O Baile das Bruxas



Capítulo dezesseis - O Baile das Bruxas


Hermione sentiu o rosto queimar ao olhar para Draco, até porque, aquela era uma cena que não se via todo dia. Draco ficou sem saber o que falar. O que seria à altura de Hermione? Qual dos inúmeros elogios que lhe vieram à cabeça seria o suficiente para expressar o quanto ele a estava achando linda? Ou melhor, não apenas ele, assim como vários outros garotos a observavam cobiçosos, gerando algo dentro de Draco muito estranho, uma raiva de todos eles, enquanto que as garotas a miravam com certa inveja, mas não demonstrando que lhe desejavam nada de ruim.

- Voc... vo-vo... você está... - gaguejou Draco, não imaginando que faria isso - linda.

Hermione deu um sorriso tímido, trazendo a antiga Hermione à tona. O relógio de pulso de Draco, escondido pela manga do smoking, marcava oito e dois. Minerva os avisara que deveriam entrar no salão depois das oito e quinze, cuja hora que todos os outros alunos já estariam reunidos lá dentro. As portas estavam abertas, e, por mais incrível que pareça, não revelava absolutamente nada, mas os alunos entravam. Talvez, pensou Hermione, tivessem usado alguns feitiços para o salão ser apenas visível a quem estivesse dentro dele. E, era óbvio que tinham usado também um feitiço para restringir o som apenas aos que já tivessem entrado.

Quando o relógio marcou oito e treze, Minerva apareceu vestida em um vestido de cetim vermelho-escuro, com flores bordadas em preto. Usava um chapéu também preto, dando um ar mais severo ainda. Tudo bem que as vestes eram um tanto fúnebre para um baile. Quem sabe algum parente dela tenha morrido, Draco pensou sem conseguir controlar um sorriso desdenhoso. A vice-diretora se aproximou deles e aí que perceberam o quanto estava apressada. As portas do salão tinham se fechado, todos os alunos de Hogwarts estavam lá dentro, exceto, é claro, Hermione e Draco.

- As portas vão se abrir em dois minutos - informou ela, os olhando seriamente - Quero disciplina e silêncio. A dança será de três ou até quatro minutos, apenas isso. Sigam o caminho que estiver coberto por um tapete preto. É tudo. Muito simples e rápido, não nos façam passar vergonha.

Minerva lançou um último olhar aos dois e desapareceu por uma porta quase invisível ao lado das grandes e majestosas portas do salão principal. Oito e catorze. Hermione estava começando a ficar nervosa. Era a segunda vez que abria um baile, e da última vez, há dois anos atrás, tinha sido uma experiência estranha, mas pelo menos ela e Vítor tinham ensaiado alguns passos, diferente de hoje. Draco bateu a ponta dos sapatos no chão, ainda sem falar mais nada. Não havia tido diálogo, estavam nervosos por demais para falarem alguma coisa.

Draco olhou no relógio exatamente no momento que o ponteiro saía do catorze e se movia lentamente para o quinze. Ouviram um rangido, muito conhecido, das grandes portas. Hermione sentiu um arrepio quando segurou o braço esquerdo de Draco e começaram a caminhar. Por um momento, ela pensou que iriam cair em um abismo, tamanha a escuridão e silêncio do local. Assim que pisaram dentro do salão, perceberam que realmente eram dois feitiços de som e visão. Estava inteiramente enfeitado com abóboras flutuantes, fitas alaranjadas e pretas, bolas de ar também dessas mesmas cores no chão, mesas bem dispostas pelo salão, com mini-abóboras centralizadas nelas, toalhas pretas por baixo e laranja por cima. Havia um grande palco onde deveria estar, em ocasiões normais, a mesa dos professores, onde se localizava uma banda esquisita com pessoas esquisitas tocando uma música esquisita. Parecia uma marcha para que o “casal” abrisse o baile. Eles seguiram pelo tapete preto indicado por Minerva, e, chegando ao final deste, depararam-se com uma pista de dança inteira preta, enorme abaixo do palco. Posicionaram-se corretamente e a banda esquisita começou a tocar uma música lenta. Hermione segurou uma das mãos de Draco, e no seu ombro, enquanto ele segurava a cintura dela.

Não eram bons de dança, mas quem os via dançar deveria assumir que faziam um casal perfeito para isso. Dançavam no mesmo ritmo, harmonicamente. Minerva pedira levantamentos, porém eles acharam muito careta e apostaram em várias rodopiadas. A música continuava lenta, eles continuavam dançando no ritmo da música. Era um tédio, só que estarem ali, juntos, por um mesmo motivo, era realmente bom. Sentir o perfume do outro, tudo aquilo fazia parte daquela dança “tediosa”.

Hermione não estava mais nervosa. Parecia que ficava apenas antes de entrar, pois ao começar a dançar sentia-se como se existisse apenas ela e Draco no mundo. Isso seria muito bom se fosse realidade. Draco segurou um pouco mais forte a cintura dela, que fechou os olhos ao toque do Loiro. Ninguém ali no salão parecia perceber que ambos desejavam que aquela música acabasse a pudessem aproveitar o resto da festa.

A música passou a ser mais lenta ainda, se é que fosse possível, Draco foi diminuindo os passos gradualmente, de acordo com a valsa, até pararem. Hermione respirou aliviada quando percebeu que tinham finalmente parado, sendo aplaudidos veementemente pelo restante de alunos. Minerva, Dumbledore e os outros professores encontravam-se em uma das mesas dispostas pelo salão, aparentemente a maior de todas. Só então Hermione percebeu uma mesa grande entre as outras, onde espalhavam-se doces, todos os tipos de comidas, bebidas desde água até firewhisy, balas, tudo típico de um dia das bruxas muito bem passado. A banda esquisita deu lugar a outra banda, esquisita de verdade - As Esquisitonas. Iniciaram o show já com músicas bem animadas, o que estimulou os alunos a dançarem.

Hermione e Draco saíram da pista no mesmo momento, rindo da situação em que estavam há cinco minutos.

- Ai, Draco... foi tão... tão... tão engraçado! - Hermione gargalhou, seguida por Draco - Eu... não sabia... dançar e... ai...

Draco parou de rir para observar Hermione.

- Sabe... - começou ele, depois que ela também ficou em silêncio - Eu não esperava que fosse tão bom em escolher vestidos.

- Ah... é, viu só, Dr... - Hermione pensou um pouco. “não esperava que fosse tão bom em escolher vestidos”... - Foi você, sua coisa?!

Draco deu um sorriso maroto para Hermione, que permitiu o queixo cair.

- Então esse cara que eu disse que tinha um bom gosto do caramba e que sabia exatamente meu estilo é você? Ah, Merlin! Não acredito! - Hermione riu - Como você sabia minhas medidas?

- Medi com as mãos - brincou Draco arrancando sorrisos dela - É, não foi muito difícil, foi só dar uma pesquisada.

- Não vai me contar como? - pediu ela, curiosa.

- Esse vai ser meu segredo - Draco entrelaçou seus dedos com os dela e caminhou para a mesa de doces - Aah, gosta de sapos de chocolate? Huum, são bons - disse, mordendo a cabeça de um.

- Jura que nunca tinha comido?

- Juro, juro e juro - Hermione rolou os olhos, apanhando uma gominha cor-de-rosa e enfiando na boca - Estamos na mesa de doces, Hermione!

- Estamos - confirmou ela.

Draco riu. Estava mais animado do que pensou que fosse ficar. Não achou que iria conseguir ficar com Hermione na festa, sem protestos. Encontraram Blaise e Jully sentados em uma mesa, e resolveram os acompanhar. Se bem que não eram um casal, mas mesmo assim quiseram fazer companhia para eles.

- Uau, conseguiram uma mesa decente? - perguntou Hermione. A visão da mesa dava direto para o palco. Jully sorriu feliz. Blaise tinha realmente se rendido à garota. Passava longe do antigo-Blaise-galinha que era - Draco, senta aí!

- Fiquei sabendo de vocês dois - disse Blaise com um sorriso estampado no rosto - A Jully me falou.

- Jully, o que você falou para ele? - quis saber Hermione fingindo preocupação.

- Que vocês ficam se agarrando pelos corredores aí - respondeu Jully naturalmente, no que Blaise e Hermione riram. Draco a olhou indignado.

- Nossa, as notícias correm, não é? - Draco riu.

- Ah, então você assume que fica se agarrando com ela? - insistiu Blaise, olhando para o amigo curiosamente.

- Ok, assumo!

Hermione abriu a boca.

- Draco, não era para ninguém saber disso, ok? - Draco e os outros riram.

Logo em seguida, a Castanha rumou para a mesa de bebidas com Jully. Na verdade, elas queriam conversar sobre algumas coisas, por isso escolheram as bebidas, que era a mesa mais distante da que estavam sentadas.

- Então, Mi, como vocês estão? - perguntou Jully, agora falando sério.

- Ai, Ju... ele ‘tá tão fofo que nem parece o Draco Malfoy que eu achava que conhecia - respondeu Hermione, mesmo assim mantendo a compostura -, mas eu não acho que vá rolar nada, sabe... nós não demos certo uma vez e não vai ser agora que vai dar.

- Você há de convir que não deu certo porque era uma tremenda mentira - corrigiu Jully - Hermione, eu não sei onde vocês não dão certo! São simplesmente perfeitos, acho que Merlin resolveu criar o casal perfeito com vocês, sabia?

Hermione sorriu tristemente.

- Eu não queria sofrer - protestou com a mesma desculpa de sempre.

- Hermione, você não sabe se vai ou não sofrer! Você tem que aprender a arriscar mais, não ficar parada!

- É, suponha que estivéssemos namorando. Ele é o maior galinha que eu conheço! - retrucou a Castanha, as palavras soando de uma forma que ela não queria dizer.

- Pode até ser, mas o Blaise seguia a linha do Draco, e eu arrisquei! Olha só no que virou: estamos namorando, ele nunca me traiu, estamos felizes! - Jully a olhou com reprovação - Você precisa ser mais segura das suas decisões, Mione, não pode esperar o príncipe encantado, perfeito, que nunca pegou ninguém, ok?

- Eu sei... mas o pior é que eu confio no Draco, Jully, isso é que me mata. Eu sei que se um dia nós namorarmos, ele não vai ousar me trair, só que eu continuo com medo disso! Eu não posso garantir que ele vá ser fiel para o resto da vida, não acha? - Hermione não estava chorando, estava no mínimo confusa. Ela realmente confiava em Draco como nunca confiara nem mesmo em Rony, isso a machucava. Não saberia dizer nada se caso um dia ele a pedisse em namoro - Ninguém é de ferro, Ju!

- É, não mesmo. Mas quem quer, consegue ter controle - falou a amiga, apanhando dois firewhiskies - Vamos logo, Mione.

Hermione pegou o dela e o de Draco e rumou em direção à mesa. Sentou no mesmo lugar, entregando a bebida ao garoto. Um silêncio pairou sobre a mesa, enquanto os quatro bebiam o firewhisky. Draco percebeu que tinha acontecido alguma coisa no caminho. Não que elas estivessem brigadas, apenas pensativas sobre a conversa.

Não tinha sido o que queria dizer. Confiava sim em Draco, confiava. Mas não gostava da idéia de namorar com um galinha. Doía assumir que ele era aquilo... mas era. O Loiro estava sentado ao lado dela... podia ouvir a respiração dele quase que curta demais.

Draco bebia seu firewhisky sem saber exatamente qual seria o próximo passo. A festa estava boa, todos dançando, decididamente não queria ficar ali sentado. Em um impulso que não pôde controlar, disse:

- Hermione, você quer... - Hermione virou-se para ele no mesmo momento que As Esquisitonas iniciavam uma música altíssima, impedindo ela de ouvir a palavra-chave da frase, podendo apenas escutar a última palavra -... comigo?

Hermione gelou. “Ai, Merlinzinho, não... por favor, agora não, eu nem pensei, por favor, não...”. Tomou coragem o suficiente para perguntar de volta:

- O quê você disse?

- Eu quero saber - gritou Draco, tapando os ouvidos - se você - ele apontou para Hermione - quer dançar comigo - fez sinal de dançar, aliviando ou não, um peso nas costas dela - Hein?

- Tudo bem!

Jully e Blaise ficaram na mesa, enquanto Draco e Hermione iam para a pista. Eram muito melhores na dança naquele estilo do que na valsa ridícula do início do baile, que não parecia ser um baile, exceto pelas vestes formais. Hermione achava aquilo um tanto tosco, o que era para ser um baile, tinha virado uma festona. Sim, era quase um Baile de Inverno, talvez não fosse um pelo fato de não ser inverno. Hermione riu por esse pensamento, dançando animada depois de Draco lhe dar um beijo inesperado, e desentupidor de pia, que lhe proporcionou arrepios por todo o corpo.




Aquilo estava saindo melhor que imaginou. Estava num vestido prateado com tiras trançadas nas costas, um decote na frente. Ia até a metade das canelas. Tudo bem que preferiria um vestido curtíssimo, só que era um baile. Minerva tinha permitido que ela fosse ao baile acompanhada do “amigo”, já que achou injustiça eles não irem.

A Granger e o Draco dançando no meio da pista. Gracinha. Lindos. Pareciam até um casal depois de um beijo nojento. “Argh!”.

- Ai! - sentiu alguém passando a mão no decote do vestido, não achou nada ruim - Podia ao menos me avisar quando fizer isso, Jack!

- Oh, princesa, desculpe - Jack a abraçou por trás, distribuindo beijos no seu pescoço - O que está olhando, Pansy?

- O casalzinho do momento - Pansy e Jack estavam no fundo do salão, onde ninguém podia os ver se não chegassem bem perto, mas eles tinham uma ampla visão da festa - Ridículo, não?

- Ah, amorzinho - resmungou Jack - Você me disse que já esqueceu dele!

- Claro que já. Essa história de eu ser apaixonada pelo Draco é mentira, Jack. Eu só quero me vingar dele, porque um dia eu realmente gostei dele - Pansy fez uma careta - E ele não me quis.

- Hum... - Jack voltou a beijá-la no pescoço - E o Thom?

- Aquele lá? - Pansy riu gostosamente - Depois daquela festa ele nunca mais me procurou. Acho que percebeu que comigo é uma noite só.

- E eu? - quis saber Jack sussurrando no ouvido dela.

- Você é uma exceção da humanidade - Pansy disse - Eu fico com você só de fachada, entende? Todos eles acham que se livraram de mim, mas na verdade você é meu parceiro de crime.

- Me sinto lisonjeado - mentiu Jack, querendo parecer que gostava.

- Sabe que até me aproveito da situação, você é muito bom de beijo, pegada e de cama - Pansy beijou-o depois de dizer aquilo, deixando os hormônios de Jack em atividade - Ei, isso é depois - ela disse com reprovação - Depois dessa festinha você vai ter o que merece, Jack.

O garoto a olhou animado, esquecendo todo ressentimento de saber que era apenas o seu parceiro de crime. Tinha o que queria todas as noites, acordava sempre no quarto de hotel de Pansy, tomavam café juntos e iam para o seu quarto. Era isso todos os dias, pela manhã no quarto dele, à noite no quarto dela. Uma rotina monótona, quase sem diálogo.

Pansy olhava Draco dançar com a Granger com um ódio crescente. Era mentira. Não gostava dele. Era simplesmente obcecada por Draco Malfoy. Daria tudo e faria tudo para tê-lo por nem que fosse apenas um dia. Aquela noite ainda prometia muito, não iria deixar passar uma das poucas oportunidades que tinha de beijá-lo uma vez na vida.




Hermione e Draco dançavam animados, junto com os outros alunos. Eles pareciam ser o centro das atenções, como sempre faziam nas festas.

- Draco... você já pensou em aprender a tocar guitarra? - perguntou Hermione, apontando para o instrumento da banda - Ah... esqueci que você não conhece coisas trouxas.

- Eu posso ser sangue-puro, mas sei alguma coisa. Não, eu toco violão - respondeu Draco naturalmente, para a grande surpresa de Hermione.

- Sério? Nossa, nunca imaginei!

- É, é assim a reação das pessoas quando eu falo - Draco respondeu - Mas quase ninguém sabe, só o Blaise.

- Uau, ele vale quantas pessoas então?

Draco riu.

- Eu podia tocar uma música para você - ele ofereceu sorrindo.

- O quê? - Hermione perguntou sem entender.

- Vem cá - Draco a puxou pela mão para fora do salão, surpreendendo a garota. Pansy rolou os olhos ao vê-los, embora não achasse que fosse hora de agir.

- Draco! - exclamou Hermione quando ele a arrastou para o jardim - Onde você tá me levando?

- Eu falei que ia tocar uma música pra você - Hermione sorriu surpresa, não ia deixar nada estragar aquilo.

- Que música? - Draco sorriu, convocando o violão. Hermione sentou ao lado dele, esperando alguma coisa, mas ele apenas ficou a observando - Quê?

- Você é perfeita, sabia? - Hermione sorriu um tanto sem graça.

Draco manteu o olhar fixo no dela. Planejava tocar aquela música não naquele dia... mas estava tudo saindo tão perfeito que talvez ele não fosse mais capaz de esperar. Tinha feito uma música enquanto estavam separados. Não sabia ao certo como era a melodia, treinara no violão. Tudo dara certo. Era hora de colocar em prática.

Seria capaz daquilo? Ou talvez tinha tudo sido uma mentira e ele começaria a rir dizendo que estava tirando onda com a cara dela? Não. Ele tinha que fazer aquilo. Era a maneira mais simples que conseguira para tentar ao menos demonstrar que realmente a amava. Amava mais que tudo. Mais que todos. Mais do que um dia ele imaginou. O violão estava nas suas mãos, Hermione o observava com aquele sorriso doce no rosto, o vento brincando com os cabelos... ela estava esperando. Draco respirou fundo e começou a tocar as primeiras notas.

Hermione mordeu o lábio inferior quando ele começou a tocar. Estava saindo um som tão bom das cordas, ela nunca imaginara aquilo vindo de Draco Malfoy. E, sentindo como se tivesse sido atingida por um balaço, ouviu aquela voz perfeita de Draco.

You need to understand
(Você precisa entender)
I need to tell you
(Eu preciso te contar)
All the times I had the chance
(Todas as vezes que eu tive a chance)
I let them pass by
(Eu deixei elas passarem)


Draco não acreditava que estava conseguindo... aquilo tudo que sempre quisera dizer à ela estava saindo de sua boca numa melodia que ele próprio fizera. Era algo bom, uma sensação maravilhosa de dever cumprido.

I never knew, till it was too late
(Eu nunca percebi, até que era tarde demais)
I didn’t think it would be this way
(Eu nunca pensei que fosse ser desse jeito)
I’m here with all the guilt, and everything to say
(Eu estou aqui com toda a culpa, e tudo para dizer)


Hermione não sabia dizer se estava entendendo o que Draco queria lhe dizer. Mas sabia que aquilo só podia ser obra dele. As palavras nunca soariam tão bem se fossem da boca de outra pessoa que não fosse ele.

I didn’t appritiate you
(Eu não te dei valor)
I took it for granit, just like I always do
(Eu fiz como se fosse mais uma coisa, como sempre faço)
I’m standing all alone
(Eu estou ficando completamente sozinho)
At the end of the line, paying no mind
(No final da linha, sem pensar em nada)
It happened once, it happened again
(Aconteceu uma vez, aconteceu novamente)


Draco sentiu a voz embargar um pouco na última frase. Não podia parar.

Try as I might, I could never explain
(Eu tentei tudo que pude, eu nunca conseguiria explicar)
When I see you, when I hear your name
(Quando eu vejo você, quando eu ouço seu nome)
Memory gained, bringing it all back
(Memórias voltam, trazendo tudo de volta)
So much pain, driving me insane
(Tanta dor, me deixando insano)


Hermione achou que fosse chorar, e só percebeu que estava chorando quando levou a mão ao rosto. Ela fungou, tentando por tudo não soluçar.

I got it wrong
(Eu fiz isso errado)
Thinking you were easy
(Pensando que você era fácil)
Not listening when they told me
(Não ouvi quando eles me avisaram)


Draco ouviu Hermione fungar, isso o fez sentir um aperto no peito, mas não queria, não podia, não ia parar.

I swore I had you, I thought I could never lose
(Eu achava que tinha você, que nunca poderia perdê-la)
Too much damage, so many lies, promises broken
(Muitos enganos, muitas mentiras, promessas quebradas)
Everything can’t be forgotten... the truth is
(Nada pode ser esquecido... a verdade é)


Finalmente ela entendeu. Draco queria simplesmente lhe dizer que não pensou que fosse se apaixonar por ela, que aquilo ia ser apenas uma coisa que iria ser esquecida... algo que para ele seria uma conquista, mais um dos inúmeros títulos que com certeza ganhava por ficar com as garotas, mas não. Tinha ido muito longe.

I used you, I didn’t realize
(Eu usei você, eu não percebi)
Now it’s too late, I’m so sorry
(Agora é muito tarde, eu sinto muito)
So much left I need to say
(Tantas coisas que eu ainda preciso dizer)


Draco preparou-se para a última parte. Tinha tudo corrido muito bem até agora, mas mesmo que quisesse, não conseguiria terminar se continuasse reparando no choro de Hermione.

Try as i might, I could never explain
(Eu tentei tudo que pude, nunca conseguiria explicar)
When I see you, when I hear your name
(Quando eu vejo você, quando eu ouço seu nome)
Memory gained, bringing it all back
(Memórias voltam, trazendo tudo de volta)
So much pain, driving me insane...
(Tanta dor, me deixando insano...)


Draco tocou as últimas notas, no momento que Hermione pulava no seu pescoço chorando copiosamente. Nunca pensara que Draco fosse no fundo um cara com sentimentos, capaz de escrever uma música...

- Por que você fez isso comigo? - ela perguntou com a voz abafada, por estar encostada no peito de Draco.

- Porque eu precisava dizer de alguma forma que eu não planejei amar você - respondeu com simplicidade - Não é motivo pra chorar, Hermione, é só uma música.

- Só uma música? Isso foi... foi a coisa mais... mais linda que eu já ouvi! - Hermione enxugou o rosto, feliz pela sua maquiagem não ter borrado - Onde você achou?

- Eu que fiz - explicou Draco pacientemente, para a surpresa dela. Ele sorriu de canto, e continuou - É, você não imaginou que eu fosse capaz de escrever uma música?

- Não, não é isso, é que... você nunca foi de demonstrar esse seu lado - disse Hermione - Eu sinceramente fiquei surpresa, Draco, mas isso é bem sua cara mesmo.

- Valeu por me chamar de meloso - brincou o Loiro. Hermione sorriu.

- Draco, o que acha de a gente dar uma volt...

- Coisa ridícula. Melosa - ouviram uma voz vinda de trás de uma alta árvore do jardim - E eu que achei que você era tão frio, Draco.

Pansy saiu de trás da árvore, sozinha. Uma desculpinha qualquer à Jack, e pudera seguir os “pombinhos”.

- Parkinson! - gritou Hermione se levantando. Ela observou que a garota usava o vestido prateado. Sentiu uma raiva incontrolável apoderar-se dela - Sua vaca! Como foi que veio para o baile?

- Minerva me permitiu. O Jack também está aqui, você quer vê-lo? - sugeriu Pansy seguido por uma risada debochada - Ai, Draco... o que você está fazendo com essa... essa coisa? - e apontou para o violão.

- Por favor, não me irrita.

- Eu não atendo favores, Draco, isso definitivamente não faz o meu tipo - a buldogue lançou um olhar invejoso ao vestido de Hermione - Onde a sangue-ruim conseguiu o vestido?

- Presente do Draco - Hermione enlaçou a mão no braço de Draco - Isso também foi - e mostrou o conjunto que ele lhe dera.

- Ora, como se atreve?! Eu, que sempre estive do seu lado, Draco! Eu nunca ganhei algo assim - disse Pansy cobiçosa, não importando-se com o quão a frase soara infantil. Draco rolou os olhos, olhando-a com desprezo.

- Escuta aqui, Parkinson, eu não estou a fim de brigar com ninguém hoje, ok? - decidiu Draco, puxando Hermione para o mais longe da outra, que não deixou barato.

- NÃO senhor! Onde pensa que vai? - perguntou debochada - Olha, você só sai daqui, sozinho se me der um beijo.

- Ah, então agora temos pagamento, é? - zombou Hermione - Garota, se enxerga! Você não passa de uma vadia que sai por aí dando pro primeiro que aparece e nem se importa depois se o cara tá ou não vivo! Garotas como você vivem muito, muito mesmo. Mas vivem para sofrer as conseqüências dos atos que praticaram.

Pansy pareceu desconcertada. Parecia ter levado uma bofetada na cara, enquanto Hermione dizia as palavras.

- Ah, sua maldita! Quem você pensa que é para me dar liçãozinha de moral desse seu mundo medíocre? - a garota tentou voltar ao seu estado anterior, imponente e firme - Escuta, você não presta. Estava com o Draco e beijou o Jack! BELA SANTINHA VOCÊ ME SAIU, GRANGER!

- E VOCÊ NÃO CONSEGUE MAIS TIRAR ESSA SUA IMAGEM DE VACA DA ESCOLA, PARKINSON! VOCÊ NÃO SABE O QUANTO ESTÁ FERRADA NESSA VIDA! - berrou Hermione, no entanto, sem se descabelar ou perder a pose.

- NÃO ME VENHA COM ESSA!

- Parkinson, você perdeu! Aliás... você nunca teve nada que te fizesse bem, você não sabe o que é se sentir bem com alguém, sentir felicidade - Hermione cuspia as palavras, olhando com um ódio crescente para Pansy -, amar alguém. Você simplesmente beija quem bem entende e acha que aproveitou alguma coisa, mas não! Aproveitar é uma palavra tão vazia para você, Parkinson! Eu sinceramente odeio você, só que ao mesmo tempo sinto dó. Essa sua vidinha ridícula não sai do mesmo lugar, e se depender de você, não vai ser nunca daí.

- Você não sabe o que é amar, Granger - disse Pansy desarmada - Amor é o que eu sinto pelo Draco, você apenas tem d...

- CALE A BOCA! - gritou Hermione - VOCÊ NÃO SABE DO QUE ESTÁ FALANDO!

Draco se meteu entre as duas, antes que Pansy voasse no pescoço de Hermione, que parecia prestes a fazer o mesmo.

- Chega! Já passou dos limites, Parkinson - ralhou Draco olhando severamente para a sonserina - Anda, some da minha frente!

Pansy começou a chorar escandalosamente, correndo para o salão. Hermione estava estupefata. Como aquela vaca ousara dizer que ela não amava Draco?! Quem ela imaginava ser para falar que não sabia amar? Não chorou. Não, a raiva não deixou. Tinha o rosto pacífico, embora estivesse fervendo por dentro. Arrumou o penteado um pouco e entrou no salão, deixando Draco sozinho do lado de fora.




Hermione tentou por tudo não aparentar a raiva que sentia quando adentrou o salão principal. Jully e Blaise continuavam na mesa, agora cheia por doces, comidas e várias taças de bebidas. A Castanha sentou-se na cadeira que estivera anteriormente, apanhando a primeira taça de firewhisky cheia que encontrou. Virou-a de um só gole, sentindo a garganta queimar, e o estômago pedir mais. Apanhou a terceira taça e virou-a. A cabeça doeu à beça. Antes que ficasse bêbada, enfiou uma balinha na boca para amenizar o teor de álcool no seu sangue. Jully a olhou espantada, sem pronunciar uma única palavra. Hermione procurou Pansy com o olhar, mas não a encontrou. Viu apenas Jack de relance, sentado numa mesa, parecendo realmente bêbado. Em seguida, viu Draco entrando pelas portas abertas do salão. Seus olhares se cruzaram por alguns segundos, quem desviou foi Hermione, que se dirigiu para a mesa de bebidas.


Draco encontrou Hermione sentada na mesa onde estavam, olhando-o firmemente. Manteram o olhar por alguns segundos, até ela quebrar e ir até a mesa de bebidas. A princípio, Draco não achou boa idéia isso, mas percebeu que ela fora apenas apanhar um pouco de suco de abóbora. Sem querer, Draco olhou para seu lado esquerdo e viu Jack Patterson bêbado jogado numa cadeira. Sua vontade era de socá-lo até não poder mais, mas não poderia fazê-lo, ou seria ele o expulso da escola. Acompanhou Hermione voltar à mesa, onde enfiou mais balinhas na boca, bebendo grandes goles do seu suco. Estava parado. Não queria prosseguir. O que acontecera anteriormente o deixara estupefato. Olhou mais uma vez para Jack acabado naquela cadeira, rolou os olhos e rumou para a mesa onde estavam Blaise, Jully e... Hermione.

- Que horas são? - pediu Blaise ao ver o amigo se aproximar. Bebeu um gole de firewhisky, olhando atentamente de Draco para Hermione. Não obtendo resposta à sua pergunta, torceu o nariz e voltou a conversar com a namorada. O silêncio entre os outros continuou, ao que Blaise tornou a perguntar - Aconteceu alguma coisa?

- Não - respondeu Hermione secamente. Fechou os olhos com força, voltando a beber seu suco. Draco não fizera nada, mas ainda estava irritada por Pansy ter estragado o momento deles - Jully, você vai querer dançar agora?

A amiga olhou para Blaise, que piscou e sorriu como uma confirmação. Assentiu com a cabeça, seguindo para a pista de dança com Hermione. Draco não fez objeção, embora sentisse o ciúme crescer no peito ao notar os olhares voltados para a Castanha. Não que fosse alguma coisa dela, era apenas normal que sentisse ciúmes. Blaise notou isso na expressão furiosa do amigo, e resolveu conversar.

- Ei, Draco - o Loiro olhou para Blaise, tentando pelo mundo esconder o ciúmes que cada vez mais enchia seu peito, dando a horrível sensação que iria explodir - O que aconteceu lá fora?

- Aquela Parkinson apareceu - contou Draco, falando todos os detalhes possíveis de tudo aquilo que acontecera.

Pensou que talvez fosse explodir de tanto ciúmes ao ver um garoto da Cornival, mais precisamente Miguel Corner, se aproximando lentamente da sua Hermione. Aquele cara não conhecia a palavra perigo? Blaise falava coisas desconexas como “vai dar tudo certo entre vocês”, mas Draco não prestava mais atenção. A única coisa que via era a garota dançar ao lado de Jully, ou percebendo ou fingindo que não percebeu a aproximação do outro. Na verdade, não percebera. Estava tão absorta cantando e dançando na pista, que nada mais importava.

A cabeça dela parecia ter sido esvaziada dos pensamentos e problemas, e agora só importava dançar, dançar e... dançar. Draco fugira de sua mente, não queria reaparecer. A Parkinson sumira também, assim como Jack. As Esquisitonas tocavam uma música bastante animada, incentivadora. Hermione era impulsionada pelo ritmo do som, aproveitando ao máximo da festa. Ainda eram nove e meia, não tinha nem começado. Os professores conversavam animados, não sobre aulas, mas sobre os alunos. Nenhum deles tinha saído da mesa, exceto para pegar comida e bebida. Eles riam juntos, como se Hogwarts fosse o mundo deles - e não deixava de ser.

A pista estava lotada; garotos, garotas, todos dançando animados. Uma coisa quase impossível de se saber, era quem era quem ali naquele miolo. Algumas pessoas optaram por dançar perto de suas mesas, mais afastadas da pista, e a concentração estava nas meninas que dançavam mais no centro da pista - e isso incluía Jully, Hermione, Gina, que acabara de chegar com os lábios inchados e o vestido um pouco amassado, Luna, outra que surpreendia todos com seus movimentos com os braços e quadris, deixando garotos babando, e várias outras garotas de todas as casas, a partir de quinze anos. Não que elas quisessem excluir as quartanistas, terceiranistas e o resto, mas realmente eram mais maduras, sabendo dançar provocantes, ao mesmo tempo que animadamente.

Estava tudo tão barulhento e lotado, que Hermione não percebeu que Miguel estava logo ao seu lado. Draco olhava assassinamente para aquele ponto, e, quando estava prestes a se levantar, Miguel passou reto por Hermione e seguiu para uma garota atrás dela. Draco respirou aliviado. Pelo o menos a Chang não era nada dele. Notou a animação contínua de Hermione, sentindo uma vontade repentina de ir lá e dançar com ela, mas não tomou essa atitude. Continuou ouvindo as palavras sem sentido de Blaise, bebendo seu firewhisky, sem tirar os olhos de Hermione Granger.




Pansy estava sentada no chão frio de um dos corredores do quarto andar. Correra como nunca correra antes para chegar a tempo lá antes que Draco ou a Granger a vissem. As palavras da sangue-ruim, de certa forma, a atingiram um pouco. “Você não sabe o que é felicidade...”. Talvez não soubesse mesmo.

Tirou os sapatos prateados do pé e os jogou num canto. Doíam à beça nas pontas, já que os sapatos eram fechados. A maquiagem carregada estava borrada em vários pontos dos olhos escuros, e um risco preto descia de cada um, denunciando o excesso de rímel. A boca estava entreaberta como um grito silencioso.

- Como... eu sou burra! - lamentou, batendo a cabeça na parede - Se eu continuar faz-zendo isso, ele nunc-ca vai me que... querer...

Are you aware of what you make me feel, baby?
(Você tem idéia do que me faz sentir, amor?)
Right now I feel invisible to you
(Agora mesmo eu me sinto invisível para você)
Like I'm not real
(Como se eu não fosse real)
Didn't you feel me lock my arms around you?
(Você não sentiu os meus braços ao seu redor?)
Why'd you turn away?
(Por que você foi embora?)
Here's what I have to say
(É o que eu tenho a dizer)
I was left to cry there
(Fui deixada lá pra chorar)
Waiting outside there
(Esperando lá fora)
Grinning with the lost stare
(Sorrindo com um olhar perdido)
That's when I decided
(Foi quando eu decidi)


Ela sabia que Draco nunca gostara dela, mas sempre estivera ao lado dele, apoiando as decisões... exceto, é claro, as namoradas e ficantes dele. Nunca gostou de nenhuma delas, sempre quis ser ela.

Why should I care?
(Por que eu devo me importar?)
'Cause you weren't there
(Porque você não estava lá)
When I was scared
(Quando eu estava com medo)
I was so alone
(Eu estava tão sozinha)
You, you need to listen
(Você, você precisa ouvir)
I'm starting to trip
(Eu estou começando a gritar)
I'm losing my grip
(Eu estou perdendo meu controle)
And I'm in this thing alone
(E eu estou nisso sozinha)


E, aliás, qual o motivo dela se importar com ele? Não tinha nenhum, ele a deixara sozinha quando mais precisou... mesmo que ela soubesse, bem no fundo, que Draco nunca iria consolá-la, pois simplesmente deixara bem claro o quanto a repugnava. Estava perdendo o controle, a qualquer momento poderia fazer mais uma besteira na sua vida, a maior de todas...

Am I just some chick you place beside you to take somebody's place?
(Eu sou apenas uma garota que você colocou ao seu lado para tomar o lugar de alguém?)
When you turn around can you recognize my face?
(Quando você se vira para reconhecer meu rosto?)
You used to love me
(Você costumava ser apaixonado por mim)
You used to hug me
(Você costumava me abraçar)
But that wasn't the case
(Mas esse não era o caso)


Será que ela seria apenas mais uma garota que Draco Malfoy usara? Fingira ser apaixonado, abraçara falsamente, só para mostrar o quão garanhão era? Ou na verdade, ele nunca fizera isso, fora tudo imaginação da cabeça dela?

Everything wasn't ok
(Tudo não estava bem)
I was left to cry there
(Eu fui deixada lá para chorar)
Waiting outside there
(Esperando lá fora)
Grinning with the lost stare
(Sorrindo com o olhar perdido)
That's when I decided
(Foi quando eu decidi)


Nada estava bem naquele sábado... estava tudo dando errado, a Granger estragara tudo... aliás, o próprio Draco, o plano era seduzi-lo e lhe dar poção do amor, mas o plano falhara. Ele não iria tocar em uma bebida que ela lhe desse, conhecia muito bem do que Pansy era capaz.

Why should I care?
(Por que eu devo me importar?)
'Cause you weren't there
(Porque você não estava lá)
When I was scared
(Quando eu estava com medo)
I was so alone
(Eu estava tão sozinha)
You, you need to listen
(Você, você precisa ouvir)
I'm starting to trip
(Eu estou começando a gritar)
I'm losing my grip
(Eu estou perdendo meu controle)
And I'm in this thing alone
(E eu estou nisso sozinha)


Do que ela estava com medo agora? Dele? De dar tudo errado? Não, ela tinha medo de tudo, medo da vida... a Granger a fizera pensar, pela primeira vez. Sim, ela realmente não sabia o que era felicidade, a sua vida era em preto e branco, sem amor, alegria. Iria, é claro, preferir se atirar da torre de Astronomia antes de assumir que a sangue-ruim tinha razão, mas essa era a verdade. Pansy estava com medo da vida, de pagar pelos erros.

Crying out loud
(Chorando alto)
I'm crying out loud
(Eu estou chorando alto)
Crying out loud
(Chorando alto)
I'm crying out loud
(Eu estou chorando alto)
Open your eyes
(Abra seus olhos)
Open up wide
(Abra para seu horizonte)


Pansy não controlava as lágrimas, o medo a consumia. A raiva, o ódio, tudo. Chorava mais que já imaginou ser capaz de chorar. Abriu os olhos. Deu de cara com a parede de pedra. Ótimo aviso - mais escuridão.

Why should I care?
(Por que eu devo me importar?)
'Cause you weren't there
(Porque você não estava lá)
When I was scared
(Quando eu estava com medo)
I was so alone
(Eu estava tão sozinha)


Não, ela iria mudar. Cansara daquela vida que levava, intrigas, armadilhas. Seria uma tarefa difícil, quase impossível, embora fosse tentar do mesmo jeito. Nunca levara nada a sério, nunca se importara com nada e ninguém, mas começaria com isso. Mudar sua imagem, desfazer os erros que cometera...

Why should I care?
(Por que eu deveria me importar?)
If you don't care
(Se você não se importa)
Then I don't care
(Então eu não me importo)
We're not going anywhere
(Nós não vamos a lugar nenhum)


Mas antes não podia deixar de fazer seu último desejo. Não, isso ela já tinha dito que faria, e faria. Calçou os sapatos, limpou o rosto, ou pelo o menos tentou, desamassou o vestido e rumou para o Salão Principal.




Dez e meia. Hermione saiu da pista de dança exausta junto com Jully. Apanharam duas taças de firewhisky, que não duraram até chegarem na mesa.

Draco deu espaço para Hermione sentar ao lado dele, na intenção de ficar mais próximo da Castanha. Jully parecia mais bêbada que qualquer um no salão, falava coisas com a voz embargada, gestos com as mãos. Blaise rolou os olhos, enfiando doces na boca da namorada.

- E você? - perguntou Draco a Hermione, por incrível que pareça, sóbria.

- Eu estou bem - Hermione sorriu, em seguida, segurando a mão de Draco por baixo da toalha da mesa - Hoje não bebi demais.

- É, eu vi... - Draco fez uma coisa engraçada com os dedos na palma da mão dela, que riu - Que foi?

Hermione achou mais engraçado ainda a cara de inocente que Draco fez, sorrindo docemente.

- Eu amei a música Draco, obrigada - o Loiro deu uma leve corada nas bochechas. Como o salão estava escuro, exceto pelas luzes coloridas que piscavam, Hermione não percebeu - Você é tudo, sabia?

- Claro que sabia - gabou-se Draco, arracando sorrisos da garota - Brincadeira, eu só sabia que você é tudo, não eu.

- Cooomeçou a sessãão glomântica do caasaaal, néééé? Que flooofo! - disse Jully liberando o cheiro de álcool - Vocêês podiaam namolar!

- Jully, fica quieta! - mandou Blaise rindo - Ela está um pouco bêbada.

- Um pouco? - falaram Draco e Hermione em uníssono, rindo logo depois - Ok.

- Draco, eu quero dançar! - Hermione deu outro sorrisinho.

- Ah, não! De novo? Você acabou de sair de lá, tinha um monte de cara te olhando e... - Draco avermelhou na mesma hora. Não pretendera dizer o que tinha pensado.

- Huahuahuahua, tá com ciúmes, é?

Draco virou a cara.

- É, algum problema? - disse secamente, sem encarar a Castanha.

- Aiiiii que fofo! - Hermione gritou, rindo - Draco você é fofo!

- Tá, tá, chega! - Draco voltou a mirar Hermione - Você não vai dançar?

- Não, o Loirinho ‘tá com ciúmes, melhor não contrariar.

Ele bufou. Por que exatamente afirmara que estava com ciúmes dela? Era burro desse tanto ou tinha feito a coisa certa? Hermione levantou para pegar comida, junto com Draco, que não achou boa idéia ela ir sozinha. Nem perceberam que uma Sonserina os observava de longe, pronta para atacar.




Pansy contou seu plano para Jack.

- Uau, é genial! - exclamou o Moreno, beijando a garota com vontade, que correspondeu - Opa, depois não esquece do meu pagamento!

- Promessa é dívida, Jackzinho - disse Pansy com a voz aguda, indo até a mesa de comidas. Draco e a Granger escolhiam alguma coisa quando ela chegou.

Ficou ao lado do Loiro, tentando passar ciúmes em Hermione, o que funcionou um pouco, mas com Draco.

- O que você está fazendo aqui? - perguntou grosseiro. Pansy sorriu internamente.

- Vim pegar comida, ou acha que o mundo gira em torno do seu umbigo?

- Draco, vamos - chamou Hermione, puxando-o pela manga da camisa que ele usava, mas alguém do outro lado puxou com mais força.

- Calma, querido. Esqueceu da sua promessa? - Pansy fez cara de inocente, despertando raiva em Hermione.

- Larga ele, vaca!

Pansy deu um sorriso maldoso antes de falar algo ininteligível e lascar um beijo no Loiro. Hermione olhou a cena estupefata, principalmente porque Draco não fez menção de separar-se dela.

Draco foi pego de surpresa, não sabendo o que fazer. Não correspondeu, e juntou as forças que tinha para tentar desgrudar Pansy dele, mas a garota não deixava. Draco sentia repulsa ao beijar Pansy, imaginando o que Hermione estaria pensando. Soltou o braço que estava na mão da Castanha e empurrou a Sonserina. Pansy ainda tentou continuar, o que foi humanamente impossível.

- Viu, Granger? Ele gosta de mim, não de você! - Pansy saiu da mesa, não antes que Draco a puxasse de volta.

- Escuta aqui, sua idiota, você não tem o direito de fazer isso, ok? Quem você pensa que é? Eu sei, sei que é uma vaca de quinta categoria que beija qualquer um, mas eu não sou qualquer um, você não me merece! - cuspiu as palavras - Eu tenho nojo de você, nunca dei a entender que sentia um pingo de nada por você além disso! Quem colocou coisas na cabeça de metade de Hogwarts foi você, não eu! Então larga de ser idiota e nunca mais olha na minha cara, ok?

- Nossa, Draquinho, você correspondeu tão bem...

- NÃO, não correspondi merda nenhuma! - Draco estava cada vez mais irritado - Vê se some da vida de muita gente, e morra de uma vez!

As palavras perfuraram Pansy com uma força inestimável. Nunca foi capaz de pensar que Draco lhe diria tantas coisas que a machucaria daquela forma. Era o tipo de coisa que você sente, mas não é tocada.

Enxugou uma lágrima solitária e colocou a mão nos lábios. Fora seu sonho. Não daquela forma, mas ao menos conseguira... suspirou. Tinha uma noite para aproveitar com Jack. Aquele beijo não significara quase nada. Só uma coisa: o sonho da sua vida realizado.




Hermione seguiu para fora do salão sem Draco. Não acreditava no que tinha acabado de ver. Draco Malfoy beijando Pansy Parkinson. Depois que ele soltou o braço de sua mão, apostava tudo que ele tinha passado a mão naquela idiota.

Sentiu a corrente de vento frio perpassar seu corpo, as lágrimas quentes escorrendo dos seus olhos. O violão estava encostado em uma árvore, abandonado. Como tivera coragem de cantar a música e depois beijar a Parkinson?

Hermione mordeu o lábio inferior reprimindo um possível soluço. Enxugou o rosto com as mãos e sentou. Não esperava que Draco tivesse a cara de pau de segui-la.

- Hermione... - chamou, a voz fraca - Eu...

- Sai daqui, Draco - pediu Hermione - Vai cuidar da Parkinson.

- Por Merlin, você acha que eu queria mesmo beijá-la? - perguntou - Eu não gosto dela, Hermione, eu já te falei isso!

- Pois não parece! - exclamou a Castanha indignada - Custava afastá-la se não gostou?

- Eu tentei, você estava me segurando, oras! - Draco deixou escapar um sorriso, o que Hermione achou que fosse uma ironia, e virou o rosto - É sério, ela me beijou à força, ok?

- E por que eu deveria acreditar em você? - no fundo, Hermione sabia que Draco estava falando a verdade. Queria apenas que ele mostrasse até que ponto seria capaz de insistir.

- Porque eu nunca dei motivos pra você duvidar de mim, dei?

- Não, mas há alguns meses a gente se odiava, lembra?

- Lembro. Mas e nesse tempo que a gente não se odeia mais? - perguntou Draco infantilmente.

- Deu, sim. Você dormiu com a Taylor - lembrou Hermione, sabendo muito bem que eles não estavam juntos.

- Ora, isso já está mais do claro, não está? Faz um tempão que a gente esclareceu isso, Hermione, não me venha com essa história agora - Draco esticou as pernas e deitou a cabeça sobre uma das mãos.

- Mesmo assim. Eu não acredito que você não gostou de beijar a Parkinson - insistiu Hermione sentindo uma repentina vontade de rir da cara de Draco.

- Isso porque disse que me ama.

Ela achou estranho que uma faca realmente não estivesse a rasgando por dentro quando Draco disse aquelas palavras. Ela só o amava porque confiava, admirava e adorava a companhia dele. Hermione deitou de lado, a cabeça apoiada na mão direita.

- Draco... - chamou, olhando-o. O Loiro voltou a olhar para ela. Estava com os cabelos caídos para o lado, o rosto com uma expressão estranha. Tinha a outra mão em cima do quadril, a perna debaixo dobrada - Eu acredito em você.

Draco sorriu maliciosamente. Hermione estranhou, e mudou de posição, a barriga para baixo, remexendo a grama com um galinho, os cotovelos apoiados no chão.

- Eu sei que acredita, estava só fazendo ceninha - Draco disse, para irritação de Hermione.

- Seu obtuso, como sabia?

- Lembra do tal olhar?

- Ah, lembro, sim. Nunca terminava bem - Hermione o olhou de lado, ainda brincando com o galinho - Não naquela época.

- E agora? - perguntou ele maroto.

- Bom... posso pensar no seu caso.

- Sério? - Draco surpreendeu-se, esperava qualquer resposta dela, menos essa.

- Sério - confirmou ela sorrindo - Mas antes eu quero que você me pegue!

E saiu correndo pelo jardim. Draco levantou do chão rapidamente e correu atrás dela. Hermione gargalhava como uma criança brincando, e o Loiro fazia o mesmo. Estava quase alcançando a garota, quando percebeu onde estavam. O Lago Negro estava a dois metros deles, Hermione ainda correndo... Draco correu e se jogou na água, sem se importar com as vestes.

- Seu idiota! - exclamou Hermione, olhando o Loiro se jogar - E agora?

- Eu sei que você não vai entrar. Hoje não me beija, Hermione - brincou Draco, não imaginando o que viria a seguir.

- Não mesmo - murmurou a Castanha, correndo em direção ao lago.

- Ops...

Pulou na água fria, sentindo um peso no peito quando mergulhou. Apesar de gelada, estava gostosa. Draco estava encostado na beirada do lago, esperando Hermione chegar perto dele. A Castanha nadou pouco até ficar a trinta centímetros de Draco, que, não agüentando ver Hermione o olhando daquele jeito sexy dela, puxou-a para perto.

- Ah, eu achei que ia nadar mais um pouco - resmungou Hermione, passando os braços em volta do pescoço de Draco - Mas parece que o meu príncipe não quer.

- Não, não quero - Draco segurou a cintura dela com força receando de que ela escapasse - Sabia que eu posso te matar afogada?

- Como? - Hermione perguntou marota.

- Te afundando, oras!

Draco parou de falar. Hermione estava incrivelmente linda com os cabelos molhados para trás, o conjunto que lhe dera brilhando à luz da lua. O vestido colado no corpo, a respiração curta. Ela o tinha trazido de volta à vida quando apareceu...

- Eu te amo - disse, antes de beijá-la com paixão.

Hermione bagunçava os cabelos encharcados de Draco, enquanto este explorava as costas dela com as mãos. A garota não sabia mais como iria ficar sem ele. “Ai, Merlin, ele é minha vida... será? Eu não quero mais perdê-lo...”. Draco desceu um pouco a mão que estava nas costas dela; Hermione arranhou de leve a nuca ao toque do Loiro. Draco conseguia sentir os dedos delicados de Hermione acariciarem a sua nuca, bagunçar os cabelos finos... e, logo que ela lembrou do pequeno detalhe, desceu a mão para o braço de Draco, fazendo-o arrepiar ao sentir as unhas arranhando o braço bem definido.

Draco levou a mão até a coxa esquerda de Hermione e a puxou para cima, na intenção de deixar a perna dela na altura da sua cintura. Era simplesmente perfeito estar ali com ela, sem ninguém para interrompê-los... apenas eles, sem problemas, nada poderia estragar aquilo. Draco percebeu que Hermione apertava cada vez mais seu braço, conforme ele fazia isso, na coxa dela. As inúmeras sensações que Hermione era capaz de provocar nele o fazia delirar, nenhuma outra garota sabia deixá-lo louco como ela o fazia. Ele podia fazer qualquer coisa naquele momento. E, por ela, poderia arriscar sua própria vida. Nunca imaginou isso um dia. Só porque a amava. Antes de conhecê-la não sabia o que era amar alguém, sentir felicidade, desejo, paixão, tudo ao mesmo tempo, sem limites.

Tudo que faziam juntos podia superar tudo, o amor que sentiam um pelo outro era capaz de quebrar as maiores e mais fortes barreiras da vida. Nascera com o ódio, não com paixão, nem amizade. Sempre se fuzilavam com os olhares, sem nem imaginarem que um dia esses olhares se tornariam apaixonados e essenciais. Hermione sorriu no meio do beijo ao lembrar das discussões que tinham sempre, falando besteiras, xingando-se. Era tudo tão infantil, e os levara à um sentimento tão maduro...

Draco sentiu que iria sufocar se não parasse de beijá-la, mas isso parecia impossível. Trocou as posições, encostando Hermione na beirada para tentar eliminar o resto de espaço que a água ocupava entre eles. Na verdade, tinham esquecido que estavam dentro do Lago Negro, em Hogwarts, encharcados, fora do baile, se beijando. Quem passasse ali por perto não acreditaria no que via, ou então pensaria coisas que não seriam nada boas da situação deles. Mas quem se importava? Qual era o problema daquilo? Estavam apenas colados com a água! Hermione tentava raciocinar, separar seus lábios de Draco, mas... o que a impedia? Juntando toda sua força de vontade (se é que existia possibilidade de alguém querer parar de beijar Draco Malfoy), o que restava da sua saninade mental e, sentindo uma pontada de desapontamento, separou-se dele.

- Acho... que você... queria me... matar - ofegou Hermione, passando novamente as mãos em torno do pescoço de Draco.

- E como eu... iria ficar sem você? - perguntou Draco engolindo em seco - Hermione...

- Que foi?

- Eu já falei que te amo hoje?

- Há... dez minutos - lembrou ela, porque o beijo parecia realmente ter durado aquilo.

- Sério? Merlin... eu esqueci.

Hermione sorriu.

- Eu não te falei hoje, né?

- Não, por quê? Vai falar? - Draco sorriu nervoso.

- Hum... acha que eu deveria? - brincou Hermione rindo - Eu te amo, então.

Draco novamente inverteu as posições, mas deixou Hermione de costas para ele.

- O que você está fazendo? - ela perguntou, tendo como resposta os cabelos afastados do pescoço.

Draco começou a beijá-lo de leve, as mãos na barriga da garota, que a cada toque se arrepiava mais. Apertou mais as mãos do Loiro contra sua barriga, e curvou o pescoço para trás, como se pedisse que não parasse. Draco avançou com os beijos, dessa vez arrancando notáveis suspiros da garota em seus braços.

- Não faz isso comigo... - murmurou - Por favor...

Enquanto a beijava no pescoço, murmurava coisas desconexas como “eu te amo”, ou “você é linda”, talvez “perfeita”, o que cada vez mais fazia Hermione perder o controle de suas ações. Sabia que só Draco era capaz de fazer aquilo, e o único que conhecia muito bem as regiões mais sensíveis do seu corpo. Simplesmente mudara radicalmente sua vida, aquele garoto. Os lábios finos e gelados faziam um longo caminho por todo o pescoço dela. Talvez fosse o momento mais perfeito da sua vida - estar com Draco Malfoy em um lugar que não podia haver interrupções, sozinhos...

- Hermione... - ele chamou ao pé do ouvido dela - Ei... olha pra mim.

Hermione virou o rosto para encarar o garoto, encostando ocasionalmente a testa na dele.

- Hum?

- Você acha que a gente podia dar certo? - perguntou um pouco acanhado.

- Eu não sei... - respondeu a Castanha sincera - Acho que...

- Que...? - incentivou Draco.

- Que não pensei muito sobre isso.

- É, nem eu - concordou Draco no entanto sem sorrir.

- Eu aprendi uma coisa com o Jack, sabe... ficar nunca dá certo, sempre acaba em um querendo algo mais sério e o outro não. São raras as vezes que isso não acontece - Hermione disse pensativa, o que não deixava de ser verdade.

- É... eu sei disso, não arriso mais meu pescoço com ninguém.

- Então a gente não pode dar certo, Draco - concluiu Hermione - Não podemos ficar, eu ou até você vai depois querer algo mais sério e não acho que vá funcion...

- E se a gente namorasse? - cortou-a Draco chegando onde finalmente queria. Hermione engoliu em seco, virando-se completamente para ele.

- O que você quer dizer com isso? - perguntou desconfiada.

- Que se não pudermos ficar, e quisermos que algo dê certo entre a gente, a solução é namorar - explicou Draco pacientemente.

- Ah... ah, eu não sei mesmo, Draco. Se você um dia me pedisse em namoro eu iria pedir um tempo para pensar, depois eu iria te responder, entende? - enrolou Hermione sem saber usar uma resposta melhor.

- Então, quanto tempo acha necessário pra você pensar?

- Draco, você não está...

- Sim, estou - afirmou o Loiro sorrindo - E? Quanto tempo? Um, dois dias?

Hermione franziu o cenho. Seria possível que Draco Malfoy estaria a pedindo em namoro de verdade? Pensou um pouco... alucinação? Ilusão? Ou a realidade?

- Eu... eu não sei - respondeu confusa - ‘Tô mais perdida que cego em tiroteio.

- Certo, isso quer dizer não? - insistiu o Loiro.

- Não, claro que não... digo, é... não, mas... - engoliu em seco pela segunda vez - É tudo tão estranho, há dois dias eu ‘tava odiando você e agora... namoro? Fez um nó na minha cabeça, Draco!

- Sei... bom, eu acho que um dia você já pensou e...

- Não, Draco - foi Hermione quem cortou-o agora - Eu não preciso de tempo nenhum. Nem um dia, nem dois, nem três, nada.

- Por que não?

- Olha, se você estiver mesmo me pedindo em namoro...

- Claro que estou! - indignou-se Draco - Ou vai querer que eu seja mais direto, como você mesma diz?

- Não, não. Não é isso que eu quis dizer, mas é...

- Quer namorar comigo? - perguntou de uma vez, esperando a resposta mais ansioso do que nunca imaginou que estaria.

A Castanha já sabia o que queria. Draco talvez imaginasse outra resposta, ou nem imaginasse resposta alguma, talvez não achasse que ela fosse responder. Mas ela iria. Não podia deixá-lo inquieto por um dia, não. Ela não faria isso, não podia fazer. Lembrou de tudo que acontecera naquele ano... o namoro que não dera certo com Rony, a brincadeira de mostrar para o ex que podia ficar com qualquer garoto, descencadeando um romance de mentira com Draco, a festa que ficara com Jack, o plano dela e de Draco para expulsarem Pansy, a briga que deixou Draco três semanas em coma, a volta dele quando a salvou de Jack, quando negou o pedido de Draco de continuarem juntos, do dia em que ele dormira com a Claire, deixando-a extremamente irritada, dos dias que novamente brigaram, voltaram a ser mais pacíficos, e agora isso. Namoro. N+amor+o. Pois é. Aquela era uma palavra que a fazia estremecer, e fazia Draco esperar a resposta dela. Nem imaginava qual seria. Sim? Não? Claro? Nunca? Óbvio que sim? Óbvio que não? Não sei? Preferia sempre as primeiras opções, mas não poderia escolher por ela. E mais uma vez, a resposta que ele imaginou não estava na listinha que fizera mentalmente.

- Claro que eu quero, Draco! - gritou Hermione, pulando no pescoço dele em seguida, beijando-o brevemente - Você não esperava por isso, certo?

- Não - respondeu o Loiro sorrindo - Eu achei que você iria dizer um não redondo...

- Ah, Draco, você sabe que eu não sou descerebrada.

- Por isso mesmo! - brincou ele - É a namorada que eu sempre quis.

- Falando nisso, senhor Malfoy... eu queria que você me prometesse uma coisa.

- O que quiser, minha linda.

- Que você nunca vai me trair... enquanto estivermos juntos.

- Não sou nem louco! - beijou ela no rosto - Eu já estou mais do que satisfeito com a minha namorada, ok? E se depender de mim vamos ficar juntos até o fim da minha vida.

- E você vai viver quantos anos? - perguntou fingindo desgosto.

- Pretendo uns cem, duzentos, o que acha?

- Só? - Hermione brincou - Eu ainda acho melhor a eternidade, Draco!

- Então que assim seja, querida - e a beijou mais uma vez.




Hermione abriu os olhos. Hum... onde estava? Não costumava dormir em um quarto inteiro preto, prata e verde... com várias cobras nos lençóis, no cobertor e nem... com um loiro ao seu lado! E pior: servindo à ela como um travesseiro, pois a cabeça estava no peito nu dele, os braços em volta do corpo e uma perna por cima das duas daquele ser.

Olhou em um relógio. Sete horas. Domingo. Tédio. O que tinha feito? Ah... pelo o menos estava de roupa... uma micro-saia que arranjara em algum lugar, pois só se lembrava do vestido lilás... no momento jogado no chão! Em um montinho com a camisa preta de um smoking! Oh, Merlin!

Levantou o cobertor. Isso era bom. Draco estava com as calças e o par de meias. Suspirou aliviada. Usava apenas a saia e as roupas íntimas. Nada de blusa. Sentou na cama. Espreguiçou-se gostosamente, como não fazia há dias. O pescoço doía. Uma dor de garganta infernal a incomodava... água, gelo, namoro... NAMORO? Deus! Ela estava namorando! Há! Taí, um dia de namoro, isso merecia comemoração! Além do mais, com Draco Lucius Malfoy! Perfeito? Não, não! Mais que perfeito! Tudo! Riu. Era uma completa idiota. Uma completa idiotamente apaixonada.

- Draco... - chamou, subindo e descendo o dedo indicador no peitoral definido de Draco - Ei, acorde!

- Hum... que foi, amorzinho? - resmungou, revirando-se nos cobertores - Que horas são?

- Sete horas de um domingo tedioso - bufou - Me diz uma coisa, o que eu estou fazendo aqui?

- Ah, é... você resolveu dormir aqui ontem à noite, depois da festa - respondeu naturalmente - Foi só colocar a saia e voltou com o vestido na mão e sem blusa.

- Oh... que pervertida! - exclamou a Castanha surpresa por seus próprios atos - É sério?

- Seríssimo. Até estranhei, só que foi tão bom ter voooooooooooocê a-aaaaaaaaqui - bocejou Draco sacudindo a cabeça - Quem tirou minha camisa foi você, sabia?

- Merlin!

- Calma, amor, foi tudo muito comportado - garantiu Draco sentando na cama - Coisas de namorados, sabia?

- Não, não sabia...

Draco deu um leve beijo na namorada e rumou para o banheiro. Hermione deitou na cama. Parecia ser mais dura sem o Loiro.

- Ah, maldito cara que me fez tirar os pés do chão! - resmungou ela, batendo os pés na cama.

- Eu ouvi! - gritou Draco do banheiro - Ai, que água fria!

- HAHAHAHAHAHAHAHA! - riu Hermione escandalosamente - Quer ajuda?

- Se souber esquentá-la!

Hermione rolou os olhos e abriu o banheiro sem bater na porta, fechando-a em seguida. Draco estava completamente sem roupa, de costas para a porta, tentando arrumar o chuveiro.

- Ah, que visão do p-a-r-a-í-s-o! - sussurrou para si mesma memorizando muito bem o que acabara de ver.

- Sabe que vai ver isso muitas vezes, né? - Draco abriu a porta enrolado na toalha do quadril para baixo - Vê se consegue arrumar lá, amor.

A garota entrou no banheiro. Sabia lidar com chuveiros daquele tipo. Moveu a chave para o lado direito no modo quente e abriu a torneira.

- Tá bom assim? - perguntou debochada, batendo a porta do banheiro e gritando - QUERO MINHA RECOMPENSA DEPOIS!




N/A: oi amores =)
sim, ée a Laah siim !

AUHAUAHAUHA³

e aii xuxus ? como tãao vceis ? =D

obaa, acabou fazendo um solziin na praaia ! HUAHAUUA, tava bom demaais, mas acabei voltaando maais ceedo!

me mateeeeeeei pra escrever o resto do cap 16 quando voltei sabiaaam ? tiinha só algumas paaginas, ai eu escrevi mais um poko enquantoe eu ficava no pc lá da casa da praia e taals... *-* poo, foi dificil, tava sem inspiraçãao, mas axo que ficou bom o cap !
adoreei todos os comentáarios, e a Flaah me falou daas fics que ela leeu, e me passo o link deelas ! =D adorei toodas, agora vamos aos comentários!

Comentários


Glau :D - ooi meu xuxu ! ée, me alegrou siim glaau ! seus comentáarios são inspiradoores ! ahuahauua, algumas pessoas? Oo’ vce é tãao fofa, como algumas pessoas ? *-* eei xuxu, tô amando sua fic nova, ela vai ser recomendada akii nessa N/A, sabiaa? ela é perfeitaa, super engraçaada =DD espero que continuuue escreveendo e não abandone Confusões Amorosas, que eu tmb AMOO de paixãao ! não demora pra att, oks ? tmb te aamo glaau, valeu pela força que sempre me dá akii *-* beeejão :*

Kary Love - oi kary ! bom, o baile tá akii, prontinho ! cap tá beem emocionante née ? HAUHAUHAUA, é um dos pooucos caps qe eu gostei de escrever sabiaa ? as vezes eu axo os meus tão xatos... “/ mas tudo bem, isso faz parte ! espero que fique satisfeita com a espera e volte a comentar akii ! e sim, a intimidade nossa com o Draquinho é assim mesmo ! HUAHUAA, beejos :**

NaH Potter Malfoy - siim, sim, vce me inspiira, NaH! caalma, desmaia nãao pleease ! e aíi, o que achoou do cap 16 ? :DD espero que tenha gostaado ! ée, eles são mesmo muitoo fofos, embora eu saiba que eu do lado dele tmb ficaria super beem *soonha* ! ooh, nem posso fala isso Oo’ ahuahuaha, táa aii a att, xuxu ! espero que goste do cap ! beejo :*

Gabih Potter Granger!* - AHÁA ! tudo beem, não te mato, se não vce num comenta mais akii ! sinceramente axei que vce tinha sido abduzida por et’s, gabiih ! HAUHAUAUA, caaramba, quaanto tempo não vejo seu nome nos comentáarios oO’ aii, pelo menos valeu a peena née e vce gostou ? :D espeero que sim, poorque eu axei que tinha desistido da MdP Oo’ ia ser traagico ! hauahuahuaau, muitaa informação ? Oo’ foi tão poodre.... *-* modeestia a parte, eu gostei do cap 15 e esse 16 táa bom tmb, eu axeei ! :D não, não desisti da DL e tô indo ler agoora, oks ? não abaandona aki não! e vê se att logo tmbb ! tô torceendo pra que de tudo certo na sua apresentação, xuxu ! boa soorte ! adoroo vce, beeejo :*

Melissa - oii meel (tmb vô te chama de mel)! aai, que bom que gosta de toodos os caps, eu fiko satisfeita só com um ou outro... eu gostei do 15, o 16 tmb... os pooucos que eu gosteei ! HAUHAAU³ ooopa, o baile fooi o baile DA mione né, tanta soorte de ir com o draco ! queem dera se eu pudesse ir com eele, aii ia ser tão perfeitoo ! :DD poois é, mas axo que quando eles falam “eu te odeio” é pra escondeer o “eu te amo”, poorque não é possivel que eles nãao se amem *-* e o cap 16 mostraa isso, por isso que eu gostei delee ! espero que goste tmb, tô esperando teu comentário, meel *-* hauahuahua, todo mundo sabia que o fofo do draco ia dar o vestido pra mioone, só ele conhece ela tãao bem dakele jeito ! beeejo :*

Lorena Malfoy - oi lô (poode chamar de lô? *-*) ! aii, que bom qe tá gostando da minha fic, porque a Flah me disse que ela AMOU a suua ! eu preciso ler ela, tô suuper ansiosa pra ler *-* aahuauahaauu, eu tmb queria um draco pra mim, ele é tão perfeeito.... adorei saber qe sua fic é D/Hr, amo esse shipper ! beem entre tapas e beijos, é tão lindoo.... *-* espero que goste do cap 16 como gostou dos outroos! valeu pelos elogios da fic, fikei super animada com eeles! beeijos :**

JuH FeLtoN - aháaa ! *-* a Flaah maandou eu te falar que tmb taava com saudaades do FeB e te mandou um suuper beijo ! agora, vamos falar com a maala da Laah né ? hauaauhauaau, detonador de bomba que vai me explodir de curiosidade ? gostei dessa, foi booa, só vce mesmo ! faz a muusica “entre ações e emoções” láa e taal... ai xuxu, se tem cada ideeia! e siim, sua mente é boa demais, EU QUERO CAP NA AIL (tá, inventei a sigla pra tua fic, ahuahaua)! ok ? pleease ! a gnt tmb te aama ! beeejo :*

*snowqueen* - ooi snow ! hauahuahua, ée, a prévia fiko boa tmb, e valeeu pelo elogio (y) fiquei feliz de saber que escrevo beem ! hauahuaha, e eu preciso ir ler sua fic, fiaa.... HUHAUAHUAUA, cap 16 beeem positiiivo, tá tão fooofo né ? *-* eu gosteei dele siim :D espero que tmb goste e comente ! sua fic tá nas recomendações aki ok ? :DD beeejos :**

ee, agora as respoostas que a Flaah colocou na prévia (eu tirei quem eu já respondii):

Teresa - eei, teresa! é a Flah pra variar um pokiinho ! que bom que vce gostou do cap 15, eu tmb axei demais ! ahuahuaua, sim, vce acertou o nome do prox em parte... é o baile das bruxas, mas tá no mesmo sentindo ! essa previa akii concerteza deixou vces curiosos, huhuhu *-* a Laah infelizmente não terminou o cap 16, praia née... mas ela me disse pelo cel que táa quase no fiim dele já :D ela agraadece os votos de boa viageem oks ? beeejo queridá e volte akii pra comenta !

Aninhaa xD - HAUHAUAHA, aii fico muito feliz que vce axo esse cap o melhoor xoxozin ! ahh, a Laah ficou suuper feliz pelo elogio ! :DD bom, a previa tai espero de coraçao que goste ! a Lah me mando o que ela escreveu do cap e eu que fiz a previa *-* beejo xuxu :*

Anna-Chan Otaku - HAUHAUAH, tudo beem, a gnt te entende ! mas lê o cap 15 sim, vale a pena ! tá muitoo bom, eu pelo menos ameei ! a Laah te mando um beijão e pediu pra comentar quando ler o cap 15 e a previa do 16, ok? eu peço o mesmo, ela vai fika agradecida *-* beijos !

Lily Black. ♥ ×)~ - liily ! aah, tudo bem! a Laah te perdoa dessa vez ! HAUHAUAH, maaas pede ansiosamente o teu novo cap, ou uma previaa ! :D que boom que deu tudo certo no teu espetaculo, eu fico muitoo feliz ! caraamba, então lotoo mesmo? aii isso significa que a coisa foi MEESMO avassaladora! HAUHAUAHA, graças a Merlin deu tudo certo ! :DD aii, eu agraadeço o elogio do cap 15 pela Laah, Lily! fiko super feliz que tenha gostado do cap 15, foi realmente encantadoor né? o 16 tá muitoo bom tmb, o pedacinho que ela me mando pra eu fazer a previa, eu já gameei ! posso te garantir que é melhor que o 15 ! AAHUAHAHAUA, ou não sei qual eé o melhor... ! mas sério, espero que goste da previa! a Laah te mando um beijão e pediu pra att logo ! beejo amore :*

Lenα Rαdcliffe Mαlfoy oi lena ! hauahuha, eu sinceramente nem lembrava de vce ! :DD maas tudo bem ! a Laah lembra di vce ! *-* bom, fiko feliz que gostou dos caps que leu até agoora, espero que goste da previa by Flaah ! *-* comenta aki sempre então pra eu lembra de vce da prox veez ! beeijos !

Flaaah meu amor, valeeu por tuudo ! as respostas dos comentários, a prévia, valeu ! :DD

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;Summer
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Por: Glau :D


- Nosso pequeno segredo
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----++----Alianças----++----
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Por: Anna-Chan Otaku


queridás, se alguém quiseer que eu coloque o link aki, fique a vontade *-*

espero que o cap 16 tenha agraadado :D
beeijos :*
AMO VCEIIS !

ps.: blablabla, se tiver erros, cap vai ser betado depoiis *-*

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