Surge uma nova Hermione



Nome: Unidos para matar

Contato: [email protected]

Sinopse: Harry, Rony e Hermione estão vendo seus entes queridos morrerem,
um por um.

Agora, depois de anos separados por causa dos diferentes trabalhos e desavenças
que surgiram com o tempo, juntam-se, com um objetivo em comum, matar todos
aqueles que ousaram um dia atravessar seus caminhos. Eles estão agora, unidos
para matar.

N/A: Por favor, comentem mesmo se não gostarem! Porque sem comentário
não escrevo mais!
Aconselho a lerem com muita atenção porque em certos
pontos dá pra fazer com que as pessoas se confundam...





Capítulo I - Surge uma nova Hermione Granger



- Mãe, pai, já cheguei! - Gritou a garota, parada ao pé da escada que dava
para o segundo andar.

Ela deixou suas coisas sobre o sofá mais próximo e foi para a cozinha.

O dia tinha sido horrível, não parara de trabalhar por um momento, sempre atrás
de grandes livros tentando encontrar respostas para o que muitas vezes parecia
ser impossível.

Quando era estudante pensara em ser Auror ou Medi-Bruxa, o mais engraçado era
que, de um lado como auror muitas vezes tiraria a vida de pessoas, não era
necessariamente preciso matá-la para tal, mas Azkaban era uma morte em vida, e
do outro, ela faria de tudo para salvar a vida das pessoas, porém em um ponto as
duas profissões se cruzavam, sempre teria uma grande responsabilidade, um ato
errado e tudo poderia ir por água abaixo e isso, tinha que admitir, a
amedrontava. Não que achasse que não pudesse fazer tal coisa, mas depois de 7
anos lutando contra algo que nem podia acreditar ser realmente humano, sete anos
de uma luta sem fim, vendo as conseqüências de seus atos, vendo pessoas queridas
morrendo, ela não conseguiria mais...

Antes até mesmo tinha gosto pela coisa, toda a adrenalina a ajudava a continuar
em inacreditáveis aventuras com Harry e Rony , mas então viu o que realmente
eram o que realmente podia causar e que, mesmo sendo uma bruxa ainda em
preparação, muitas coisas quando feitas sem pensar, são desastrosas...

De qualquer modo, sua profissão era consideravelmente boa, podia viver entre
trouxas sem precisar esconder-se atrás de uma mentira, usando seus poderes,
sendo somente ela. Era praticamente o trabalho perfeito para nascidos trouxas.

Há quase 5 anos, Dumbledore junto com outros bruxos de alto escalão começaram a
trabalhar junto de trouxas, é claro que não eram trouxas aos quais estamos
habituados, alguns eram pais de bruxos e que tinham se envolvido com o mundo da
magia, fieis ao seu segredo, é claro, caso contrario tudo teria dado errado, e
outros eram como Hermione gostava de dizer "trouxas que procuravam algo além de
sua lógica", explicando em outras palavras, eram aqueles trouxas que ficavam 'encucados'
com acontecimentos estranhos e começavam a buscar por algo que fosse além da
crença trouxa, além da ciência, que pudesse ser a resposta para suas perguntas.
É claro que, não eram simplesmente escolhidos por isso, haviam outros motivos
também como, por exemplo, a pessoa deveria ter uma "mente aberta", ou seja,
estar preparada para outros pontos de vistas, para um novo mundo, caso o
contrario, enlouqueceria sem sombra de dúvida. Eles desempenhavam o papel
parecido com o da policia trouxa porém que para o Ministério da Magia, usando
suas influencias e conhecimentos a favor dos bruxos, aparecendo por acaso nos
lugares de crimes, pedindo informações, aproveitando uma prosa a procura de algo
suspeito, aprendiam a identificar um bruxo entre outras técnicas. Não podiam
lutar contra Voldemort como os Aurores, mas eram de grande importância, sem
sombra de duvidas.

Porque os Aurores e Inomináveis não tinham assumido esse papel?

Com a Guerra todos tinham que se juntar, não havia melhor ou pior, eram todos
iguais, lutando pela mesma coisa.

Os Aurores e Inomináveis estavam em um número muito pequeno para poderem
trabalhar entre trouxas e bruxos sem levantar suspeitas e também ainda havia o
pequeno (pequeno?) detalhe dos Comensais que se multiplicavam cada vez mais e
dos conflitos que ocorriam a todo o instante por isso esse novo grupo de última
hora, que garantia informações sobre Voldemort e que o mundo bruxo continuaria
no anonimato.

Entre os diferentes setores, Hermione escolhera um dos mais difíceis pois não
era somente a um mundo que estava ligada, mas aos dois, trouxa e bruxo, por isso
usava das técnicas trouxas suas aliadas, podendo inventando novos feitiços, e
truques para confundir Comensais, além de tentar decifrar os códigos e as
táticas dos Comensais. Tinha que obter respostas, mesmo quando essas fossem as
mais difíceis de se achar. Porém o trabalho vinha sendo mais difícil que o
normal, haviam pessoas saindo do trabalho, preferindo esconder em suas casas, e
seu trabalho ia sendo passado para aqueles que ainda se mantiam firmes e fortes
fazendo com que fosse mais do que um Departamento de Investigações Avançadas,
mas um Departamento de Faz-Tudo...

Era somente mais um de muitos problemas causados pela Guerra.

Hermione abriu a geladeira e tirou de lá uma garrafa de água, pegou um copo no
armário de cima da cozinha e se sentou em frente ao balcão da cozinha.

O confortável cheiro de rosas vindo do amplo jardim da casa invadindo suas
narinas, não havia algo mais prazeroso do que estar ali, finalmente, com aquela
pequena brecha que o Ministério abrira iria poder relembrar de como era
sentir-se uma dona de casa, ajudando nos afazeres domésticos, saindo para longos
passeios na praia sentindo os pés afundando na areia branquinha umedecida pela
água salgada, o mundo aos seus pés, o vento acompanhado do cheiro de maresia
batendo em seu rosto dando-a a sensação de voar, sem problemas, somente uma
mulher livre de qualquer pensamento que pudesse envolver guerra e sangue.

Abriu os olhos rapidamente, saindo de seu breve devaneio, a água gelada descendo
por sua garganta, refrescando-a. Hermione levantou a cabeça, procurando pelo
barulho que cortara sua linha de pensamento.

Sorrateiramente desceu do banco, o copo sendo deixado sobre o balcão
cautelosamente, não queria espantar o autor do barulho. Aprendera a desconfiar
de tudo e de todos, ficava sempre alerta, muitas vezes parecia paranóica, mas
era isso o que a salvara muitas vezes...

O mensageiro dos ventos causou um barulho estridente por causa do vento. Notou
quando afastou um pouco a cortina da janela da cozinha sobre a pia e espiou, o
mensageiro dos ventos balançava agora lentamente na varanda.

Passeando os olhos viu quem tinha assustado-a. Era somente seu gato, Bichento,
do lado de fora da casa tentando entrar, provavelmente notara movimento na casa,
o seu movimento.

- Bichento, o que faz aí? - Perguntou a morena. Ela abriu a porta da cozinha
para que o gato entrasse, ele estava nervoso, os pêlos ouriçados, e um seu miado
era fino. O gato começou então, a roçar nas pernas da dona.

Hermione afastou uma mecha de cabelo que caia sobre seus olhos e riu para o gato.

- Tudo isso é saudade, é? - Perguntou abaixando-se e pegando-o no colo. - Também
estava com... - Hermione parou, acariciando o pêlo dourado de Bichento achou um
pouco de sangue perto das patas do animal. - Mas o que é isso? Andou, brigando
na rua? É por isso que está tão agitado! Vamos ver se alguém nessa casa, quem
sabe têm alguma sugestão sobre o que aconteceu com você, meu fofinho. - Disse a
garota, o gato em seu colo, miando sem parar como pedisse por ajuda para sair
dali...


---

- Então, somente quando encontrou o gato e resolveu ir procurar alguém e notou
que... - O Auror parou observando com cuidado a garota a sua frente.

Hermione ainda tinha algumas manchas de sangue em sua roupa e em seu corpo, ela
estava com o olhar distante, vagando por algum lugar desconhecido, sem absorver
nenhuma palavra dita pelo homem a sua frente, os olhos castanhos sem vida fixos
olhando para o quadro no escritório.

Já tinha visto um lugar como aquele, tinha certeza...

- Agora, juntas para a foto! - Pediu um homem de uns 30 anos, ele tentava
achar um ângulo para poder tirar a foto da filha e da mulher, esta estava ainda
empenhada e arrumar tudo sobre a toalha xadrez. Ela era detalhista com tudo, e
Alan tinha quase certeza de que sua filha começava a herdar isso. - Jane, por
favor, não precisa mais arrumar isso. Está ótimo! - Disse sorrindo.

- OK, já acabei. Hermione, venha aqui! - Chamou a mulher, arrumando a roupa e o
cabelo esperando, sorridente a filha que se aproximava com um novo amigo.

- Isso. - Sussurrou Alan assim que Hermione sentou-se no colo da mãe, sorrindo e
brincando com um filhote de coelho.

- Posso ficar com ele? - Perguntou a menina esperançosa, sem esperar que a mãe a
respondesse continuou falando - Vou cuidar, dar banho, eu juro mamãe, por
favor... PAI! Deixa...

O homem atrás da máquina, fez um sinal positivo, dizendo que sim para Jane, esta
tentou reprová-lo, mas deixou-se levar pelo sorriso da criança.

- Você vai ficar assustadoramente mimada, Hermione. - Suspirou passando então a
arrumar Hermione - agora, por favor, vamos tirar essa foto antes que seu pai
tenha um treco.

- Sorrindo... - Pediu o homem.

Hermione abriu um largo sorriso, o coelho mexendo-se em seu colo, encostou sua
cabeça com a de sua mãe, a mesma sorria para o marido com a filha no colo.

Atrás delas, o vento varria as poucas folhas deixadas pela primavera, o sol
tímido despedindo-se com seus últimos raios que iluminavam a família ali reunida.




- Senhorita? - O auror a chamava pela terceira vez.

Hermione olhou a sua volta, atordoada.

O que fazia ali, perguntou-se passando as mãos pelo rosto encharcado sujando-o
com mais sangue. Conhecia o lugar, era o centro de aurores, mas porque? O que
era aquele sangue em sua mão?

Ela ouviu um grito, seu próprio grito, vindo de sua cabeça.

Uma cena formando-se em sua cabeça, era aquela a resposta. Aos poucos, mais e
mais flashes de tudo o que vira, aumentavam, atormentando-a mais, preenchendo
cada parte de seu ser, consumindo-a...

Colocou os pés na cadeira, sem nem importar-se com a postura que a respeitada
Hermione Granger deveria ter, agora, sua vida mudaria, e ela não queria ser um
membro respeitado, não seria mais a mesma, não poderia fazer isso. Agora,
Hermione Granger, era somente uma sombra do que um dia fora, e não tentaria
fazer com que isso mudasse. Estava exposta a qualquer perigo e não se importava,
queria somente um lugar para chorar, esquecer o que estava acontecendo, e isso
iria acontecer, porque era somente um pesadelo, seu pior pesadelo tornando-se
realidade.

'Um pesadelo' disse para si mesma, as lágrimas caindo incontrolavelmente pelo
seu rosto, encolhendo-se e pressionando os joelhos, com força, contra o peito,
as mãos sobre os ouvidos tentando abafar o grito. Um frio incomum abatera-se
sobre ela, um frio ao qual as pessoas não estão acostumados a ter, é na verdade
um é um efeito da solidão, de não ter alguém para abraçar-te e dizer que tudo
ficara bem, efeito da solidão causada pela morte...



- Nós os chamamos porque na casa haviam fotos de vocês juntos, e reconhecemos
imediatamente o senhor, e pensamos eu poderia nos ajudar com ela... Ela não faz
nada além de chorar desde que a encontramos, não disse nada, nenhuma palavra...
- Disse o auror afastando-se saindo da frente da mulher de cabelos ondulados,
para que os dois homens tivessem a visão dela.

- Hermione? Por favor, me olhe...



- Tem certeza de que é isso o que quer, minha filha?

Hermione assentiu mais uma vez, sentia que era o certo a se fazer. Se aquela
carta chegara para ela, era sim, seu destino tentando se cumprir. E algo, em seu
interior, ficava feliz, queria aprender, desfrutar daquele 'dom' e teria somente
uma oportunidade,e agora que a hora chegara não iria desperdiçá-la. Talvez,
fosse por isso que nunca tinha se adaptado aos seus colegas de escola, ao mundo
deles, pois sempre sentia-se um 'peixe fora d'água' e era esse o motivo. Não
pertencia aquele mundo, havia um outro, ao qual pedia todas as noites antes de
dormir que fosse realidade, e era a esse mundo mágico que iria fazer parte, era
esse que escolhera para ser o seu mundo.

- Lembre-se, querida, se qualquer coisa acontecer lá, você pode contar conosco,
não hesite. Se quiser voltar mande uma carta e iremos na mesma hora te buscar.
Conte sempre conosco, ouviu bem? Sempre...

- E se você... - Jane enxugou algumas lágrimas - opinar por ficar, não fique
triste por pensar que não estamos com você, enquanto nos carregar aqui - ela
apontou o coração da filha - estaremos com você.

A garota que a cada dia mais parecia-se com a mãe, balançou a cabeça em sinal de
que entendera o recado, e pegou suas malas, sorrindo para os pais e
desaparecendo em seguida na Plataforma 9 ¾ .




- Faça-a acordar, sei lá, precisamos do depoimento dela hoje, o mais rápido
possível!

Harry e Rony levantaram-se rapidamente e viraram-se para o auror.

- Jamais, volte a falar assim com/de Hermione. - Disse Rony tirando a varinha do
bolso da capa.

- Se voltar com mais uma gracinha dessas, juro que te mato. - Ameaçou Harry
segurando o auror pelo colarinho, ele o soltou com brutalidade, jogando-o na
parede com força.

Harry voltou-se para Hermione, olhando-a como se esperasse uma instrução do que
fazer, mas hoje isto estava fora de questão, depois de anos apoiando-os, dando
conselhos, agora quem tinha que assumir essa posição eram ele e Rony, e isso
fariam.

- Mione? - Ele voltou a chamar, mas ela continuava sem dar um sinal de que o
escutara.

Rony olhou a seu redor, em cima da mesa havia uma garrafa de água intocada e
alguns lenços, ele os pegou e voltou até onde Harry estava com Hermione,
estendendo-os para Harry. Harry começou a umedecer os lenços com a água. Com
cuidado, ele prendeu o cabelo da amiga em um coque desajeitado e começou a
limpar o rosto dela, nenhum sinal, nada. Ela estava em choque, não fazia nada
mais do que chorar em silêncio, e de alguma forma, eles a entendiam. Harry pegou
as mãos dela e começou a limpá-las também, ainda encaixavam-se perfeitamente com
as suas, pensou lembrando-se de repente de seu sétimo ano. Começou então a olhá-la
fixamente, esperando que ela reagisse de alguma forma, que talvez lembrasse do
ocorrido.

- Vamos levá-la. Ela definitivamente não pode ficar aqui.

- Harry, ela não vai andar. - Disse Rony como se Harry fosse o maior idiota do
mundo, o amigo não respondeu, começou a tirar a sua capa e colocou sobre os
ombros de Hermione.

- Ela não precisa andar. - Disse Harry, entregando sua varinha a Rony e em
seguida, pegando Hermione no colo.

Harry e Rony não queriam que alguém visse Hermione daquele jeito, outro motivo
pelo o qual Harry resolveu aparatar em um estacionamento longe dali era que,
andar pelas ruas do Beco Diagonal naquela situação com Hermione impossibilitada
de se defender sozinha e com a cabeça a premio, não estava em seus planos.

- Vão na frente, vou até a casa dela pegar seus pertences e depois encontro com
você, acho que entre os trouxas não correram perigo, mas em todo o caso... -
Rony fez uma pausa, tirando a varinha de Harry do bolso de sua capa e entregando
para o amigo - se não me engano, há um beco antes do estacionamento, lá é mais
seguro.

- Sim, concordo com você. Vou levá-la para a minha casa, a última coisa que
devemos fazer nesse momento é levá-la de volta para a casa onde tudo aconteceu...
- Disse Harry, tentando colocar Hermione de pé. Assim que feito isso, ele a
segurou pela cintura, seus corpos colocados um no outro. - Mione, não me largue
por nada. - Ele pediu. Nunca precisara aparatar com alguém, e esperava que tudo
desse certo, e iria dar, não deixaria que tudo saísse errado agora que sua amiga
precisava tanto dele.

- Tem certeza de que pode ir sozinho? - Perguntou Rony preocupado, Harry
assentiu desaparecendo logo em seguida com Hermione.





Rony tinha razão, pensou Harry quando sentiu seus pés tocarem o chão asfaltado
com algumas saliências.

Não havia lugar melhor do que aquele para se aparatar, nenhum trouxa, ninguém
notaria sua presença.

- Hermione? Está tudo bem? - Perguntou em vão.

Harry nunca pensara o qual exposta estava Hermione, com todos os riscos que ele
um dia a colocara, se não tivessem se afastado talvez estivesse junto à ela para
ajudá-la, para impedir que algo tão horrendo acontecesse, porém, mais uma vez
Harry tinha sido egoísta. Esquecera-se de tudo, dos amigos, e quem algum dia
imaginara que ele se dedicaria com tanta devoção ao trabalho? Há quanto tempo
não a via? Tinham conversas que duravam a noite toda...?

Ele era culpado por colocá-la em tantos perigos, quem sabe, se um dia não o
tivesse o conhecido teria uma vida melhor e jamais passaria por aquilo?

Com um sentimento de culpa, ele teve somente uma reação, puxá-la mais para perto
e abraçá-la.

- Espero que um dia me perdoe, Mione. - Sussurrou, a voz rouca pela proximidade.
Sentindo novamente o aroma inalado por Hermione, sentindo o calor do corpo dela,
tendo ela em seus braços como há anos tivera. - Nunca mais irá passar por algo
assim de novo, eu juro. - Disse abraçando-a fortemente.

- Harry? - Perguntou despertando-se e procurando pelos olhos verdes.

- Eu to aqui, tudo vai ficar bem... - Ele disse sem ter certeza de suas palavras,
agradecendo aos céus.

Ela fechou os olhos, correspondendo do abraço, encontrando o ombro amigo pelo
qual tantas vezes chamara mas parecia longe demais para ouvir seu pedido de
socorro, seu grito de desespero. Ele estava ali, com ela, e Hermione não sabia
ao certo o porque de tão cegamente acreditar que tudo ficaria bem, acreditar nas
palavras dele, talvez nada melhorasse, mas tê-lo era um conselho.

Apoiou a cabeça sobre o ombro de Harry, apertando cada vez mais o abraço,
entregando-se ao choro que há tempos havia se entregado...

- Shh... Tudo vai ficar bem... - Ele disse mais uma vez antes que Hermione
fechasse seus olhos, seu corpo ficasse mole, como o de uma boneca de pano, e
caísse sobre o dele, fazendo-o cambalear. - Hermione? - ele chamou, batendo no
rosto dela, mas estava desmaiada, caindo em um poço distante dali, voltando para
um pesadelo...



--------------



Bichento se tornava cada vez mais agitado quando estavam quase chegando ao
quarto dos Granger, Hermione continuava a segurá-lo firmemente em seu colo mesmo
recebendo alguns arranhões de vez em quando.

- Calma, Bichento. Não há porque de tanta aspereza comigo! - Hermione disse
desistindo de segurá-lo e colocando-o no chão ela no entanto continuou seu rumo
ao quarto da mãe, o gato parado no mesmo lugar onde ela o pusera. Ele observava
tudo como se temesse alguma coisa, temesse pela vida dona.

A casa dos Granger era tranqüila e aconchegante, um verdadeiro lar de família.
Não houvesse quem na rua todo que não os invejasse, a casa era grande, mobília
nova, e a família em perfeita harmonia, quem não desejaria ter pais tão bondosos
e uma filha obediente além de tudo muito inteligente?

O bairro onde moravam era de classe média alta, há alguns anos tinham mudado
para um condomínio fechado, com segurança e uma vizinhança acolhedora. Era até
mesmo estranho o fato de todos serem tão paranóicos com a segurança já que era
um bairro extremamente monótono, onde as crianças e jovens podiam se reunir sem
algum problema na rua até tantas da noite, os pais geralmente ficam no portão da
casa, com suas cadeiras de balanço confortáveis, vendo os filhos de longe e
conversando com os vizinhos, muitas vezes tomando um drinque e outro, tinham
aqueles que não gostavam de se reunir, ficavam somente espiando de suas grandes
varandas.

E fora em um lugar assim que Hermione crescera, não tinha amigos, mas gostava de
se trancar no quarto com uma boa música, dançar para si mesma, assistir filmes
ou ler algum livro que ganhara de seus pais.

As prateleiras sempre lotadas com grandes livros não somente por sua espessura
mais também por sua importância iam de Shakespeare a contos de fadas antigos,
enciclopédias, livros didáticos, todos a encantavam, sempre querendo descobrir
um pouco mais sobre o que a cercava ou simplesmente entrar em um mundo de magia,
mas isso só se concretizou quando entrou na Escola de Magia e Bruxaria de
Hogwarts, aos 11 anos, ali era onde Hermione Granger iria além de se tornar uma
das melhores alunas, mas também encontrar seus dois melhores amigos. Sobre as
paredes brancas do corredor estavam as fotos dela, desde o inicio de sua vida
até a agora, os amigos, os pais, os parentes, o bichinho de estimação e etc
todas aquelas fotos a ajudavam a lembrar que não era alguém sozinha, que tinha
uma família e amigos, uma grande história.

Hermione parou no meio do corredor olhando a foto de sua formatura abraçada com
os amigos e os pais ao lado. Ela estava com um vestido preto, o cabelo preso em
um coque a deixava mais séria do que de costume, e seu diploma na mão, no rosto
um sorriso e nos olhos um brilho de alguém que acabara de realizar um de muitos
sonhos. Abraçada com ela estavam Harry Potter e Ronald Weasley, todos os dois
com ternos já que não era uma festa exclusivamente bruxa, tinha a presença de
trouxas também. Harry estava feliz com uma pequena marca sobre a sobrancelha,
isso se dera a mais uma das batalhas que tivera que encarar no fim de seu ano
letivo, um terno azul escuro que como as jovens da época falaram o deixaram ''incrivelmente
gostoso'', e Ronald pela primeira vez em usa vida usava uma roupa feito
justamente para ele, novinho em folha, que não tinham as mãos da Sra. Weasley,
esse diferente do de Harry era preto, mas também chique e que o fizera chamar a
atenção dos presentes.

- Mãe? Ela voltou a chamar, mas nenhuma resposta foi dada. Atraída pelo barulho
de água escorrendo, Hermione passou pelo quarto fechado dos pais e foi para o
banheiro no fim do corredor. - Está tomando banho? Mais uma pergunta feita e
nada.

Cada vez mais aflita com o que poderia estar acontecendo, Hermione olhou para
debaixo da porta, vendo um pouco de luz, talvez, sua mãe tinha passado mal no
banheiro, pensou pondo-se a correr rapidamente, porém quando estava quase
alcançando a porta entreaberta, tropeçou no tapete branco de pele. Não
conseguindo parar a tempo, caiu no chão, escorregando, suas pernas, esticadas,
fizeram com que seu pé empurrasse a porta.

Hermione ainda deitada levou as mãos à cabeça procurando um ferimento, seus
olhos cheios d'água por causa da dor, ela sentiu então,as costas úmidas, e se
assustou ao ver, caída no meio do banheiro que este estava encharcado com água e
sangue. Levantou-se usando a pia como apoio, os pés escorregando por causa do
piso molhado, ela olhou incrédula para as próprias mãos cheias de sangue, e
passou o dedo rapidamente por essas, desejando desesperadamente que aquele
sangue fosse seu e não e de sua...

- Mamãe? Pai?- Choramingou, mais lágrimas brotando em seu rosto, mas não era por
causa da dor, era medo. O medo agora tomava conta dela.

Ela deu alguns passos à frente, querendo chegar à cortina que impedia sua visão
da banheira, ameaçou algumas vezes cair, mas tinha suas mãos, molhadas, junto a
parede que eram pintadas de vermelho pelas mãos dela.

Um pouco hesitante, estendeu a mão e tocou a cortina florida e puxou a cortina.

- Nããããããoooooooo!!!!! - Gritou Hermione, jogando-se para trás, as costas
encontrando as paredes duras...

Encarou os olhos castanhos da própria mãe, abertos e sem vida, demonstrando puro
terror.

Boiando, na água avermelhada, estava o corpo de uma mulher, Jane Granger, branco
e inchado por estar há tanto tempo ali, o cabelo ondulado balançava junto a água,
em uma dança tranqüila e sombria. Os dedos de uma das mãos estavam apertando
fortemente a borda da banheira, como se tivesse lutado para sair, lutando por
sua própria vida.

Hermione sentiu os olhos encherem-se de água, fazendo um grande esforço para
respirar. Ela se arrastou até a banheira, mesmo com medo, e colocou sua mão
sobre a da mãe.

- Me perdoe. - Ela murmurou, ficando sobre os joelhos e afastando seu próprio
cabelo, ela passou a mão pelo rosto da mãe, este que fora tão belo e cheio de
vida, agora era branco e frio até mais que isso, era triste, apavorado. Passando
os dedos sobre os olhos da mãe, fechou-os, aproximando-se mais um pouco e dando
um beijo na bochecha fria da mãe e se afastando, caindo em um poço, caindo no
choro, morrendo...




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- Hermione? - Chamou a mulher, nada. Nenhuma resposta. - Hermione? - Ela voltou
a gritar. - Porque ela insiste em se fazer de surda?! - Perguntou Julia
procurando a chave na bolsa, se esperasse Hermione iria morrer ali fora. - Vocês
podem ir sem mim! Daqui a pouco apareço lá! - Julia disse para grupo de amigos
que a esperava no pé da escada entrando no apartamento. - Como eu imaginava. -
Ela murmurou quando ouviu a música alta vinda do quarto da amiga.

Ela deixou a bolsa no chão e tirou os sapatos, andando com dificuldade porque
tinha passado o dia perambulando pela cidade comemorando pelo final do curso
indo para seu quarto as mãos no ouvido para abafar o som.

A cama estava lotada de livros, Julia como Hermione, adorava ler, quando não
estava na faculdade trouxa costumava ir a bibliotecas públicas ou estudar para
as suas provas, sem falar dos momentos que passava com seu marido.

Há alguns anos resolvera se dedicar não somente a ser uma medi-bruxa, mas queria
expandir seus conhecimentos fazendo também a medicina a qual os trouxas tinham
se habituado, isso é claro, passara a ocupar todo o seu tempo e quase não estava
presente em casa. Felizmente, seu marido e suas filhas - gêmeas de 3 anos - a
apoiavam e isso a ajudava muito cada vez que a saudade batia. Era também uma
mulher cobiçada, mas sempre se mostrava fiel ao marido, mesmo sendo tão nova.
Aos 18 anos enfrentara uma gravidez turbulenta e um casamento contra os
princípios de sua família, isto é, sua família respeitada e conhecida na
comunidade mágica estava contra qualquer coisa que se relacionasse a mestiços ou
sangues-ruins e isso, no inicio, fora um grande problema.

- Cadê aquele vestido preto? - perguntou olhando o guarda-roupa lotado. -
Hermione, vem cá, por favor!!! - Gritou, mas como da primeira vez que chamara a
amiga, nada.

Eu te mato, Hermione Granger! Pensou indo para o quarto defronte.

Como de costume, Hermione estava treinando no saco de boxe, as mãos enfaixadas
para se proteger. Ela usava uma causa de lycra e uma blusa de alça branca, o
cabelo preso em um rabo de cavalo e tênis esportivos.

Julia foi direto para o som e o desligou, Hermione nem parecia ter notado a
diferença, continuava dar socos cada vez mais fortes com concentração total.

- Hermione? Você... - Julian parou observando Hermione e o quarto ao seu redor.

A cama sempre arrumada estava agora totalmente revirada, os travesseiros que
costumavam ficar sobre ela estavam no chão, alguns tinham sido rasgados pelo o
que parecia ser uma fera, as penas espelhadas pelo quarto. Na estante não
sobrara nenhum livro para contar história, todos no chão, algumas folhas voavam
pelo chão do quarto outros abertos de qualquer maneira com suas.

Atraída pelo vento, Julia olhou para a janela, suas cortinas balançando por
causa da ventania e fechou-a, quando se virou para falar novamente com Hermione
viu na parede o espelho em pedaços.

As únicas coisas que tinham sobrado, Julia percebeu enquanto procurava um motivo
para tudo aquilo, fora uma foto dos pais sobre a escrivaninha e um calendário
preso, por um fio, na parede destacado com vermelho estava o dia 12 de Junho.
Isso esclarecia tudo.

- Oh, não. - Lamentou, correndo até Hermione e puxando a mulher, ainda em transe,
para um abraço. - Hermione, calma, por favor... Isso não vai fazer com que ela
volte, com que tudo volte a ser o que era... de nada vai adiantar, minha amiga...
- Sussurrou Julia no ouvido de Hermione, esta tinha tentado de todas as formas
sair do abraço, mas já sem força depois de tanto se empenhar em destruir o
quarto se rendera.

Todo o ano em 12 de Junho, seu mundo parecia desabar novamente, peça por peça,
tudo vindo ao seu encontro.Toda a agonia, todas as lembranças voltavam para
atormentá-la, fazendo-a lembrar de um pesadelo que por tanto tempo tentara
desesperadamente esquecer.

Em 12 de Junho, Hermione Granger jurara se vingar de todos aqueles que seu
caminho atravessassem, começando por aqueles que tinham sido os responsáveis
pelo fim trágico de sua mãe e pelo seu pai que continuava, até hoje, em uma cama
de hospital, perdido nos próprios pensamentos, parado no tempo.

Depois de um ano vivendo na mais profunda escuridão aprendera que, muitas vezes
temos que mudar, mesmo que não seja a nossa vontade, mas o mundo nos obriga a
isso, e se não o fizermos por vontade própria, ele o fará da pior forma possível
e fora exatamente o que tinham feito com ela, haviam destruído sua família, sua
vida, agora era sua vez de ditar as regras do jogo, àquele que perdesse um único
fim, a morte.



Nota da Autora: Confuso não? Bem, uma breve explicação:


Eu sou uma pessoa muito ligada a lembranças (pelo amor de deus não me
pergunte porque, senão vou ficar até amanhã aqui!) acontece que, toda a parte em
itálico são lembranças que a Hermione tem de todo o passado dramático dela.


Aí vocês me perguntam: a parte em que o Harry e o Rony chegam não está em
itálico, então não era uma lembrança?


A linha de pensamento de vocês não está errada em pensar assim, mas era mais
uma lembrança também. É quase que uma lembrança dentro da outra. Vejam por esse
lado se os ajuda a entender melhor: para Hermione ela está vivenciando tudo
aquilo novamente, e as lembranças ainda não foram totalmente esquecidas o que
contribui para que lhe pareça real, fazendo com que ela se perca em sua própria
mente, não sabendo distinguir o presente do passado e isso só tem fim quando
Julia, uma nova amiga, a tras de volta para a realidade... Entenderam? Não, né?
Tudo bem, vcs vão entender, e o que seria da minha vida se não pudesse confundir
as pessoas?

Obrigada a Maira Granger, porque se não fosse por ela, eu não ia lembrar que não
tinha explicado esse detalhe bááásico... É que eu sei tudo o que vai acontecer,
por isso essas coisas passam despercebidas pra mim!

Beijos - Drica

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