Onde está você agora?

Onde está você agora?



Ás vezes me pergunto se
Eu viverei sem ter você
Se saberei te esquecer


Ainda naquela noite, Pansy deixou o Centro com Narcisa. Na manha seguinte, antes mesmo de amanhecer Draco partiu rumo a Diretoria dos Centros de Atendimento, pretendia conseguir que Pansy fosse transferida para onde ele estava, conforme tinha prometido a ela sem que Gina tivesse que trocar de lugar com a garota. Embora ele quisesse ficar com Gina, sabia que esse momento era delicado para Pansy e que ele tinha de ser paciente até as coisas se ajeitarem, afinal eles eram noivos.

Longe dali um grupo de comensais liderados por Lucius Malfoy estava se preparando para invadir o Centro onde Gina estava e ninguém parecia suspeitar disso. Ela estava adormecida e sonhava com Draco quando sua porta foi aberta violentamente e ela acordou assustada vendo um homem entrar em seu quarto, um comensal da morte, mas antes que pudesse pensar em pegar sua varinha, tudo escureceu, ela havia sido estuporada.

Lucius mandou uma coruja para o Profeta Diário, informando que o Centro tinha sido completamente destruído e todas as pessoas haviam sido mortas. A noticia causou grande apreensão no mundo bruxo. Muitos não sabiam da existência desses lugares e ficaram felizes por ter uma chance de encontrar seus parentes desaparecidos lá. A ordem mobilizou grande numero de bruxos para procurarem sobreviventes, mas não tinham como, o local parecia ter sido bombardeado, só restavam escombros. Nas buscas feitas eles encontraram muitos corpos, mas nem todos foram identificados, pois na emergência, não tinham como identificar os pacientes que estavam dando entrada ali, assim eles concluíram que todos os registrados e o corpo de médicos e auxiliares que ali trabalhavam havia sido mortos, entre eles luna Lovegood e Virginia Weasley.

Draco recebeu a noticia como uma bomba. Pensar que Virginia havia sido morta naquele lugar e que o responsável era seu pai o fez perder o controle. Ele ficou em choque, não conseguia ordenar suas idéias, não sabia o que pensar, sentia um vazio enorme dentro de si. Aparatou na Mansão Malfoy francesa, onde havia estado com a ruiva e pela primeira vez na vida ele chorou, chorou feito criança por pensar em nunca mais tê-la consigo, chorou lembrando do sorriso, do cheiro, da voz, dos gestos de Gina. Draco recolheu-se na mansão por mais de uma semana, ignorando inúmeros chamados de sua mãe e da ordem, ele só queria estar ali, perdido em sua dor.

A família Weasley a principio pareceu não acreditar que a noticia fosse verdade, tinham a esperança de que Gina estivesse viva, mas com o passar dos dias se convenceram da morte da caçula e a uma enorme tristeza se abateu sobre eles. Afastaram-se de suas missões, não tinham forças de prosseguir.

Harry e Hermione se juntaram a família Weasley. Hermione tentava ser forte para ajudar a todos, mas era difícil mesmo pra ela, Gina era sua amiga e sofria por saber de tão trágico fim. Harry afastou-se de todos, estava perdido mais uma vez. Passou a odiar Voldemort por sempre matar as pessoas importantes para ele, por ter matado todas as pessoas que ele mais havia amado, por ter matado sua Gina. Um enorme desejo de destruí-lo brotou nele e ele decidiu terminar com o Lorde das trevas de uma vez prometendo que faria aquilo por todos que ele amava e que ainda estavam vivos.

A determinação de Harry em acabar com Voldemort pareceu influenciar a todos da ordem, logo eles estavam mobilizados em elaborar planos de ataque contra os comensais e seu líder, diferente de antes onde as estratégias eram de defesa, agora eles partiriam para o ataque.

Gina acordou em um lugar estranho, que ela percebeu ser um quarto muito bem decorado. Estranhou sua situação e então várias perguntas começaram a se formar em sua mente, como onde estava, o que fazia ali e por fim quem era ela. Não conseguia lembrar de nada, havia apenas um clarão em sua mente. A porta se abriu e por ela passou um rapaz, um pouco mais velho que ela, cabelos negros e ondulados, olhos profundos e escuros, pele clara. Ele tinha um sorriso malicioso nos lábios.

- Ola minha pequena! – ela o ouviu dizer, no entanto não respondeu.
- Não vai falar com seu velho amigo? Eu senti saudades de você! – ele disse e riu em seguida, um sorriso sarcástico.
- Desculpe, mas não conheço você – foi o que Gina disse, ela o observava, tentava lembrar dele, mas não tinha memória alguma.
- Como não conhece? Somos velhos amigos! Se não me engano, nos conhecemos desde que você tinha 11 anos. – ele disse encarando-a, estava estudando-a.
- Desculpe, não lembro de você, não lembro de nada – Gina disse com certo pesar.
- Não lembra? – ele olhou curiosamente para ela – Olhe pra mim! – ele ordenou e ela obedeceu.

Ele encarou-a profundamente nos olhos e tentou ler sua mente. Foi com certa confusão que ele percebeu que ela não tinha memória, parecia ter recebido um obliviate muito forte, que havia apagado toda a sua memória.

- Você realmente não tem lembrança alguma! – ele concluiu.
- Você disse que somos amigos, talvez possa me ajudar a descobrir o que aconteceu comigo, quem eu sou! – ela tinha esperança na voz.
- Você é Virginia Weasley e eu sou Tom Riddle. – ele disse de maneira sombria.
- E quem é Virginia Weasley? – ela insistiu.
- Não posso conversar com você agora, mas volto outra hora. – dizendo isso ele saiu, deixando Gina perdida novamente, encolhida na cama.

Desde aquele dia Tom havia visitado-a regularmente, sempre levando comida para ela e contando-lhe coisas sobre sua vida e a dela, mentiras. Tom disse a ela que eles eram órfãos e foram criados em orfanatos diferentes até os onze anos dela, quando ela fora levada para o mesmo lugar onde ele estava e desde então tinham se tornado amigos. Disse a ela que eles nada sabiam sobre suas verdadeiras famílias, que existia magia, que ele era bruxo e ela não, que estavam escondidos porque um bruxo mal queria o poder e estava perseguindo todos. Disse que ele a havia encontrado desmaiada perto da casa dele depois de um ataque de comensais e para a segurança dela era bom que ela não saísse do quarto e Gina acreditou nas historias dele. Sentiu-se protegida ao seu lado. Tom era gentil com ela.

Passado algum tempo, Gina ficou entediada de passar tanto tempo trancada no quarto. Uma noite quando Tom veio trazer-lhe comida, ela pediu a ele para sair.

- Tom, não seria possível que eu saísse desse quarto?
- Para sua segurança não. – ele disse sentando-se na beira da cama, Gina estava em pé.
- Poderia me trazer alguma coisa pra eu me distrair?
- O que você gostaria?
- Não sei, um livro talvez.
- Posso providenciar.
- Obrigada! – ela suspirou cansada.
- O que você tem?
- Nada, porque pergunta?
- Você suspirou entediada.
- Não gosto de ficar presa aqui.
- Você não esta presa, está escondida!
- É a mesma coisa, não posso sair daqui – ela lamentou-se sentando ao lado dele.
- Você gostaria de ir pra outro lugar?
- Qualquer lugar menos esse!
- Que lugar você gostaria se estivesse?
- Já disse, qualquer lugar menos esse! – ela respondeu impaciente.
- Vou levá-la para outro lugar!
- Para onde? – ela perguntou ansiosa!
- Espere! – ele disse sorrindo.

Pela primeira vez Gina viu um sorriso dele, um sorriso espontâneo. Encarou-o e ele sentiu-se incomodado com aquilo. Tom gostava dela, desde que sua memória a conhecera quando ela tinha apenas 11 anos. Como ele era Voldemort ele não podia admitir nunca algo assim, ele era mal, mas quando virava Tom Riddle, só para ela e apenas por ela, ele sentia-se um adolescente apaixonado e se permitia agir daquela maneira com ela. Voldemort dizia a si mesmo que era como um passatempo, uma brincadeira, mas a cada dia que passava mais tempo ele passava com ela e menos com os comensais.

Quando Gina acordou no dia seguinte, já estava em outro quarto, e estava sozinha. Levantou-se e observou tudo a sua volta, o ambiente era aconchegante, simples e bonito. Ela notou que a porta estava aberta e saiu, conhecendo toda a casa que ela soube logo ser pequena e localizada em lugar no campo, devido a toda natureza presente. Gina sentiu-se feliz e passou o dia andando por perto da casa, conhecendo o lugar. Quando voltou a noite, encontrou Tom esperando-a, ele estava irritado.

- Pensei que tinhas ido embora! – ele disse raivoso.
- Não, fui conhecer o lugar, a casa e maravilhosa, é tudo maravilhoso! Obrigada! – Gina disse feliz para ele.
- Não quero que saias! – a raiva havia passado diante do sorriso dela.
- Poderias passear comigo amanha! – ela disse ignorando o tom proibitivo dele..
- Verei se será possível.

Gina precipitou-se sobre ele abraçando-o. Tom ficou estático a princípio, mas depois a abraçou de maneira forte, quase fazendo Gina sentir dor. Aquele gesto dela era belo demais pra ele, ele nunca havia sido abraçado antes e aquilo gerou uma serie de sensações diferentes nele. Tentando afastar os pensamentos que se formava em sua mente ele pôs-se a falar a ela sobre os mantimentos que tinham na despensa na cozinha, sobre roupas pra ela e sobre tudo mais, depois conjurou alguma comida para ambos e jantaram enquanto Gina fazia perguntas sobre todas as coisas que ela não conhecia, ou melhor, não lembrava.

Os comensais já haviam notado as mudanças no Lorde, mas não ousavam dizer-lhe nada. Com o passar o tempo e as mudanças que ocorreram no modo deles agir e nas táticas de tomada do poder, que agora estavam fracas, eles começaram a ficar insatisfeitos, e alguns até já se perguntavam se estavam no lado certo naquela guerra. Nenhum deles fazia idéia do motivo pelo qual o Lorde havia mudado, mas um suspeitava que tivesse algo relacionado a Gina, Lucius Malfoy, afinal, fora ele quem pegara Gina no Centro e a levara para o Lorde. Lucius passou a observar melhor o Lorde e em pouco tempo ele o seguiu, descobrindo que Voldemort passava todo o tempo que estava fora na companhia da Weasley menina em uma casa de campo, o que para ele fora inacreditável.

Harry tinha conseguido encontrar todas as horcruxes de Voldemort e destruído-as também, logo o Lorde ficara fraco e Harry esperava o momento final, o encontro que teriam e então ele terminaria com aquela guerra para sempre. O momento tão esperado não demorou a chegar. Quando Voldemort sentiu-se fraco, ele sentiu que suas partes de alma estavam todas destruídas. Foi então que ele deu-se conta que havia negligenciado sua causa e agora tudo poderia estar perdido. Num momento de desespero ele chamou Lucius e contou-lhe onde estava Gina, como ela tentara enfeitiçá-lo e ordenou que ele matasse-a assim que a encontrasse. Em seguida ele se precipitou a encontrar Harry, mas este foi mais rápido e Voldemort morrera para sempre.

Algum tempo depois, Gina não sabia dizer quanto, pois perdera total noção do tempo, ela acordou enjoada, sentindo-se mal. Tinha vômitos constantes e tonturas, não comia direito, estava sem dúvida doente! Esperou que Tom viesse naquele dia, mas ele não veio, quando a noite chegou ela já se sentia melhor. No dia seguinte Tom também não veio, e ela ficou esperando-o um dia após o outro, mas ele não veio mais. Um dia ela ouviu passos na casa e foi ao encontro de Tom, mas quem ela viu foi um homem que ela não conhecia, um homem loiro e alto, tinha olhos azuis de um tom quase cinza e um porte muito elegante. Ela não lembrava dele, mas alguma coisa dentro dela fez com que algo nele lembrasse alguma coisa e seu coração bateu mais forte.

Vendo a queda do Lorde, Lucius foi ao encontro de Gina para cumprir a ordem dele. Ele chegou a casa onde ela estava e ao vê-la vir ansiosa ao seu encontro, chamando por Tom enquanto passava mal ele não a matou de imediato.

- Quem é você? – ela perguntou um pouco assustada.
- Não me reconhece?
- Não!
- Como pode?
- Não lembro de nada, você conhece Tom?
- Sim.
- Onde ele está? Porque não veio mais? Ele o mandou? Não me diga que o pegaram?

Ao perceber que ela não o reconheceu e que suas únicas lembranças eram desde que acordara sob o poder do Lorde, ele teve a idéia de usá-la como um meio de voltar ao mundo mágico como herói, embora repugnasse a idéia de conviver com uma Weasley. Ele disse ter vindo salvá-la, contando uma versão da historia distorcida, que muito o beneficiava. Ele contou a Gina quem era realmente Tom Riddle, ignorando o fato de ele ser seu seguidor fiel. Contou-lhe que era um importante membro do ministério e que fora obrigado pelo Lorde a ser seu seguidor, coisa que ele havia aceitado para salvar sua família, mas que depois se arrependeu e acabou prisioneiro dele, fugindo quando vários aurores invadiram o lugar que era a sede das reuniões, a antiga mansão da família dele, mas não sem antes ouvi-lo ordenar a um comensal que a matasse. Assim ele tinha conseguido chegar até ela e o comensal havia sido morto. Gina duvidou um pouco, Tom tinha sido bom com ela, mas quando Lucius mostrou-lhe jornais com a historia do mundo bruxo, inclusive um que tinha uma nota da morte dela, ela acreditou em tudo o que ele dissera. Lucius também dissera que eles precisavam de tempo antes de voltar, porque ainda haviam comensais soltos e era perigoso, ela convenceu-se.

Nos primeiros dias que Lucius dividiu a casa com Gina ele sentiu um certo nojo, mas com o passar dos dias ele sentiu até certa simpatia pela jovem ruiva que ignorava completamente o que se passava. Gina sentiu-se mal novamente e Lucius soube imediatamente o que ela tinha, já tinha visto aquilo antes, com Narcisa.

- Você sabe o que tem Weasley?
- É só um mal-estar, logo passa. – ela sentou-se a mesa.
- Não vai passar! Pelo menos não agora.
- Sempre passa - disse ela levantando-se e pegando algumas panelas em cima do fogão.
- Você não lembra de nada mesmo, antes de acordar com o Voldemort?
- Não.
- Você está grávida!
- O que é isso?
- Você vai ter um filho, um bebê.

Aquilo a chocou. Um filho? Como ela teria um filho? Ela nem sabia quem era, como poderia ter um bebê? A confusão dentro de si foi enorme. Ela pôs as mãos sobre o ventre e olhou para o homem a sua frente. De repente um pequeno sorriso brotou em seus lábios, embora não soubesse quem era, ou quem era o pai de seu filho, sentiu-se feliz por ter uma criança dentro de si. Era um pedaço seu de uma vida que ela desconhecia totalmente.


Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.