Nos Penhascos



Capitulo 2
Nos penhascos


Quando chegou perto de Draco, para socorrê-lo, a fisionomia de Gina mudou de melancólica para alarmada. A situação em que ele se encontrava, era preocupante. Haviam equimoses, machucados e arranhões por todo o rosto. Por um momento não soube como agir, no outro porem, já havia levado-o para seu quarto. Levá-lo para lá, fora fácil, um feitiço de mobilus corpus havia sido mais do que o suficiente para poderem ir para o andar de cima.

A ruiva depositou o corpo inerte de Draco em sua cama macia, era um quarto simples, sem muitos luxos, mas muito bonito. Bem no centro do quarto ficava a cama de metal, que estava forrado por um belo edredron branco de seda bordado a fios de ouro, e adornado de almofadas. Na parede enfrente a cama, ficava a toucador com um puff para que pudesse se embelezar enfrente o espelho quadrado de bronze.

Foi em direção à janela, afastou as cortinas brancas e abriu a janela para o esplendor do sol poente. Voltou-se para Draco, e começou a despi-lo. Com toda delicadeza tirou as luvas de couro que protegia as mãos; “Que mãos fortes”, pensou. Depois o sobretudo e o casaco, e logo em seguida a camisa branca. Gina não sabia por que, mas a cada botão que desabotoava na camisa dele, suas mãos ficavam mais trêmulas. Quando terminou, Gina passou a mão pelo peito musculoso de Draco; ele simplesmente tinha um corpo monumental. Balançou a cabeça levemente com a intenção de afastar aqueles pensamentos devastos, onde é que estava com a cabeça? Afinal de contas havia perdido a sanidade? Tinha muito que fazer.

Com muita calma e cautela, limpou e fez curativo em todos os machucados. Deu-lhe um remédio para que abaixasse a febre, era o máximo que poderia fazer por ele.

Era o que ela imaginava, mal sabia a ruiva que poderia dar a ele, o que ele mais precisava. Não imaginava ela, que a partir daquele momento poderia viver momentos fantásticos, momentos em que iria querer arruinar sua vida, dar-se para os abutres e jogar-se dos penhascos. Não sabia que sua vida acabava de dar uma reviravolta, pois os mesmos ventos que haviam trago más noticias, lhe vinha agora com um buquê de rosas.

Gina parou no marco da porta; viu Draco deitado e inconsciente em sua cama, jamais imaginou que daria abrigo para ele, ele que fora um dos vários inimigos mortais que Harry teve. Era verdade que nos últimos tempos, ele havia juntado forças e ajudado a ordem, com informações preciosas, isso ela sabia bem, pois havia ouvido bastante conversas atrás das portas para ter conhecimento de certos fatos. Foi assim que se manteve por dentro de tudo o que estava acontecendo no mundo mágico, já que, todos tentavam encobertá-la de todas as verdades. A verdade é que quando o viu Draco na beira da estrada apiedou-se dele, apenas por que Harry o também havia aceitado, apenas por isso.

Disse para si, apenas por isso! Apenas por Harry. Nada mais...
***

Estava cheia de correspondências para responder, cada uma mais estúpida do que a outra. Sua sincera vontade era rasgar todas e jogá-las no lixo. Ficou admirada em ver como as pessoas se tornavam “solidárias” da noite para o dia. Era incrível como em uma semana havia conseguido receber mais cartas do que em toda sua vida. Por um momento teve o ímpeto de jogá-las na lareira que estava acessa, mas sua mãe havia aconselhado-a a responder todas elas.
Gina revirou os olhos.

Por que motivo, os deuses iriam querer castigá-la daquela forma? Primeiro eles matam seu amado, depois colocam na porta de sua casa o arquiinimigo dele, e agora faz com que todos a escrevam, enchendo-a de correspondências para responder.
- Eu devo ter feito algo de muito errado em uma outra vida - disse para si mesma.- Oh sim, eu fiz. Ou por que então, outro motivo os deuses resolveriam me castigar?

O que mais lhe faltava para acontecer? Gina descobriu quando começou a sentir um cheiro estranho de algo queimando.
- Meus bacons!
E saiu em desesperada para a cozinha. Uma cozinha muito bonita por sinal, com armários embutido, e um balcão bem no centro da cozinha. Dirigiu-se para o fogão, tirou a tampa da panela e percebeu que era tarde demais para salvar seu bacon. Mas ora bolas, onde estava com a cabeça, em deixar o bacon cozinhando sozinho? É claro tudo era culpa daquelas malditas correspondências, que a estavam enlouquecendo.

Voltou para a sala onde estava, pegou os vários envelopes e papeis e jogou-os dentro da lareira. Um sorrisinho malicioso brotou em seus lábios, sentiu-se satisfeita por ter conseguido um bom motivo para acabar com aquela agonia. Sentiu uma pontada de arrependimento, pois, e se afinal eles realmente estavam tentando ajudá-la? O que importa, refletiu, o que estava feito não poderia ser desfeito. Havia perdido a refeição, se livrado das cartas e agora estava livre para descansar. Nada mais importava.

Os dias se passaram, e nada que Gina pudesse chamar de emocionante aconteceu. Draco continuava desacordado, perdido em seus devaneios, e dizendo palavras desconexas em meio o seu delírio. Sentia-se um pouco culpada, pois não poderia fazer nada mais do que fazia por ele, não podia levá-lo ao Sant Mungus pois o destino dele seria Azkaban, nem poderia medicá-lo de uma forma mais correta, pois não sabia o que lhe havia acontecido. Aproveitaria para ouvir da boca dele, coisas que havia acontecido na guerra, e faria o que fosse necessário para fazê-lo falar. Mesmo que isso incluísse seduzi-lo! Estava decidida.

Havia resolvido não contar para sua mãe, que estava hospedando-o em sua casa. Era o melhor a fazer, Molly poderia enlouquecer, mesmo sabendo da “inocência” do rapaz. E talvez, esta, não permitisse que ela fizesse a ele o interrogatório que tanto ansiava.

Então começou a escrever no diário, havia sido uma recomendação do Ministério da magia, escrever em diários. Guardar neles, reportagens importantes da guerra. Ela acabou, porém, gostando, e não conseguiu livrar-se do hábito.

“Hoje o dia passou tão rápido e corriqueiramente, que não me dei conta quando o fim deste chegou. Só cai em mim, quando vi o sol indo embora e a noite caindo. O dia foi muito agitado, dei uma passada na cidade, para resolver alguns detalhes do meu novo empreendimento. Não posso só viver do dinheiro que Harry me deu, aliás, dinheiro que nem me chegou as mãos; o testamento ainda no foi aberto. Mas ainda sim estou tomando as primeiras medidas, para que meus planos continuem a seguir como eu desejo. Quando fiquei isolada aqui em casa, tive tempo de estudar para trabalhar com perfumes, e aprender a fazer essências e sabonetes aromáticos. A loja que irei abrir, será dedicada a esse fim. Espero que dê certo, sei que mexer com esse tipo de coisa não é nada fácil, mas eu preciso me restabelecer.

Ainda ando muito preocupada com Draco, pois dia ele melhora, dia ele piora. A febre nunca passa por completo e os delírios ficam cada vez mais intensos. Parece que não quer acordar do pesadelo pavoroso em que se encontra.
Gina Weasley”


***

Era tarde quando Draco conseguiu acordar. Estava zonzo, e com dores no corpo como se tivesse sido triturado. A cabeça dava voltas, e sua visão ainda estava um pouco turva. Sentou-se na cama, esperou a visão clarear. Reparou que estava desnudo, exceto por sua calça. Fez um esforço para se lembrar o que havia acontecido, e quase entrou em desespero quando se lembrou. Havia sido atacado por Belatriz, depois havia tentando chegar à casa de Gina, e a partir daí não se lembrava de mais nada, absolutamente nada.

A primeira coisa que venho em sua mente, era a de saber onde estava. Era um quarto simples e bem mobiliado. Decorado com um papel de parede simples, bem de frente a ele havia um toucador de mogno, cheia de vidrinhos de perfumes e uma outra porção de coisas. Se viu refletido no espelho quadrado de bronze, sua aparência era a de um cadáver. Estava mais pálido do que o normal, havia ainda algumas olheiras em seus olhos; neles não havia emoção além de sofrimento e sua face estava sem expressão.

Levantou-se e foi até a janela do quarto, abriu a cortinas e viu a paisagem que se erguia. Campos e mais campos verdes e floridos. Mas afinal de contas onde estava? Não que não apreciasse a paisagem dali, mas não conseguia se lembrar de ter visto um vasto campo verde a caminho da casa de Gina. Logo em seguida, percebeu algo que não havia notado até aquele momento, o cheiro de maresia e um distante barulho de ondas do mar quebrando violentamente. Estava no paraíso, e não haviam lhe avisado? Pensou, mas não aquilo era bem real, seu corpo ainda era de carne e osso. Gostaria de saber quem havia sido a boa alma, que o havia acolhido.

Saiu do quarto e desceu as escadas. Quando chegou à sala de estar, percebeu que era uma casa simples, porém coberta de carinho e amor. Era bem mobiliada, e bem arrumada. Dirigiu-se a lareira, e sobre ela havia alguns porta-retratos. Quando chegou pegou um deles, se deu conta que estava na casa de Gina. Ela então, havia sido a boa alma que se apiedou dele. Detestava piedade! Mas mesmo assim, era graças a ela que não estava em Azkaban.

Todos os porta-retratos, continham cenas de Harry e Gina juntos. Em uma dessas fotos, Harry estava puxando Gina para um abraço. Sentiu uma pontinha de inveja, jamais teve aquilo... Ouviu um barulho da porta e colocou o porta-retratos de volta para o seu lugar. Se e surpreendeu ao ver Gina entrar por ela. O sorriso que ela tinha nos lábios se desfez ao vê-lo. E apesar de tudo ela correu até ele, por um momento Draco pensou que ela iria pular em seus braços, mas não foi isso que ela fez.

Gina se aproximou, e colocou as mãos na testa dele.
- Você ainda esta ardendo em febre!- sua voz saiu rouca, e ela não sabia por que. No momento em que entrou para dentro de casa e viu Draco Malfoy de pé, diante a sua lareira, descalçado e sem blusa, a primeira coisa que lhe venho à mente, foi largar as comprar de lado e ver se ele estava bem. E graças a Deus estava. - Volte para a cama já!
- Eu estou bem,- o loiro tentou argumentar. Mas a verdade era que ele não estava muito bem. Mas como todo homem ele fazia-se de forte (n/a: é engraçado como os homens podem estar quase morrendo, e mesmo assim insistem em dizer que estão bem!).- Eu consigo ficar em pé sozinho. - mas era mentira, pois se sentiu tomado por uma zonzeira, e Gina foi rápida ao perceber isto.
- Anda Draco, sente-se aqui - e ajudou-o a sentar-se no canapé. – Ainda tem certeza que se sente bem?- perguntou ironicamente.
- É, talvez eu não esteja tão bem assim!
- Não Draco, você não esta bem. Seu organismo está fraco, você precisa de vitaminas e repouso. E se ao menos soubesse o que você tem, talvez eu poderia lhe dar remédios condizentes.- virou-se e foi pegar algo na cozinha.
- Fui atacado antes de chegar aqui.
Gina parou o que estava fazendo, sentiu o terror a invadir por um momento. Pegou um remédio e voltou para a sala.
- Vo-você disse que foi, foi atacado?- perguntou, e em sua voz havia terror. Levantou-se novamente e foi até a janela, por entre a fresta da janela olhou se havia alguém observando a casa, e para seu alívio não havia.
- Pode ficar tranqüila, não fui atacado perto de sua casa. Eles nem fazem idéia que eu esteja aqui. - disse para tranqüilizá-la.
- E como você sabia que eu estava aqui?
- Harry me contou. Pediu que após a sua morte eu viesse ver como você estava - mentiu. Por um momento havia se sentido feliz, em saber que ela estava preocupada com ele, que foi egoísta o bastante para não contá-la a verdade, só para ter mais um pouco da atenção dela para si.
- Hum - os lábios de Gina tremeram, seus olhos encheram de lágrimas. Não queria chorar na frente dele, choraria mais tarde, sozinha em seu quarto. Uma lágrimazinha corriqueira escorreu, e ela a limpou rapidamente. Virou-se, foi até Draco e sentou-se ao lado dele - E por que Harry queria saber se eu estava bem?
- Acredito que, foi por que ele te amava - por que será que ele havia sentido uma certa pontada no coração ao ouvir-se dizer aquilo?
- Se ele me amasse, talvez ele tivesse sobrevivido a Guerra - um misto de revolta, se apossou dela. Engoliu em seco e prosseguiu - para ficar comigo. - Gina havia agido sem pensar. Ela estava sendo injusta, não era bem assim.
-A guerra não foi fácil - Draco pegou uma mecha de cabelo dela, e colocou atrás da orelha – Muitas pessoas morreram para que nosso mundo pudesse viver em paz - ele também engoliu em seco, lembrar-se de morte, fazia-o lembrar de sua mãe, que nem um enterro digno pôde ter. – Harry foi uma dessas pessoas. Acho que no final, ele ficou mais preocupado em matar Voldemort para te ver livre e feliz, do que para salvar os outros - dizendo isto, ele a abraçou. Pois tanto ele quanto ela estavam desolados.

Continuaram abraçados por um bom tempo, um acalentando o outro silenciosamente. Quando Gina desfez o abraço, sentiu-se mais aliviada e um pouco envergonhado. Limpou uma e outra lágrima que caiu de seus olhos.
-Desculpa - disse baixinho.
-Desculpado - e abriu um sorriso, um belo sorriso. Pela primeira vez na vida, Gina viu Draco abrir um sorriso verdadeiro e sincero, um sorriso que não era de deboche ou desprezo. – Mas você não me deve desculpas - e então ele afagou os cabelos dela.
-Acho que você deve estar morrendo de fome!- Gina tentou mudar de assunto. - Acho melhor eu ir preparar algo para podermos comer.
-Oh sim, estou morto de fome.

Gina foi para cozinha arrumar algo para eles comerem. Enquanto Draco ia até o seu closet pegar uma roupa qualquer de Harry.
- Espero que uma das roupas de Harry sirva em você. - Ele ouviu ela gritar lá da cozinha - Sabe como é, o Harry era bem magricela, enquanto você sempre teve um porte físico superior ao dele.

Entrou no close, sem ter que procurar muito achou uma gaveta com as roupas de Harry. Pegou uma muda de roupa e vestiu. A roupa lhe caiu bem, apesar de Potter nunca ter tido um bom gosto para roupas; porem um pouco apertadas, deixando suas formas torneadas bem amostra. Desceu e foi até a cozinha, sentou-se em uma das cadeiras sem espaldar perto do balcão e ficou a olhar Gina cozinhar.

Draco ficou pensar por um momento e observar as curvas sinuosas do corpo dela, era perfeito. Se ele tivesse estado no lugar de Harry, ele teria feito um esforço sobre humano para voltar para os braços dela. Decidiu que iria esperar o momento apropriado para entregar a bendita carta para ela, ela ainda tinha profundas seqüelas da guerra. Não faria sofrê-la agora. Ela precisava de tempo, como ele precisava de carinho. Por um momento Draco sentiu-se tolo por pensar assim. Mulheres era quem pensava assim, não homens como ele. Mas sim, teve que admitir, que adoraria tê-la em seus braços e provar da boca dela. Não sabia como ela havia lhe passado despercebido, todos aqueles anos, e detestou-se por não tê-la pego antes de Harry.

A ruiva percebeu quando Draco adentrou a cozinha, e sentiu-se perturbada ao ver que ele nada dizia, por um momento pôde sentir os olhos dele encima dela. Os cabelos de sua nuca se eriçaram só de pensar naquilo. Resolveu então puxar assunto com ele, talvez conseguisse as informações que tanto queria, e ainda conseguia quebrar o silencio.
-Desculpe por ter te deixado aqui sozinho, - começou- Eu realmente precisava sair para fazer umas comprinhas e visitar minha mãe. Você não havia acordado desde o dia que chegou, então imaginei que te deixar sozinho aqui não faria mal algum, já que estava desacordado.
-Não há problemas! Você não poderia deixar viver por causa de mim. Serei eternamente grato a você por ter me ajudado.
Gina se virou de repente, com um ar ameaçador.
- Eu ajudei apenas, por saber que você também ajudou a Ordem da Fênix. Caso contrario acho eu teria chamado o ministério da Magia - e virou-se novamente e voltou a cozinhar. Não estava brava com ele de modo algum, por que se tivesse, não teria aberto um largo sorriso antes de tornar a se virar para cozinhar.
- Como você sabe que eu ajudei a ordem?- perguntou ele incrédulo.
- Você não acha mesmo que eu fique esse tempo todo aqui a toa, não é mesmo? – e antes que ele respondesse algo, ela continuou - eu simplesmente dei um jeito de me manter informada. Meus pais não queriam que eu soubesse nada da guerra, me isolavam de tudo e de todos, então arrumei uma forma de descobrir as coisas por si só. - Pegou a frigideira com o filé, e a vasilha onde estavam as batatas e colocou em cima do balcão de granito. -Então quando eu ia à cidade o que era uma raridade, arrumava um jeitinho de comprar o profeta diário, quando não os pegava escondido os do papai, ou quando ele não trazia e esquecia por aí “sem querer”. - Pegou dois pratos, garfos e facas, e colocou-os junto com a panela de comida. Sentou-se e começou a colocar comida no prato dele, e logo em seguida colocou no seu.- Quando eu não usava orelhas extensivas para ouvir o que os outros conversavam, e quando não dava um jeito de fazer Harry me contar uma coisa ou outra- Levantou-se e pegou duas taças no armário e uma garrafa de vinho.
- Vinho?- perguntou para ele. Draco apenas assentiu- pois como estava lhe dizendo, às vezes Hermione também me contava uma coisa ou outra.
- Então enquanto todos achavam que você estava aqui, diante de um oratório rezando, você estava era aprontando?- disse enquanto cortava um pedaço de filé.
-Ei! Eu ia acabar enlouquecendo aqui se não fizesse nada!- protestou brincalhona.- Mas e você, o que fazia?
-Eu?
-Hum hum.
-Bom, -mastigou primeiro o pedaço de filé que estava em sua boca e logo em seguida continuou- eu trabalhei como agente duplo, depois da morte de Dumbledore - as imagens daquele dia tornou a passar por sua mente como um flash, porém ele falou para ela como se fosse uma crise já superada- Eu vi, o que estava fazendo. Não foi culpa minha, Voldemort me deu a opção: ou eu tentava matar o velho, ou meus pais morriam. Não tive escolha, meus pais podiam ser o que for, mas eram meus pais.
- Eu sei como é isso- disse baixinho. Gina pegou a mão dele e afagou-a e ele retribuiu o carinho.
- Depois então da morte dele, eu tentei concertar meu erro. Nesse meio tempo minha mãe faleceu, acho que foi melhor assim - e emendou antes que ela falasse algo- minha mãe estava sofrendo demais. Depois me tornei agente duplo, com a ajuda de Snape. Uma tarefa que não foi nada fácil, conquistei com alguma dificuldade a confiança dos membros da ordem, e vivi assim desde então.
- E quanto a esses machucados, a sua febre e delírios?
- Antes de vir para cá, que era a minha ultima missão como membro da Ordem da Fênix, encontrei minha tia Belatriz. Ela veio para cima de mim, me acusando de traidor, e de culpado pela morte de minha mãe.- Uma lágrima escorreu de seu olhos, por piedade a ele, Gina se levantou de tal forma que pudesse limpá-la. Um toque leve e macio, e ele sentiu-se eternamente grato por aquele toque. Em momento algum houve vergonha.

Draco tomou um gole de vinho e continuou seu breve relato- E então, o marido de minha tia atacou-me com a maldição de cruciatus- ao dizer isto, o rosto de Gina retorceu-se em uma careta de dor. - e então antes que eu me recuperasse, ela mesma, me acertou com uma nova maldição. Por um instante pensei que iria morrer, mas fui esperto o bastante para lançar um feitiço nela também.
- Que feitiço?- a ruiva perguntou curiosa, e também saciou-se com um pouco de vinho.
- Não consigo me lembrar- e diante a expressão confusa dela, ele acrescentou- apenas lembro que mirei a varinha nela e soltei um feitiço qualquer.
- E depois?- Gina parou de comer para ouvi-lo.
- E depois o que?- e levou a boca mais um pouco do filé de frango.
- O que você fez, oras?- respondeu como se aquilo fosse a coisa mais obvia do mundo- Sua tia, como você fez para chegar aqui?
-Bom, depois que eu fiquei desacordado - Draco cortou outro pedaço do file e levou a baca, experimentou mais um pouco de vinho e continuou- quando acordei no beco escuro em que eu me encontrava, já era tarde. Então aparatei por aqui com alguma dificuldade e vim andando lentamente. Quase não tinha forças, a ultima coisa que me lembro, é de desabar perto dos seus portões.

Eles ficaram em silêncio por alguns instantes, nenhum dos dois ousavam dizer algo. Apenas olhavam um para o outro. Lá fora, os céus ameaçavam cair, uma tempestade se formava. O único barulho no ambiente era os sons dos relâmpagos e trovões. Gina desviou o olhar, não suportou sustentá-lo; Draco soltou uma leve risadinha e tomou o ultimo gole de vinho. E continuou olhando para a ruiva. A ruiva no entanto, mesmo sem olhar, sentiu os olhos dele pousarem sobre ela. Um olhar diferente de qualquer outro que já tivesse sobre caído sobre ela. Havia sido desejada por vários, mas não daquela forma. Sentiu um fluxo fervente subir por suas bochechas, e a vergonha estampar-se em si. Tinha que quebrar aquele silêncio.
- Você não gostaria de visitar os penhascos comigo?- sugeriu, e forçou-se sorrir. Um sorriso meigo e angelical, e sem qualquer malícia. O sorriso de uma mulher generosa.
- Os céus estão ameaçando a cair lá fora!- argumentou.
- Vamos, você vai ver, é maravilhoso.- levantou-se e estendeu a mão para ele - é a melhor hora de se ver o mar dos penhascos.- Ele não recusou. Levantou-se e deu a mão a ela. Sentiu o toque quente de suas palmas. Calor emanava dali.

Quando saíram, a cor dos céus era de um roxo profundo. Era possível ver as nuvens carregadas que ameaçavam despencar a qualquer momento. Um relâmpago ou outro podiam ser visto vez por outra.

Em momento algum Gina largou a mão dele, levaria-o ao seu santuário, custe o que custasse. Com sol ou chuva, não importava. Levaria para os penhascos. Enquanto atravessavam o portão, permitiu-se interrogar do por que em querê-lo levar até lá. Um lugar que pertencia só a ela e Harry. Sempre havia odiado Draco Malfoy, e agora o que estava sentindo? O que a compelia a fazer aquilo? Algo dentro de seu peito, lhe dizia que aquilo não era nada bom... Mas não deu razão a esses pensamentos eloqüentes, tinha algo a fazer e o faria! Com essa determinação Gina continuou com o seu trajeto até os penhascos, sem mais deixar o coração lhe dominar de perguntas.

Draco sentiu o passo da ruiva acelerar, e puxá-lo com um pouco mais de violência. Porém, seguiu-a sem protestar. Com que andavam, (n/a: e quase passei o meu sarcasmo para o personagem) o cheiro de maresia impregnado no ar, se tornava mais forte. Um ar que parecia que poderia, curar todas as suas feridas...

Well I don't know if I'm ready
(Bom, eu não sei se estou preparado)
To be the man I have to be
(Pra ser o homem que tenho de ser)

Não demorou muito para chegarem aos penhascos, e a sensação que teve foi maravilhosa. O ar de liberdade, e de felicidade estavam bem ali, para serem respirados. O mar se agitava lá embaixo, com grande violência, mas isso não o assustava. O barulho das ondas batendo violentamente contra aquele enorme rochedo soava como uma linda melodia. Acalentava e arrebatava a alma!

I hope he understands
(Espero que ele seja compreensivo)
That he can take this life
(Que ele abrace essa vida)
And hold it by the hand
(Segure-a pela mão)

Gina sentiu-se invadida pela paz, quando ficou diante o mar que se erguia lá embaixo. Era tudo aquilo que ela queria, e agora queria dividir aquilo com Draco.

Welcome to this place
(Bem-vindo à esse lugar)
I'll show you everything
(Vou te mostrar tudo)
With arms wide open
(Com os braços bem abertos)

Era em busca de paz que ela estava, e era paz o que ela sempre encontrava ali. O som da maré se agitando lá em baixo, uniu-se ao som dos relâmpagos formando uma linda sinfonia. Como era bom gozar daquela paz... Abriu os braços, de forma que o vento úmido e cálido pudesse transpassá-la. Era maravilhoso poder estar ali, sentir-se viva novamente, sem dores e nem preocupações...
- Eu amo este lugar...- disse para si mesma.
- Ele realmente é lindo.- o outro respondeu.
- É lindo, reconfortante, aconchegante...- a ruiva abraçou a si mesma, sentindo-se extasiada- O melhor presente que já ganhei- sua voz soava como vindo direto de um sonho.

I'll take a breath, I'll take her by my side
(Vou respirar fundo,trazê-la pro meu lado)

Ele também respirou fundo, aquilo era o paraíso. Sentiu uma dor no peito, logo estaria saindo do paraíso e indo para o inferno! Queria estar ali, por mais um momento, por mais uns dias, uns meses, uns anos. Fugir da realidade...

Aproximou-se da ruiva, e sentiu o frenesi que ela teve quando ele a pegou pela cintura, quase pode ver o rubor que subiu pelas faces dela. Virou-a para si, olhou no fundo dos olhos dela, mesmo que isso fosse quase impossível por causa da escuridão.
- Posso passar essa noite aqui na sua casa?- sua voz estava rouca, havia se decidido iria embora pela manhã antes que ela acordasse e deixaria a carta com ela.- Irei embora logo pela manhã.
Gina abaixou os olhos, jamais conseguiria sustentar aquele olhar. Um olhar frio e calculista.
- Você pode ficar o tempo que precisar, estão lhe procurando por você e outros comensais da morte. Deixe a poeira abaixar, você pode ficar o tempo que precisar.

Todos nós ficamos com seqüelas da guerra- olhou nos olhos dele agora, o vento ainda agitando os seus cabelos- poderia ficar aqui e me fazer companhia durante um tempo.
Agora foi a vez dele não conseguir sustentar o olhar. Levou o olhar para o horizonte que se estendia...
- Não seria correto...
- Todos merecem uma segunda chance.

Ele pegou as mãos dela, era novidade para ele, nunca ninguém havia sido generoso com ele. E agora largas portas de generosidade estavam abertas para ele, por que não aceitar? Precisava de tempo para por a mente em ordem, e por que não ali? Só achava a situação esquisita: ele na casa de uma Weasley, que havia sido a namorada do seu ex-arquiinimigo. O mundo dava voltas...

Talvez não fosse egoísmo da sua parte, permitir que ficasse e se recuperasse. Então por que não ficar, e se dar uma nova chance?
- Não vou mesmo te atrapalhar?
- Não mesmo.- a ruiva respondeu.
- Muito obrigado.
- Não há de quê.

Com isso Draco a abraçou, mas não era um abraço de desejo ou volúpia, e sim um abraço de agradecimento...

Well I just heard the news today
(É, acabei de ouvir as notícias de hoje)
It seems my life is going to change
(Parece que minha vida vai mudar)


***

It seems my life is going to change
(Parece que minha vida vai mudar)
Then tears of joy stream down my face
(E lágrimas de felicidade desceram rosto abaixo)

Quando voltaram, nenhum dos dois disse uma só palavra. Draco seguiu para o quarto onde estava, e foi se deitar. Jogou-se na cama e um estrépito da cama afundando foi ouvido. Mas o rapaz não deu importância para isso. A única coisa que povoava sua mente era a nova chance que a vida havia acabado de lhe dar. Com um sorriso bobo, fitou-o o teto. Estava feliz, de uma forma que jamais imaginou estar.

Lentamente o sono foi lhe dominando, suas pálpebras ficavam cada vez mais pesadas, até que adormeceu em fim.



“O amor é o fogo que arde sem se ver.
É ferida que dói e não se sente.
É um contentamento descontente.
É dor que desatina sem doer.”


Após o seu refrescante banho, Gina enrolou-se na toalha e foi para o quarto que estava. Ainda enrolada na toalha, sem pensar duas vezes, jogou-se na cama de braços abertos.

Quanto tempo fazia que ela não sentia aquela paz interior? Um mês? Dois? Não sabia. Não conseguia lembrar-se a ultima vez em que esteve tão bem consigo mesma. Sem motivo aparente algum. Afinal teria superado a morte de Harry? Não sabia responder.

Mas por que povoar sua mente de pensamentos tristes se estava tão feliz? Estava feliz, e não queria que essa felicidade fosse embora rapidamente. Precisava ficar viva, precisava sentir-se viva. Era tudo o que queria e necessitava, estar viva por si só.

Mentalmente, passeou novamente pelo caminho que levava aos penhascos escarpados, como aquilo lhe fazia bem...

A ruiva não soube dizer ao certo quanto tempo ficou ali navegando pelos penhascos, mas só se deu conta de que era tarde quando havia começado a cochilar. Com muito desanimo levantou-se e foi até o closet pegar uma roupa para si, não deu muita importância no que iria vestir, pois afinal ia dormir.(n/a: credo que ideologia!!!) Sem reparar pegou uma camisola preta de seda. Vestiu-a. Sentou-se no puf, pegou um pente no toucador e começou a pentear os longos cabelos ruivos. Olhou para o seu reflexo no espelho, estava mais bela do que nunca. Não tinha mais nenhuma sarna no rosto, sua pele estava límpida.

Como havia mudado, não tinha mais nenhum traço infantil. Agora era uma mulher, e muito bonita...

Após pentear-se, Gina foi se deitar. Vários pensamentos ainda povoavam sua mente, mas foi sem nenhuma dificuldade que caiu no sono.

Por fim, os céus desabaram. Uma chuva torrencial caiu sobre os jardins da ruiva; lavando e levando qualquer tipo de tristeza...


~*~*~*~*~*~
Notas da autora:
Ufa! Terminei. O capítulo ficou um pouco menor do que o outro, mas ainda assim não foi tão pacato. Antes que eu me esqueça, mil perdões pelo atraso com o capítulo, por um motivo pessoal fiquei impossibilitada de terminar o capítulo. Mas aqui esta ele. Muito obrigada a todos que comentaram, Lize lupin, que sempre tem me dado a maior força; Kiki que sempre que pode me deixa um comentário; Maggy, que sempre me deixa comentários enormes(adoro esse tipo de coment), Morgana que sempre me apóia, e Selene minha amiga do peito, e que sem ela a fic não teriam tão poucos erros gramaticais.bjos
P.S.: As coisas por aqui só funcionam com chantagem barata emociona. Sem coments eu não atualizo ta certo? O capitulo três esta quase pronto se tudo correr bem, e vcs comentarem bastante até semana que vem poderemos ter o quinto capitulo(que era onde devíamos estar se não tivesse de deixar de atualizar)

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