Vingança e Cartas Marcadas



N.A.: Aqui está o primeiro capítulo!

Capítulo 1: Vingança e Cartas Marcadas



Cabelos negros e mal-cuidado, e uma barba negra e espessa encobrindo as cicatrizes de Azkaban, sem ocultar o costumeiro sorriso travesso. Era esta a aparência de Sirius, na última foto que tinham tirado juntos.

Fora no dia do Natal. Ele e Sirius estavam na frente da árvore. Ali, do lado de Sirius, estava Harry, seu sorriso e sincero, e junto com ele, Ron, aborrecido porque Hermione tinha discutido com ele. Falando em Hermione, lá estava ela, ao lado de Nymphadora, que estava apoiada em seu ombro. Molly estava ao lado de Ron, com as mãos postas sobre os ombros de Ginny. Ao lado de Molly, Fred, George e Bill. Ao lado de Bill, Alastor e Kingsley. Mundungus batera a foto.

Vendo Sirius ali, ele não podia deixar de lembrar dela, e isso lhe deixava ainda pior — pois ela estava viva e livre, e Sirius nunca mais veria um nascer do sol novamente.

Já fazia mais de um ano que ela tinha matado Sirius, o arremessando para trás daquele véu. Durante esse ano, Remus esteve confuso e acabado, com um grande entrelaçado de enigmas em sua mente, até que, ao final do ano, finalmente se decidiu — começou a namorar Nymphadora Tonks, e boa parte de seus dilemas existenciais se resolveram. Tonks era uma garota simples, encantadora, que o fazia perceber que não adianta ficar marcando cada passo até o futuro. O importante era viver o presente. Com ela, era mais feliz.

Mas ainda havia um dilema.

Ele não podia dormir. Não sabendo que ela, ela, a mulher insana em sua trajetória de atrocidades pela Inglaterra, ainda estava viva, desfrutando dos prazeres, dos risos, dos sóis nascentes e que provavelmente deitava a cabeça em seu travesseiro e dormia sem pensar em nada. E o Ministério estava tão próximo de capturar Bellatrix Lestrange como estava de capturar o próprio Lorde das Trevas.

Quando você quer que algo saia bem feito, faça você mesmo. Ele não se lembrava de quem lhe havia dito isso, mas essa frase ecoava incessantemente em sua cabeça. E, por mais que tentasse pensar com a cabeça, a resolução era cada vez mais forte em seu espírito.

Ele a mataria com suas próprias mãos.

— Ah, Sirius… — suspirou, olhando para a foto. — Vou vingar a sua morte. Vou matá-la. Sei que não parece algo que eu faria, que o ponderado Remus Lupin faria… Mas sei que não vou conseguir viver sabendo que ela está livre e você morto. Acho que você me entenderia, pois já quis se vingar do Pete tanto quanto eu quero me vingar dela…

Era estranha aquela necessidade de se explicar, se explicar para uma foto que meramente sorria e acenava…

— Se estivesse aqui, me diria que estou sendo um tolo. Que não vale a pena. Mas você nunca me escutou… De modo que, agora, não vou escutar você.

A verdade é que pensar que Sirius não estava ali para repreendê-lo o deixava com mais sede de vingança, com mais vontade de fazer aquela aberração conhecer os mistérios atrás do véu.

— É assim que é a vida — disse, se levantando. — Uma hora, alguém terá que pôr fim àquela existência maldita. Que seja eu. — E, olhando a foto: — Adeus, Sirius. Ou seria um “até breve”?…

Ele não pôde perceber que cada uma de suas palavras era ouvida.




— Droga — sussurrou Bellatrix.

Já se livrara de três cartas, e seu jogo continuava uma porcaria. E o pior; pelo modo com os olhinhos aguados de Wormtail iam de lá para cá, ele tinha coisa grande na mão.

Nessas horas, o que fazer? Fingir.

— Ah, Wormtail, sabia que é um saco jogar pôquer com você? Quando é que Snape volta?

— Eu já disse que acho que ele não volta para a Spinner’s End… — murmurou Wormtail, concentrado.

— Wormtail, Wormtail, quando Snape te chama de verme, ele tem razão — riu Bellatrix. — Você estudou com ele por sete anos, morou com ele por dois meses, e ainda não sabe que a coisa que Snape mais preza nesse mundo é aquele monte de livros de Artes das Trevas que ele guarda na estante infestada de cupins?

— Sei disso, mas não acho que ele arriscaria a vida por tão pouco — resmungou Wormtail. — Os aurores já vieram dar batida aqui duas vezes, mas os livros estão protegidos, ninguém pode vê-los além dele.

— E você provavelmente ficou aí, um rato qualquer.

— E ainda ri. Um dos aurores me chutou, sabia?

— Se soubesse quem estava chutando…

Trocara mais duas cartas, e seu jogo continuava péssimo.

— Afinal, o que vai ser? Desiste do jogo? Ou vai apostar o quê?

— Eu te mato antes de jogar strip poker com você, Wormtail.

— Não estou falando disso.

— Mostra aí o que você tem, vai — disse Bellatrix entediada, querendo acabar logo com aquilo.

Um grande sorriso se abriu no rosto do rato. Triunfante, ele baixou a mão:

Straight flush!

— Parabéns, Wormtail — elogiou Bellatrix, rindo. — Finalmente aprendeu a jogar pôquer.

— Eu sei jogar pôquer desde os quinze anos, tá OK? — disse Pettigrew ofendido. Mas em seguida, o largo sorriso tornou a se abrir: — Bella, querida, quer virar as cartas para olhar o verso?

— Nunca te dei intimidade para me chamar de Bella, Wormtail — disse Bellatrix ríspida. — Para você, é Sra. Lestrange.

— OK, Sra. Lestrange — disse Wormtail impaciente. — Agora, quer olhar o verso das cartas, por favor?!

— E para quê exatamente eu faria isso?

— Prometo que não vai se arrepender.

Pensando o que diabos o rato estava aprontando, virou uma das cartas para ver o verso. Xingou bem alto:

— Cartas marcadas! Filho da puta!

Atrás do baralho, se via uma estampa de crânio negro.

— Te peguei, Sra. Lestrange — riu Wormtail gostosamente. — Sabe que quem joga com cartas marcadas ou cumpre a prenda ou…

— …morre em duas semanas — completou Bellatrix vermelha de raiva. — Nojento.

— É… Agora terá que fazer o que eu quiser — disse Wormtail com um sorriso.

Bellatrix sacudiu os longos cabelos negros.

— Eu morro e levo você junto antes de ir para a cama com você, Wormtail.

— Arre que você só pensa nisso! Não é tão irresistível assim, sabia?

— Não quer perder a afamada virgindade — riu Bellatrix.

Wormtail esperou pacientemente até que o acesso de risos de Bellatrix parasse. Ela parou de rir aos poucos e fitou os olhos castanhos do animago.

— Eu preciso que você me faça um favor — disse este, sério. — Eu tenho alguns inimigos, mas não posso me dar ao luxo de sair por aí para encará-los.

— Tem medo de machucar a cauda — gracejou Bellatrix.

— Eu preciso que você mate alguém para mim — disse Wormtail sem fazer caso. — Porque tenho medo que ele apareça para me matar.

— Não é nenhum Comensal, é? Se for, não farei, porque não vai ser você que vai me matar, e sim o Lorde.

— Não é nenhum Comensal, não, é um membro da Ordem da Fênix.

— Ótimo. Fala o nome do defunto que é pra eu ir mandando o cartão para a viúva.

— Eu quero que você mate Remus Lupin.

Bellatrix piscou. Remus Lupin… Um nome estranhamente familiar, no meio de conversas raivosas de Greyback…

— Quem é esse?

— O lobisomem. Aquele que era amigo do Sirius, que ensinou em Hogwarts.

Ah. Agora lembrava. Da mesma idade que Wormtail, mas de cabelos loiros e olhar cansado. Um sorriso até doce. A única imagem que tinha dele era pouco após a morte de Sirius, quando ele tentara segurar o garoto Potter. Seu olhar cheio de lágrimas e ódio quando se voltara para ela…

— Ah, lembrei. Sei quem é. — De repente lhe ocorreu algo. — Wormtail, você é um rato vagabundo. O homem é seu amigo por sete anos, dividiu o dormitório com você, e você manda matá-lo? Com um amigo assim quem precisa de inimigos?

— É questão de sobrevivência — disse Wormtail sério. — Ele também queria me matar, naquela noite em que escapei por pouco de Sirius para ir encontrar o Lorde na Albânia. Ele não teria hesitado. Aliás, você não tem moral para me passar lições.

— Continua sendo um covarde, Wormtail… OK, Remus Lupin. Tem alguma idéia de onde ele esteja?

— Não — disse Wormtail. — Essa função é sua.

— Nossa, Wormtail, você é muito agradável. Me manda matar um cara que mal conheço e nem me dá uma indicação de onde ele está.

Nesse instante, ouviu-se o ruído das dobradiças da porta rangendo. Wormtail e Bellatrix silenciaram como que por encanto, e o primeiro recuou assustado, pronto a se transformar.

— Psiu — sussurrou Bellatrix, pé ante pé, varinha em punho, indo para a sala.

O cuidado se mostrou desnecessário quando identificou a figura maltrapilha que adentrara a sala e riu com vontade. Ela sempre estava certa.

— Quem está aí? — perguntou Severus Snape. — Wormtail?

— Snape? — perguntou o animago, aparecendo ao lado de Bellatrix.

— Ora, ora, ora, Wormtail, andou recebendo visitas íntimas? — o sorriso de Snape era frio e satisfeito.

— Dobre a língua, Snape — disse Bellatrix sentindo-se incendiar por dentro. — Vim lhe passar um recado do próprio Lorde, a culpa não é minha se você deixa essa coisa cuidando da sua pocilga.

As mãos de Snape se torciam de um jeito estranho quando ele se virou para encarar Bellatrix.

— Virou garotinha de recados do Lorde, Bella?

— Continuo sendo a Comensal mais fiel.

— Vejo. Pois bem, qual é o dito recado? O Lorde deseja algum de meus serviços?

— O Lorde deseja um daqueles seus frascos de Veritaserum.

— Para quê, exatamente? — perguntou Snape, as sobrancelhas negras formando um arco.

— E lá cabe a você questionar as ordens do Lorde? — perguntou Bellatrix indignada. — A você cabe apenas obedecer.

— Só pensei que “a Comensal mais fiel” saberia dos intentos do Lorde — disse Snape com voz de seda.

Ah, ele sabia irritar. Mas Bellatrix não iria ficar dando trela para ele.

— Apenas leve o frasco, ou mande o rato levar — disse suavemente. — Agora, se me dão licença, senhores, tenho coisas mais importantes a fazer.

— Que tipo de coisas?…

— Nada que te interesse, Snape. Se quer mesmo saber, pergunte a Wormtail.

E saiu sem mais nada dizer. Foi ela fechar a porta e Snape voltou seu olhar para o animago, que se encolheu.

— Quais são os deveres de Bellatrix? Ela te falou algo?

— Não… — gemeu Wormtail. — Ela não me falou nada, não.

Snape sorriu.

— Ora, vamos, Wormtail, deveria saber que não adianta mentir para mim… E, a não ser que queira vomitar suas próprias vísceras daqui a pouco, é melhor ir me contando detalhadamente tudo o que Bellatrix te contou…




Little Hangleton.

Ninguém poderia imaginar que uma cidadezinha humilde fosse o mais novo reduto das Artes das Trevas. E os trouxas do povoado nem podiam desconfiar que ali, a poucos metros deles, na abandonada casa dos Riddle, estivesse estabelecido o quartel-general do bruxo mais cruel de todos os tempos.

No jardim dos Riddle, deixado à míngua, onde o mato crescia sem ter quem o molestasse, ouviu-se um estalo forte. Pouco depois, a figura de um homem se materializou entre as folhagens.

Era alto, tinha cabelos castanho-escuros, quase negros, e um olhar verdadeiramente selvagem no rosto descarnado. Olhar selvagem que denunciava anos preso na sua própria mente, anos sofrendo com suas piores lembranças, anos em Azkaban…

— Ah, Rodolphus. Finalmente nos vemos, companheiro.

Era a voz fria de Yaxley, um Comensal que havia escapado a Azkaban, vindo recebê-lo na porta. Sentiu nojo ao encará-lo.

— Companheiros uma ova, Yaxley — disse, cuspindo no chão. — Não vi você em Azkaban.

— A definição de “companheiros” no dicionário também se inclui a pessoas que compartilham de uma mesma causa — disse Yaxley com um sorriso cretino. — Embora não tenhamos compartilhado da mesma prisão.

— Companheiros não assassinam uns aos outros, Yaxley — disse Rodolphus friamente. — O que aconteceu com Gibbon? Um acidente?

— Um lamentável acidente — sorriu Yaxley. — Não pude evitar… Tentei matar um mestiço, mas Gibbon se meteu na frente, incauto…

— Lamentável acidente — repetiu Rodolphus, agora sim sorrindo. — Falei com Amycus, Yaxley, ele me contou o que aconteceu. Disse que você parecia uma garotinha assustada, sem conseguir nem estuporar um bando de pivetes direito, lançando maldições sem controle…

— Amycus não tem moral para me caluniar — disse Yaxley, sem vestígio do sorriso.

— Então vai ver é por isso que está falando a verdade — finalizou Rodolphus. — Agora, preciso ver o Lorde.

— À vontade — disse Yaxley, lhe abrindo a porta para o interior da Mansão Riddle.

Enquanto andavam pelos corredores infestados de mofo, subindo degraus e degraus, Rodolphus murmurou para si mesmo:

— Uma mulher faz falta por aqui…

— E Bella? — perguntou Yaxley, ouvindo as palavras de Rodolphus. — Bem que poderia chamá-la para dar um trato aqui, não?

— Bella não se sujeita a esse tipo de tarefas por nada nesse mundo. Me mataria antes de vir limpar a mansão do Lorde… Sinceramente, acho que poderíamos procurar um lugar melhor do que essa mansão infecta…

— Não há muitos lugares disponíveis para bruxos caçados pelo Ministério da Magia.

— Sei disso — disse Rodolphus, e se calou, pois chegavam à sala onde o Lorde costumava descansar.

Bateu de leve na porta.

— Sim? — perguntou uma voz temerosa que ele reconheceu como sendo de Travers.

— Lestrange.

A porta se abriu com um ruído de dobradiças enferrujadas, e Rodolphus visualizou o rosto de Travers por um instante. O famoso “homem que assassinara os McKinnons” agora estava ali, fugido de Azkaban, o rosto tão deplorável quanto o dele próprio. Suas narinas largas inspiravam e expiravam sem cessar, os cabelos negros caindo desalinhados pelo rosto fino.

— Rodolphus — disse Travers com a voz tremida.

Ele perdera a sanidade em Azkaban, vitimado por lembranças terríveis de sua infância, e o Lorde não julgava seguro que ele saísse em missões. Ficara reduzido a ser um servo pessoal do Lorde, com suas mãos que tremiam sem parar.

— Rodolphus está aí, Travers? — perguntou uma voz fria que vinha de um pouco adiante.

Pálido de terror, Travers se voltou para seu inquiridor, fazendo que sim com a cabeça.

— Mande-o entrar.

— Sim, Lorde.

E, se virando para Rodolphus, introduziu-o na sala. Yaxley já vinha seguindo-o, mas a voz fria interpôs:

— Eu disse para Rodolphus entrar, Yaxley. Pode ficar lá fora.

— Sim, milorde — disse Yaxley, um tanto vermelho, saindo para o corredor.

Rodolphus se situou imediatamente de joelhos, diante do Lorde das Trevas, em seu trono magistral. De cabeça baixa, sem ousar encarar os olhos vermelhos do mestre…

— Travers, vá fazer companhia a Yaxley — disse o Lorde ríspido.

— Sim, senhor — disse Travers, a voz um tanto aliviada, saindo da sala tão rápido que se poderia jurar que aparatara.

Rodolphus ficou em silêncio, ajoelhado, de cabeça baixa. Podia ver os pés do Lorde, andando, e sabia que ele tinha a costumeira expressão de prazer sádico. Rezando para não ser torturado, apenas ficou à espera.

Enfim, depois do que lhe pareceu ser uma eternidade, a voz falou, fria e calma:

— Então conseguiu fugir de Azkaban.

— Sim, milorde.

— Por que não trouxe outros com você?

— Não havia como, milorde — disse Rodolphus resignado. — Era uma chance única, o senhor entende? Foi realmente uma sorte eu ter conseguido um pouco de Poção Polissuco, e precisei esperar muito até conseguir a ocasião certa de usá-la…

— Compreendo. Bem, não esperava outro comportamento seu, embora depois tenhamos de resgatar todos aqueles imprestáveis.

— Sim, milorde — disse Rodolphus, mesmo sabendo que seu irmão Rabastan, seu amigo Lucius e tantos outros que ele prezava estavam entre os imprestáveis.

Mais tempo em silêncio. Rodolphus sabia que era uma das táticas preferidas do Lorde, esperar para lançar a flecha, deixando o inquirido se mordendo de angústia. Tentou se acalmar.

— Eu tenho uma missão para você, Rodolphus — disse o Lorde, quebrando o silêncio repentinamente.

Rodolphus respirou aliviado. Se o Lorde daria outra missão a ele, haveria a possibilidade de se reerguer a seus olhos, de tornar a ocupar o lugar de um dos mais prestigiados, de tornar a honrar o nome Lestrange.

— Devo deixar explícito que, se falhar, as punições serão severas.

— Conte comigo para o que precisar, milorde.

— Não pude contar com você para o roubo da profecia, pude?

— Aquilo foi diferente — disse Rodolphus sentindo as faces queimarem. — Malfoy estava no comando da missão, e acabamos nos atrapalhando com a Ordem. Foi um fator que não esperávamos, teríamos pegado a profecia se não fosse assim e também…

— Basta — disse o Lorde.

Rodolphus engoliu o monte de imprecações aos outros Comensais que estava prestes a soltar.

— Não quero desculpas — disse a voz do Lorde, friamente. — Concentre-se apenas na missão que lhe darei agora, pois, se falhar, será a última.

— Sim senhor — disse Rodolphus sentindo um arrepio lhe percorrer as costas de cima a baixo. — Qual é a missão?

Ouviu o Lorde inspirar fundo, como sempre fazia quando queria começar uma explicação.

— Você soube sobre o ataque a Hogwarts?

— Sim, encontrei-me com Amycus.

— Foi uma missão bem sucedida, embora tenha acabado com o disfarce do mais útil dos meus espiões — comentou o Lorde brevemente. — Porém, houveram baixas na luta.

— Soube disso também.

— Gibbon, assassinado por Yaxley — o Lorde suspirou. — Estou cercado por idiotas. E houve prisões. Cronwell… E o pior, Greyback.

— O pior…?

— Sim, o pior. Por que os lobisomens estão sem alguém que os lidere, e até encontrarmos o indivíduo adequado, a Ordem da Fênix poderá aliciá-los.

— Entendo, senhor.

— A Ordem tem um emissário entre os lobisomens. É necessário eliminá-lo, e é essa a tarefa que lhe cabe, Rodolphus.

— Sim, senhor. Quem…?

— O nome dele é Remus Lupin. É melhor matá-lo, ou não terá outra chance, rapaz.

— Sim, milorde.

— Agora vá. E diga a Travers que quero jantar.

— Sim, milorde.

Tremendo de excitação, Rodolphus partiu. Agora seria sua grande chance… Agora recuperaria seu prestígio junto ao Lorde.

— Remus Lupin, você é um homem morto.




Em seu apartamento, Nymphadora Tonks estava preguiçosamente recostada ao sofá. Acabara de voltar de uma difícil missão da Ordem, que envolvera interromper um contato entre Comensais e duendes de Gringotts. Felizmente, tudo saíra bem, e agora ela tinha algumas horas para descansar antes de partir para o plantão noturno dos aurores.

Era nessas horas que sentia a falta de Remus ao seu lado, para dormir acolhida em seu abraço. Desde que se acertara com ele, sua vida ia às mil maravilhas, e tudo parecia perfeito. Agora, porém, se sentia fria e com um estranho pressentimento de desgraça. Bem, desgraça era só o que acontecia naqueles tempos…

Procurando relaxar e pensando em Remus, deitou-se no sofá, olhando a lareira pensativamente. Era tão feliz agora! Remus era o cara perfeito, gentil, atencioso e doce, e, do mesmo modo que ela dosava a sua preocupação com o futuro, ensinando-o a viver o presente, ele a ajudara com suas trapalhadas, a ensinara a ser mais atenciosa e cuidadosa no que fazia. Se completavam, e isso bastava.

Estava pensando nas noites que passavam juntos quando um brilho verde-esmeralda irrompeu da lareira. Assustada, ela deu um salto para trás, antes de se ver face a face com Severus Snape.

Snape! — guinchou, erguendo a varinha para atacar.

— Se terminar de realizar o feitiço, vai perder a lareira — disse Snape calmamente.

Tonks respirou. Snape, o maldito Snape, ali, na sua lareira! O homem que assassinara Dumbledore ali, de frente para ela! Era demais para seu sangue quente.

— Nojento, traidor, filho duma puta! — exclamou. — Dumbledore era o único que confiava em você, e é assim que você retribui, é assim que você age! Ingrato, duas-caras!

— Seus xingamentos não me atingem, Srta. Tonks.

— Se te pegarem…

— Se me pegarem, a senhorita não saberá do perigo que envolve o seu amado Remus Lupin — disse Snape suavemente.

Tonks ficou muito quieta quando o real sentido daquelas palavras a atingiu.

— O que quer? — sussurrou.

— Te alertar. Na verdade, eu preferiria alertar o próprio Lupin do perigo, porém sei que ele se encontra na Ordem. E, como vocês trocaram de Fiel do Segredo, não há como eu entrar.

— E de que perigo quer alertar Remus? — perguntou Tonks ameaçadoramente.

— Há Comensais atrás dele.

— Oh, grande novidade — riu Tonks de um modo levemente tresloucado. — Há Comensais atrás de todos nós.

— Porém Lupin tem uma Comensal atrás dele especificamente. E corre perigo.

— Uma Comensal?…

— Sim.

Ela?

— Se refere-se à Bellatrix Lestrange, sua tia, sim.

Uma sensação vaga de terror atingiu Tonks. Desde criança, ouvira sua mãe, Andrômeda, falando as piores coisas de sua tia. O temor que tinha àquela mulher de cabelos negros, tão parecida com sua mãe, mas ao mesmo tempo tão diferente, só aumentou com o tempo, conforme aumentava a lista de atrocidades de Bellatrix. E, finalmente, quando se encontraram no Departamento de Mistérios, Tonks sentiu verdadeiro pânico se apossar dela ao se ver de cara com a assassina que atormentava seus sonhos infantis. Por isso foi tão fraca, por isso caiu tão rápido, por isso Sirius morrera — e uma sensação de culpa se juntou às de terror quando se referiam a Bellatrix.

— E por que ela estaria atrás de Remus?

— Andou jogando cartas marcadas com Wormtail.

— Wormtail?…

— Peter Pettigrew, o traidor.

— Ah, sim — disse Tonks, pensando que Snape não tinha moral para chamar alguém de traidor. — Jogou cartas marcadas…

— Quando se joga com cartas marcadas e perde, ou cumpre a prenda ou morrerá no período de duas semanas.

— Eu sei o que acontece quando se joga com cartas marcadas — disse Tonks impaciente. — O que tem a ver ela ter jogado com o tal Wormtail com cartas marcadas?

— Ela perdeu, e a prenda que Wormtail pediu foi a morte de Remus Lupin. Ou seja, ou Bellatrix Lestrange mata seu amado Remus ou ela morre. Portanto, temos uma Comensal disposta a tudo atrás de Lupin.

Tonks empalideceu, segurando os braços do sofá.

— E como vou saber se isso não é uma armadilha?

— Sinceramente, não me importo se considera isso uma armadilha ou não — disse Snape calmamente. — Mas, quando achar o corpo de Lupin por aí, não diga que eu não avisei.

E, com um estalo das chamas, partiu.

Logo em seguida, ouviram-se leves batidas na porta. Assustada, Tonks deu um pulo, o coração acelerado.

— Tonks? — chamou uma voz. — Tudo bem, pode abrir, somos nós!

Aliviada por ter ouvido finalmente uma voz amiga, abriu a porta. Eram Harry, Ron e Hermione.

— Oi, Tonks — cumprimentou Harry. — Viemos saber se você pode nos ajudar com uns negócios e…

— Eu ajudo vocês até a contrabandear caldeirões com Mundungus se me ajudarem, garotos — disse Tonks com desespero.

Os três se entreolharam surpresos.

Em poucos minutos, estava tudo explicado. Harry parecia desconfiado.

— Pode realmente ser uma armadilha de Snape.

— Mas não custa deixar Remus de sobreaviso — disse Hermione.

— Que tal irmos até a sede da Ordem? — sugeriu Ron. — Lá, podemos falar com o Lupin, ou esperar ele voltar, qualquer coisa assim.

— Está certo — concordou Tonks aliviada.

Mas, no fundo, ela se sentia aflita. O que poderia sair de um confronto de Remus com Bellatrix Lestrange?…


N.A.: OK, essa fic vai ser bem curtinha, 5 capítulos no máximo. Não vou encompridar muito porque a Perfume me toma muito tempo... Leiam, e tomara que gostem!

Quem quiser, leia:

Incondicionalmente
www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14650

O Perfume de um Lírio
www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=13620

Os Outros
www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14942

Shining Like a Diamond
www.floreioseborroes.net/menufic.php?id=14686

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