhe dizia que ela também o queria.
Ao terminarem de almoçar, resolveram ir às compras. Com a eficiência costumeira, Harry sabia exatamente o que adquirir e em pouco mais de uma hora estavam de volta ao carro, seguindo para o hotel.
De repente Hermione sentiu o sangue gelar com um pensamento súbito: talvez Harry fosse comprometido. Era sabido que ele possuía um apartamento em Tulsa, mas que passava quase que todo o tempo livre no Arizona. Com, uma mulher, talvez?
— Estaremos prontos para partir amanhã de manhã. — ele falou ao entrarem no quarto — Você gostaria de tomar banho agora?
— Se você não se incomodar que eu vá primeiro.
— Esteja à vontade. Vou assistir ao noticiário.
Hermione pegou suas coisas e entrou no banheiro, trancando a por¬ta. Tomou uma chuveirada rápida e vestiu calça jeans e camiseta branca, decidindo não maquiar-se.
Descalço, sem camisa e com uma lata de cerveja na mão, Harry estava sentado numa poltrona. Ao vê-la sair do banheiro apressou-se a perguntar:
— Gostaria de uma cerveja?
— Não, obrigada.
— Se você já terminou, vou tomar banho e depois poderemos pensar em alguma coisa para o jantar.
Hermione o olhava quase que com adoração. Parecia uma adolescente embevecida diante do seu ídolo. "Deus!" ela pensou "Ele é bonito demais. Como gostaria de passar as mãos nesses músculos perfeitos..."
Harry percebia o quanto estava sendo observado, mas fingia nada notar. Pegou algumas roupas limpas e parou junto à porta do banheiro, reparando que Hermione não tirava os olhos do seu peito nu.
— Não se esqueça de deixar a porta trancada e não abra para ninguém.
Tentando falar com desenvoltura, ela respondeu:
— Sim senhor. Isso é tudo?
Harry aproximou-se devagar e tomou-lhe o queixo entre as mãos, passando um dos dedos sobre aqueles lábios entreabertos numa carícia íntima e sensual. Ela sentiu uma corrente de prazer percorrer-lhe o corpo, e deixou escapar um gemido.
Ele a olhava fixamente, surpreso com a intensidade das reações que o seu toque desencadeava. Com a voz rouca e baixa, murmurou:
— Não seja provocante. É melhor ir trabalhar um pouco enquanto eu tomo banho.
Trêmula, Hermione sentou-se próxima ao computador e colocou o teclado no colo. Porém, não conseguia se concentrar. A atitude de Harry havia sido por demais inesperada e a deixara ainda mais apreensiva. Se ele começasse a agir assim, ela acaba¬ria por perder o controle, entregando-se à paixão.
Hermione sentia-se insegura a respeito dele e de si mesma, temendo trair os sentimentos que lhe iam no íntimo.
Sempre alimentara algumas idéias tolas de que talvez Harry fosse o tipo que não dorme com as mulheres que não o interessavam, mas agora via que não era bem assim. Ele sempre parecera ignorá-la, porém, hoje, ao tocá-la nos lábios, houvera atração naqueles olhos verdes. Mas se Harry não gostava de mulheres brancas, e dela em especial, por que aquela carícia? Hermione evitava levar em consideração a única possibilidade evidente: ele a considerava uma mulher fácil e planejava seduzi-la. Contudo, não seria bem sucedido. Ela não pretendia se tornar um objeto de diversão para homem algum.
Nem mesmo para Harry.

Enfim, atualizada! Me desculpem a demora mais que demorada... mas é a preguiça... bem, já fiz minha parte. espero que tenham curtido o capitulo e comentem. bjao

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