Flores na Estrada



Capitulo 1- Flores na estrada



Desde o momento em que Gina e Harry entraram em comum acordo de que, ela iria morar naquela casa nos penhascos, há pouco mais de cinco anos atrás. O moreno empregara todo o tipo possível de magia que tomou conhecimento durante a sua busca pelas horcruxes. O que não foi pouco. Ele tentou proteger a ruiva de todas as formas possíveis, tanto que se a casa fosse de alguma forma atacada existia uma saída secreta no porão, uma saída que daria direto no ministério da magia, isso só para protegê-la.

A casa havia sido comprada por Harry, para que Gina e a família pudessem viver durante a Guerra. Procuraram o melhor lugar para viverem longe dos olhares bisbilhoteiros de uma vizinhança, um lugar calmo, onde quase houvesse a inexistência de bruxos e que fosse seguro o mais longe possível dos olhos Voldemort. O lugar então foi o sul da Inglaterra, onde se erguiam majestosos penhascos, do qual ondas violentas debatiam-se contra a enorme muralha. Agora a casa era dela.

Era uma casa pequena de dois andares, toda branca de telhados de madeira. Uma refrescante varanda na frente da casa. Nas janelas havia pequenos canteiros, dos quais era cultivados algumas flores, e os vidros das janelas eram todos feitos com trabalhos artesanais. O jardim era todo gramado, e depois do gramado vinha uma cerca branca, denominando os limites da casa. Logo após um pedaço de terra, começava as rochas que levavam ao imponente penhasco que se erguia ali. Sua casa era linda , perfeita, um sonho. Um sonho que fora destruído.

Havia acabado de aparatar ali, a alguma distância, pois a magia que protegia o lugar não permitia que aparatasse o mais perto do que aquilo. Estava parada em uma estrada de terra, limitada por uma cerca, que separava a estrada dos verdes pastos de uma fazenda. De longe via um pontinho branco em destaque, que ela poderia arriscar a dizer que era sua, no horizonte que se erguia, um belo céu azul, uma estrada de terra que levava ao extremo dos penhascos.

Gina vestia um simples vestido preto de mousseline, sem mangas e de decote quadrado. Os longos cabelos soltos iam até a cintura, um sapato preto de salto alto, e uma pequena e simples bolsa preta. Estava vindo de uma solenidade que havia sido prestada a Harry, como o corpo não havia sido encontrado, havia apenas restado a alternativa de fazer uma homenagem a ele e uma lápide simbólica. Todos a cumprimentaram e lamentaram diante dela a morte de Harry, dizendo que deveria ter sido uma perda terrível, pois todos haviam tomado no fim, o conhecimento de que eles estavam juntos.

Sentiu as lágrimas começarem a invadir seus olhos, em virtude de tais pensamentos, e foi com algum pesar que Gina as limpou, antes de começar a entorná-las. Ainda estava parada diante onde havia aparatado, abriu um leve sorriso, quando olhou novamente para o horizonte e viu sua situação. Uma longa estrada para percorrer e de salto alto. Muito cômico e insano.

Olhou para todos os lados, para verificar se realmente não havia ninguém por perto, e não havia, para sua felicidade. Tirou a sua varinha de dentro do bolso do seu sobretudo preto, que estava dependurado em seu braço. Tirou o óculos escuro e colocou-o na gola de seu vestido, tudo feito meticulosamente. Com a varinha, vez com que o salto de seu sapato desaparecesse com um simples passe de mágica.
-Assim está melhor.

Começou a andar lentamente. Como a primavera havia iniciado oficialmente no dia anterior, podia-se ver claro e evidente os indícios da nova estação. As primeiras flores e folhas já começavam a tomar forma nas árvores desnudas, e uma brisa suave balançava os galhos.

Aquele era definitivamente um lugar muito calmo. Na sua atual situação, ela se mantinha confinada em casa, ainda não havia pensado o que havia pensado o que iria fazer da vida dali em diante. De duas coisas elas tinha certeza: de que não iria vender a casa, e que nem poderia se confinar ali. E logo, logo ela teria que arrumar algum emprego ou alguma outra forma de sobrevivência. O dinheiro um dia acaba! Pois como ela bem sabia toda a fortuna de Harry havia sido dividida, bom, o testamento não havia sido ainda aberto, mas pelo que ela havia ouvido o hipogrifo continuaria com Hagrid, uma parte da fortuna seria dada para sua família e um pouco seria dela, e a mansão Black, ninguém sabia bem ao certo dizer o que seria desta.

Os poucos que participaram do ultimo duelo, e tiveram a sorte de viver para contar historia, nada comentava a respeito. E aqueles que alguma coisa sabiam ou suspeitavam de algo, recusavam-se a falar com ela. Tentavam inutilmente, protegê-la da realidade, mas cedo ou tarde ela acabaria por descobrir...
Ainda se lembrava claramente o que havia acontecido quando tomou conhecimento a morte de Harry.

#Flashback#

Era um dia comum de final de inverno, com o céu cinzento. A neve que havia se amontoado no telhado e na grama começava a desgelar. O vento forte balançava os galhos desnudos das arvores. Algumas galhas batiam incessantemente no vidros de um das janelas, e o fogo dançava incessantemente na lareira.

Gina estava sentada diante da lareira, inquieta. Sentia uma dor profunda em seu coração, não sabia ao certo dizer o que era. Sabia que sua inquietude se devia por sua preocupação com Harry, mas a dor no coração, não poderia nada dizer sobre esta. E isso fazia com que ela se sentisse pior.

Ficar parada se lamentando não adiantava nada, pelo contrário, só piorava. Estava só, por isso sua mente estava sendo povoada por pensamentos lúgubres. Sua mãe se encontrava na cozinha, fazendo não sabia o que! Seu pai estava no trabalho, e geralmente só aparecia muito tarde da noite. Fred e Jorge viviam na loja de logros. E Rony estava em busca das horcruxes junto com Harry e Mione. Era triste ficar só, e não poder fazer nada para ajudar!

Para acalentar o seu coração gelado, a ruiva sentou-se perto da lareira e abraçou as pernas. Não havia divertimento algum por ali, sentimentos estavam morrendo e a dor em seu peito ameaçava matá-la. Para desviar sua atenção, Gina começou a mexer na lareira, pegou mais madeira no porta-lenha [não há necessidade de falar o formato, entende?] de aço inox, arredou a tela de três compartimentos e, com um espeto, arrumou-as na grelha. Quando virou-se para pegar mais uma tora de lenha, deu-se de cara com sua mãe. O coração disparou, e uma angústia infiltrou-se no seu peito. O rosto de Molly trazia marcas de sofrimento, e algo lhe dizia que não era nada bom aquilo.
-Gina, querida – disse a mulher que se encontrava diante dela, a garota percebeu que havia algo de estranho na voz dela. - Venha cá, minha pequenina.- e Molly a abraçou, com certeza não vinha coisa boa por ai.
-O que foi?
-Querida acabei de saber que a guerra acabou - sua voz estava cheia de emoção - porám... - não foi capaz de dizer, aquela notícia lhe feria a alma, e certamente feriria a de Gina também. Como dar uma noticia daquelas a filha? Gina já devia ter percebido, pois a sua expressão mudou de um misto de tristeza para um misto de horror, ela já sabia o que viria por ai, e aquilo a aterrorizava.
-Não diga que... - Gina foi incapaz de dizer. Agora sabia o por que da angustia em seu peito. Seus olhos começaram a arder, e as primeiras lágrimas derramaram de seus olhos, e elas queimavam o seu rosto. Era o fim para ela. Tentou-se fazer forte, porém não conseguiu, começou a chorar incessantemente e a soluçar, aquilo era o fim. Molly a deu um forte abraço na filha, em uma esperança inútil de acalentar a dor de sua pequena. (n/a: deprimente isto aqui, faltou drama e emoção, não sei o que esta acontecendo comigo!!!)

# Fim Flashback#

Gina limpou a corriqueira lagrima que desceu de seus olhos, odiava lembrar-se daquele momento, aqueles pensamentos sempre lhe vinham a mente, e ela sempre era levada ao um estado de torpor angustiante. Sua caminhada prosseguia lenta, e agora estava mais perto de sua casa. Mal podia ver a hora de ir se lamentar nos penhascos. Oh, ainda tinha muito o que se lamentar, ficar sozinha e chorar, apenas ela e o mar.

A guerra havia durado quase cinco anos, e isso no seu ponto de vista, era muito tempo. O problema de tamanha demora, era por falta de pistas da localização das relíquias. E levando também em conta que Voldemort não deu um só minuto de trégua, uma vez que o único que ele temia jazia morto. Era incrível como o lorde negro em momento algum não havia chegado perto de sua paz. Harry, Rony e Hermione tiveram a sorte de por um acaso, em suas andanças por Hogwarts , encontrarem alguns preciosos documentos que continham pistas sobre o paradeiro das horcruxes restantes, e é claro algumas lembras de Dumbledore de grande valia. Isso facilitou um pouco o trabalho deles, fazendo que pudessem ir atrás das informações corretas sobre o lorde das Trevas.

Naquela época, os ataques não pararam e ir, ao beco diagonal era um perigo. O beco parecia abandonado, os vendedores tinham medo de seus fregueses, e qualquer minúscula picuinha era motivo de briga. O lugar perdeu sua beleza, e suas ruelas ficavam vazias e sujas, os poucos que ousavam enveredar-se por lá, eram muito discretos e sempre encobertos por grandes e largos mantos negros. Era o completo caos!

Harry então teve motivos de sobra para que ela se afastasse do “tumulto” da comunidade mágica. O profeta diário pouco dizia a respeito do que realmente acontecia na “guerra fria”*, pois segundo o que Harry e Rony lhe disseram, o jornal havia sido ameaçado se continuasse a dar muitos detalhes da guerra. Talvez tenha até sido um favor de Voldemort para o ministério, pois o mesmo insistia em pregar uma falsa paz, apesar da evidente guerra.

A mulher, sim agora ela era uma mulher, olhou para o horizonte, agora sua casa estava mais visível do que nunca, e os principais formatos da casa já era visível. Foi inevitável mais uma lembrança não vir á tona, de como ela e Harry haviam reatado.

#Flashback#

Era uma noite clara e estrelada, a crescente de prata jazia alta no manto escuro da noite. O jardim estava belo como nunca havia estado, para o casamento de Gui e Fleur foram plantadas varias rosas vermelhas, a grama fora plantada e um inseticida fora jogado por todo jardim para dar um basta temporário nos gnomos. A decoração estava linda, o casamento fora celebrado no próprio jardim, sob as trepadeiras das rosas. Molly e Fleur não haviam brigado tanto por causa da decoração, o que Gina achou um verdadeiro milagre, na verdade, elas pouco brigavam agora. O cortejo fora simples, só os amigos da família, apenas os mais íntimos. Gina até tentou, mas não conseguiu, teve que usar os vestidos dourados. Ela não quis admitir, mas quando viu a roupa, ficou boquiaberta, era lindo e se encaixava perfeitamente em seu corpo.

Harry comparecera cerimônia e a festa de casamento, havia chegado um dia antes. Não guardava ressentimentos dele, porém era difícil conviver no mesmo lugar que ele, e saber que não poderia haver mais nada entre eles. Mesmo sabendo é claro, que se amavam.

Parecia que ela e Harry haviam feito um pacto mental, nada de encontros calorosos e cada um ia para o lado oposto do outro. Era apenas isto, nada mais. Ela sempre o evitava, e o mesmo acontecia com ele, sempre se desviava do caminho dela.

Ficou alarmada quando recebeu um bilhete de Edwiges, minutos antes de fazerem a entrada para o inicio da cerimônia, logo deduziu de quem era. Apesar do bilhete dobrado, a letra miúda, junta e calma, logo soube que era de Harry. Ficou tremula, todo o seu corpo gritava de felicidade e curiosidade.
“Encontre-me atrás do jardim.
HP”

Leu uma, duas, três vezes o pedaço de pergaminho que lhe portava aquela informação. Ficou excitada, mas não se deixou abalar, nem alimentar falsas esperanças, não era correto. A cerimônia transcorreu normalmente, a festa começou e quando teve uma oportunidade saiu para os fundos do jardim, esperava-o ansiosa.

Enquanto esperava, varias coisas se passavam em sua cabeça, sobre o que Harry poderia querer com ela. Ora o seu coração era invadido de imensa felicidade em pensar que poderiam reatar, mas o seu lado mais sensato lhe dizia que não, e que não deveria alimentar esperanças que a deixariam frustrada e infeliz depois. E nesses momentos, seu coração era invadido por completa infelicidade...

Quando Harry chegou, ela já não sabia como agir.
-Oi.
-Oi - respondeu.

O rapaz não sabia o que dizer, será que havia agido sensatamente? Não sabia dizer, começar seria difícil...
-Er...er...-como estava embaraçado diante daquela que ele tanto amava. - Eu nem sei por onde começar - confessou.

Para sua imensa felicidade, o rosto de Gina se iluminou com um sorriso, sempre podia contar com ela... sempre!
-Eu queria acima de tudo lhe pedir desculpas – ele falou finalmente, era um ótimo começo afinal.
- Você não precisa me pedir desculpas Harry, eu entendo a sua posição. Não digo que faria o mesmo, pois eu não estou preparada para isso! - Gina chegou mais perto, acariciou de leve o rosto do rapaz, deu-se conta que aquilo era errado, e seria uma tentação para ele.
-Preciso, eu agi pelo impulso, e não pela razão! Devo-lhe desculpas, por que te magoei. E descobri que não consigo mais viver sem você!(n/a: eca, que coisas mais melada é essa?perdi a sanidade!) - Aquelas palavras caíram como um bálsamo nos ouvidos de Gina, era tudo o que ela mais queria ouvir, mas devia agir com a razão, disse para si mesma.
- Mas Harry, será que não é agora que você esta agindo pela emoção, não pela razão?
-Gina - ela estava deslumbrante, observou. Era um vestido dourado de gala, de longas mangas, e enfeitado com pequenos brilhantes. A maquiagem leve, dava-lhe um ar angelical, os cabelos caprichosamente presos em um coque, onde algumas mechas ruivas ficavam soltas. A garota estava estonteante, linda como sempre...- Eu estava conversando com seus pais, e pedi a eles, se eu poderia arranjar um lugar bem distante do olhar alheio, para que você pudesse morar, você com a sua família. Um lugar bem longe daqui, sem pertubações...
-Não mesmo Potter! - a ruiva nem quis ouvir seus argumentos. Gina, levantou-se para ir embora, quando estava terminando de se reerguer, Harry a puxou para baixo. Ela caiu nos braços dele, um olhando para o outro, respirações descompassadas. Oh, momento cruel! Estavam ali, entrelaçados um no outro. O cheiro dela, o deixava louco anestesiado...

Puxou-a mais para si, agarrou-a com mais força, e antes de pensar novamente cobriu os lábios delas com o seu. Estavam presos na armadilha do amor. Gina foi quem aprofundou o beijo, queria saciar sua fome e sede por aquele homem, aquele por quem amou desde o momento que se conheceram.
De supetão ela se desvencilhou dele, Harry não entendeu por que. E muito menos ainda quando ela virou-se para ele e lhe deu um tapa na cara. E como doeu, ela estava de pé novamente com o rosto completamente escarlate, com uma cara amarrada como ele nunca havia visto antes. Passou a mão onde ela havia batido, imaginou que deveria estar vermelho. Levantou-se também.
-O que você tem hein?- perguntou na maior inocência do mundo.
-O que eu tenho Potter, eu vou lhe dizer. Você vem aqui me pedir desculpas, pede para que eu me mude da minha casa, e se aproveita de mim para conseguir o que quer. É isso o que eu tenho.
-Gina, desculpe, eu não queria...
-Mas fez! Jamais imaginei isso de você - os seus olhos ardiam, queria derramar aquelas lagrimas, mas não mais na frente dele.
-Desculpe, não foi a minha intenção - dizendo isso, Harry a abraçou. Não queria vê-la chorar, e sabia que ela estava quase para fazê-lo. - Quando você se levantou eu lhe puxei para poder terminar de conversar, não calculei que iria cair no meu colo. Quando senti você bem próxima de mim, e que eu a tinha nos braços e poderia protegê-la, eu não resisti, me perdoe?
Gina se desvencilhou dele, olhou-o nos olhos e disse:
- Perdôo. - sua voz saiu tão baixa e rouca, que Harry pensou que aquela voz não fosse dela, e sim de um outro ser que lhe sussurrava no ouvido. Aproximou-se, pegou o rosto dela e beijo-a novamente, porem desta vez com carinho e ternura. Não imaginava que a havia machucado tanto assim, não imaginava que aquilo iria lhe causar um impacto tão profundo.
-O que meus pais disseram Harry, sobre nós irmos morar em outro lugar - perguntou
-Eles disseram que tudo dependia de você. Eu empregaria todo tipo de magia, que a deixasse segura. E bem, poderíamos escolher um lugar bem distante, onde ninguém possa lhe achar, apenas eu.
Então beijou-a novamente.


# Fim Flashback#

Gina já estava perto de casa, quando viu um homem de vestes pretas caído perto da cerca de sua casa, não sabia quem era, nem tinha idéia de quem poderia ser. Num ato precavido, empunhou a varinha, a guerra havia passado, mas havia ainda uns poucos comensais da morte ainda soltos, um ou outro poderia querer se vingar dela...

Aproximou-se devagar, primeiro o chutou com o pé, porem este não se moveu, então com o próprio pé, ela fez com que o corpo inerte se movesse, quando viu quem era, ficou alarma. Draco Malfoy estava na porta de sua casa, e não estava nada bem.

***

Era uma sombria cripta. Mas havia sido o melhor lugar em que Harry havia encontrado para ser uma espécie de quartel general, e um lugar para guardar informações sobre Voldemort. Era um lugar distinto, de difícil acesso, de tal forma que as chances do lord das trevas os acharam ali, era quase de nenhuma. Um aposento escuro e macabro. Um ambiente pouco mobiliado, com apenas uma enorme mesa de mogno com cadeiras dispostas regularmente, a mesa se encontrava apinhada de mapas, uma escrivaninha igualmente “arrumada”e um simples armário, que ele julgava ser onde ficava todo o material que eles usavam. As paredes eram de pedra, e ali era tão frio quanto as masmorras da sonserina, com uma diferença, ali não entrava luz do dia de modo algum. Em algumas portas do cômodo, poderiam ser encontrados símbolos rúnicos, que Harry jurou de pé junto estar ali quando chegaram ao lugar.

Draco analisou, até que era um ótimo lugar para um esconderijo. Um verdadeiro labirinto. Existiam imensos corredores, um idêntico ao outro, mas que levavam a lugares completamente opostos. Os membros da ordem haviam desenvolvido um símbolo esquemático que fora colocado na parede, para que não pudessem se perder. Era o emblema de Hogwarts, que só poderia ser visto por eles. Já para se chegar à cripta era um pouco mais complicado. Lembrar de Hogwarts fazia lhe lembrar de outra coisa, e sempre que ia ali certas imagens vinham povoar sua mente...
As cenas da morte de Dumbledore ainda eram visíveis em sua mente.

“...-Eu farei isto - grunhiu Greyback, e se moveu para Dumbledore; com as mãos estendidas, os dentes à mostra.Draco sentiu um crescente pânico em seu peito, ele sabia muito bem quem era aquele homem, e sabia de sua maldade, se sua falha chegasse aos ouvidos do mestre, ele estaria em maus lençóis.
-Eu disse não! - Gritou o brutamontes; houve um flash de luz e o lobisomem foi lançado para trás; ele bateu na parede e cambaleou, parecendo furioso. O coração de Draco estava martelando tão forte que parecia impossível que ninguém pudesse ouvir e descobrir que ele se encontrava temeroso. Não sabia o que fazer e nem como agir, não queria matar Dumbledore, porém também não desejava ser morto pelas mãos de Voldemort. Dúvida cruel!
-Draco, faça ou fique contra nós - guinchou a mulher, Draco sentiu seu estomago dando voltas ao ouvir aquilo. Mas naquele preciso momento à porta para as muralhas foi escancarada mais uma vez e lá estava Snape, a varinha apertada na mão. Com os olhos pretos dele que varreu a cena, de Dumbledore que afundou contra a parede aos quatro Comensais da Morte, inclusive o lobisomem enfurecido e ele.
-Nós temos um problema, Snape- disse Amycus grosseiro, olhos e varinha apontada para Dumbledore, “o menino não parece capaz –”.Seu estomago deu outra volta, e ele não pode deixar de lembrar a discussão que tivera com o professor.

Mas alguém falou o nome de Snape, bastante suavemente.

-Severus...

O som assustou Draco,além de qualquer coisa que ele tivesse feito desde o inicio do ano. Pela primeira vez, Dumbledore estava suplicando.

Snape não disse nada, mas caminhou adiante e o empurrou asperamente para fora. Os três comensais da morte se retiraram sem uma palavra. Até mesmo o lobisomem pareceu se acovardar. Draco temeu pelo que poderia acontecer dali para frente. Até onde ele havia deixado as coisas chegarem! Sentiu uma grande pontada em seu coração, não havia ninguém para ajudá-lo, nem mesmo mais Dumbledore.

Snape contemplou por um momento Dumbledore, e havia resolução e ódio marcadas nas linhas rígidas do rosto dele.

-Severus... por favor...- Draco sentiu um frio invadir sua barriga, aquilo não estava acontecendo...

Snape elevou a varinha e apontou diretamente para Dumbledore.

-Avada Kedavra!

Um jato de luz verde saiu da ponta da varinha de Snape e acertou diretamente Dumbledore no peito. Um grito de horror; silencioso e preso, ele foi forçado a assistir quando Dumbledore foi lançado no ar: durante um segundo onde ele pareceu ficar suspenso em baixo do crânio brilhante, e então ele caiu lentamente para trás, como uma grande boneca de trapo, em cima das ameias e longe da vista.”


Aquelas imagens ainda lhe feriam a alma, e foi por isso que, sujeitou-se a unir forças com Potter. Sua mente e sua alma necessitavam de descanso e paz. Foi pensando dessa forma, que Draco se tornou agente duplo. Bem, se Snape havia obtido sucesso, por que ele não? Mas ser agente duplo não era tão fácil, quanto ele pode imaginar, e teve que ser mais discreto do que já imaginou. Afinal de contas o lorde negro havia ficado muito nervoso com ele, devido o seu fracasso e sua falta de coragem para matar Dumbledore.

Ah, a morte de Dumbledore, a morte do velho havia lhe causado problemas em todos os sentidos. Ele e Snape foram perversamente castigados pelos lord negro por causa desse fiasco, como ele havia se enfurecido, Draco nunca mais queria ver Voldemort daquela forma.

Para conquistar a confiança dos membros da Ordem da Fênix, foi um verdadeiro sacrifico. Alias, desde a ida de seu pai para Azkaban, sua vida havia se tornado um eterno sacrifício. Na verdade, refletiu, toda sua vida havia sido um sacrifício para ser amado pelo pai, que nunca o amou da forma como ele era. Não via a hora de a guerra acabar, para talvez o sacrilégio um dia ter fim.
-Draco - o rapaz foi acordado de seus devaneios ao ouvir a voz de Harry. Draco que estava analisando um quadro de um mapa que continha todas as localidades das relíquias, virou-se de deu de cara com Harry. Agora só faltava a guerra final, pensou. – Fico feliz que tenha sido pontual - disse Harry. Draco não pode deixar de notar o quanto o rapaz em sua frente havia mudado desde o episódio na torre de Astronomia, ele havia tomado suas formas físicas finais, havia deixado de ser um garoto magricela e passou a ser um homem robusto. E isso estava marcado nele de todas as formas possíveis, no momento em que começou a trabalhar incansavelmente atrás das horcruxes e tomou para si um grande poderio. Pelos boatos que ele ouviu, Harry havia se especializado em oclumência e legilimancia para proteger todos aqueles que amava. A pessoa em sua frente havia deixado de ser um adolescente para se tornar um belo e inteligente homem, um grande bruxo.
-Sempre sou pontual, se não fosse assim, não poderia ser um agente duplo - Draco respondeu com uma voz arrastada.

O moreno sentou-se na ponta da escrivaninha, entrelaçou os dedos e disse:
- Você bem sabe por que esta aqui, e é exatamente sobre aquele favorzinho que eu lhe pedi - dizendo isso, Harry deu a volta à escrivaninha e abriu uma das gavetas desta, pegou um envelope meio amarelado e com o timbre da família Potter. Por um momento o rapaz olhou para a carta com um certo pesar, como se pensasse duas vezes... Então ele estendeu o envelope para Draco, e nos seus olhos havia pesar. Com relutância ele disse: - Você sabe bem o que tem que fazer, já está tudo combinado não é mesmo?

O loiro pegou o envelope e o guardou dentro de um dos bolsos internos do lado esquerdo do sobretudo, e por um momento sentiu-se no direito de protestar:
-Não vejo necessidade nisso tudo.
-Pois eu vejo- retrucou Harry, e apesar da forma brusca como este respondeu, sua voz ainda era calma- A probabilidade deu não tornar ver a Gina, é quase zero. Gostaria que ela tivesse algum consolo depois da minha partida - Apesar da aparente calma em sua voz, o rapaz bem sabia que se encontrava apreensivo. Não conseguiria dizer a Draco o que teria que dizer se continuasse olhando-o no fundo dos olhos, por isso resolveu começar a andar pela sala - Você sabe que é muito difícil que eu escape ileso dessa ultima batalha, por isso caso eu morra, você entregue a carta a Gina, como disse, não quero que ela sofra. Assim que eu for dado como morto, vá atrás dela e entregue essa carta, sendo essa a sua última missão para a ordem.

O moreno foi até o quadro que era um mapa com as localizações das relíquias, e o tirou da parede, e aparentemente só havia pedra. Mas Harry havia se tornado uma pessoa engenhosa, refletiu, pois quando ele bateu com a varinha em uma das pedras, estas se deslocaram e se abriu um pequeno buraco, revelando alguns apetrechos. De lá, Harry tirou duas pastas de couro em comum, e se dirigiu para a escrivaninha.
-Esta vendo estas pastas Draco? Pois bem, quero que as entregue ao ministério da Magia, assim que a guerra ter fim - Harry parecia que havia previsto tudo - Mas, só quando todos os comensais da morte forem presos e a guerra tiver fim em todos os aspectos e não tiver mais ninguém para contar historia. Você vira aqui, ira pegar essas pastas e entregar pessoalmente ao ministro, porem seja discreto para que não lhe peguem - o loiro apenas assentiu- A sua liberdade depende disso, aqui esta todo tipo de prova que consegui recolher para provar a sua inocência, inclusive a de Snape – Draco foi pego de surpresa, jamais imaginaria que Harry fizesse isso por ele – A única coisa que peço em troca é que entregue a carta a Gina. Somente isto, nada mais justo.

Draco tornou a assentir, e virou-se para ir embora e antes de passar pelo portal, falou sem olhar para trás:
-Muito obrigado!
E antes que Harry pudesse dizer algo saiu dali, deixando um Harry completamente atônito.

Não demorou muito para que o esperado duelo final começasse. E a vitória foi certa. Porém, como Harry havia previsto, ele não sobreviveu para contar história. Havia sido no final um duelo muito sangrento, onde muitos morreram, e outros muitos com seqüelas indestrutíveis. E todos que estavam ligados à guerra, diretamente ou indiretamente, perdeu algo de importante em suas medíocres vidas.

Ele porem, escapou ileso fisicamente, exceto por um arranhão ou outro; No entanto sua alma estava em cacos. Por sorte, ou por ironia do destino, havia conseguido escapar antes que algum oficial do ministério da magia o achasse entre os mortos ou desacordados do campo de guerra, que afinal havia acontecido bem acima do quartel general da ordem da fênix, bem acima da cripta, no cemitério de Godric´s Hollows Se fosse pego, jamais poderia honrar sua ultima missão para a Ordem, e nem teria como provar sua inocência, e ele não queria quebrar sua palavra.

Com alguma dificuldade, Draco conseguiu chegar ao cortiço onde havia alugado um quarto. Abriu a porta e entrou, e logo em seguida se jogou na modesta e escassa cama de casal, sem ao menos se dar o trabalho de trocar de roupa. Era um lugarzinho simples, e apesar do luxo com que ele havia aprendido a viver, preferiu assim; era um lugar “confortável” e não chamaria a atenção. Quando passou pela recepção a recepcionista o olhou intrigada, devidos aos machucados, arranhões e equimoses. Era uma mulher razoavelmente bela, ele observou, talvez um dia desses a levasse para a cama, mas um dia desses, pois hoje não tinha disposição. Passou por ela e deu uma piscadela, que foi retribuído por um sorriso falsamente inocente.

O que mais queria naquele momento era tomar um banho e dormir, mas a alta musica do cabaré ao lado não queria permitir que ele dormisse... Num pulo, Draco se levantou da miserável cama e fechou todas as cortinas possíveis, apesar da alta musica ao menos no escuro poderia pegar facilmente no sono. Quando as cortinas foram fechadas, uma maravilhosa escuridão caiu sobre o quarto.

Alguns dias se passaram, e Draco achou que finalmente era hora de ir atrás de Gina Weasley e se livrar daquele peso. Para grande infelicidade dele, ao caminho encontrou dois comensais da morte, dois dos quais ele jamais imaginou que precisaria confrontar. Foi logo quando ele entrou num beco, escuro e mal cuidado. Vazio de pessoas e de emoções...
-Ora, ora. Veja só quem esta aqui!- disse Belatriz, a mulher estava esfrangalhada, a beira do precipício de sua insanidade. Estava claro que ela não estava com sua sanidade em perfeito estado. Ele não disse nada - Ah Draco, você é a escoria da nossa família... - ele colocou as mãos no bolso de sua calça, aquela conversa seria longa...
-Não fiz nada mais do que julguei correto, “titia”.
-Você desgraçou nossa família - ela rosnou, a mulher estava em um estado deplorável, seus cabelos desarrumados e seus trapos de roupa, deixava apenas a sombra do que ela fora um dia...
-Nossa família já estava desgraçada desde o inicio. - sibilou baixinho, aquilo ainda doía-lhe o coração, a morte de sua mãe o havia deixado desnorteado, e sempre que lembrava de família, lembrava-se que não tinha mais nenhuma... Draco estranhou por Rodolfo não ter falado nada até o momento, estava de braços cruzados apenas olhando o que sua tia falava. Começou a estranhar a situação, aquilo não estava lhe cheirando bem...
-Não Draco, não estava, você a matou Ciça, você a matou - as lagrimas começaram a rolar dos olhos de Belatriz, e apesar de tudo Draco a segurou firmemente pelos ombros e olhou bem no fundo dos olhos castanhos dela, e disse entre os dentes:
-Eu não matei a minha mãe, pensei bem duas vezes antes de dizer algo sobre minha família.

Mas algo aconteceu, antes que Draco pudesse pegar a varinha e desfazer o feitiço que Rodolfo lhe lançou, o feitiço o havia acertado e mandado para longe. Belatriz soltou uma sádica risada. Antes que houvesse tempo, para ele, a própria Belatriz mandou uma maldição bem em seu peito. Sentiu dores em toda parte do seu corpo, como se estivesse sendo açoitado, esfaqueado, e outros vários tipos de tortura... Antes que pudesse reagir, outro feixe de luz o acertou. E antes que algo mais acontecesse, ele conseguiu acertar alguém, que ele não viu quem era, pois estava cambaleante. Sua visão se turvou, e sentiu o seu corpo desabar sobre o chão frio e duro.

Quando acordou, já havia se passado algumas horas, e nenhum dos dois comensais estavam presentes mais. Draco levantou-se, sua cabeça dava voltas, seu andar era trôpego, olhou para os lados, só havia dois mendigos. Recapitulou mentalmente tudo o que havia planejado fazer, e sem se importar com os dois mendigos aparatou.

Quando desaparatou, teve que se segurar em uma das cercas de madeira que havia na estrada de terra batida. Olhou para o horizonte, e viu a longa caminhada que se estendia em sua frente. Não tinha certeza se iria conseguir chegar na casa de Gina, daquela forma. Andou e andou, e chegou em uma parte em que não havia mais cercas para se apoiar, tornou olhar para o horizonte, e já neste ponto, pôde vislumbrar os primeiros contornos da casa, estava próximo.

Draco pode notar que, a cada momento ele ficava mais inconsciente do que estava fazendo. Quando chegou perto da cerca branca, que divisava o terreno da casa Draco não se agüentou mais e desabou novamente no chão.
~*~*~*~*~*~*
Notas da autora:
*Guerra Fria - desculpem o termo, mas foi o melhor que eu arranjei para expressar o que se passava, uma vez que o termo significa isso mesmo.
Eu realmente detestei essa parte final da fic, eca, horrível!
Bom, para os adoradores de D/G convicto, não me matem, eu tinha que dar devidas explicações, e como eu sou adepta a H/G foi inevitável não escrever essas partes. Para os adoradores de H/G, venhamos e convenhamos, foi muito bem vindo.
Gostaria de agradecer a todas que comentaram, muito mesmo. Vocês não sabem como isso me anima a escrever!

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