Capítulo um



Capítulo um


Eu sempre quis que ele me olhasse, mas ele sempre estava muito ocupado com a Ordem. Por mais que eu intentasse lhe chamar a atenção, ele não me enxergava... Sei, agora, que ele fazia de propósito.

Não me dei por vencida, entretanto: Disse tudo muito claramente, para que ele não pudesse escapar de algum modo. Remo é esperto o suficiente para fingir-se de desentendido com a mais direta das indiretas... Se é que me entende.

Então o senhor Lupin começou com os discursos de amizade. Com os mais que manjados: “Você deve estar confundindo as coisas, querida” – como pode me chama de ‘querida’ enquanto me dá um fora? – “Passamos tanto tempo juntos este ano. Não confunda companheirismo com amor” – ainda que falasse tudo isso olhando-me nos olhos, não conseguia acreditar que ele acreditasse realmente no que dizia. E eu disse isto para ele... Que me retrucou com uma desculpa ridícula:

“Não, Tonks... você é tão jovem...” Ele dizia e eu soube que gostava de mim. “Eu tenho tantos problemas...”

Eu queria que se explodissem todos eles. Eu não estava nem aí para ele ser um lobisomem, ele podia até ser um canibal nos tempos vagos que não me importaria. Eu o amava e também a todos seus defeitos. Mas Remo nunca pôde entender isso e resolveu se afastar de mim.

Quando a guerra começou realmente e Harry, Ron e Hermione sumiram do mapa – deixando-nos desesperados. –, o horror pareceu tomar conta do mundo. Harry Potter sumido e Voldemort, melhor dizendo, seus seguidores aterrorizando toda a população. Eram casos e mais casos de mortes de trouxas, explosões inexplicáveis, havia criminosos por toda parte intitulando–se seguidores de Voldemort...
Remo foi para a Irlanda – juntamente com Moody. - O caos, por alguma razão, era maior lá e qualquer ajuda era de grande valia.

Depois de sua ida, e Merlim sabe como e o quanto eu tentei ir também, me senti desolada. Mas havia sempre coisas para fazer... E o trabalho para mim, uma auror, parecia não ter fim. Não havia tempo para pensar em Remo. Não havia tempo sequer para pensar em mim.

Estava, naqueles dias sombrios, fazendo tudo automaticamente. Comia e dormia muito pouco. Falava pouco. Não porque eu queria que fosse assim, mas porque estávamos todos muito ocupados em sobreviver e, se fosse possível, ajudar ao próximo. Naquela época qualquer barulho era um momento de tensão...
Não havia como pensar sobre – além de ser pouco plausível. - um possível relacionamento. A distancia. E lembrando-me do fato de Remo preferir a cruz a estar ao meu lado no momento... Preferi olvidar tudo. Não era o momento de pensar em amor. E, bom, talvez Remo não fosse a pessoa certa...

Isso foi há um ano. E soube por Minerva que Lupin está voltando... – não entendo a intenção dela em me revelar isto. - Não sei, agora, o que pensar.


Tonks suspirou pesadamente observando o pergaminho a sua frente. Em branco. A pena em sua mão batendo impacientemente no pergaminho. Como se assim pudesse liberar sua mente para o trabalho.
Com um grande sorriso, ouviu alguém bater a sua porta e em seguida entrar. Por hora estaria liberta daquele relatório idiota. Não nascera para ficar trancada em uma sala, atrás de uma mesa... Fazendo relatório ou despachando documentos. Era ação!

-Nimphy ainda bem que encontrei você – a mulher virou os olhos.

-Não me chame de ‘Nimphy’ – resmungou apontando para a amiga. – Mas sim... O que quer comigo?

-Você sabe sobre o Eric não é?

-O seu ex-noivo safado... Claro – comentou sarcasticamente. – Quem não o conhece por aqui?

-Que seja – a outra mulher falou com um tom um tanto amargo. – Preciso de um favorzinho seu.

Tonks ergueu a sobrancelha, deixando finalmente sua pena de lado, parando de examiná-la. – O que é desta vez?

-Não é nada demais... Eu só queria que você entregasse isto a ele – ela falou olhando-a com um sorriso pequeno, enquanto lhe estendia a mão.

A metaforma franziu a testa para objeto sobre a mão da amiga. – Catherine, por que, em nome de Merlim, você ainda tem essa aliança? – indagou voltando o olhar para a amiga.

A ruiva corou. – Ele... Disse que eu ficasse com ela. Como uma lembrança dos ‘bons momentos’.

Tonks riu. – E por que motivo quer devolvê-la agora? Depois de quase um mês que terminaram, depois dele tê-la deixado com você?

-Percebi que não quero lembrar-me dos ‘bons momentos’, são insignificantes comparados com o que sofri por ele.

-Por Merlim! – Tonks exclamou impaciente. - você sabe o valor desta coisa?

-Eu não me importo – retrucou dando de ombros.

-Catherine, querida, eu até entendo que você esteja muito chateada e tudo mais. Que não queira lembrar-se dele. Ele realmente foi um cachorro cretino, mas não acha que pode lucrar com isso? Você tem em mãos uma pequena fortuna! Pelo-Amor-de-Merlim! – disse de um fôlego só. – Você não quer a lembrança dele, estou certa? Pois bem, venda esta aliança e seu problema será resolvido!

-Não Tonks! Seria sujo de minha parte. – Tonks que, no momento, tinha os cabelos cor-de-vinho, balançou a cabeça negativamente. – Você pode fazer esse favor para mim? – indagou mordendo o lábio inferior. - Eu já mandei uma coruja para Eric, ele até já me respondeu. Disse que se eu queria assim, tudo bem. Nós combinamos de nos encontrar na casa dele hoje. Às sete.

-E o que eu tenho que ver com isso, filhinha?

Catherine suspirou. – Perdi a coragem, Tonks. Você tem que me ajudar! Temo que se for ao seu encontro possa não... Não resistir - ela a encarou implorante. – por favor, por favor, por favor! – pediu juntando as mãos.

-Tá, tá. Não precisa fazer essa cara ou esse show. Eu vou.

-Obrigada! – disse sorridente entregando-lhe a aliança.

-Mas você tem certeza que... – a ruiva a olhou em aviso. – Entendi! Mas ainda acho que está cometendo um erro devolvendo o anel – ergueu as mãos em sua defesa. – Agora me deixe trabalhar. Já conseguiu o que queria.

-Eu fico te devendo essa, TonTon!

-Você quer que eu entregue isso não quer?! – estreitou os olhos para amiga que sorria jocosamente.

-Não está mais aqui quem falou – retrucou retirando-se.

Tonks fitou a aliança em sua mão um instante. Era um solitário com um diamante de uns seis quilates. Ela suspirou ainda observando-o, com um pequeno sorriso pôs no dedo anular – com certa dificuldade, é certo. –direito.

-Coisas assim nunca acontecem comigo – ela resmungou olhando o anel em seu dedo. – É mesmo uma bela peça... - pensou alto voltando-se para o pergaminho vazio, a pena e tinteiro que a esperavam plácidos sobre a mesa. – Merda.
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(Continua)
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Desculpem algum erro...

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