Segundo Capítulo



Retornar ao apartamento de Milão era sempre um prazer, e a primeira coisa que Hermione fez horas depois, ao regressar, foi adaptar-se novamente ao ambiente completamente diferente daquele de onde ela saíra.
Ocupando toda a cobertura de um moderno edifício, o lar de Harry era a representação da idéia paradisíaca de um decorador. Nenhum detalhe fora descurado, no esforço de se conseguir a harmonia desejada.
O hall era amplo, arejado e cheio de luz. Os outros aposentos eram mobiliados com uma mistura sensível de móveis clássicos, antigos e modernos. Nada destoava. Havia salas formais destinadas somente ao entretenimento, e outras menores para outros afazeres. A cozinha era o paraíso de um cozinheiro, e as quatro suítes haviam sido decoradas de forma a combinar com as cores pastéis das paredes. A totalidade do piso se constituía da melhor cerâmica italiana, que ressaltava as obras de arte de valor incalculável dispostas artisticamente em todos os lugares.
De seus famosos ancestrais colecionadores de arte, Harry havia herdado o bom gosto. Tanto ele como a mãe eram generosos patronos dos artistas. Tudo o que adquiriam passava a ser objeto de particular interesse dos outros. E, em sua forma de decorar, Harry não vacilara em misturar a arte totalmente desconhecida com as peças de mestres respeitados, com um resultado belíssimo.
Mas Hermione não tinha tempo para ficar ali tecendo tais considerações. Estava atrasada e sabia disso. De certa forma, o tempo parecia ter perdido a importância naquele dia, e ela voltara pouco antes da hora habitual da chegada de Harry.
Por que não viver perigosamente? Ela se perguntou, enquanto se dirigia para o quarto, pretendendo arrumar as coisas para aparentar que lá estivera por muito tempo, preparando-se para recebê-lo.
Tal providência se revelou inútil porque Harry só apareceu quando ela já se encontrava totalmente pronta para a festa, e preocupada com o seu atraso.
A porta do quarto se abriu em um ímpeto, e ele entrou apressado.
—Você está atrasado. — Hermione o recriminou imediatamente.
—Tenho relógio. — ele respondeu, passando por ela sem nem mesmo olhá-la.
Preocupada, Hermione o observou tirar o paletó de maneira brusca, em uma clara demonstração do seu estado de ânimo.
—Teve um mau dia? — ela perguntou.
—Tudo de mau aconteceu hoje. — ele respondeu, carrancudo.
—E por isso que não me deu um beijo quando chegou? — apesar do tom de voz brincalhão, ela estava falando sério. Depois do esforço que ele fizera para voltarem às boas, aquela atitude poderia fazer com que tudo voltasse à estaca zero.
Harry talvez tenha se dado conta disso porque, depois de jogar o paletó sobre a cama, passou a flexionar os músculos das costas como que para descarregar o peso que sentia. Enquanto observava a cena, Hermione sentiu a costumeira sensação de prazer percorrer-lhe o corpo, e teria se aproximado para ajudá-lo, não tivesse ele dado um suspiro de alívio e se voltado para encará-la. A expressão do seu rosto a fez hesitar. Seus olhos brilhavam com uma raiva mal contida, suas feições duras tinham uma palidez não usual. Por momentos permaneceu assim, para depois desviar o olhar do dela e se afastar.
Hermione pressentiu um sinal de perigo.
—Alguma coisa errada? — ela perguntou, agudamente.
—Nada. — ele redargüiu. Depois, suspirou novamente e pediu:
—Dê-me dez minutos para que eu possa me recompor e depois poderemos conversar.
—Está bem. — ela concordou.
Eram raras as ocasiões em que Harry se mostrava tão agitado, e Hermione aprendera a esperar até que ele se acalmasse. Ficou imaginando o que poderia ter acontecido para que ele se encontrasse tão perturbado daquele jeito.
Reuniões mal-sucedidas? Uma fortuna perdida no mercado de ações? Tudo isso ela considerou enquanto se encaminhava para a sala de estar a fim de preparar-lhe seu uísque favorito, e esperá-lo.
Os dez minutos que ele pedira pareciam ter sido suficientes, ela ponderou ao vê-lo entrar na sala ainda com os cabelos úmidos do rápido banho, impacientemente tentando colocar as abotoaduras.
—Tome, isto pode ajudar a relaxar. — ela disse, oferecendo-lhe o uísque que havia preparado.
—Não há tempo para isso. — ele recusou. —Além do mais não poderia beber agora, pois vou dirigir. — ao dizer isso, voltou-se para o espelho para ajeitar a gravata borboleta.
Ao colocar o copo de uísque sobre a mesa, Hermione chegou à conclusão que o mau humor de Harry não tinha nada a haver com os acontecimentos no escritório, mas sim com ela própria.
—Está bem. — ela disse, decidida a esclarecer tudo antes de irem para a festa. — Diga-me o que foi que eu fiz para deixá-lo assim tão aborrecido?
—E quem disse que você fez alguma coisa? — com a gravata e as abotoaduras colocadas, ele voltou a atenção para o relógio. —Se você já estiver pronta, está na hora de irmos...
Claro que ela já estava pronta! Olhando para si própria no vestido vermelho de seda que comprara naquela tarde, apenas para satisfazer Harry que gostava daquela cor, Hermione sentiu que também o seu bom humor se acabava. O vestido, o penteado, e mesmo o batom carmim que usava haviam sido escolhidos com a única preocupação de agradá-lo.
Sentia-se ferida, ao perceber que ele ignorava tudo aquilo deliberadamente. A voz dele, apesar de contida, transmitia uma mensagem de frialdade, como o silêncio que caiu entre eles.
Pela segunda vez naquele dia, ela sentiu a mesma dor, causada pelo forte sentimento de rejeição.
O que estava acontecendo com ele? Qual seria o significado daquelas radicais mutações em sua maneira de ser?
Será que ele estava cansado dela? Havia ela começado a irritá-lo de tal forma que ele não mais podia vê-la sem começar a agredi-la?
Esse pensamento não era novidade. Já suspeitava desse comportamento havia algum tempo, mesmo tendo desfrutado, até aquela manhã, quase uma semana de perfeita harmonia.
Mas agora, enquanto ela permanecia silente, a suspeita voltava com toda força. Será que ela já não era a mesma? Harry pretendia se livrar dela? Será que aquela semana fora uma tentativa da parte dele de reacender um sentimento que deixara de existir?
Por duas vezes naquele dia ele havia sido deliberadamente agressivo.
Cara? — ele esperou a resposta.
Ela estremeceu ao som da voz.
—Sim. — ela respondeu ausente. —Estou pronta. — e ao se voltar para pegar a pequena bolsa vermelha, ficou a imaginar… pronta para quê? Para perdê-lo?
Um sentimento de tristeza a fez conter a respiração por um momento, esperando que pudesse se recompor tão depressa como fizera anteriormente. Entretanto, não conseguiu. De fato, quanto mais se convencia de que ele estava se cansando dela, mais a dor aumentava. Ainda assim sempre soubera que aquela união não iria durar muito. E como muitos se demonstravam ansiosos em lhe dizer, aquele caso já estava durando demais.
Aquela era a opinião geral das mesmas pessoas que também eram rápidas em afirmar que quando Harry Potter se casasse seria com uma mulher da sua mesma condição social. Alguém com dinheiro e classe, que tivesse uma linhagem que combinasse com a dele. E, o mais importante, alguém que seus pais recebessem de braços abertos.
Certamente não uma inglesinha qualquer que nem mesmo conhecia seu próprio pai. Uma mulher que não podia permanecer na mesma sala com qualquer um dos seus parentes. E pior ainda, uma mulher que não se importava em expor o corpo ao mundo.
—O que é isso?
A pergunta de Harry a fez voltar à realidade, e ela teve de piscar várias vezes antes de encará-lo. Viu-o de pé com uma caixa dourada nas mãos.
—Oh, é um presente para Ronald e Luna. — explicou Hermione, para depois acrescentar: —Percebi que não havíamos providenciado nada, e por isso fui comprar esse presente, antes de vir para cá.
Ela estivera fazendo compras! Por instantes, Harry ficou imóvel.
Sentia remorso pela segunda vez naquele dia. Enquanto ficara remoendo a suspeita de que ela estava se encontrando secretamente com Draco, Hermione havia ido procurar um presente para os amigos que eram dele.
Ele não sabia o que fazer. Não sabia o que dizer para compensar o erro que novamente havia cometido.
—Sinto muito, cara. — pareceu ser a única coisa a dizer. —Era eu quem deveria ter pensado nisso.
Havia um duplo sentido na última parte da afirmação, apesar de ele se sentir aliviado por Hermione não saber. Harry percebeu que ela estremecera ao ouvir o tratamento carinhoso, mas que não se importara com o resto.
—Não foi nada. Paguei com o seu dinheiro. — ao dizer isso, ela se afastou, deixando de aceitar a mão que ele lhe oferecia.
Recriminando-se pela suspeita infundada, Harry a seguiu, decidido a manter a boca fechada, porém sentindo-se seguro de que mais uma vez conseguira se sair bem.
Ela estava linda e desejável, no vestido curto, vermelho e muito sexy, que lhe moldava as curvas. Harry não se sentiu encorajado a elogiá-la. Desejou acariciá-la, mas isso seria um prazer que ele próprio se negara devido ao próprio mau humor.
Entraram no elevador, postando-se cada qual em lados opostos, lhe e ambos sentiram a atmosfera muito carregada.
Uma das habilidades dos ingleses era manter uma pessoa a distância com extrema frieza, e isso ele podia constatar ao vê-la com uma expressão glacial no rosto.
—Quer que eu me desculpe por descarregar o meu mau humor em você? — ele perguntou, por fim.
—Novamente? — ela murmurou. A seguir, acrescentou: —Não, isso não importa. — e antes que ele pudesse dizer alguma coisa, continuou: —Não vai demorar muito para você agir da mesma maneira. Pedir desculpas não vai adiantar nada.
Harry concordou que talvez ele merecesse aquela recriminação, mas a irritação começou a dominá-lo novamente. Não gostava de ser tratado assim só porque cometera um erro.
Harry agora sabia que ela não havia passado a tarde com Malfoy, mas isso não significava que Hermione não sabia que ele estava em Milão!
Decidiu que não diria nada, isso porque, se ela já soubesse, ele teria de enfrentar a situação e não gostaria de pôr em risco o seu relacionamento com Hermione. Pelo menos até se decidir sobre qual seria a melhor maneira de agir.
Dessa forma, manteve-se calado durante a descida. Ao chegarem, saíram do elevador, lado a lado, e dirigiram-se para a fileira de carros estacionados em direção à Ferrari de Harry, passando pelo Lótus vermelho de Hermione, sem que nenhum dos dois lhe lançasse um olhar.
Ela o ganhara havia apenas três dias e nem mais se importava com ele, o que significava um outro gesto desperdiçado da sua parte, Harry ponderou. Ela ficara estática quando ele a levara para uma semana de férias como presente de aniversário, mas, ao lhe dar o carro, recebera apenas os agradecimentos de praxe que indicava desinteresse.
Cavalheirescamente, ele abriu a porta do lado dos passageiros da Ferrari e permaneceu à espera que ela se acomodasse em seu interior. Por alguns instantes, ficaram bem próximos; mais, talvez, do que haviam ficado naquela manhã no balcão em Portofino. Ele percebeu isso, ao sentir o delicado perfume que ela irradiava, sentindo a mesma excitação de sempre.
Soturnamente, ignorou o próprio sentimento, lembrando-se que no dia anterior pudera dar vazão ao seu desejo.
Com a expressão contida, ele colocou o presente de Ronald e Luna no colo de Hermione e fechou a porta. Rodeou o carro e se sentou à direção, dando partida no motor.
O silêncio entre eles ainda permanecia intenso, tornando-se um empecilho até para se moverem. Ele não pôde suportar mais.
—Não vai me dizer qual é o presente? — ele perguntou delicadamente.
—Uma pintura. — ela respondeu laconicamente.
Já havendo imaginado isso, tendo em vista o formato do pacote, Harry inspirou fundo, contendo a impaciência.
—Que tipo de pintura? — ele perguntou.
—Por que quer saber? — ela redargüiu. —Está com medo de que eu não tenha condições de escolher algo aceitável para os seus amigos?
Ele achou melhor não insistir com aquela conversa e desistiu. Quando Hermione estava com aquele estado de ânimo, ela ficava impossível. Mergulhando no silêncio, ambos deixaram de falar pelo resto do trajeto.
Ronald e Luna viviam em uma grande casa em uma das seletas áreas residenciais nos arredores da cidade. Por chegarem mais tarde, Harry e Hermione tiveram dificuldade em encontrar um lugar para estacionar ao longo da entrada. Harry teve muito trabalho para posicionar o longo veículo em uma vaga entre dois carros e praguejou. Quando por fim, desligou o motor, a atmosfera de animosidade entre os dois estava ainda mais carregada.
Harry deu um suspiro profundo enquanto a observava retirar o cinto de segurança.
—Vamos terminar esta desavença aqui. — ele a advertiu seca-mente. Afinal, iam se encontrar com seus amigos, e Harry não queria que ninguém soubesse que sua vida amorosa não estava bem equilibrada.
O sorriso falso que ela lhe deu, provocou uma onda de sentimentos contraditórios. Ele poderia acalmá-la em segundos, fazendo-a se lembrar de por que ela estava ali!
—Saia do carro. — ele murmurou mesmo sem ser necessário, pois ela já estava abrindo a porta.
Ao deixar o frescor do ar-condicionado, Hermione sentiu o calor da noite de verão. Inspirou fundo, desejando que o ar refizesse seu estado emocional.
Nada adiantou, porém. A idéia de que Harry tentava se livrar dela não a abandonava. Na verdade, ela quase se recusara a ir à festa naquela noite. Quando ainda estavam no apartamento, Hermione quase tomara a iniciativa de resolver tudo. Tinha o seu orgulho, e não havia a necessidade de se apegar a algo que já estava morrendo.
Entretanto, depois, o assunto havia sido esquecido temporariamente com o presente para Ronald e Luna e ela havia mudado de idéia. O casal era íntimo de Harry, e todos haviam se tomado muito amigos, durante aquele ano. Hermione até cogitara a idéia de abandonar Harry, mas não gostaria de fazê-lo na noite de comemoração do aniversário de casamento de Luna, pois não queria prejudicar a festa da amiga.
E, além disso, ela admitiu para si mesma enquanto esperava que Harry viesse ao seu encontro, ela queria estar ali. Queria terminar aquele relacionamento com um sorriso nos lábios e a cabeça erguida. Não às escondidas como um cachorrinho abandonado pelo dono.
Decidiu que partiria no dia seguinte, justamente quando Harry chegou ao seu lado e pousou a mão em suas costas. A manga do paletó roçou seu braço nu, e seu corpo estremeceu ao contato daquele magnetismo masculino que nunca a deixara de excitar, independente da situação em que se encontrassem.
Estavam muito próximos, e Hermione não pôde deixar de apreciar a fragrância masculina que ele exalava.
Dentro da casa, o ambiente estava animado, cheio de música e risadas. No momento em que cruzaram a porta, era como se houvessem entrado em um mundo novo. Hermione parou por alguns segundos e piscou várias vezes, para se adaptar à transição entre a hostilidade e escuridão e a alegria e luz.
Depois, um grito de alegria se elevou, e ela viu sua anfitriã se separar de um grupo de pessoas com que estivera conversando. Acompanhando-a estava o homem com quem se casara havia um ano.
Alto e ruivo, bonito e elegante, Ronald tinha a mesma sofisticação de Harry. Poderiam ter sido rivais naturais, mas a verdade era outra. Haviam se conhecido nos primeiros anos de escola e se tornado amigos desde então.
Com os longos e loiros cabelos soltos, olhos claros maravilhosos, vestida em um crepe de seda preto que emoldurava a sua figura sensacional, Luna era tudo o que Hermione não era. Era italiana, rica, e o seu lugar ao lado de Ronald ou de qualquer outro homem da estirpe dele sempre estivera garantido desde o dia em que nascera para urna vida privilegiada.
Pertencia àquele lugar. Para Luna, ser parte daquela sociedade era tão natural quanto o ar que respirava, o que fazia com que as pessoas gostassem dela instintivamente e apreciassem sua presença.
Hermione gostara dela desde o momento em que se viram pela primeira vez; ela como a nova amante de Harry, e Luna como a noiva de Ronald. A simpatia mútua se desenvolvera para uma afeição verdadeira, e haviam se tornado amigas íntimas, da mesma forma como Harry e Ronald, apesar de Hermione não deixar de ter consciência de que era uma estranha no ninho.
Seu sorriso era espontâneo bem como as calorosas boas-vindas, o que deu a oportunidade a Hermione de se afastar de Harry. Ambos agradeceram o presente e, tentando adivinhar o que poderia ser, colocaram-no ao lado dos outros presentes à espera de serem abertos. —Está parecendo o dia do nosso casamento novamente. — Luna suspirou cheia de felicidade. —Espere até chegar a sua vez, Hermione, e vai se sentir muito abençoada.
Harry ficou imóvel, e Hermione não pôde ocultar um leve tremor.
Percebendo a reação, Luna empalideceu. Com um olhar arguto, Ronald logo salvou a situação.
—Acho que você deveria explicar o quão abençoada, amore. — ele murmurou, colocando o braço ao redor dos ombros da esposa.
Era um abraço protetor. Um abraço que lhe servia de apoio sempre que se encontrava em situação difícil ou constrangedora, como aquela.
Hermione quis fugir dali, já que estava bem claro que Harry não desejava de forma alguma facilitar as coisas para ela.
—Vamos ter um bebê! — Luna anunciou subitamente, com a voz comovida. —Não pretendíamos contar... Só mais tarde.
Ela poderia estar sorrindo de alegria, mas não sorria, pois estava se sentindo perturbada, depois do comentário que havia feito. Assim, reunindo forças, Hermione se antecipou, sorriu e exclamou:
—Oh, isso é maravilhoso! — sorriu enquanto abraçava Luna, sorriu quando beijou Ronald na face. Sorriu até mesmo para Harry, apesar de querer, na verdade, vê-lo longe dali.
Ele a envolveu pela cintura e a atraiu para si. Não deixava de ser um gesto de coragem.
—Vamos comemorar com um jantar na próxima semana. Só nós quatro.
Não estarei aqui na próxima semana, Hermione pensou, sem deixar de sorrir.
—Faremos isso, depois do nascimento do bebê! — Luna protestou.
—Mas poderemos fazê-lo já, em homenagem à futura mãe. — Harry retrucou, beijando Luna afetuosamente.
De qualquer forma, o momento embaraçoso havia sido desfeito. Luna estava feliz novamente, como devia ser. Ronald, por sua vez, parecia estar curioso em relação ao que poderia estar acontecendo entre Harry e Hermione, mas conteve-se.
Felizmente, vários convidados retardatários chegaram, dando ao casal a oportunidade de se envolver em outros grupos. Outra vez, Hermione se afastou de Harry.
E ele a deixou ir.
Hermione resolveu aproveitar a festa, talvez a última na qual participaria junto àquelas pessoas. Ela sorria e conversava animadamente em italiano, a língua que aprendera a falar naquele ano de convivência. E dançou, comeu, bebeu champanhe, sem saber direito o que estava fazendo.
Conseguindo um tempo para estar com ela, Luna perguntou-lhe o que estava acontecendo.
—Se vocês dois estão se evitando desse jeito só por causa do que falei, sinto muito! — ela exclamou. —Não posso lhe dizer quão mal me senti depois de colocá-la naquela situação!
—Não seja tola. — Hermione respondeu, sorrindo. —Realmente, não teve importância.
—De certo que teve importância! — Luna insistiu. —Eu a feri e aborreci Harry! Ele mal fala com as pessoas, enquanto você está festejando como se esta fosse a sua última noite sobre a terra!
—Se Harry ainda está aborrecido por causa do que você disse, o problema está na falta de sensibilidade dele. — ela respondeu. —O que ele esperava que eu fizesse? Saltasse em cima dele e perguntasse quando é que eu ia me sentir abençoada?
—Você está com ele mais tempo do que qualquer outra das namoradas anteriores.
Luna repetia uma frase que Hermione ouvira muitas vezes naqueles últimos dias. Especialmente quando era para afirmar que o fim do relacionamento estava à vista.
—Isso significa alguma coisa, não? — Luna perguntou.
—Significa que eu devo ser muito boa no que faço. — ela respondeu, com uma expressão cínica. —Você acha que serei procurada quando souberem que estou sozinha novamente?
Luna ficou boquiaberta.
Do outro lado da sala, de pé junto ao bar, Harry viu o que acontecia e ficou imaginando o que Hermione devia ter dito para Luna ficar assim.
Nada de bom, ele concluiu ao ver que Luna procurava pela sala até vê-lo e, imediatamente, ela desviou os olhos. Harry ficou alerta.
Não estava gostando nada daquilo. O dia inteiro tinha sido de desencontros e desentendimentos, ele havia perdido o controle de tudo. E agora, algo que ele desconhecia estava acontecendo. Está certo que Hermione estava aborrecida, e talvez ele merecesse tal tratamento. Mas fosse o que fosse que ela dissera para Luna, deveria ter sido algo mais do que uma simples queixa sobre o seu mau gênio. A esposa do seu amigo demonstrara estar realmente chocada e horrorizada.
Percebeu que Luna estava falando nervosamente, certamente dizendo que Harry as observava. Nesse momento, Hermione voltou-se e Harry pôde ver um olhar de desafio e antagonismo no belo rosto. Olharam-se, e Harry ergueu o seu cálice em um brinde silencioso, para demonstrar que não se importava a mínima com o que elas pudessem estar conversando.
Mas não era verdade. E esse era o grande problema no que dizia respeito a Hermione. Mesmo então, enquanto trocavam olhares inamistosos através da sala cheia, ele sentia tanta atração por ela, que se houvesse uma forma polida de agir, ele a levaria para longe dali, para poder demonstrar quanto ela o afetava.
E isso dizia tudo sobre a grande luta íntima que ele travava consigo próprio. Ele a queria. Sempre a quisera! Com raiva ou não.
Sala cheia ou não!
Por que desistir de algo que ele desejava daquela forma?
No momento em que se conscientizou disso, percebeu que não era a única pessoa a poder fazer uma escolha naquela relação.
Uma breve movimentação junto à porta chamou a atenção de Hermione. Ela olhou naquela direção, e Harry lhe seguiu o olhar. Foi quando se sentiu esmorecer completamente ao ver Draco Malfoy em pessoa.
No momento em que o viu, o belo rosto de Hermione se iluminou, sua boca maravilhosa se abriu no mais belo dos sorrisos, e ela se apressou em direção de Malfoy como a ave que reconhece o ninho.

Oie! Este capítulo tem muito de que se falar, imaginar, especular...
consigo até ver as vossas caras intrigadas ao iniciarem a leitura, logo na primeira frase... dessa não estavam à espera... e com certeza se sentiram contrariados em certas partes do capítulo, afinal, não sabem quase nada ou absolutamente nada...
O fim do capítulo ainda foi mais estonteante que o inico... e agora? como harry vai reagir? o que vai acontecer? nem sonhem... quanta sofisticação... provocação... Eu não aguentava nem metade daqueles comportamentos...
Querem capítulo 3? Pois bem, comentem! Ou nem ver capítulo!

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