11º capítulo



O apartamento estava muito silencioso em contraste com a viagem de táxi pela cidade barulhenta. Um grande pacote marrom com o nome da Galeria Romano estava apoiado em uma parede. Harry colocou a sua nova descoberta ao lado dele. Depois, atravessou o hall em direção ao quarto levando a maleta de Hermione.
Ela o seguiu e se sentiu estranha ao entrar em um lugar que sempre lhe parecera seu. Entretanto, nada mudara. Tudo estava exatamente como devia ser, a não ser pela ausência das coisas que lhe pertencia.
Harry já estava colocando a maleta no armário embutido. Havia uma declaração implícita na forma como ele fazia aquilo, já que a maleta fora guardada sem ser esvaziada, e ele trancara o armário, guardando depois a chave.
Agora tente fugir com a roupa do corpo, parecia estar dizendo.
Insegura quanto ao que responder, Hermione ainda estava considerando as suas opções, quando ele veio a seu encontro. Fechou a porta do quarto e lhe tirou a bolsa tiracolo do ombro, deixando-a simplesmente cair. Suas ações eram tão deliberadas que a deixaram extremamente nervosa. Depois, pegou-lhe a mão e a conduziu até a janela e acionou o botão que fez cerrar a persiana sobre a vidraça.
O quarto ficou iluminado pela luz indireta. A sedução parecia pairar no ar. Virando-a para ele, Harry a olhou como se houvesse esquecido de algum detalhe do seu rosto. Suspirou.
—Por que fechou a persiana? — ela perguntou. Ele nunca se importara em tomar tal providência antes.
—Preciso de toda a sua atenção — ele explicou. — E há a necessidade de ficarmos separados do resto do mundo, para podermos nos recordar de que quase perdemos tudo.
—Sinto muito — Hermione disse. — Eu...
—Nunca mais use essas palavras — ele a interrompeu. — Especialmente em inglês. — Ele estremeceu. — Elas sempre representarão o adeus mais frio que um homem pode receber.
Ele estava falando da mensagem que ela havia deixado no telefone. Ela sentiu uma dor no peito ao ver a expressão de dor naqueles olhos verdes e o beijou suave e ternamente.
A dor transformou-se em paixão.
—Si — ele sussurrou em aprovação. O beijo era definitivamente melhor do que qualquer palavra.
Um beijo levou a outro, até que a ternura se transformou em fome, e a fome em desejo. Desejo que fez com que as roupas fossem desnecessárias para recordar o que ela havia posto em risco naquele dia.
Hermione sentiu-se feliz, pois tinha tudo de que precisava. Harry a tocava e a desejava como ela sempre sonhara.
As palavras não eram necessárias quando havia outros meios para demonstrar os sentimentos. Aquele era um momento especial. O que os unia era especial e, assim, amaram-se como se fosse à primeira vez. E com o passar harmonioso dos dias, Hermione começou a se sentir em lua-de-mel, sem querer que nada interrompesse aqueles momentos de união.
Quem é que queria um anel de noivado? Tampouco uma proposta de casamento? Aquilo tudo era tão mais confortável, muito mais semelhante ao amor verdadeiro.

Na segunda-feira, Harry voltou à sua rotina de trabalho, já mais tranqüilo quanto a voltar e encontrá-la ali. Hermione começou a transformar um dos quartos de hóspede em estúdio de pintura. Na terça-feira, ela se lembrou de que as duas pinturas haviam desaparecido e anotou para perguntar a ele para onde haviam sido levadas, mas se esqueceu completamente de perguntar quando ele voltou naquela noite com uma carta de Anton Gabrielli. Era uma declaração de que ela era realmente sua filha, na qual pedia desculpas por sua atitude e se oferecia para fazer o anúncio publicamente se ela assim o desejasse.
—Você o forçou a isso? — ela perguntou a Harry.
—Eu somente o fiz ver quanto estava errado quanto ao julgamento que fazia de você — ele replicou. — Achei que você merecia isso. O que fizer em relação a ele agora é da sua total iniciativa.
—Quer dizer que você não querer me persuadir a convencê-lo a fazer um reconhecimento público?
Era um desafio, e Harry o reconheceu como tal.
—Não preciso disso, cara — ele declarou calmamente. — Mas imagino que você possa sentir a necessidade de conhecê-lo melhor algum dia.
—Não vou querer — ela disse desdenhosamente. — Fico arrepiada só em ouvir o nome dele,
—Se é assim, desfaça-se da carta — Harry a aconselhou — e se esqueça dele. Ele não vai lhe causar mais problemas. Prometo.
Hermione imaginou que tipo de influência Harry tinha para ter tanta certeza disso. Mas nada perguntou, já que não queria interromper aquele clima de felicidade.
Na quarta-feira, foram jantar com Rony e Luna, que haviam acabado de voltar da visita ao Lago Como. Luna estava radiante, seus olhos brilhavam de prazer por perceber claramente que o relacionamento de Harry e Hermione havia superado as diferenças, e todos se divertiram.
Na quinta e sexta-feira, ela supervisionou o trabalho de mudança do seu estúdio para o novo local, e por várias vezes se perguntou o que teria acontecido com o estojo de anel que desaparecera no bolso de Harry.
Mas logo voltava a se entregar ao trabalho, estava contente, verdadeiramente feliz. Harry a estava tornando uma parte permanente da sua vida e a amava. Tinha certeza disso. Ou se tornando cada vez mais certa disso, à medida que os dias passavam.
Mas ele arruinou tudo...
Aconteceu tão inesperadamente que não lhe ocorreu como estivera vivendo naquela última semana, refugiada em um mundo de sonho até que, no sábado, ele disse casualmente:
—Vamos a uma festa hoje à noite e precisamos sair para comprar algo muito especial para você usar.
Uma festa, ela repetiu. Certamente encontraria pessoas e teria de enfrentar a humilhação pública por que passara. Não poderia ir.
—Não — ela suspirou.
Levantando os olhos do jornal que lia todas as manhãs, ele observou a palidez dela.
—Vermelho — ele murmurou. — Algo chocante em vermelho, longo e justo. Sem costas para mostrar a sua pele maravilhosa.
—Eu não vou, Harry — ela anunciou com firmeza.
—Penteie os cabelos para cima — ele continuou como se ela não houvesse dito nada. — Deixe que todos vejam a sua linda nuca e que saibam que o único homem a poder beijá-la sou eu...
—Eu disse que não vou! — ela exclamou, erguendo-se.
—E vou enchê-la de diamantes — ele continuou a dizer, recusando-se a ouvi-la. —Nas orelhas, pescoço, pulsos e mesmo no tornozelo!
—E não se esqueça de colocar um cartaz no meu pescoço onde se lê: Minha Amante — ela retrucou.
Inclinando-se para trás na cadeira, ele sorriu, imaginando-a.
—Boca pintada de vermelho e muita máscara nos olhos. E acho que um cravo vermelho nos cabelos daria o toque final.
Hermione nunca se sentira tão ofendida.
—Não acredito que você esteja falando assim comigo, sabendo do que aconteceu na última vez em que estivemos em uma festa!
Harry percebeu que ela estava indignada, mas não se deteve.
Na realidade, estava plenamente consciente de que ela tinha o direito de se sentir assim.
Mas, tinha de continuar.
—Está com vergonha de quem você é, cara? — ele indagou, cheio de curiosidade.
Ela ergueu o rosto.
—Não — ela respondeu.
—Então tem vergonha de ser a minha mulher?
—Apenas não pretendo ser humilhada pela segunda vez.
Aquela era uma resposta que lhe permitia furtar-se a responder o que ele havia perguntado. Harry levantou-se, e ela tentou se afastar. Ele a manteve no mesmo lugar, segurando-a pela cintura.
—Fizemos um trato há uma semana — ele disse.
—Trato? — Ela olhou para ele, e depois desviou os olhos. —Não sei do que está falando.
Mentirosa, ele pensou, mantendo-a subjugada.
—Você voltou para mim querendo que as coisas permanecessem iguais. — Ele a lembrou. —Eu lhe disse que não ia ser possível.
—Mas temos sido felizes nesta última semana! — ela exclamou. —Por que vai querer mudar algo que está indo tão bem!
—Nessa semana, fiz o seu jogo. Permiti que fingíssemos que tudo estava bem porque você parecia precisar disso. Mas, eu não quero que as coisas estejam apenas bem. Quero que fiquem perfeitas — ele acrescentou. — E a perfeição tem um preço, cara. Você está preparada para pagar esse preço?
Ela simplesmente não estava gostando daquela conversa. Era um terreno perigoso.
—E qual é o preço?
—A sua confiança — ele respondeu. — Quero que confie em mim, para que as coisas funcionem. E falando seriamente, não vou me conformar a não ser com a confiança total.


Hermione sabia que ele estava falando sério e estremeceu diante daquela simples idéia.
—Tenho de confiar a ponto de fazer o que você me pedir, começando por me vestir de vermelho? — ela perguntou, demonstrando insegurança.
—Você fará isso? — ele perguntou.
Poderia acreditar que ele não pretendia torná-la um objeto de escárnio? Não, não podia. Mas só se pedia para uma mulher se vestir da maneira como ele havia descrito, se houvesse uma razão oculta. E apesar de não saber do que se tratava, concordar com tudo aquilo seria demonstrar confiança.
—Sim — ela respondeu.
Ele sorriu e acrescentou:
— Muito bem. Vi um vestido perfeito na Via Monte Napoleon. Vamos sair para comprá-lo.

Não havia dúvida de que era vermelho, Hermione constatou, ao se mirar no espelho do provador. Sentiu um frêmito de expectativa. De fato, Harry o havia descrito perfeitamente. Longo e justo, o vestido tinha um corpete em forma de coração, e um decote nas costas que ia até abaixo da cintura. A saia que lhe moldava as curvas descia até os tornozelos, tendo uma abertura atrás para permitir o andar. Não podia ser mais sexy.
Como Harry desejara, ela havia prendido os cabelos e estava recoberta de diamantes. A pedra preciosa brilhava no colar, nos braceletes e nos brincos. Seus sapatos de salto alto e de tiras vermelhas, ressaltavam o adorno dos tornozelos também de diamantes como ele havia pedido. A única coisa que ela se recusara a usar era o cravo vermelho nos cabelos.
O batom vermelho, a sombra e o delineador dos olhos muito mais acentuados do que ela costumava usar, fizeram-na não se reconhecer ao se olhar no espelho. Tinha uma aparência sexy e extravagante. Ela não fazia a menor idéia do que estava por vir.
— Se eu me aproximar, você vai me atacar? — uma voz profunda perguntou.
Ela o olhou através do espelho. Alto e elegante, bonito demais no seu terno de noite e gravata borboleta. Ele a olhava como se a quisesse comer viva.
— Fico imaginando quantos convites vou receber hoje à noite —ela disse, sem fazer menção de atacá-lo.
Abraçando-a por detrás, ele passou as mãos pela cintura, acariciando-lhe a pele nua. Ela estremeceu sem poder se conter.
—Todos podem tentar, mas ambos sabemos a quem você pertence, não?
Sim, ela pensou e, por momentos, odiou-o por ser tão autoconfiante. Assim ela virou-se e deslizou a mão pela sua camisa, até chegar ao pescoço e daí à orelha. Aquele homem podia conhecê-la por inteiro, mas ela também o conhecia. Uma leve carícia em um ponto estratégico foi suficiente para fazê-lo subir pelas paredes.
—E você sabe a quem pertence, mi amore?
Ele agarrou-lhe os dedos e os beijou, com uma expressão de malícia, os olhos esverdeados cheios de promessas. Foi quando ela viu a cor do forro do seu paletó. De seda opaca vermelha, da cor da capa de um toureiro.
Percebeu que ele preparara alguma coisa para aquela noite.
—Aonde vamos? — ela perguntou.
—Até que enfim resolveu perguntar — ele disse, sorrindo. —Espere e verá. É uma surpresa.
Apesar de não gostar de surpresas, Hermione conteve-se ao se lembrar de que prometera confiar nele.
Depois que deixaram o apartamento, dirigiram-se ao estacionamento e entraram em uma limusine com motorista. Isso significava que Harry pretendia beber naquela noite. Não era tarde, o que constituía uma exceção, já que em Milão, as festas somente começavam depois das dez. Só começou a entender o porquê de terem saído tão cedo, quando chegaram ao aeroporto de Linate. Um helicóptero os esperava.
—Diga-me para onde estamos indo? — Hermione perguntou, sem poder se conter.
Entrando no helicóptero, ela ajeitou o vestido e se sentou. Ele se acomodou ao lado dela e fechou a porta. Acenou para que o piloto desse a partida e, finalmente, anunciou:
—Estamos indo para a casa dos meus pais, na Toscana.
Hermione foi pega totalmente de surpresa, e Harry percebeu que ela empalidecera, tomada de terror. Ela permaneceu calada, sentindo-se morrer centenas de vezes.
Instintivamente, ele sentia que devia dizer alguma coisa. Qualquer coisa que garantisse que aquela noite ia ser boa. Mas o termo ‘boa’ não era o suficiente para ele. Além do mais havia a lembrança tácita do compromisso da confiança. Uma questão de orgulho, ele sabia. Apesar de havê-la perdoado por ter escondido tantas coisas dele, ele ainda não se conformara com o pouco que ela confiara nele em questões tão importantes da vida.
Ela o havia considerado um homem superficial. Um arrogante e esnobe que era capaz de amar uma mulher insensivelmente na cama, mas que na verdade poderia desprezá-la pelo que ela era. Bem... Naquela noite, Hermione teria de aprender algumas lições duras, e uma delas seria passar as próximas horas em total ansiedade. Devia isso a ele.
Ele estava excitado. Pretendia causar um impacto não somente em seus familiares, como também nos amigos, e na própria Hermione.
Chegaram quando já se fazia escuro. A hora perfeita para ela ver pela primeira vez a casa dos Potter, lindamente iluminada.
Esperando que as hélices do helicóptero parassem de girar, Harry ajudou Hermione a descer. Ela deslizou entre seus braços quase sem peso, insubstancial, nada além de encanto e beleza e ansiedade...
—Eu a amo — ele murmurou, beijando-lhe a testa.
Foi a primeira vez que ele disse aquilo em voz alta. Se estava querendo provocar impacto, conseguiu. Ela sentiu os olhos umedecerem, e ele também.
—Só queria que você tivesse certeza disso antes de entrarmos —ele acrescentou, com a voz rouca.
Ela não disse nada, e ele lhe tomou a mão e a conduziu em direção da casa. Atravessaram as grandes portas deixadas abertas para a circulação do ar da noite. Os dedos de Hermione agarravam-se tão fortemente aos dele, fazendo-o sentir que aquela bela mulher lhe pertencia para sempre.
Os primeiros que viram ao entrar foram o pai e a mãe de Harry, que os esperavam para recebê-los na grande entrada.
Chegara a hora, ele pensou. A hora do show!

Vestida de preto, extremamente elegante, á signora Isabella Potter se adiantou. Hermione notou que ela estava sorrindo, um sorriso não muito convincente. Ela sorriu em resposta.
—Bem-vinda — ela a saudou, inclinando-se para beijá-la em ambas as faces.
Hermione agarrou-se ainda com mais força a Harry.
—Obrigada. — Hermione respondeu em inglês. Pareceu-lhe mais apropriado. — Foi muito bom receber o seu convite para vir.
—Deveria ter sido há mais tempo — lsabella respondeu cortesmente. — Peço desculpas pela minha rudeza e espero que possa me perdoar. Por vezes, nós, Potter, podemos ser muito arrogantes para a nossa própria conveniência.
Falara de uma maneira tão graciosa e bondosa, que Hermione sentiu os olhos se umedecerem novamente.
—Eu realmente compreendo — ela respondeu para a senhora. Talvez pudesse ser uma mentira, mas era o que cabia dizer.
Foi naquele instante que Federico Potter se aproximou.
—Vejo agora porque o meu filho se empenhou tanto em falar comigo! — ele exclamou, sorrindo.
Hermione sentiu-se estremecer diante do mesmo sorriso de Harry.
Ele era tão alto quanto o filho e percebia-se que por debaixo da sofisticação formal do traje branco e preto, o signor Potter conhecera tempos melhores.
Ela ia expressar sua preocupação com a saúde dele, quando ele a interrompeu.
—Não diga isso — ele se adiantou. — Não é necessário. —Beijou-a em ambas as faces, ergueu o rosto e sorriu. —É uma honra finalmente conhecê-la, Srta. Granger.
Depois, voltou-se para Harry.
—Esta noite é sua, Harry. Seus convidados o esperam. É melhor começarmos já.
Harry sentiu o aperto da mão de Hermione. Aquela seria mais do que uma apresentação formal. Os olhos de Federico brilhavam de cumplicidade. Isabella nada demonstrava. Ela não fora contra o que estava para acontecer, mas também não tinha certeza de que daria certo.
—Fira-a com isso, e ela não lhe perdoará jamais — ela lhe dissera no dia anterior.
—A senhora não a conhece como eu. Confio nela. Tenho confiança de que irá entender.
Confiança. Dio, aquela palavra estava desempenhando um papel importante na sua vida, ele pensou, ao se aproximar da porta que levava ao salão de recepção. Hermione seguia ao seu lado, e os pais logo atrás. Um mordomo abriu a porta de par em par, para revelar uma imensa sala iluminada por um candelabro suntuoso de cristal. Harry deteve-se para que Hermione pudesse se acostumar com a grandeza do lugar e com as pessoas que os estavam esperando.
O ruído da conversação deu lugar ao silêncio. Hermione sentiu o impacto do momento. Harry manteve-se quieto, apenas esperando que ela percebesse o que ele havia preparado para ambos naquela noite.
Finalmente, ela os viu, dispostos em par, no seu atrevimento e despudor. Os lábios vermelhos descerram-se em um arfar só perceptível por ele. A surpresa a fez apertar-lhe mais a mão. Depois, ela simplesmente ficou ali, sem quase respirar. Ele chegou a pensar se havia cometido um grande erro.
Aquilo não podia estar acontecendo, Hermione se dizia. Estava vivendo um pesadelo. Em um minuto, todas aquelas pessoas começariam a rir, dizendo-lhe para ir embora e nunca mais se aproximar novamente. Era assim que os sonhos como aquele terminavam. Era a única forma de entender o que estava se passando.
Mas aquele não era um sonho. Sabia porque sentia Harry ao seu lado, vibrando de expectativa. Tentou engolir, mas não conseguiu. Tentou se virar para olhar para ele, mas não pôde desviar os olhos.
Dependurados na parede da casa dos pais de Harry, para que todos vissem, estavam dois nus pintados em óleo e enquadrados em molduras semelhantes. Um era dela própria, esguia e sedutora. O outro era de Harry, irreverente e arrogante em sua nudez, como ela sempre o conhecera.
Ela sentiu o coração disparar ao ver os dois representados tão impudicamente. E, repentinamente, o vestido começou a fazer sentido, bem como todos aqueles diamantes. Harry estava tentando dizer aos pais, amigos e demais que amava aquela mulher que era capaz de se exibir publicamente daquela forma.
Se você não pode vencê-los, alie-se a eles, era o que ele estava tentando lhe dizer. Mostre-lhes essas duas pinturas e os deixe pensar o que quiserem!
— Se você pode, eu também posso — Harry murmurou ao lado dela. Sua voz era suave, cheia de humor e desafio.
Ela conseguiu forças para fitá-lo, com uma expressão de quem queria entender o porquê de tudo aquilo, mas, de repente, sentiu vontade de rir. Ele percebeu e a olhou com uma expressão de cumplicidade. Aquela era a maneira de ele procurar desfazer as diferenças que havia entre eles. Uma demonstração de que ele descia os degraus da sua posição, ao mesmo tempo em que ela subia ao seu encontro.
A mão que ele colocou em sua cintura a fez sentir uma excitação cada vez maior à medida que ele a deslizava pelo corpo feminino, em uma demonstração clara de posse.
—Ainda há mais — ele a advertiu, baixinho.
Hermione sentia as pernas bambas. Sua pulsação estava disparada, e ela se encontrava presa de um espanto mesclado com uma deliciosa sensação de liberdade. Passaram por entre rostos sorridentes, faces acusadoras, e faces familiares como as de Rony e Luna. Naquele enlevo, Hermione viu Draco sorrindo com uma expressão de cumplicidade, enquanto que uma mulher ao seu lado a olhava com curiosidade. Era alta e de pele escura, tão bonita que fez com que Hermione se detivesse por instantes para lhe dirigir um sorriso caloroso.
—Tanya — ela sussurrou o nome da mulher.
—Mais tarde — Harry lhe disse, impulsionando-a para frente.
Do outro lado do salão, finalmente pararam. Exatamente entre as imagens deles dois. A luzes brilhavam, os diamantes cintilavam, e as pessoas observavam quando eles se voltaram.
Prendendo a atenção de todos, ele a olhou fundo nos olhos, fazendo com que a expectativa aflorasse como uma energia coletiva.
—Agora — ele anunciou com a voz rouca — chegou a hora...
—Outra surpresa? — ela sussurrou, consciente de que ele estava deliberadamente retardando o momento.
Olhou para baixo e teve de piscar várias vezes para focalizar o anel que ele estava lentamente deslizando em seu dedo. De ouro e platina, era um entremear intrincado de metais que formavam a base para um diamante. Instintivamente, ela percebeu que não se tratava de um diamante qualquer, que aquele cintilar amarelado só podia ser o de uma pedra rara.
—Que acha?
Profunda e perturbadoramente rouca, a voz de Harry provocou-lhe ondas de excitação.
—É lindo — ela murmurou.
—Com o risco de parecer prosaico, posso dizer que me lembra o brilho dos seus olhos — ele murmurou enlevado. — Mas, tudo tem um preço... — acrescentou.
—Já imagino — ela disse baixinho, em uma tentativa de brincar. Mas não conseguiu, já que estava imaginando o que ele poderia estar preparando para ela.
—Humm — ele murmurou. — Ao receber este anel, mi amore, você estará prometendo-me que confiará em meu amor pelo resto da minha vida.
Sem se preocupar com quem estivesse olhando, ela ficou na ponta dos pés e o beijou. Sem timidez ou preocupação, beijou-o com todo o amor que sempre sentira.
Os flashes foram disparados, e eles foram fotografados naquele abraço amoroso entre duas pinturas testemunhas da razão porque se beijavam daquela maneira.

A Vila Portofino era o lugar ideal para a lua-de-mel, Harry pensou com uma ponta de satisfação. Haviam chegado lá de helicóptero diretamente da recepção de casamento que sua família havia realizado na Toscana. E apesar de estar escuro lá fora, o ar estava fresco naquele balcão, tão perto do mar, onde Harry reclinado via a noiva se aproximar.
Estava nua. Assim como ele também, não fosse pelo fino colete de cetim que ela o havia feito vestir de novo antes que permitisse que ele a amasse. Era como se fossem participar de uma cerimônia, já que ela mesma mantinha o véu de tule preso aos cabelos, esvoaçando pelo rosto e ombros enquanto se movia em sua direção. Sexy. Muito sexy.
Ele sorriu.
—Quando é que você vai tirar esse véu?
—Quando me sentir casada — ela replicou.
Ele arqueou uma sobrancelha.
—E você ainda não sente casada?
—Não — ela respondeu com um muxoxo, fazendo um beicinho adorável. E como já haviam feito amor várias vezes desde que haviam chegado, aquilo parecia depor um pouco contra a virilidade de Harry.
—Olha só para isto — ele a advertiu.
Ela teve a audácia de olhar para baixo. Ele riu. O que mais poderia fazer quando estava sendo enfeitiçado por aquela tentadora que tinha só uma coisa em mente.
Dio, ela o fazia se sentir como se fosse o único homem no mundo.
Ela estendeu o braço e começou a desabotoar lentamente o colete, em uma fantasia erótica sempre renovada.
—Se está me olhando tão intensamente porque está pensando em me pintar deste jeito, ouça o que lhe digo, cara, e mude de idéia —ele a advertiu.
Hermione ergueu o rosto. Já não fazia beicinho, agora era pura sedução. Aproximando-se mais, manteve os olhos presos aos dele por um longo momento. Beijou-o com a urgência do desejo.
Harry fechou os olhos, e sua respiração tornou-se pesada. Se morresse naquele instante, pelo menos levaria aquela imagem com ele.
Marido e mulher, pertencendo um ao outro.
—Você não tem inibição alguma — ele a censurou.
—Eu o amo — Hermione respondeu simplesmente. — O amor não tem inibições.
Ela estava certa. E ele se apossou daquela boca quente e vermelha, daquela mulher que ele possuiria de todas as formas.


ACABOUUUU! Não, mas foi tão lindo, tão show… Gente foi simplesmente demais… Amo demais o fim… o véu e o colete, nossa… rsrsrsrsrs Parece um sonho… tão lindos, tão perfeitos, e finalmente juntos. Felizes.
FELIZ 2008 E OBRIGADA A TODOS QUE ACOMPANHARAM A FI ATÉ O FIM.



LINDOO!

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