Capítulo quatro



Capítulo quatro


Quando a observei naquela sala, depois de todo um ano, senti que regredira a infância e estava recebendo o mais maravilhoso dos presentes de Natal da própria mão do velho Noel...

Traguei ar e fiz um meneio de cabeça, como um cumprimento, ao qual ela não me correspondeu. Senti-me um tanto quanto desilusionado ao reparar em sua postura indiferente.
Não é como se esperasse que Tonks fosse me receber com festa ou pulando em meus braços... Só desejava um sorriso, mas o que recebi fora seu morno cumprimento de boas vindas...

Ainda que, quando nossas mãos fizeram contato, senti-me tentado a não deixar a dela livre. Nunca mais.
Eram tão cálidas e, pude sentir, um pouco ásperas. Observei também algumas cicatrizes – senti ímpetos de acariciar-lhe as mãos até que voltassem a ser delicadas e suaves.

E então fui acordado de meus devaneios ao reparar a bela aliança em seu dedo anular. Provavelmente um anel de compromisso. Um que eu nunca poderia lhe dar, ainda que o quisesse.
Vi-me emergindo com grande velocidade para a realidade – uma que não me apetecia. Sentia em minha boca o gosto amargo do desgosto e pesar: Tonks ia casar-se... E não era eu o noivo.

Chegava a ser cômico: Fui mesmo inocente ao acreditar que ela iria me esperar depois de tê-la desencorajado.
Fui ridiculamente romântico ao pensar que, depois de tudo que se foi dito e feito, haveria um ‘final feliz’ para mim.
Fui devagar... Não: fui orgulhoso, ao não aceitá-la. Não conseguia entender como alguém como ela pudesse me amar. Eu, um homem já maduro, cheios de problemas. Sem sequer algo de concreto que pudesse lhe oferecer, só amor. Amor não enche barriga, penso amargamente.

Chego finalmente à conclusão – a qual me custou muito admitir. - de que custe o que custe eu a quero para mim e ela está comprometida.


Remo permanecera naquela sala por uns minutos. Aturdido. Aturdido com o que vira, com seu mal disfarçado ataque de ciúmes, com a atitude de Tonks. E, principalmente, com a aliança na mão da auror. Estava, certamente noiva.
E ele, um idiota, achando que poderia reverter o que dissera a ela. Dizendo que gostaria de tentar com ela. Que finalmente estava preparado. E que em todo tempo que estivera afastado, não conseguira retirá-la de sua mente. Que não conseguia deixar de pensar no que poderia ter sido se tivesse aceitado se arriscar...

Era tarde. E a culpa era totalmente sua.
Fora um imbecil. Um completo imbecil.
Cansado, o homem se dirigiu, por fim, à saída. “Basta de ponderações”.

Remo andava um pouco alheio ao que acontecia ao seu redor enquanto dirigia-se à sua sala. - Senti saudades – ele ouviu uma voz feminina dizer e virou os olhos ao reparar de onde o som vinha, um corredor adjacente ao que ele estava. “Será que essa gente não trabalha nunca?” Pensou balançando a cabeça negativamente.

-Também senti sua falta. – E Remo parou de pronto, conhecia aquela voz. - Então, você decidiu? – e o homem se prestou a escutar.

A mulher desconhecida suspirou. – Você sabe que é difícil para mim, Richard - e as suspeitas de Remo foram confirmadas. Era de Richard, o noivo de Tonks. O que, em nome de Merlim, estaria fazendo naquele lugar com uma mulher que não Tonks?

-Você não sente o mesmo? É isso? – ele indagou soando tranqüilamente, ainda que sua voz estivesse um tanto quanto arranhada e forçada.

-Não! Não é isso. Claro que não, Richard. Você sabe que eu – ela deu uma risada nervosa. – que eu realmente, realmente gosto de você...

Richard suspirou parecendo frustrado -Qual é o problema, Catherine?

-Eu só... Eu...

-Estive tão ansioso para chegar de uma vez por todas aqui... Para saber tua resposta.

-Eu...

-Shii... Eu amo você - ele disse e Remo ergueu a sobrancelha. – Deixe-me tentar conquistá-la?

O homem que escutava tudo sentiu o sangue ferver enquanto cerrava os punhos. “Enganando a Tonks”; “Não merece”, “matar” eram frases que estavam sendo repetidas em sua mente. Sem controle, ele saiu de seu esconderijo. Revelando-se.

Sequer causou impacto. Os outros dois não repararam nele. Estavam mais ocupados... “Numa luta para quem conseguia chegar primeiro a garganta do outro” – Remo pensou enraivecido.
O “casal” se afastou e apenas naquele momento notaram a presença de Remo. Richard sorriu grande enquanto Catherine corou furiosamente. – Remo! Deixe-me lhe apresen--

Antes que pudesse ponderar sobre o que estava fazendo, Aluado estava se jogando sobre o outro homem e lhe acertou um soco em seu rosto. - Você enlouqueceu?! – Richard esbravejou.

-Isso é para você aprender a não enganar as pessoas.

-Do que está falando?!

-Não se faça de desentendido! – gritou cerrando os punhos. – E isso, é por se tratar da Tonks! – e, com toda força que tinha dispensou outro soco em Richard, que caiu.

-Seu bruto! - Catherine gritou indo ao encontro de Richard para ajudá-lo a se levantar.

-Remo, por Merlim, do que está falando?! E o que a Tonks tem com isso?

-Não fala com ele, certamente está bêbedo – a mulher disse fitando Lupin com raiva. – Oh Merlim, você está sangrando! – a ruiva disse pegando o lenço de seu bolso e passando no nariz de Richard. – Satisfeito com o que fez?!

-Se soubesse o que ele fez não estaria o defendendo – Remo retrucou secamente.

-Que gritaria é ess...? Richard? Por Merlim, você está sangrando! – Tonks, mais que rapidamente, foi ao seu encontro. – O que aconteceu? – indagou acariciando sua cabeça, enquanto observava Catherine, com cuidado, limpar seu nariz.

-Cortesia de Remo Lupin – ele disse sarcasticamente.

Tonks franziu a testa olhando a amiga que simplesmente apontou para Lupin – Esse louco é Remo Lupin.

-Eu o conheço, Catherine – Tonks retrucou olhando para o moreno. – Mas...

-Sem motivo algum atingiu Richard – a ruiva disse olhando duramente para Lupin.

Tonks olhou incrédula para a amiga. “Remo Lupin o ‘pacifista’ batendo em alguém, do nada?” – Isso não é engraçado, Cathy.

-É claro que não é! Agora diga isso a seu amiguinho louco – reclamou apontando outra vez para Lupin.

-Richard? – Tonks indagou.

O homem suspirou. – É verdade, Tonks. Ele me socou sem motivo algum! – disse, olhando de lado, Remo bufar.

-Tem certeza que não fez nada? – Tonks insistiu. – Não o ofendeu sem perceber?

-Como eu o faria? Não estava ao menos conversando com ele! – contrapôs.

-O que estava fazendo?

Ele sorriu e Catherine desviou o olhar. –Estava “conversando” com a Cathy.

Tonks sorriu. – Verdade? – ela olhou para a amiga. – Quer dizer que...? – a ruiva assentiu, corando. – Finalmente! Estou tão feliz por vocês! – A metaforma riu. – Já estava cansada desse ‘chove-não-molha’.

-Oh! Cale a boca, Nimphadora! – Catherine reclamou colocando as mãos no rosto, enquanto Richard lhe espalmava um beijo no rosto.

O queixo de Remo caiu. – Vocês... Não são... Você não são noivos?

Tonks o fitou com estranheza. – Quem?

-Ora! Você e o... Richard?

Richard riu. Tonks gargalhou. – Só se eu quisesse morrer prematuramente – contrapôs lançando um olhar de esgueira à amiga.

-Tonks!

-Nem vem, Cathy. Você quase morria quando qualquer mulher chegava perto do Richard.

-Isso não é verdade! – retrucou indignada.

-Estou de prova.

-Richard!

O homem encolheu os ombros. - Afinal, Remo, o que o fez pensar em uma sandice dessas? Todos aqui, no ministério, sabem que sou apaixonado por Cathy desde a escola de aurores.

-Eu...
**
(continua)
**
Obrigada pelos comentários! Fico feliz que tenham gostado! Muito mesmo.
E este é o penúltimo capítulo^^
Beijão!

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