Epílogo



Eu andava de um lado para o outro, nervoso. Céus! Mas que demora mais irritante!

Olhei no relógio pela vigésima sétima vez, notando que este estava dois minutos adiante desde a última vez que o olhara, um total de vinte e nove minutos de atraso! Estava ficando paranóico!

Tanto que, quando Harry, vestido com sua belíssima roupa de gala, verde-garrafa (sempre invejei aquela roupa, desde o dia em que ele a comprou, o que, aliás, foi um palpite meu. Mas infelizmente aquela cor não combina comigo) tocou meu ombro, eu me virei, irritado.



- Como assim não combina com você? – Ammy perguntou, espichando a cabeça para olhar os relatos do marido. – Você combina com tudo, meu amor!

Draco riu.

- Ammy, Ammy… Pare de erguer o meu ego senão o velho Malfoy egoísta e prepotente pode acabar voltando.

Ammy sorriu e murmurou em seu ouvido, fazendo tinta espirrar em uma parte do pergaminho quando ele molhou a pena para voltar a escrever.

- Certas noites em que esse Draco se manifestou foram muito boas.

Não dando atenção ao rubor que lhe subia às face, Draco continuou:

Ele disse:
- Draco, a Ammy…
- Desistiu, não foi? – eu o cortei. – É claro! Eu sabia que ela ía acabar se arrependendo! Malfoy idiota! O que me fez pensar que ela iria realmente querer ficar comigo? Com certeza deve ter aparecido alguém que ela…
- Draco! Espere aí! Da onde…
- Vai, Harry, pode falar logo. Quem é?

Ele me olhou com aquela cara de retardado que só ele sabia fazer…


- Draco!
- Foi mal, querida. Às vezes tenho umas recaídas.

Então, como eu estava dizendo, ou melhor, escrevendo, ele me olhou com uma cara… intrigada.

- Quem é o quê? Você ficou maluco?
- Quem é o cara!
- QUE cara?
- Ora, Potter, que cara! Aquele por quem ela me trocou!

Ele me olhou por um momento, sem expressão, mas então, jogou a cabeça para trás e começou a rir. Rir não. Gargalhar. Acho que até algumas pessoas de fora ouviram, porque o coroinha enficou a cabeça para dentro, nos lançando um olhar de advertência.

- Desculpe – murmurou Harry, com lágrimas nos olhos, e ele se retirou.

Aquela risada estava me irritando.

- Do que está rindo, Potter?

Como não obtive resposta, fiquei ainda mais nervoso. Peguei uma pesada cruz que estava ali e o ameacei com ela.

- Fala logo, Potter, porque você já está irritando!

Ele parou de rir e me encarou.


- Você o ameaçou com uma cruz? – perguntou Ammy chocada.
- Ora… Estávamos em uma sacristia! Não havia nada lá além de cruzes e terços!
- E você escolheu logo a mais pesada?
- Bom, se eu pegasse um terço seria capaz de que ele pensasse que eu iria benzê-lo e não espancá-lo! Aliás, ele estava rindo de mim!

Ammy que riu agora.

- Mas você mereceu, não foi? “Quem é o cara”, honestamente…

Um pouco emburrado Draco voltou-se para o papel.


-
- Draco, larga isso e pára de ser retardado! – ele me disse, agora sério. Eu só não esbravejei e cumpri minha ameaça porque estava decepcionado demais.

- Tadinho!
- Xiiii! Não quero papo, você acabou de zombar de mim.


- Eu não sei da onde você tirou que Ammy o trocou, Draco. Ela te ama!

Ergui os olhos para encará-lo.

- Você achar?

Ele riu de novo, mas dessa vez de maneira controlada e agradável.

- Eu não acho, eu tenho certeza. Ela te ama, e por isso resolveu se casar com você. Pare de ser paranóico!

- Sei… Você diz isso porque não está no meu lugar. No dia do seu casamento quero ver se você não vai estar tão nervoso quanto eu a ponto de achar que ela trocou você, Esse atraso é apavorante!

Ele riu de novo. Tava feliz aqeule dia, heim?

- Não acho que pensarei isso. – Uma pausa. – Mas acho que sou bem capaz de acreditar num sequestro por trasgos.

Nós dois nos entreolhamos e caímos na risada.

- A Ammy te ama – ele disse depois de certo tempo. – Não duvide do amor dela por você.

Concordei com a cabeça e apertei sua mão, num gesto amplamente amigável.

- Valeu, cara!

Um coroinha (outro, um pouco mais velho) entrou e nos olhou de forma estranha.

- Como é? Esse casamento sai ou não sai?

O suficiente para que eu me desanimasse novamente.

- Se a noiva chegasse… - murmurei baixinho.

Harry bateu na testa, como quem se esquecera de algo, e eu o olhei, curioso.

- Desculpe, Draco – pediu ele. – Você mudou de assunto e eu esqueci. Lembra que vim te falar uma coisa? Então, era para avisar que Ammy chegou!

Só não peguei a cruz para espancá-lo de verdade porque minhas pernas tornaram-se geléias.



- Amooooor… Já chega por hoje, não?

Draco se voltaou para a esposa, ainda um pouco emburrado, mas seu coração derreteu e ele mostrou isso com um belo sorriso ao ver o garotinho louro em seus braços, dormindo profundamente.

Aproximou-se e o pegou no colo, com cuidado, dando um beijo em Ammy e acomodando na cama. Ela logo veio ao seu lado.

Os dois olharam apaixonadamente para o garotinho.

- E aí? – perguntou Ammy aos sussurros. – Terminou a cena do nosso casamento?
- Não – ele respondeu. – Parei na parte em que você havia chegado.

Ammy sorriu.

- Harry te deixou em maus lencóis, heim?
- Ôh! Depois de ter quase me desesperado ele me diz que você já havia chegado.
- Bom, mas você o confundiu também…

Draco olhou para a lareira, acariciando o rosto da criança com o seu próprio.

- Harry foi muito bom conosco e com muitas pessoas. Ele merece a felicidade que está tendo agora.
- Eu sei, concordo com você. Para qual time ele está jogando mesmo?
- O time oficial da Inglaterra – sussurrou Draco. – Mas não é bem uma profissão… Na verdade é mais por diversão e para ganhar algum dinheiro, claro, apesar de não ser preciso depois de todo o ouro que ganhou do ministério e dos seus “fãs” depois da guerra…
- Ele está fazendo treinamento para ser auror, não é?
- Sim, mas o treinamento é um pouco longo, um pouco mais para ele que assim como eu tive e todos que não terminaram Hogwarts estão tendo ou tiveram “lições extras”, por isso ele anda jogando. Eu sei que ele adora quadribol, mas são muitas viagens e ele não quer fazer com que Lílian que ainda é pequena tenha uma vida tão “movimentada”. Muito menos quer deixá-las sozinhas para suas viagens.
- Mas Gina acaba ficando sozinha de vez em quando – comentou Ammy. – Estive conversando com ela e me disse que queria “se mexer”, só ía esperar Lilían crescer mais um pouco…
- Aé? E o que ela quer fazer?

Ammy deu de ombros.

- Talvez auror também, eu não sei…

Ammy encarou a parede por um tempo e começou a rir.

- O que foi?
- Nada, é que… Você sabe se ela tem alguma coisa contra os curandeiros?
- Não. Por quê?
- Eu disse a ela que ela tinha cara de uma e sua reação foi surpreendente! Disse que nunca, nunca iria virar curandeira, nem se fosse a última profissão do mundo.

Draco franziu a testa.

- Bom, ela deve ter um motivo. Por favor Ammy, coloque o Dylan no berço, acho que ele vai acabar acordando aqui.

Ammy obedeceu, sumindo com o garoto por uma porta e voltando logo em seguida.

Eles se deitaram e se abraçaram.

- Teve notícias de Rony e Hermione? – perguntou Ammy.
- Bom, como eu trabalho com Rony no ministério eu o vejo todo dia, e ele está muito bem. Reclamando que ela não pára de lhe fazer pedidos estranhos nessa segunda gravidez. Até torrão de barata com mousse de goiaba ela pediu nesses dias!

Ammy riu.

- Eles estão indo depressa. Segunda gravidez em dois anos de casados! Nós estamos juntos há três e só temos o Dylan de cinco meses!

Draco a encarou com um olhar malicioso.

- Se você quiser outro a gente providencia…

Ela riu.

- Hummmmmm… Proposta tentadora! Mas por enquanto acho que eu prefiro continuar a tomar a poção. Deixe o Dylan crescer mais um pouquinho…

Ele fez um bico.

- Pare, Draco! – Ammy disse, rindo. Ele também sorriu.
- A Granger é corajosa – disse. – Continua trabalhando até os últimos meses, ao invés de descansar um pouco na licença.
- Ela adora o que ela faz – murmurou Ammy, os olhos começando a se fechar devido ao sono.- E não é que está funcionando o projeto dela? Parece que os elfos estão conquistando mais direitos hoje. Pelo menos folga nos finais de semana e um tratameto civilizado já está na lei…

Draco riu.

- Tsc-tsc… Cada coisa! Elfos domésticos com folgas, salários, férias! Tinha que ter vindo da cabeça da Granger mesmo… Como se chama o projeto? Você sabe, não sabe?
- Um tal de fale, não sei. Mas e aquele boato sobre o cargo de transfiguração? É verdadeiro?
- Penso que sim. Hoje, na visita que fiz a Hogwarts encontrei Minerva e ela me parecia cansada. Estava dizendo para Lupim que queria apenas a direção agora, e abandonar as aulas. Disse também que estava aflita esperando a respota da Granger, não conhecia ninguém melhor do que ela para o cargo.

Ammy se aconchegou melhor nos braços do mardo.

- É, ela tem talento…

Draco não respondeu. Realmente, ela tinha talento, e agora, como muitas outras coisas na sua vida, ele aprendera a notar isso. Assim como aprendera a admirar Harry, assim como aprendera a olhar a vida com outros olhos.

Sorriu, se perguntando em que momento de sua vida Harry deixou de ser o “Potter” para ser o Harry. Apenas Harry.

Aos poucos a respiração de Ammy tornou mais ritmada. Ritmada, porém lenta. Sabendo que ela provavelmente dormia, desvencilhou-se dela e se levantou.

Pegou a pena e o tinteiro novamente, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Queria terminar logo aquela história. As lembranças estavam mais vivas do que nunca, e ele tinha que aproveitá-las.

Escreveu:

Depois que soube da chegada de Ammy, fui praticamente empurrado por Harry até o altar.

Ao ver todos os olhares em mim, alguns curiosos, outros sorrindo, me endireitei. Tentei demonstrar menos minha insegurança.

Dei uma breve olhada em nossos padrinhos: Rony e Hermione, Harry e Gina (com uma barriga imensa) ao meu lado, juntamente com aquela metamorfomaga de cabelos roxos, a quem aprendi a admirar. Ela piscou para mim e eu sorri, desviando minha atenção para o que estavam do lado de Ammy: Fred Weasley e Parvati Patil, Jorge Weasley e Padma Patil, ou seria Fred e Padma e Jorge e Parvati? Bom, não importava… Ao lado também estavam o Sr. e a Sra. Weasley, outros a quem eu devia muita admiração e respeito. Porque não dizer, carinho também?

Uma música começou a tocar e meus olhos se enxeram de lágrimas. Ammy não me disse com que música iria entrar e eu não acreditei no que ouvi… Era a nossa música… A música que marcou nossa história…

Gabrille veio a frente, carregando as alianças mais perfeitas que eu pude escontrar. Eu não conhecia muito bem os Delacour, mas a vella… Fleur Weasley insistiu que chamasse sua irmãzinha… foi uma boa coisa, eu assumo, a garota era mesmo deslumbrante e deu uma ótima introdução do que vinha atrás dela…

Ammy estava… Eu realmente não tinha palavras… Magnífica? Talvez… Exuberante? Ou simplesmente, perfeita? Acho que tudo isso junto.

Lá estava ela com um lindo vestido tomara-que-caia de seda, branco, com bordados simples e uma tiara de flores naturais, de braços dados com Remo. Ele havia, definitivamente, feito alguma coisa com suas vestes geralmente gastas. Cheguei até a pensar que não precisava ter quebrado tanto a cabeça na hora de lhe enviar aqeulas vestes-de-gala, que acabaram ficando guardadas no meu quarto, com medo de que ele se ofendesse.

Depois de dar uma breve olhada nele e em Gabrielle, não consegui mais desviar minha atenção de Ammy, que sorrindo, se aproximava de mim cada vez mais. Ela parou há alguma distância, e seu sorriso sumiu enquanto ela parecia querer dizer-me alguma coisa com os olhos. O que era?

Algo me cutucou nas costelas, mas eu não me virei, continuava sem tirar os olhos de Ammy. Ouvi a voz de Harry em meu ouvido.

- O que está esperando, seu panaca?
- Hum?
- Você tem que ir buscá-la! Vai!

Ele me empurrou e eu desci até ela, desajeitado. Ammy sorriu e, aparentemente, não foi a única.

Cumprimentei o cara que uma vez cheguei a desprezar (Pudera?) com afeto e ele subiu para o lado de Tonks. Peguei a mão de Ammy e me curvei com um suave beijo nas costas de sua mão, sem tirar os olhos dos dela.

Vou pular a parte da cerimônia, você já deve conhecer o roteiro de um casamento.

Pulemos para a melhor parte: a festa.

Houve muitas coisas estranhas lá. A primeira foi que quando eu dançava com minha querida esposa, as pessoas começaram a se afastar da pista, de forma que cheguei mesmo a pensar em uma pegadinha, até que uma grande sombra caiu sobre nós e eu me vi cara-a-cara… Ou melhor, cara a cintura com o meio gigante Rúbeo Hagrid.

Não que eu não o tivesse convidado e não o quizesse no meu casamento, mas ele não apareceu em momento algum, exceto por aquele. E isto me deixou curioso.

- Malfoy… - ele murmurou, me olhando preocupado. Ammy o olhava de boca aberta.
- Ãh… olá… Hagrid. Eu não vi você no casamento. Recebeu o convite, eu espero?
- Ah, sim, recebi sim...

Ele continuou me olhando de um jeito que estava começando a me deixar envergonhado. Mas então, sem aviso, ele me abraçou… Ou eu poderia dizer que tentou me matar sufocado, o que seria a mesma coisa.

- Oh, Draco… Eu s-sinto mu-muito não ter comparecido ao c-casamento, m-as…
- Tudo bem, Hagrid – ofeguei, me soltando a muito custo. Ele chorava, mas não parecia um choro infeliz, e sim, alegre.
- Aconteceu alguma coisa para não ter podido vir?

Seus olhos negros como besouros brilharam intensamente.

- Sim… N-nasceu… O bebê de Olímpia nasceu!

Todos ao redor fizeram silêncio.

- C-como?
- O bebê… meu filho!

Ainda fiquei paralizado um tempo, mas entendi o que ele dizia e sua alegria. Nem sabia que Maxime estava grávida, mas sem dúvida, era uma ótima notícia!

- UAU… Parabéns, Hagrid!

Ele me abraçou de novo, mas dessa vez fui socorrido por Harry e os outros que vieram lhe parabenizar.

Sorrindo, me virei para Ammy tentado lhe explicar, mas alguém me cutucou.

A mão parecia bem mais pequena do que a do Hagrid. Me virei, e… bom, levei um susto. Literalmente.

- Pansy!
- Eh… oi, Draco, oi Sra. Malfoy.

Acho que ela foi a primeira a chamar Ammy assim.

- Você aqui, Pansy? – perguntei, sentindo Ammy segurar forte em meu braço. Ela não a conhecia, mas já ouviu muito minha mãe falando dela quando a visitávamos em New York, e descobriu que se tratava da mesma pessoa quando pronunciei seu nome.

Pansy baixou os olhos, parecia um pouco arrasada.

- Sei que não me querem aqui, Draco, não vou incomodá-los muito.
- Não, não é isso, é que… bem…
- Tudo bem – ela sorriu. – Eu estou indo para fora do país. Apareceu uma boa oportunidade de trabalho para mim lá, e eu não quero perder. Só vim me despedir e dar os parabéns…
- Certo.

Fiquei sem graça. Os pais de Pansy foram encontrados entre os mortos que foram enviados para Azkaban assim como os Goyle e Crabe, e seus próprios filhos. Ela estava sozinha. Apesar de ter se escondido e não ter lutado de lado algum, ela não havia se rebeliado para o lado das trevas, e eu deveria ter lembrado disso. Com uma pontada de culpa eu percebi que sequer havia me esforçado para explicar a Ammy a situação com Pansy e insistido que a convidássemos. Não me importei muito com ela, essa era a verdade.

- Lamento… pelos seus pais, Pansy… - falei cautelosamente.
- Tudo bem… Eu lamento pelos seus também…

Aquilo fez meu estômago revirar. Não gostava muito de me lembrar deles e sua morte injusta e suja.

- Bom, agora eu já vou… Felicidades. Do fundo do meu coração, Draco.

Ela me estendeu a mão e eu a apertei.

- Obrigado. E boa sorte no seu novo emprego… Mande notícias.
- Madarei. Vocês também. – ela estendeu o braço para Ammy, que sorriu e recusou a mão, a abraçando.

Não sei quem ficou mais chocado, se Pansy ou eu, mas ambos sorrimos depois.

- Bom… - ela disse ao se afastar. – Tchau.
- Tchau.

Mas ela não foi a última surpresa. Logo após termos cortado o bolo, veio a outra. A diferença foi que dessa vez eu quem os surpreendi. Quis fazer uma homenagem a pessoas que não puderam estar conosco, mas que mereciam.

- Pessoal… - limpei minha garganta, conforme o silêncio ia tomando conta de todos. – Bem… eu queria agradecer a presença de todos num momento como esse… Momento que sem dúvida é o mais feliz da minha vida… Mas queria também, pedir para que todos fizessem um momento de silêncio, pois apesar da felicidade de uma hora como essa, nós temos que nos lembrar daqueles que se sacrificaram para que essa alegria pudesse existir. Estou falando, é claro, daqueles que se foram na guerra, lutando ao nosso lado.

As pessoas concordaram com a cabeça, muitos rostos pesarosos. Tirei uma tira de pergaminho do meu bolso e forcei minha voz para começar a ler:

- Dylan Thompson; (Muitos abaixaram a cabeça) Alastor Moody; Percy Weasley…

Pude ver a Sra. Weasley derramar lágrimas silenciosas. Era tudo muito recente, ela provavelmente ainda não havia se conformado. Mas pelo menos, o outro Weasley lutara do nosso lado, e ainda tivera tempo de pedir perdão para sua família antes de tudo. Sei que faria muitas pessoas se lembrarem de coisas que não queriam, mas eu tinha que lembrá-los… eles não mereciam ficar esquecidos…

- Severus Snape…

Minha garganta pareceu seca demais para continuar. Fechei os olhos…

- O Sr. Lovegood; Aquela mulher que foi uma ótima professora e amada por todos que a conheceram - a profª Sprout...

Automaticamente me virei para olhar a um canto, onde Neville Longboton estava abraçado com Luna: os dois tinham caras infelizes...

- Dino Thomas; Lino Jordan…

Também olhei para os gêmeos, que permaneciam encarando o chão, sem expressões.

- Lembrando daqueles que não estiveram na batalha, mas fizeram de tudo durante a guerra… Alvo Dumbledore; Sírius Black… Porque não Cedrico Digory? Uma vítima mais do que inocente, morto covardemente…

Olhei para Harry, que fez um sinal com a cabeça, seus olhos vermelhos.

- E ainda houve muitos outros… Muitos inocentes… Muitos trouxas que não tinham nada a ver com essa guerra… Muitos outros corajosos e batalhadores que lutaram do nosso lado, muitas mortes, muitas perdas…

Parei para respirar. O clima estava deprecivo ali. Todos me encaravam agora, com olhares que mostravam sua solidariedade e apoio no que eu dizia. Eu não queria, é claro, um clima daquele para o meu casamento, mas era necessário… eu me sentia obrigado a não deixar que os esquecessem…

- Mas essas mortes, essas perdas, não foram em vão, tiveram um fundamento, e aquilo pelo que lutaram, valeu a pena.

Abri meus braços, talvez sem ter noção do que fazia… mas foi o que me senti com vontade de fazer…

- Estamos livres. Graças ao sacrifício dessas pessoas e a Harry Potter… - apontei para Harry, que sacudiu a cabeça, sorrindo. – Estamos livres. É por isso que eu gostaria que todos vocês agora erguessem suas taças para que possamos brindar em homenagem a essas pessoas…

Houve um tilintar de vidros, e todos no salão que tinham uma taça a ergueram. Os que não tinham, providenciaram uma em poucos segundos.

Ergui a minha e peguei a mão livre de Ammy, que também ergueu a sua.

- A todos que sobreviveram, aos que lutaram, e aos que morreram. Um brinde…
- UM BRINDE! – exclamaram várias vozes.

Virei-me para Harry.

- A Harry Potter… Que lutou incansavelmente até nos livrar de um dos maiores males que ja existiu. Que enfrentou preconceitos, dificuldades, perigos… e mesmo assim, fez o que pôde… o suficiente para salvar não apenas sua vida e de seus amigos, mas de todo o mundo. Bruxos, trouxas, e todas as outras criaturas… Um brinde… À Harry Potter!
- À HARRY ´POTTER!

Dessa vez as vozes foram acompanhadas de palmas e vivas. E a música voltou a tocar, enquanto Harry vinha em minha direção, e me abraçava.

Fim? Com certeza não… Apenas um novo começo…

Draco bocejou, fechou o livro, guardou a pena e o tinteiro, se espreguiçou e foi de mancinho até a cama. Abraçou sua esposa e mergulhou num sono profundo logo em seguida.


Na noite gélida de inverno, onde um casal dormia despreocupadamente e um bebêzinho brincava com uma linha solta de seu cobertor com suas mãozinhas pequenas e gorduchas, algumas palavras caprichadas reluziam num brilho dourado na capa de um livro em cima da escrivaninha:

_________A vida de Harry Potter;___________
Por Draco Malfoy, para seu filho, Dylan Malfoy;
_____________Com carinho…_______________







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