Equinócio de Primavera



Capitulo 4

Equinócio de primavera



“No equinócio de primavera celebra-se o equilíbrio e a harmonia que existe na passagem das estações. É a época do ano em que a noite e o dia tem igual duração, quando os últimos sinais do inverno estão dando lugar a primavera. Nessa época do ano, os antigos celebram Ostera, a Deusa da Primavera. É quando renascemos, onde deixamos nossa velha pele para trás e começamos uma nova vida. É o período de fertilidade da ‘mãe terra’, é quando todos o seres acordam de seu repouso para um novo ciclo de produtividade, tudo se enfeita e se torna belo e fértil para garantir frutificação...”

Silêncio, era o que vinha da parte tanto de Draco quanto de Gina. Depois da quase noite de amor, nenhum dos dois ousou falar muita coisa, apenas o essencial, “Bom dia” e “boa noite”. Aquela última semana fora um tédio, a única coisa que conversaram foi sobre algo que ele poderia fazer, para ocupar o tempo. Para ver se vinha algo da parte dele, ao menos um resmungo ela deu-lhe a obrigação de cuidar do jardim e plantar algumas ervas mágicas. Ele aceitara sem falar uma mísera palavra, apenas anuiu a cabeça, foi até o quartinho onde se guardava as ferramentas e começou a trabalhar.

Aquele silêncio estava irritando-a. Sem palavras, um olhar vago, frio e sem expressão. Ele não falava, apenas praguejava para si mesmo, e aquilo a matava de raiva. Até quando aquilo iria durar? Afinal de contas ele não estava na casa dela? Porque ele não a trataria de uma forma mais decente? Gina largou as louças que estava lavando (n/a:eu adoro colocar a ruiva lavando vasilha, hahhaha), tirou o avental e se direcionou para o jardim na frente da casa. Graças aquele imbecil, ela não conseguiu pensar em mais nada para seu empreendimento, talvez Mione estivesse coberta de razões, talvez realmente estivesse gostando dele, ou por que então estaria tão nervosa com o silêncio do loiro?

Se havia uma coisa que ela tinha certeza era de que o desejava, mas afinal, quem não desejaria aquele loiro? Viu a figura dele abaixada, plantando uma rosa, por um momento teve vontade de rir, mas se controlou. Chegou mais perto, e não pode deixar de pensar que jamais imaginara Draco Malfoy plantando rosas. “Quem te viu, quem te vê...”
- Como andam minhas rosas???- Gina parou diante dele e cruzou os braços. Ele se manteve impassível e continuou sua tarefa, fingindo não ter notado a presença dela. Aquilo a estava irritando, havia ido com bandeira de paz, mas ele, no entanto parecia que queria guerra.- Draco, eu estou falando com você - ela se manteve impassível- Esta me ouvindo????- berrou.
-Nossa, se você não me falasse eu não ia ficar sabendo. - desdenhou sem olhar para ela, e continuou o que estava fazendo.
-Olhe para mim enquanto eu estiver falando. - ela protestou.
-O que queres Vossa Majestade?- levantou-se virou para ela e fez uma longa reverência. – Aliás, o que desejas?
-Sem sarcasmo Draco!
-Oh desculpe, Vossa Alteza.- então fez outra reverência. Gina apenas meneou a cabeça. Quanto deboche, para que aquilo tudo? Sentiu os seus olhos arderem, cerrou os punhos e fechou os olhos, quando os abriu, Draco ainda estava a sua frente.
-Desculpa aceita - ela o tratou da mesma forma-, meu servo.- disse debochadamente.
-Não me trate dessa forma. - Draco apontou o dedo para ela, aquele tom de deboche o enraiveceu.
-Então também não me trate dessa forma, Malfoy.
-Então de que forma você quer que eu a trate?- ele olhou no fundo dos olhos dela, veria então como ela reagiria e tomaria suas próprias conclusões.
-Da forma como você me tratou no dia do penhasco.
-Hum... Impossível!- respondeu e virou-se para pegar mais um vaso de flor, iria agora plantar mais uma rosa.
-Impossível por quê? E não vire as costas para mim enquanto estou falando. - emendou, mas ele não obedeceu e ela continuou falando mesmo assim.- É claro que é impossível, quantas você havia bebido aquele dia? Não você não havia bebido muito, ainda estava zonzo de seus delírios não é mesmo?

Por um momento Draco parou o que estava fazendo. A ruiva estava enlouquecendo-o. O que ela queria? Matá-lo de desejo? Ela não sabia, mas...

-Realmente eu estava ainda zonzo dos meus delírios- e virou-se, ficando frente a frente com a ruiva, perto demais, concluiu- Mas estava gozando de minhas faculdades mentais.

A ruiva ficou sem entender, o seu olhar esbugalhado era prova disso. Sentiu um frenesi, e constatou que estava perto demais de Draco Malfoy, aqueles olhos imensamente cinzentos fitando-a. Abaixou o olhar abruptamente.
-Se estava gozando de suas faculdades mentais, Malfoy- ela deu bastante ênfase naquela ultima palavra- por que então conseguiste ser tão gentil?- desdenhou, e sorrisinho debochado brotou em seus lábios.
-Estava tentando ser cortês com a pessoa que me acolheu e cuidou de mim, enquanto eu não estava bem!- respondeu, e chegou mais perto dela, tão perto que podia ouvir o bater no coração dela, a respiração ofegante e o hálito quente de sua boca.

Ela numa tentativa inútil de afastá-lo, pousou a mão sobre o peito dele e deixou-a ali. Com alguma dificuldade disse – Então por que...-engoliu em seco-...não continua tratando-a bem?
-É isso o que você quer ruiva?- perguntou ”inocentemente”. Com uma das mãos colocou uma mecha de cabelo ruivo atrás da orelha dela.
“Até quando você vai agüentar???”, a ruiva se perguntou.
-Gostaria apenas... que fosse mais gentil comigo!- Disse para si mesma de novo - apenas isto.
-Só isso mesmo?- insistiu.
-Er...-o estomago de Gina dava voltas, ela sentiu seu estômago revirando- É... - disse por fim, sentindo-se mais aliviada com a firmeza com que havia dito aquilo.
-Então prove- Draco puxou-a pela cintura com uma mão, e com outra segurou delicadamente o queixo dela, e deitou os seus lábios sobre o dela. A principio Gina se mostrou desnorteada e não apresentou resistência, mas quando se deu conta do que estava acontecendo tentou se afastar dele. Mas Draco era muito mais forte do que ela, largando-a apenas quando os dois já ofegavam.
-Você...- a ruiva tentou falar, mas a falta de ar a impedia. Draco ao contrario dela desenhava um sorriso vitorioso nos lábios.- Como pôde?- perguntou a ruiva por fim.
-Engraçado - Draco apoiou-se na cerca e cruzou os braços- por que naquela noite, você não apresentou resistência alguma.
A moça sentiu o rubor subindo por suas faces branquinhas. Era verdade tudo o que ele falou, não tinha nada para se defender.
-Eu estava frágil...-tentou argumentar- você se aproveitou de uma fraqueza minha. Estava abalada com as notícias.- Draco fez menção de se aproximar, mas com um gesto ela fez com que ele parasse.
-Se você tivesse dito...- disse cinicamente, segurando-se para não rir.
-Cínico!- e vociferou encima dele, levantou a mão para dar-lhe um tapa na cara, mas Draco ágil e esperto, segurou-a pelo pulso antes; tornando ficar perto demais.
-Ruiva, eu até gosto de mulheres agressivas na cama - falou fingindo estar serio-, mas as que batem na minha cara, não fazem meu tipo.
-Malfoy...- a ruiva rosnou, porem ele prosseguiu tranqüilamente.
-Hein ruiva, você não apresentou resistência naquela noite, e eu não me aproveitei de você! Você veio a mim, por livre e espontânea vontade. - então Draco soltou-a.
-Primeiro Malfoy, não me chame de ruiva. Segundo você me seduziu sim, terceiro pare de me agarrar! Quarto e ultimo, você esta na minha casa, então quem dita as regras sou EU! – ela gritou - Ou você quer que desenha?- debochou.
-Se o problema é este, estar em sua casa- explicou diante a expressão confusa dela- então eu vou me embora.- ele não pode deixar de sentir uma fincada no estômago, queria estar ali, aquele lugar lhe fazia bem, estar perto da ruiva o fazia bem. Não queria ir embora.
-Ora, se você quiser então vá. - esbravejou
-Se é o que você quer - em outras circunstâncias ele teria indo realmente embora, mas como queria ficar deu-se mais aquela chance. A ruiva estava vermelha de raiva, ele começou a juntar o que ele estava usando em sinal de que de fato ia embora - Se eu sair por aquele portão, eu nunca mais volto.
A ruiva se manteve impassível.

Ele continuou juntando as coisas, desejando que a ruiva falasse alguma coisa. Por que se ela estava esperando que ele tomasse alguma iniciativa, ela poderia indo logo tirar o hipogrifo da chuva.
-Você pode ficar...se quiser- ela disse finalmente.
-E se eu não quiser?
-Se não quiser então se vá.- respondeu desanimada.
-Olha, me responde uma coisa. Você ficaria num lugar onde uma pessoa primeiro te convida para ficar com ela, depois a expulsa e no momento seguinte já quer que ela fique de novo? Você enlouqueceu não é mesmo?
”Só se for por você”, disse pra si mesma. Ela descruzou os braços, ele porém se manteve na tarefa em que estava. Não se deixaria vencer, decidiu.
-É talvez eu realmente esteja louca, pois afinal, a mulher de Harry Potter esta encobertando em sua casa o louco que matou Dumbledore, e acabou com Hogwarts!- as palavras causaram o efeito desejado. Draco virou-se abruptamente, e seus olhos tomou posse de um cinza tão escuro, que Gina temeu ter ido longe demais.
-É por essas e outras - chegou perto dela e disse em seu ouvido- que eu esteja indo embora!- Ele ficou possesso de raiva com aquela afirmação da ruiva.

Os olhos dele arderam por um momento, não choraria pela mulher que fazia questão de pisar nele, e usava de seu passado vergonhoso para fazer isso. Weasley havia passado dos limites, fora muito paciente. Mas paciência tem limite, e a dele já havia extrapolado esse limite a um bom tempo. Pegou a caixa de ferramentas e foi levá-la até o quartinho onde ficavam as ferramentas, deixou Gina para trás, pouco se importando com ela. Ela porem o seguiu.

-Desculpe, fui grossa! Esse silêncio estava me matando, você estava me ignorando e isso me deixa aflita.- e em sua voz havia um fiasco de aflição. Draco porém continuava a ignorá-la -Por favor fica, eu ando tão sozinha.

Virou-se para ela e disse:

-Talvez seja por isso que anda tão sozinha!- e continuou com o seu trajeto.

Ele tem que ficar, algo lhe dizia isto. Queria que ele ficasse, e se isso significasse engolir seu orgulho diante dele, isso faria.

-Você esta certo!- Draco continuou a ignorá-la, porem em sua mente isto o fez parar - Está coberto de razão. Eu falhei, por que me deixei seduzir e depois fui muito grossa com você! Eu não tinha direito, desculpa, por favor, mas fica! Não me deixa sozinha.

Neste momento ele parou, estava na porta do quartinho, virou-se para ela.

– Quem me garante que não fará isto de novo? E por que eu ficaria na casa de alguém que me insultou?- sua voz ainda estava grave.

- Eu lhe dou a minha palavra que quando estiver nervosa com você, pensarei duas vezes antes de dizer alguma coisa. É a minha palavra! E você quer saber por que deve ficar na casa de alguém que te insultou?- perguntou docemente - por que esta pessoa esta arrependida, e todos merecem uma segunda chance.

Aquilo o desarmou. Não foram os argumentos dela, não. Mas o fato da palavrinha segunda chance, ela havia dado a ele uma segunda chance, cuidará dele com toda dedicação e acima de tudo confiou nele. Agora era a vez dele de dar uma segunda chance.
-E se eu ficar?- ainda se manteve serio.
-Ficarei imensamente feliz.- ela respondeu com um certo alívio.
-E se não ficar?
-Ficarei imensamente infeliz. - e havia um ar de cansaço naquelas palavras.

Ele a olhou, e não deixou de observar como ela era bela, parecia um anjo. Lembrou-se do seu segundo ano quando ela havia mandado um cupido para Harry, ele havia negligenciado-a, porém ela permaneceu em seu amor inabalável para com Harry. Apesar de começar a sair com outros, havia guardado seu coração para ele, até ele se tocar que ela existia. Como Potter teve sorte! Ela ficou-o esperando todo esse tempo, é sorte demais para uma única pessoa.
-Eu fico. - disse serio- Mas...
-Sempre tem um “mas...”, não é mesmo?- retrucou.
-É sempre tem um “mas”!
-E qual é a sua condição Malfoy?- Por um momento Gina teve medo de qual poderia ser a condição do homem a sua frente. Sim, conhecia bem Draco, e ele não era o tipo de pessoa que fosse flor para se cheirar.
-É apenas uma. - na verdade ele não sabia qual era a condição, acabou por inventar na hora, só queria irritar mais um pouco a ruiva - Se tiver que acontecer alguma coisa entre nós - e parou por um breve momento, onde é que estava com a cabeça?-, você vai deixar acontecer.
Gina abriu a boca para protestar...
-Você prometeu. - emendou.

Era verdade, havia prometido. Por um momento arrependeu-se por ter feito uma promessa sem pensar. Mas não havia como mais remediar, o que havia feito estava feito, e não havia como ser desfeito. Chegou ao consenso consigo mesma de que aceitaria, mas faria de tudo para não se aproximar. A ruiva mal sabia, o quanto estava enganada de suas decisões.
-Esta bem, eu aceito.Mas tenho minhas condições.- Draco apenas anuiu- Nada de você tentar ficar me agarrando ou me seduzindo! - E estendeu a mão para ele.- Esta certo?
-Certo?- ele aceitou o aperto de mão - Só tenho uma perguntinha. - um sorrisinho brotou nos lábios dele, ele não tinha noção de quanto aquele sorrisinho a irritava, pois significava que coisa boa não vinha por aí - E você me seduzir, pode?
Gina teve vontade de rir -Quanto a isso pode ficar despreocupado, não é do meu interesse te seduzir!

Ele não disse nada, ficou observando a ruiva voltar para dentro de casa, com um sorriso triunfante.
-Isso é o que veremos. - disse baixinho só para si.


***

Havia sido deixada na lustrosa caixa de correio um luxuoso envelope de um papel que perecia ser madeira, de escrita fina convidando os moradores da casa para o Equinócio de Primavera, que aconteceria no dia seguinte.
-É o festival que comemora cada estação! Adoraria ir.- Gina revelou- todos esses anos aqui e nunca pude participar, Harry ficava muito preocupado com o que poderia acontecer comigo. Ou talvez um comensal no meio da multidão...
-Você quer ir?- perguntou Draco, entre uma mordida e outra em sua saborosa maçã.- Se você quiser poder ir.
Gina continuou arrumando a mesa para o café da tarde, e também prosseguiu com seus pequenos relatos.
-São festas sinuosas e a moda antiga, da forma como os ancestrais do povo da região fazia! Pena que nunca pude ir. - e em sua voz havia um fiasco de melancolia. Porem, a ruiva virou-se bruscamente para Draco e o fitou com um sorriso encantador - Poderíamos ir juntos.
-Pensei que você havia dito que não iria dar em cima de mim! - ele falou de forma sexy.

Por algum motivo misterioso para Gina, as maçãs de seu rosto não ficaram rubras.
-E quem disse que estou dando de cima de você? - retrucou. Ela não havia percebido, mas Draco havia se levantado da mesa e agora estava próximo dela, era tentação demais para si, deu o primeiro passo para trás numa tentativa pouco eficaz em se distanciar de Draco. Mais um passo e esbarraria no fogão, o loiro avançou sem cerimônia e a encurralou. Gina sentiu o coração dar um pulo.
-Você tem certeza ruiva? - ele disse roçando seus lábios no dela, Gina buscava a boca dele com a sua, mas sempre que elas se encontravam ele retirava-a, uma dança de sedução - Tem certeza que realmente não está dando em cima de mim?
-Talvez.- respondeu sem prestar atenção no que falava. O loiro inclinou-se sobre ela, passou a mão em sua cintura e com a outra mão enfiou o dedo no molho que ela havia preparado e levou-o a boca.
-Esta maravilhoso, ruiva - para surpresa dela, ele a largou. Com um sorriso cínico na boca ele continuou - Não sabia que era tão boa com molhos. Perfeito!

Um...Dois...Três... Aquilo nunca funcionava com ela, fechou os olhos e meneou a cabeça, Draco sabia como irritá-la, aquilo deveria ser de fato o hobbie preferido dele. Afinal de contas, ele não tinha muito que fazer por ali mesmo né? Antes de sair da cozinha, no entanto, o rapaz soltou um ultimo gracejo:
-Ah, - e virou-se para ela - antes que me esqueça, eu aceito sim o seu convite.- e saiu dali sem receber a resposta da ruiva.


***

“ Ostera é a Deusa dessa estação
É ela quem governa os céus e a
Terra. É ela quem dará as flores
É a Deusa que governa e que governará”


Ao longe, essas foram as primeiras palavras a serem audíveis aos ouvidos de Gina. Ela e Draco caminhavam lentamente sobre a areia úmida da praia. A lua estava em seu maior resplendor, estava em sua fase mãe, cheia e abundante. Os reflexos das estrelas brilhavam como diamantes no imenso mar azul. Os seus pés afundavam sobre a areia e vez por outra eram refrescados pela onda que quebrava na costa e vinha molhar os seus pés.

Se direcionaram a densa floresta que se estendia mais ao oeste, a ruiva ficou sabendo que os ancestrais daquele povo celebravam suas festas e rituais em florestas de carvalho como aquelas, por que acreditavam que seus deuses pagões não poderiam habitar em templos feitos pela mão do homem. Logo na entrada, havia sido feita uma arcada de galhos secos, mulheres vestidas de túnicas azuis saudavam os convidados.

O lugar havia sido belamente enfeitado, bem no centro havia uma grande fogueira, iluminando a região central; outras fogueiras menores foram dispostas regularmente. Longas mesas de madeira com comida e frutos da estação, e algumas especiarias da região. Outras mesas menores foram dispostas, todas enfeitadas com flores. Uma musica lenta soava em seus ouvidos, tocada por uma harpa e cantada por uma voz soprano feminina. Gina e Draco resolveram usar as mesmas vestimentas. Mulheres vestiam vestidos e túnicas azuis e guirlandas de flores silvestres. Para os homens túnicas simples e braceletes de coro no pulso.

Gina entrelaçou seus dedos aos de Draco, apertou-os e recebeu a mesma firmeza das mãos forte dele. Era tudo tão lindo e perfeito, que ela imaginou por que nunca antes havia tomado coragem para ir ao festival.
-Querida, não gostaria de fazer uma tatuagem?- uma velha perguntou para a ruiva. -É uma tradição, fazer tatuagens mágicas, com símbolos celtas ou indianos. Gina olhou para a mulher e logo em seguida para Draco, ele no entanto não disse nada.
-Sinto muito, mas não é da minha vontade marcar o meu corpo.
A velha pegou-a pelo o braço e disse:
-O que é isso, se não queres marcar o seu corpo podes tatuar com hena, que com um mês sai tranqüilamente.

Então Gina concordou, e foi se tatuar. Havia resolvido fazer desenhos de mehandi no dorso da mão, desde pequena havia achado belo aquele tipo de tatuagem, mas nunca tinha tido coragem para usá-las. Tatuagens de mehandi, eram símbolos sagrados indianos, e só podiam ser pintados nas palmas da mão, nos pés ou no dorso da mão. A cor mais usada para os desenhos era azul, mas ela opinou pelo tradicional castanho, que dava uma beleza mítica.

Enquanto era desenhada em suas mãos, símbolos que ela desconhecia, Gina se colocou a conversar com a velha, descobriu que esta se chamava Lhiannon, e que nunca havia se casado, pois dedicou sua castidade aos deuses. No fim, as duas se tornaram muito amigas.
-Querida vá, e que os deuses possam sarar suas feridas. Despediu-se Lhiannon.

“Da escuridão surge a luz;
De nossa cegueira, a visão
Que as sombras desapareçam!
Agora, na hora sagrada,
O verbo do poder foi dito;
e a noite Termina...”


A festa agora, se seguia muito mais animada. As pessoas dançavam ao redor das fogueiras, e varias trovadores tocavam suas harpas e cantavam as antigas melodias. Gina se juntou novamente a Draco, e este a chamou para dançar.

”O ano cumprirá sua ciclo,
a terra fria será libertada,
tudo o que se perdeu será encontrado!
Agora na hora sagrada,
O verbo foi dito;
E o gelo termina...”


Draco era um companheiro formidável para dança, os dois estavam tão alegres que nem percebiam o tempo passar. Não paravam um só momento! Poderiam dançar ali eternamente que não se cansariam, poderiam se deleitar-se daquela dança o resto da vida, e nada mais teria sentido.

”Quando a perda se transformam em ganho,
Transformando a dor em alegria,
A tristeza insistira em vão.
Agora, na hora sagrada,
O verbo do poder foi dito;
E a morte termina...”


Nunca em toda vida se sentira tão leve, tão feliz e tão alegre. Toda a tristeza dos últimos meses havia esvaído de si. O tempo e o espaço não lhe pertenciam e um novo tempo estava para começar em sua vida.

”Trazem noticias abençoadas,
Do inverno se faz primavera,
Essa é a verdade que cantamos.
Agora, na hora sagrada,
O verbo de poder foi dito;
E o medo termina...”


A cantoria parou por um instante, Draco puxou-a pelo braço e levou-a para bem longe do alcance das vistas dos demais. Andaram rápido, e a ruiva quase tropeçou em uma pedra e outra. A floresta era sinuosa, era impossível ver a altura em que a copa das arvores atingiam, mas ainda sim, o resplendor da lua as transpassavam. Quanto a essa, ela estava alta e cheia, iluminando todo o caminho, em todo o lugar.

Uma leve serração no chão se fazia presente, aquilo fazia com que o ambiente se tornasse bem mais mítico, e digno de reverência. A musica nos tambores recomeçaram a soar, e a cada passo que eles avançavam era conforme o ressonar dessa.

”A neve do inverno é branca e bela,
perdida, esta perdida, e eu lamento...”


Por algum motivo, Gina começou a dar atenção as letras da musica. Por algum motivo elas se encaixavam perfeitamente com o que tinha vivido e estava vivendo... Havia perdido Harry, mas agora era momento de recomeçar, não poderia se lamentar a morte dele a vida toda.

”Quando derrete deixa a terra molhada e nua
Oh, pode sentir novamente,
Mas jamais será a mesma.”


No instante em que esteve longe de Gina, Draco refletiu bastante. E se deu conta de que não só desejava a ruiva, mas que também estava amando-a. Aquilo era uma novidade para ele, pois apesar de varias mulheres terem passado por sua cama, nenhuma o tocou como ela o havia tocado. Ela transpassou a sua fortaleza com o seu jeito meigo de ser.

”A flor que desaponta proclama a primavera...
Perdida, esta perdida, e eu lamento...”


Eles ainda corriam ao som dos tambores, Gina então parou cansada, não havia protestado até aquele momento, não havia perguntado por que estavam correndo, mas agora que estava cansada e conseguia pensar com um pouco mais de clareza, quis saber para onde estavam indo. Ele parou e a observou enquanto esta se recompunha.
-Para onde estamos indo?- ela perguntou ainda arfando.

Ela nada respondeu, apenas agiu. Enlaçou-a pela cintura e puxou-a para um beijo. Ela não o deteve. Também queria aquilo tanto quanto a ele. Não iria resistir, deixaria ele conduzir as coisas como bem quisesse.

”Mas tem de cair, para trazer o fruto.
Perdida, está perdida e eu lamento...
Oh, pode surgir novamente,
Mas jamais será a mesma...”


Draco a puxou para um novo beijo, e ela sentiu a boca dele cobrindo a sua. As mãos hábeis dele transavam por todo o seu corpo. Ela fincou as unhas nas costas delas e o beijou com o mesmo ardor. Desejava estar unida a ele tanto quanto ele desejava.

Ele tinha pressa. Encostou-a numa arvore ali perto e deliciou-a. Suas caricias desceram da boca para o pescoço, e a resposta de aceitação da ruiva fazia com que ela prosseguisse. Gina agia instantaneamente, com movimentos que facilitava o percurso para Draco.

”Os campos no verão brilham dourados cheios de grãos...”

Ele continuou beijando-a, chegou ao ponto em que a roupa dela o atrapalhava, mas aquilo não era problema por um homem sedento de desejo. Rasgou a parte de cima roupa e começou a beijar ali também. Primeiro o vale entre os seios e em seguida o trajeto para baixo seguia.

”Ceifados para fazer pão antes do inverno chegar...”

Os dois agiam instintivamente, e conforme as batidas dos tambores e o tocar das harpas. Draco parou por um instante, trêmulo de tanto desejo. Sua voz saiu rouca e abafada:
-Eu sou vou prosseguir com o seu consentimento.

Ele havia prometido a si mesmo que não chegaria até aquele ponto sem o consentimento dela, mas a desejava tanto que lhe falta sanidade para pensar em seus juramentos quando estava perto dela, quando podia acariciá-la. Havia prometido isso, na noite em que ela recusou ser dele, quando ele estava nos penhascos (n/a:pensando na morte da bezerra.hahaha) pensando em tudo aquilo que aconteceu. Não queria ter outra frustração daquelas...

Os lábios dela estavam intumescidos, palpitavam por serem beijados, pedintes. Se ele não houvesse recorrido a sanidade estaria beijando-os agora.

A ruiva se deu conta que se não tomasse coragem era agora ou nunca. Era necessário renascer com a primavera. Decidiu-se que seria isso que iria fazer. Dane-se o que iriam falar, só queria ele agora... A resposta que a ruiva deu não foi um sim, ela se aproximou e deu um beijo nele.

”A criança que costuma rir e correr...
Perdida, esta perdida, e eu lamento...”


O desejo prosseguiu e ele tomou-a para si novamente, como se aquela pequena interrupção não houvesse ocorrido. Ainda preso a sua insanidade, Draco se lembrou de um simples e pequeno monólito de pedras de arenito que tinha bem próximo a ele, e que bem no centro havia um altar. Soltou-se da ruiva, e puxou-a novamente pelo braço, correram até o circulo de pedra. Era inegável o poder ali. Ele dirigiu-se para bem o centro onde havia um altar de pedra. A ruiva atrás de si, não disse nada, mas Draco já imaginava o que ela iria dizer, e foi por isso que abriu um sorrisinho.

”Caminha agora como mulher ao sol.
Oh, pode surgir novamente,
Mas jamais será a mesma.”


Com a túnica, Draco cobriu o altar. Virou-se para Gina e a viu com um olhar horrorizado. Ela levou a mão a boca.
-Não podemos, esse monólito é sagrado para o povo.
-Minha cara Gina. - Ele se aproximou e começou beijá-la no pescoço - Você não sabia? - os beijos a faziam arrepiar.- Esse monólitos foram construídos exatamente para isso? - Parou de beijá-la e a olhou nos olhos - Para esse tipo de ritual que iremos fazer agora...

Ele puxou-a mais para si, recomeçou a beijá-la. Passando da boca para o pescoço e logo em seguida para o vale entre os seios. Levou-a até o altar, e depositou-a ali. Ainda coberta por roupas Draco beijou em sua feminilidade. Ela gemeu de prazer. E ele continuou as caricias, subiu no altar de pedra e recomeçou a beijá-la. Ela se sentou sobre o altar com ele em cima de si, tirou a blusa de dentro da calça enquanto beijava-o e logo em seguida começou a tirar-lhe a calça.

”Caminha agora como mulher ao sol.
Oh, pode surgir novamente,
Mas jamais será a mesma.”


Ele fez com que ela repousasse novamente sobre a pedra, e com suas mãos hábeis puxou as saias que ele vestia para cima, e quando encontrou o santuário entre as quentes coxas de Gina, uniu-se a ela.



***

Quando voltaram para onde ocorria o festival, a festa ainda não havia chegado ao seu auge. Draco e Gina voltaram abraçados e com um sorriso no rosto. Draco puxou-a mais para si e deu-lhe um beijo no de sua cabeça.
-Quer alguma coisa?- perguntou para ela mesmo na barulhada.
Ainda com um sorriso nos lábios ela balançou a cabeça, chegou ao canto dos ouvidos dele e sussurrou - O que eu quero, você só vai me dar em casa, agora. - Draco abriu um sorrisinho malicioso e continuou abraçado com ela.

Seguiram para uma das mesas de comidas. Pegou um pouco de hidromel para beberem, frutas e peixe grelhado. Procuraram a mesa mais distante possível e se sentaram ali. A mesa estava enfeitada com flores, e uma grossa vela que já havia queimado bastante.

Gina constatou que nada mais em si seria o mesmo. A vida dali em diante seria renovada e diferente. Só lamentava por Lhiannon, que a havia dito que ela nunca mais voltaria a àqueles festivais, e que deveria aproveitar bem aquele. Do que dependesse dela, ela visitaria todos, solstícios de inverno, solstícios de verão, equinócio de outono e em especial os equinócios de primavera.

Beijou os lábios de Draco e logo em seguida levou a boca um pedaço de peixe gralhado.
-Você tem certeza de que não está arrependida?- ele perguntou para ela enquanto também comia.
-Arrependida de quê? - fingiu inocência.
Ele meneou a cabeça. Adorava e jeito infantil dela.
-Do que aconteceu entre nos no monólito de pedras. - explicou
-AHHHH - disse como se acabasse de se lembrar algo que não era para ter se esquecido -, quilo! Oh não, por que estaria arrependida? Só espero que os deuses não me castiguem por ter feito o que fiz num lugar sagrado.
-Não estou me referindo a esse arrependimento.
Ela levou o hidromel a boca e bebeu. Sua voz dessa vez saiu séria.
-Não, não estou. - e acariciou a face dele - E mesmo assim, não quero me lembrar de coisas que me façam chorar.
Draco tomou-a mais uma vez em seus braços e a beijou-a.

Não permaneceram muito mais tempo ali na festa, só esperaram a encenação do ritual do equinócio de primavera terminar, o que só se realizou por volta da meia noite, e logo em seguida foram embora para a casa.


~*~*~*~*~*~
Notas da autora:
Foi por pouco que vocês ficaram sem capitulo essa semana. Como comentei com a lize, minha vida essa semana foi atribulada! Não tive tempo nem de pegar na fic, por sorte eu tinha adiantado quatro paginas inteiras. Devidos motivos pessoais o capitulo quase não saiu, e até passou por minha cabeça largar a fic por um tempo, mas ai meu lado rebelde como sempre falou mais alto, e eu não quis fazer isso, tanto por mim quanto por vocês. Agradeço a todos de coração os comentários(que me fazem muito feliz), foram eles que me motivaram a escrever, pois atualmente estou com um certo bloqueio, tudo o que escrevo eu acho uma droga, então da pra imaginar neh?

Muitos bjos


Natalie Potter

P.S.: Como estou muito apertada com os estudos, mandarei assim que possível o bônus para aqueles que comentaram.

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