Primavera!



“ Primavera se foi
E com ela meu amor
Quem me dera poder
Consertar tudo o que eu fiz...”


Seis anos, seis anos de intermináveis brigas que tendiam a esconder o sentimento mais puro que ele viera a conhecer. Seis anos que poderiam ser completamente diferentes! Seis anos, que eles ao menos compartilharam como amigos, estando todos os dias lado-a-lado. Agora o destino lhe pregara uma peça, a mais dolorosa e cruel delas.
Meses se passaram desde a conversa com a irmã naquele caís, naquele seu intocado porto-seguro. Seis meses!?! E as esperanças adquiridas escoavam como grãs de areia por entre seus dedos. Era doloroso. Era desumano. E era, sem dúvida alguma, mortal ver seu melhor amigo vegetando sobre uma cama com sua irmã ao lado.
Seria harmonioso, senão fosse toda a contrariedade que a época transmitia...Pela janela do quarto de hospital, onde Harry Potter continuava em coma, podia-se avistar os últimos sinais de uma penosa primavera que cedia aos poucos lugar a estação, antes mais ansiada por todos os mais jovens, o verão. Ah! O verão, sinônimo de férias, de descanso e talvez, em um universo paralelo sem guerras, sem mortes e sem Voldemort, estariam os quatro amigos, quer dizer, os dois casais, agora tirando proveito do fim das aulas, das provas e de todo o resto. Poderiam mesmo estar se despedindo definitivamente de Hogwarts, já que aquele seria o ano correspondente a formatura de Rony, Hermione e Harry.
Essa mera fantasia, fora forte o suficiente para colocar um singelo sorriso nos lábios de Ron, pena que condenado a durar nada mais que alguns breves momentos...Gina, tomada pelo pânico, gritava pelo irmão tirando-o imediatamente de suas divagações.
Os monitores interligados ao corpo físico e mágico do garoto-que-sobreviveu datavam freneticamente alterações no seu estado clinico...Harry havia reagido sim, todavia, da pior maneira...Ele sofria uma parada cardíaca.


“ O perfume que andava
Com o vento pelo ar
Primavera soprando
Para um caminho
Mais feliz
Mais feliz...”


O ruivo saiu em disparada pelos corredores do St. Mungus. Atordoado, esbarrou em meia dúzia de pessoas até encontrar algum curandeiro e comunica-lo em meio a gritos e gestos involuntários que um perigo de morte se abatia sobre o menino Potter. Dezenas de medibruxos se mobilizaram para quarto do melhor amigo dos Weasley às pressas, Gina, que não queria arredar o pé do lado de seu amado, precisou ser adormecida por um feitiço anestésico para então ser retirada do aposento.
Aos poucos, o hospital foi tomado. Membros sobreviventes da Ordem da Fênix, todos os Weasley, curiosos, simpatizantes e fãs de Harry Potter, alguns professores da recém-reaberta Hogwarts e o casal Granger. Para esses, a recuperação do amigo de Hermione, poderia representar alguma esperança ou ao menos o paradeiro definitivo de sua filha.
Com o decorrer dos meses e o diminuir de seu isolamento, Ronald Weasley passou a ter freqüentes conversas com os pais de seu grande amor. A cada busca mesmo que frustrada, a cada simples ou insignificante pista de um provável rastro dela, a cada expectativa restaurada ou não, ele fazia questão de informar-los pessoalmente.
_ Essa é época do ano preferida da Mel! – Disse certa vez a senhora Granger.
Penetrar numa casa que transbordava lembranças daquela que tomou por completo o sentido de sua vida era como uma chance de respirar dentro de um furação. Por uma única vez, a mãe dela o permitiu visitar o quarto de Hermione. Fotos bruxas e trouxas do trio espalhadas por todos os cantos, aquele perfume floral que impregnou para todo o sempre os pulmões de Rony, roupas deixadas por sobre uma cama desarrumada, alguns livros fechados e outros tantos abertos, pilhas e mais pilhas de exemplares do Profeta Diário...Incrível como um pequeno aposento como aquele poderia guardar tanto dela...
Agora, ele caminhava por outros corredores, mais frios, mais escuros, mais solitários...Estranho, como nem mesmo a primavera era capaz de abrandar tamanho vazio...


“ Pois a rosa
Que se esconde
No cabelo mais bonito
É um grito, quase um mito
Uma prova
De amor! ”



Chorar? Não restavam mais lágrimas. Rogar? Não lembrava mais de nenhuma entidade mágica a qual já não tenha recorrido. Gritar? O que? Com quem? Para que? Fechar os olhos e aguardar que a eternidade abrandasse sua dor? Não, nunca! Ela era uma Weasley e acima disso...Ela estaria ali firme, inteira e pronta para acolher o Eleito de braços abertos quando ele acordasse.
Mas...Mas, será que ele acordaria um dia? Será que naquela noite ele não entraria num sono sem volta? Gina tentava em vão afastar esses pensamentos, apegando-se aos prodígios daquele menino franzino e tímido que ela aprendera amar incondicionalmente desde os seus onze anos.
*************************************************************************
_ Diz pra mim que vais estar lá sempre para me segurar? – Perguntava Harry sem soltar a mão de sua ruivinha naquela que seria a noite antecessora ao confronto final.
_ Lá, lá aonde meu amor? – Respondia entre sorrisos Gina.
_ Lá em qualquer lugar que eu esteja depois de amanhã... – A cada palavra o semblante do rapaz perdia a serenidade e a confiança que pouco antes ali se vislumbrava.
_ Em qualquer lugar ao meu lado... – Confirmou a menina antes de beijar o namorado.
_ Qualquer lugar é? – divertia-se novamente o garoto – Hum, e o que você acha das estrelas?
_ Para um reencontro? – Questionava-o sem entender o quê da brincadeira a ruiva.
_ Não exatamente...Eu pensava em algo como uma lua-de-mel... – Dizia em um tom um tanto quanto maroto Harry Potter.
_ Lua-de-mel? Então eu devo adverti-lo desde já Senhor Potter que eu só me caso em uma estação do ano: a primavera! – Correspondendo a altura a provocação.
_ Então, você aceitaria? – Disse levantando-se num pulo o menino com raio na testa.
_ Eu nem pensaria se me chamasse para fugir contigo...Não me importaria se amanhã essa certeza fosse apenas um talvez...
Um beijo não...O último beijo desde a vitória sobre Voldemort marcou com um SIM absoluto o inusitado pedido de casamento que Harry James Potter acabara de fazer a Ginevra Molly Weasley...
*************************************************************************
“Não me importaria se amanhã essa certeza fosse apenas um talvez...”. Gina recordava claramente de quando e como fizera essa promessa ao seu agora noivo e por mais trágicos e surreais que seus fossem pensamentos, ela estaria disposta a naquela noite cumprir sua palavra...Estaria nos braços de Harry quando ele acordasse, independente de ser nesse mundo ou em qualquer outro...


“...Primavera se foi
E com ela essa dor
Se alojou no meu peito
Devagar...
A certeza do amor
Não me deixa
Nunca mais...”



Rony estava cabisbaixo, aéreo e com uma, duas lágrimas rolando pelo seu rosto. Ele permitiu que seus pés o guiassem até um outro lugar dentro do hospital que não houvesse uma multidão lamentando por ele e seu melhor amigo...Para a maioria esmagadora, a morte de Harry Potter era uma questão de tempo, questão de uma noite, daquela noite. E Ron começava a perceber que para o Mundo Bruxo, principalmente para o Ministério estaria muito mais em conta chorar a morte do jovem herói, do que ter de prestar-lhe as homenagens devidas numa eventual recuperação. Assumir que um bruxo que nem sequer havia completado seus estudos em Hogwarts fora mais apto que o próprio Ministério para conter Voldemort era realmente inadmissível.
Ronald novamente cedera o posto de guardião ao lado de Harry a sua irmã, que permanecia alheia a todo o movimento ao seu redor...“Quem sabe é até melhor assim!” Pensava o ruivo, enquanto caminhava sem rumo aparente pelo St. Mungus.
_ Você está procurando por alguém, meu filho? – Perguntou-lhe um senhor já de idade.
O rapaz estancou ali mesmo. Olhou em volto, se encontrava num imenso corredor branco que conduzia à algumas saletas revistadas de vidros ao invés de paredes. Choros, contudo, bem distintos dos quais ele estava familiarizado. Não eram choros desesperados, eram choros infantis...Espiou e pode entender: estava na ala da maternidade. Diversos bebês, enfermeiras se desdobrando para atender a todos e vários casais babando ao contemplar seus pequeninos. Um sorriso iluminou seu rosto, afinal ele assistia a algo que o fez sentir foram validos todos os sacrifícios que passaram durante a guerra. Somente a idéia de terem podido assegurar uma realidade um pouco melhor aos agora chegavam ou estar por chegar a esse mundo.
Só então ele erguer a vista para quem havia interrogado-no. Era senhor um tanto quanto idoso, cabelos brancos, as mãos fechadas apoiando-se no cabo do que aparentava ser uma bengala e os olhos de expressão cansada, mas emanando um brilho invejável.
_ O senhor falou comigo? Desculpe, mas eu não estava muito atento... – Respondeu o mais sincero e educado que pode.
_ Ora, ora isso eu mesmo pude perceber. Você passou por várias vezes por aqui nos últimos minutos. – disse o velhinho fazendo com que Ron cora-se instantaneamente – Eu lhe pedi se estaria procurando por alguém.
_ Ah, não, não! No momento tudo o que menos desejo é encontrar algum conhecido... – lastimava o adolescente.
_ Pensamento e lugar estranho para um moço como você. Aconteceu alguma coisa, meu rapaz? Dá para se ver uma imensa tristeza no fundo de seus olhos...
_ Bem, sim... – Rony surpreendeu-se de ter mudado a ponto de transparecer tão claramente seus sentimentos – Foi a guerra...Quer dizer, foi na guerra...Perdi minha namorada...E, e meu melhor irmão, meu irmão praticamente, ficou gravemente ferido...
O bruxo mais velho aproximou repousando uma de suas mãos sobre o ombro do jovem, encorajando-o a prosseguir.
_ Há seis meses, ele está internado aqui, em coma...E hoje, ele reagiu...Ou melhor, não sei se o que ocorreu foi uma reação...O caso é que teve uma parada respiratória seguida de uma cardíaca.
_ E que os medibruxos disseram a respeito?
_ Nada, absolutamente nada! Eles nos mandaram sair do quarto e o levaram para a U.T.I. A partir daí mais nenhuma notícia. E esse silêncio já dura horas...
_ Merlin, Merlin! Tão novos e tão sofridos...Nessas bobagens que todos nomeiam como guerras nunca há vencedores, há no máximo...Um lado menos arrasado. Eu sinto muito por sua namorada e por seu amigo, meu filho.
_ Eu prefiro que o senhor não sinta. Não por falta de consideração, mas por excesso de esperança. – Sorriu com a própria resposta Rony.
_ Esperança, é a única coisa que se pode encontrar nos escombros de guerra. Diga, jovenzinho, o que lhe faz ainda nutrir essas suas esperanças? – O sorriu de volta o homenzinho de cabelos brancos.
O garoto pareceu hesitar. Ia confessar pela primeira vez que o motivo de ter forças para seguir vivendo e acreditando era...Era, seu coração! Foi assim um gesto instintivo apontando para o próprio peito, apontando para o próprio coração. Uma dessas atitudes impulsivas tão comuns a Rony Weasley, uma dessas atitudes em que levantamos as mãos aos céus e agradecemos, pela exatidão e por estar irremediavelmente correta.
_ Seu coração!?! E o que ele lhe diz? – Perguntou sem rodeios o idoso.
_ Que ela está viva...Que tudo acabará bem...
Rony ouviu breves e silenciosas palmas partindo das mãos calejadas e envelhecidas de seu interlocutor. Sentiu-se por um primeiro instante, estúpido. Achando que a ato era uma forma de mostrar o quão ridículo aquilo soava...Porém...
_ Escute meu filho, escute fielmente seu coração. Ele conhece e sente todas as coisas, porque veio da Alma do Mundo e um dia retornará para ela! Você não terá um conselheiro melhor do que este...
_ Senhor Thompson, o senhor poderia me acompanhar? Seu filho está chamando pelo senhor. – O ancião confuso encarou a enfermeira – Meus parabéns, seu neto acaba de nascer!
O velho pareceu ser tomado de um poção revigorante, esquecendo-se momentaneamente da bengala rodopiou sobre os próprios pés numa amostra estupenda de felicidade.
_ Ah! Que boa noticia...Felicitações ao seu filho pelo neném! – Parabenizou-o Ron.
_ Obrigado, muito obrigado! Bom, acho que isso significa um adeus, não garoto!?! Cuide-se, sim!?! Ou vai querer estar nesse estado lastimável quando encontrar sua namorada?
O ruivo permitiu-se pela primeira vez desde que voltara a si após a guerra gargalhar. Viu que o agora vovô estava coberto de razão. Vestiasse desleixadamente, até demais mesmo para ele. Estava magro, muito mais magro...Os olhos ainda encobertos pelas profundas olheiras, a voz cada vez mais rouca e fraca, os cabelos despenteados e alongados beirando os ombros, uma barba de dias por fazer...Se Hermione o visse desse jeito, o rejeitaria com plena certeza.
_ Novamente o Senhor está certo. E se alguém aqui deve agradecer alguma coisa, esse alguém sou eu. Muito obrigado por suas palavras, há muito tempo eu não sei o que é ser animado através delas.
O homem se limitou a estender e apertar novamente a mão do rapaz, dessa vez um pouco mais forte e mais demoradamente. Com o termino do cumprimento, ambos deram-se às costas prontos para seguirem caminhos opostos, senão fosse...
_ Jovem Weasley! – chamou-o uma voz atrás dele.
_ Sim, Senhor Thompson!?! – Respondendo de imediato Rony.
_ Espero em breve ler a seu respeito no Profeta Diário. De preferência boas novas como o restabelecimento do senhor Potter e o aparecimento da senhorita Granger!
Com um sinal positivo de cabeça Rony continuou a afastar do homem que com meia dúzia de palavras e anos de provável experiência de vida havia inserido nele uma faísca tão concreta de esperança que necessitou de pelo menos dez minutos para reparar que não tinha mencionado seu nome e nem de seus entes querido na conversa. Bom, não seria difícil ele o ter reconhecido pelas excessivas reportagens e matérias sobre o trio que conseguira derrotar o Lord das Trevas. Isso era relativamente o que menos lhe importava. Estava grato. O dialogo fora de um conforto sem igual, de um acender de esperanças que a muito ele julgara perdido. E não foi de se espantar que ao anoitecer e nada de novo do estado de Harry ser anunciado, Rony partiu com a família, exceto por Molly e Gina, para casa...


“Primavera brilhando
Em seu olhar
E o olhar
Que eu guardo
Na lembrança
Ainda traz a esperança
De te ter
Ao meu ladinho
Numa próxima
Estação!”



Certeza...Certeza era algo que não fazia mais parte da vida de Ronald Weasley há pelo menos seis meses, quando se viu em um quarto de hospital cercado pelos parentes, ao lado do amigo herói Harry Potter desacordado, sem informações concretas do paradeiro de sua namorada Hermione Granger e tendo de lutar dia após dia contra a incessante vontade de por um fim ao seu martírio particular.
Agora, passados alguns meses, alguns quilos mais magro e mais centrado, ele se vislumbrava encarando o mesmo teto que por tanto tempo fora seu único companheiro. A diferença mais contundente emanava de um sorriso bobo que preenchia todo o contorno da boca dele.
Sorrir numa situação daquelas? Ele só poderia estar louco, devia ter enlouquecido isso sim! E movido por essa temporária insanidade, ele dirigiu-se ao banheiro...Permitiu-se demorar no banho, fazendo a barba, vestindo-se descentemente. Caprichou em resumo.
Numa dessas infinitas e nada cômodas salas de esperas que se espalham pelos hospitais do mundo, uma garota ruiva de feição abatida, cansada e, no mínimo, tristonha acompanhava sem interesse o tic-tac do relógio que cismava em andar cada vez mais devagar. Sua mãe, na poltrona do lado, adormecera poucos minutos antes. Sentiu-se sozinha como nunca em toda sua vida. E pela primeira vez no dia, admitiu que insistentes lágrimas ganhassem sua face.
O vigésimo terceiro badalar do Cuco, resultado da obsessão de Arthur por artefatos trouxas, lembrou a todos que apesar dos pesares o dia de amanhã viria e traria com ele suas costumeiras responsabilidades ou irresponsabilidades como era o caso dos gêmeos.
O sono começava a vencer a briga contra ele mesmo...Tentava inutilmente manter os olhos abertos e os pensamentos em ordem. Nada adiantava. Derrotado, ele deixou-se adormecer. Ao contrario do conforto que o irmão desfrutava em sua cama na Toca, Gina piscava a torto e a direito lutando contra o pesado sono tomava-a por completo. Os olhos inchados e avermelhados pelo choro clamavam por um descaso e ela como que intuição fechou-os no exato instante em que Rony rendeu-se.
Em questões que abrigam tempo ou espaço o conhecimento que o ser humano acumulou por séculos é absolutamente ínfimo. Milagres se personificam diante de nossos incrédulos olhos todos os dias e mesmo assim estamos tão cegos pelo ceticismo e pela necessidade inflada de provas para explicar tudo, que não nos concedemos a chance de sermos contagiados por essas essências do impossível. Mas, dizem as poucas e mais sábias línguas que a maior qualidade ainda existente do homem é a de crer, de crer sem ter fundamento algum, de crer apenas por crer...
Por esse critério ou, seria melhor descrever, por esses descrentes que mesmo anos depois ainda são formuladas teorias, teses e toda e qualquer idéia mirabolante ou genial para o ocorrido naquela noite em que a última flor da primavera desabrochou...
O tempo e o espaço se fundiram na Terra do Nunca, na Terra dos Sonhos ou na imperfeita Terra dos Humanos...Eles cruzaram barreiras de morte e vida, de dor e alegria, de desespero e alivio armados da mais sublime combinação que esse fatídico planeta pode conceber. O laço perfeito de amor, o laço harmonioso de amor fraternal e passional estampados em quatro seres, em quatro corações...Figurados naquela abençoada noite, em quatro vozes, em quatro chamados...Eles chamaram, eles buscaram uns pelos outros e se buscariam até o fim dos tempos.
_ Rony! – uma voz sussurrada em um canto perdido da Irlanda.
_ Mione! – um grito abafado pelas paredes da Toca.
_ Harry! – Um urro de plena felicidade quebrando a pacata tranqüilidade do St. Mungus.
_ Gina! – As palavras fugindo assim como as forças daquele que parecia nascer; não, não, não a justiça tem que ser feita, daquele que parecia renascer para este mundo.
Quem se encontrara primeiro? Isso, isso é irrelevante. O implicante é constatarmos que sim, que naquele último fio de noite Gina cumprira sua promessa. Estava nos braços de Harry quando este abriu os olhos para o mundo que salvara. Tão frágil como um recém-nascido, o garoto-que-venceu-e-viveu balbuciou as palavras que tanto o melhor amigo urgia em ouvir. Na hora em que Voldemort viu-se encurralado tomou a decisão que se ele padeceria, levaria Harry consigo. O que mortificou o Eleito não fora a possibilidade de morrer, mas o de arrastar sua melhor amiga, que duelava há poucos metros com Belatrix, para o mesmo destino. E num esforço desesperado, Harry concentrou suas forças restantes para retirar Hermione dali no exato momento em que a Fortaleza ruiria e a proteção anti-aparatação fosse quebrada. Obvio que um bruxo não pode fazer objeto ou individuo desaparecer, só que em ocasiões extremas como aquela dependendo da magia do bruxo em discussão, feitiços involuntários podem acontecer. O mistério, enfim, teria sua resolução.
Amnésia total! Vigorou como única seqüela do ato desesperado de Harry. Pouco mais de uma semana fora o suficiente para o novo Ministério da Magia Britânico localizar a agora curada e famosa Hermione Granger. E como não poderia passar sem uma cobertura a altura, a manchete do Profeta Diária foi por inúmeros dias o retorno triunfal do Quarteto Fantástico de Hogwarts e em um ponto perdido da Inglaterra um senhor risonho embalava o adormecer do neto lendo orgulhoso as boas novas do jornal bruxo.
E um ano depois, três estações depois, quatro amigos, ou melhor, dois casais apreciavam da beira-mar, da beira de um caís entre namoricos apaixonados o espetacular pôr-do-sol que marcava o inicio de uma nova primavera...
Estavam juntos, enfim! Estavam em paz, enfim! A felicidade chegou aqueles quatro, como há sempre uma luz no túnel dos desesperados, como há um caís de porto para quem precisa chegar...


“ O perfume que andava com o vento
Pelo ar
Primavera soprando
Pra um caminho
Mais feliz,
Mais feliz...
Mais feliz...
Mais feliz!”

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.