Chegando em Hogwarts

Chegando em Hogwarts



Cap 2 – Chegando em Hogwarts

Certo. Definitivamente não posso dizer que a chegada a Hogwarts foi tranqüila. Bem, quando mamãe, papai e os gêmeos foram nos deixar na Estação King’s Cross estava tudo ótimo. Tudo bem, papai nos deu um sermão sobre não tentarmos fazer nada perigoso e/ou ilegal, mamãe estava com cara de choro (como é possível? Ela passa por isso todos os anos! Como ela ainda não se acostumou?) e os gêmeos encheram minha bagagem de caramelos (nem sempre é ruim ser a caçula, sabe), mas até aí tudo normal.

O que realmente aconteceu, que me deixou meio confusa foi ter visto alguém especificamente, em meio a toda aquela gente, andando pela plataforma e depois subir no trem, absolutamente sozinho. O Malfoy.

Na mesma hora eu me perguntei estupidamente ‘Mas aonde estão os pais del..?’ e aí a ficha caiu. O pai dele era um fugitivo, um COMENSAL fugitivo. A mãe dele? Bem, como eu ia saber? Talvez ela também fosse uma Comensal...mas eu descartei essa idéia, pensando “Não, o Harry saberia se ela fosse”. Talvez ela estivesse com vergonha de sair no mundo mágico depois de tudo o que aconteceu. Vergonha? Eu quase ri. Desde quando essa gente tem escrúpulos? Não sei, talvez...Ei! Desde quando eu me importo assim com a vida dos outros? Formulando teorias sobre algo que não me diz respeito! Fiquei em choque, por um minuto, comigo mesma.

Foi aí que Rony avistou Hermione e Harry e bem...eu sobrei, digamos. Não que eu não esteja acostumada, ou que eu me incomode. Suspirei, conformada, e fui procurar uma cabine. Se ia ter que viajar quase uma hora, que não fosse sendo excluída e sim me excluindo. Tá, eu sei que soa meio depressivo, mas calma, fica ainda pior.

Quando eu finalmente achei uma cabine vaga e já estava quase colocando - com muita dificuldade, devo acrescentar - minha bagagem no seu devido lugar, ouvi uma voz terrivelmente conhecida, atrás de mim. “Olha só... se não é a Weasley”. Foi tudo muito rápido, eu me virei pra olhar para (alguma dúvida?) Draco Malfoy e de repente, minha mala estava caindo quase que em cima do meu pé. Eu me afastei no último segundo (Quadribol: ótimos reflexos) e me virei zangada para o Malfoy “O que é que você quer?”, perguntei o mais acidamente que pude.

“A cabine, é claro” ele respondeu, levantando as sobrancelhas como se aquilo fosse óbvio. Malfoy já estava com suas vestes da escola e eu pude notar que ele ainda tinha o brasão de Monitor pendurado nas vestes. Lembro de ter pensado na hora ‘Mas como é possível? Depois de tudo o que ele fez ano passado, perseguindo os alunos - com o aval da Umbridge, é claro, mas a mulher era louca, então não contava muito – e tudo o mais. Dumbledore pirou? Merda’.

“Está brincando, não é? Eu cheguei aqui primeiro”, eu disse, falando o óbvio. Mas ele deu um passo para dentro da minúscula cabine e eu pude notar que (meu Deus, vai cair uma tempestade) ele não estava acompanhado de seus capangas. ‘O que aquilo significava?’, me perguntei. Imediatamente, eu peguei minha varinha e apontei para ele “Não se aproxime mais, Malfoy”.

Ele estava a ponto de fazer algum comentário engraçadíssimo, tenho certeza, mas eu o interrompi dizendo “Fique longe. Você já sabe o que eu posso fazer com uma varinha. Não queira que eu demonstre de novo”, eu estava, é claro, me referindo ao dia em que ele e a Brigada Inquisitorial haviam capturado a mim, Neville, Mione, Luna e Rony e eu o havia atacado com bichos-papões voadores. Rony ficou especialmente orgulhoso de mim, pelo o que eu me lembro.

Acho que não foi muito agradável da minha parte dizer aquilo, porque eu vi seu rosto, muito branco, ficar levemente vermelho nas bochechas. “Acha que aquilo foi muito, Weasley?”, ele disse, quando se recuperou do ‘choque’. “Espere até ver o que eu posso fazer com uma varinha”.

“O que é que está acontecendo aqui?”, disse uma voz atrás de Malfoy e, bem, ele é alto e estava bloqueando totalmente a minha visão da porta, mas eu pude, pela voz, notar que era Harry. Ele olhava pra mim como quem diz ‘Ele te ofendeu? Te machucou? Me diga porque estou louco para acabar com a raça dele’. Isso tudo num olhar.

Eu ia falar alguma coisa, mas o Malfoy se antecipou e, com a varinha apontando para Harry, falou “O que veio fazer aqui, Potter? Veio brincar também de ‘Eu Conheço Mais Feitiços Que Você’?”.

Ele parecia estranhamente satisfeito por estar arrumando confusão. O que significava aquilo? Será que ele estava tentando bater algum recorde de ‘Em quantos minutos eu consigo uma detenção?’?. Tenho certeza de que eu ia tentar falar mais alguma coisa, mas fui novamente interrompida, dessa vez pelo Harry.

“Ah, não, Malfoy. Eu prefiro a outra versão desse jogo. ‘Eu Conheço Mais Feitiços que Seu Pai’, já ouviu falar?”. Eu fiquei chocada ao ouvir Harry dizer aquilo. Quero dizer, ele tinha ótimos motivos para odiar os Malfoy, mas ser cruel como eles era tão...não-Harry.

Malfoy não respondeu. Ele devia estar tentando digerir o que Harry tinha dito, porque parecia furioso. Ou, então, ele devia estar analisando a situação, não sei. Só sei que quando ele levantou a varinha um pouco mais em direção a Harry que, por sua vez, estava prestes a iniciar uma bela de uma confusão, eu dei um jeito de passar pelo Malfoy e dizer “Harry, não”.

Ele me olhou surpreso, como quem diz ‘Mas foi você quem pediu!’. Eu segurei seu braço e disse, “Não vale a pena. Vamos”. Eu passei novamente pelo Malfoy (que ainda estava segurando a varinha numa altura não muito segura para quem passasse na frente dele, mas, estranhamente, eu sabia que ele não ia me atacar ou reagir a qualquer coisa) e peguei minha mala.

Vi Harry dar um último olhar para o Malfoy, que agora parecia absolutamente calmo, como se nada tivesse acontecido, e eu saí puxando-lhe as vestes o mais rápido que pude. Depois disso Harry parecia, finalmente, ter notado que eu estava ali e disse “Mas afinal de contas o que foi que aconteceu?”.

“Eu é que pergunto! O que foi aquilo, Harry? Quero dizer, você ofendeu o Malfoy por menos que nada; ele só estava me enchendo por causa da cabine!”, eu disse, com as sobrancelhas franzidas.

“E você acha pouco?”, ele me perguntou. E vendo o olhar que eu dei a ele, completou “Certo, talvez eu tenha exagerado, mas ele parecia estar te encurralando ali, eu achei que...”. Nesse ponto eu o interrompi, um pouco bruscamente, eu diria.

“Eu posso me defender sozinha, Harry”. No final das contas, eu acho que não deveria ter dito aquilo, porque ele me olhou de um jeito estranho. Talvez ele tenha se lembrado do meu 1° ano em Hogwarts e de repente eu me senti uma estúpida.”Desculpe. Eu não quis parecer... ingrata”, eu disse, sentindo uma coisa estranha no estômago.

“Não precisa agradecer” ele disse simplesmente e entrou na cabine em que Rony, Hermione e Neville estavam conversando e comendo sapos de chocolate. Eu parei em frente à cabine, ainda pensando no que Harry tinha dito. Odeio declarações dúbias. Ele disse aquilo pelo que tinha acontecido há cinco anos ou pelo que tinha acontecido há cinco minutos (quer dizer, sobre me ‘salvar’ do Malfoy e tudo o mais)?

Nesse momento, eu deveria estar com cara de boba porque, quando me dei conta, todos estavam olhando pra mim e Hermione perguntou “Não vai entrar, Ginny?”.

Juntei toda a minha dignidade e entrei na cabine, me sentando ao lado de Hermione. A única coisa que valeu a pena, a viagem toda, foi que eu tive tempo de colocar em dia o diário, sob olhares curiosos vindos de Rony e uns ocasionais vindos de Harry, que não tinha comentado nada sobre o breve encontro com o Malfoy.

Achei isso muito, muito estranho. Será que ele tinha se arrependido do que disse? Será que ele estava chateado com o que EU disse? Será que...Ah, isso vai ficar pra mais tarde. Chegamos em Hogwarts, finalmente.

Puxa, como eu senti falta desse quarto! E as meninas...Jennifer Campbell, Lívia Bullmore e Kelly Douglas, como eu senti falta delas! É o nosso sexto ano juntas (embora em conheça a Kel antes mesmo de termos ingressado em Hogwarts, já que nossos pais são amigos há muito tempo) e não tem como não ficarmos ligadas umas às outras.

Principalmente se você divide o quarto com elas e acaba, querendo ou não, sabendo tudo o que acontece com cada uma. Mas, pra minha sorte, elas são ótimas. Não são (tão) fúteis como a maioria das meninas, são tão boas em Poções quanto eu (ou seja, somos horríveis), mas pelo menos não acarreta competição entre nós. Pelo contrário, sempre rola uma ajudinha quando uma de nós está desesperada por não acertar nunca a quantidade de Erva de Macrocystis.

Embora esse verão eu tenha me esforçado ao máximo para ler o livro Poções Muy Potentes e espero, sinceramente, que sirva pra alguma coisa. Não agüentaria mais um ano perdendo pontos pra Grifinória por não acertar a cor das poções. É um saco.

Bom, como eu ia dizendo, revi as meninas e foi ótimo; agora Liv e Jenn ainda estão conversando, embora Kelly já tenha ido dormir há muito tempo. Ela dorme muito! Um dia falei isso a ela, e ela disse ‘Ainda não inventaram nada melhor pra fazer, além de dormir’. Eu ri e brinquei ‘Então você está precisando arrumar um namorado’, ela ficou um pouco vermelha, mas levou numa boa ‘Certo, me arrume um cara bonitão, que não fale só de Quadribol ou de quanto ele gastou com aquela vassoura nova, que ainda por cima seja romântico e goste de animais tanto quanto eu, e eu pararei de dormir tanto’. E o pior é que ela não está errada.

Certo, eu só saí com Miguel Corner por um tempo e ele era tudo o que Kelly tinha dito: só falava de Quadribol (até aí, tudo bem, eu também gosto de Quadribol...mas quando você passa a apenas SE elogiar a respeito disso, é realmente tedioso. E eu sempre me perguntei...se ele é assim tão bom no Quadribol, porque é que nunca conseguiu uma vaga no time da Corvinal?) e teve a ousadia de me falar o nome de todas as garotas com quem já saiu em Hogwarts. Tenho certeza de que metade daquela lista era mentira e a outra metade é de meninas arrependidas – arrependidas de terem saído com ele, é claro (ai, como eu sou horrível!).

E depois teve Dino Thomas, mas não chegamos a sair realmente. Nos correspondemos no verão, mas não é como se eu estivesse louca para revê-lo. Aliás, eu o revi agora a pouco, no jantar de Boas-Vindas, e ele também não parecia estar absolutamente apaixonado por mim.

Na verdade, ele parecia estar dando em cima da Parvati, o que não deixa de ser engraçado, porque ela parecia estar de olho no Simas (todo mundo conhece aquela velha máxima, não é? João que amava Maria, que amava Pedrinho, que não amava ninguém). Eu não sei com quem Simas está saindo, então não posso nem fazer uma previsão de como essa história vai acabar. E lá estou eu falando da vida dos outros, de novo. Tenho que parar com isso.

Ah, acabo de lembrar de Luna. Eu fui atrás dela na mesa da Corvinal e disse que estava querendo falar com ela. Ela está muito bronzeada (além de ter cortado o cabelo – com franja! Ficou realmente muito bom. Quero dizer, antes ela tinha um ar totalmente biruta, com aquele cabelo enorme e meio bagunçado, mas agora só o que evidencia isso é o jeito que ela tem de parecer estar sempre desligada) e eu me dei conta de que era por causa das férias na Escócia.

Ia perguntar sobre a matéria, mas ela apenas disse “Que tal amanhã, depois das aulas?”. Pisquei, quando ela disse isso (eu me distraio com muita facilidade). Ah, ela se referia sobre conversarmos. Certo, ela devia ter algo pra fazer naquele momento, então não liguei muito e disse que nos víamos amanhã.

(pensando)

Sabe quando você tem a sensação de que tem alguém olhando pra você? Você anda e é como se sentisse um par de olhos te acompanhando. Pode ser paranóia minha, mas quando eu estava voltando pra mesa da Grifinória eu fiz questão de olhar em volta e realmente não vi ninguém me observando. Definitivamente eu tenho que parar de andar tanto com a Luna, eu estou com uma imaginação muito fértil.

Então, foi isso. Jantamos e logo depois subimos pra arrumar as nossas coisas. Todas desatamos a falar ao mesmo tempo e até agora estou em dúvida de quem foi que me contou sobre ter conhecido um carinha nas férias. Será que foi a Kelly? Bem, acho que não. Se fosse, talvez ela não estivesse dormindo agora.

Vou me lembrar de perguntar a elas amanhã, porque Jenn e Liv acabaram de dormir. E eu já estou me sentindo exausta...mas isso pode ser bom, já que quando estou muito cansada e vou dormir, não tenho sonhos ruins. Na verdade eu nem lembro dos meus sonhos, nesses dias.

Não seria muito agradável, no primeiro dia de aula, chegar atrasada na aula porque tive que ir pra Enfermaria (infelizmente eu fico de sobre-aviso, a pedido dos meus pais, já que desde meu primeiro ano eu tenho esses...sonhos. É por isso que já tomei tantas Poções Sem Sonhos, mas ela passa a não fazer muito efeito, se você a toma todos os dias). Certo, vou só escrever um lembrete e vou dormir.

“Fazer o pedido d’O Pasquim, pra esse mês.”

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