As revelações



Harry estava acordado ainda, pois tinha acabado de entregar seu turno para Neville. Segundo o planejado, dali a umas duas ou três horas ele também iria dormir, passando o último turno de plantão para Snape.
Ele ainda não estava conformado. De acordo com o decidido na última reunião da Ordem, mesmo com a derrota de Voldemort, eles continuariam com os turnos de vigia por algum tempo, por causa dos Comensais da Morte fugitivos, mas com somente três bruxos por noites, divididos em turnos. Esses bruxos seriam sorteados, para que todos fizessem sua parte. Com isso ele não se conformava, pois embora gostasse de ficar de vigia com Neville, se sentia incomodado de estar nessa situação com Severo Snape. Afinal, descobrir que o homem que você mais detesta é seu tio não é algo fácil. Somente quem disso sabia era Rony, Hermione e Gina, além do próprio Snape.
Nesse ponto ele se assustou: teve a nítida impressão de ouvir um grito. Primeiro pensou que tinha sido um engano, mas então se deu conta que o grito partia do quarto do outro lado do corredor, no quarto de Snape. Quando se levantou, escutou Neville chamá-lo: “Harry, me ajuda!”, e levantou correndo, indo disparado para o outro quarto. Ao entrar, deparou-se com uma cena inusitada e, ao mesmo tempo, dramática: Neville lutava, desesperado, para segurar Snape, que se debatia em convulsões.Aproximou-se para ajudar e, nesse momento, Snape começou a gemer: “Não, a Elisa não, é minha culpa que ela não veja nosso filho crescer, ela não tem que pagar por isso. A culpa é minha, só minha, fui eu que dei o Neville para a Alice!” Harry olhou para Neville, chocado demais para falar, quando ele continuou: “Harry me odeia, e tem razão para isso. Eu sou culpado da morte da minha irmã, Lily morreu por minha culpa!”
Um olhou chocado para o outro, sem acreditar no que tinha escutado. Nesse momento, Snape se debateu com mais vigor e a manga do braço esquerdo, que Neville segurava, rasgou. Harry notou, então, que a Marca Negra em seu braço não estava negra, mas emitia uma cor verde, como se estivesse podre. Imediatamente ele ligou os fatos e disse: “Neville, segura a cabeça dele!”, e antes que o outro pudesse perguntar o porquê, ele ergueu a varinha, apontou-a para a boca de Severo e disse: “Aguamenti”, derramando um fio de água pura em sua boca. O resultado foi quase imediato: seus membros relaxaram e ele pareceu sofrer um desmaio, voltando a dormir tranquilamente depois. Neville fez sinal para Harry, indicando o sofá próximo da escrivaninha, onde eles se sentaram. Ele então disse:
-Afinal, o que você fez?
-Eu dei água para ele, como para o professor quando ele foi envenenado antes de morrer.
-Mas por quê?
-Ele tava igualziho! A luz verde que saía da Marca Negra foi o sinal que eu precisava para ter certeza, mas antes eu já desconfiado.
-E de que você desconfiou?
-Ele gemia, depois começou a gritar que era culpa dele, falando de... bem, aquilo que ele falou. – disse Harry, olhando constrangido para o amigo.
-Sobre eu ser filho dele?
-Eu acho que ele tava delirando...
-Mas é verdade!
-O QUÊ?
-Ninguém sabe, mas é verdade sim. Alice e Frank Longbottom não eram meus pais verdadeiros, mas meus tios. Meus verdadeiros pais são... Elisa Carlson, irmã gêmea de Alice, e Severo Snape. Eles eram comensais e por isso não deveriam ter filhos, mas quando minha mãe engravidou eles esconderam isso; mas ela morreu no parto e eu fui criado como filho da minha tia...
-Incrível! E eu achava que eu tinha problemas com Snape!
-Como assim? É sobre o que ele falou da sua mãe? Algo sobre ela...
-Ser irmã dele? Sim, é verdade. Ninguém, fora uns poucos professores, sabia da verdade na época deles, e hoje em dia menos ainda. Era o segredo mais bem guardado da época.
-Deve ter sido um choque e tanto!
-Choque? Você tá brincando, né? Foi horrível! Se ponha no meu lugar, o que você acharia se Snape fosse seu tio? Mas pelo menos agora nós sabemos que somos primos.
-Se ponha no meu lugar Harry. O Snape é meu pai. Mas como você disse, somos primos pelo menos...
-Nem eu tinha notado o quanto isso seria importante para vocês... –disse uma voz ligeiramente rouca vinda do outro lado do quarto.
Os dois se viraram e tiveram uma surpresa: totalmente exausto, Severo Snape os encarava de sua cama, movendo-se um pouco para dizer:
-Eu acho que nós três precisamos conversar.

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