Revelações



Quando a luz esmaeceu, eles olharam surpresos em volta. O portal tinha sumido, mas a porta estava em pedaços e Fred e Jorge entraram correndo e conjuraram cordas para amarrar Lúcio e Pedro, que estava encolhido a um canto choramingando. Rony entrou em seguida gritando para Harry:


_ Porque não me avisaram? Se não fosse o Colin dizer que viu vocês entrarem nas masmorras... Hermione foi avisar Dumbledore!


Harry, ainda amarrado, estava boquiaberto com o que os amigos tinham acabado de fazer:


_ Rony?!... Expelliarmus Triplus?


_ Nós já estávamos fazia um tempo na porta, mas não conseguimos abri-la. Ouvimos esse feitiço e resolvemos tentar. Bom, tentamos umas dez vezes, até que deu certo.


_ Mas... será que alguém podia me soltar?


_ Ah Harry! Desculpa! _ Emily saiu correndo de trás de Draco, que continuava parado, e tentou desatar o nó na corda, Rony ajudou. Ela estava com cara de quem não sabia se chorava ou pulava de alegria.


_ Meu irmão... Harry eu nunca imaginei, e-eu nunca...


_ Que história é essa? _ perguntou Jorge pasmo. _ Irmão de irmão? Igual a eu e Fred?


Emily confirmou tristemente com a cabeça.


_ Você não parece estar feliz com isso. _ Disse Fred se aproximando dela.


Ela não respondeu e gritou para Draco:


_ Draco! Vai ficar parado aí feito um estátua?


_ E-e-eu tô bem! _ disse ele tentando sair da posição em que enfrentou Voldemort _ ... é que aquela luz me cegou!


Rony abafou uma risada, mas parou assim que viu a cara censuradora de Harry. Ele indicou com a cabeça para onde Emily estava indo


_ Ela tá morta? _ perguntou Rony com voz esganiçada.


_O que disse? Ma-mataram a Charlotte? _ engasgou-se Fred.


Nesse momento Hermione apareceu tentando passar pelos pedaços da porta:


_ Ele matou alguém? _ perguntou ela assustada correndo até os outros.


Vozes vieram logo atrás dela:


_ Como nunca fiquei sabendo dessa entrada pelas masmorras? Não era só pela passagem do banheiro? _ perguntou Snape.


_ Parece que Voldemort fez um atalho enquanto estudava aqui, _ respondeu Dumbledore_ e enfeitiçou muito bem esse lugar como pode ver. Acho que usou um feitiço para torná-la impossível de mapear, como a câmara não era conhecida quando colocaram contra-feitiços na escola, ficou fácil de escondê-la por um bom tempo.


Em seguida o diretor, Lupin, Snape e Minerva entraram pela porta estilhaçada:


_ Ora!... Como sempre resolveram tudo sozinhos, não? _ Harry sorriu, mas o diretor continuou sério _ Vocês não podem sair enfrentando o Lord das trevas assim! Por favor, todos se dirijam para seus dormitórios _ disse Dumbledore nervoso. A professora Minerva, ao fundo, estava tentando fazer a porta voltar a ser uma porta. _ A não ser quem estejam gravemente feridos, nesse caso sigam para a enfermaria!


_ Alvo! _ exclamou Minerva apontando para Charlotte no chão. Snape a olhou assustado enquanto fazia Pedro e Lúcio flutuarem no ar.


_ Ah, mais uma vítima inocente! _ Dumbledore se dirigiu até o corpo.


_ Não tão inocente assim! _ gritou Harry que se apoiava em Rony e Jorge _ Ela era uma espiã!


Dumbledore suspirou:


_ Devíamos ter começado a investigar antes! Poderíamos tê-la salvado! Nesse caso, amanhã quero conversar com vocês dois. _ disse ele apontando para Harry e Emily.


_ O senhor já sabia?! _ queixou-se Emily debulhando-se em lágrimas.


_ Não... _ disse o diretor olhando para Lupin, que estava tentando ajudar Draco _ ... até agora pouco. Mas chega de conversa! Vamos sair daqui! Não confio nesses portais aperfeiçoados...



***********************************************


Na manhã seguinte, Harry e Emily foram convocados para comparecer ao escritório do diretor:


_ Muito bem, _ disse Dumbledore acomodando-se em sua poltrona _ comecem!


Eles se entreolharam, por um momento Emily quase sorriu. Na confusão toda, ela ainda não tinha pegado bem a idéia de que Harry fosse seu irmão.


_ Charlotte era uma espiã. _ começou Harry _ Na verdade ela era herdeira de Voldemort.


_ Sim.. desde que ele assumiu o poder tinha a idéia de um herdeiro treinado para ser exatamente como ele... O que me admira é que tenha tirado a filha de um dos seus comensais. _ comentou o diretor olhando para a sua fênix empoleirada perto da lareira.


_ O senhor sabia que ela era uma Malfoy?


Dumbledore pensou por um momento e disse lentamente como se hipnotizado:


_ A queda do Lord das trevas nos revelou muitos segredos... mas também encobriu muitos deles...


Harry e Emily se entreolharam pensativos novamente. Dumbledore suspirou e sorriu:


_ Continuem! Quero saber o que aconteceu. Os detalhes, por favor.


Harry tentou explicar o que sabia e Emily não falou muita coisa.


_ Bem... vocês querem explicações também, não?


_ Por favor, Dumbledore! _ pediu Emily _ conte de uma vez!


_ Calma! Histórias longas precisam de tempo. Então, se estão com pressa, vou tentar resumir. _ ele pigarreou e continuou _ Lílian tinha muitos segredos. Logo que acabou a escola, simplesmente sumiu. Um tempo depois ela reapareceu pedindo ajuda. Durante esse tempo de desaparecimento ela conheceu de perto as artes das trevas. Tanto, que se tornou uma Comensal... _ Harry arregalou os olhos _ Não se preocupe Harry! Pode não parecer, mas foi a melhor escolha que sua mãe fez! Quando ela desistiu das trevas e voltou para nos pedir ajuda revelou muitas coisas sobre Voldemort. Coisas que ajudaram a salvar muitas famílias. Mas ela sabia que essas informações lhe custariam caro. Ela resolveu fugir. Se esconder por um tempo. Mas antes partir, ela se casou com o Tiago. Ficaram algum tempo sem dar notícia. Parece que alguém eles lembraram de chamar. Lupin foi convocado para ser padrinho de Emily...


_ Meu? Lupin!


_ Sim, Lupin! Além de seu padrinho, ele era o fiel do segredo de que você é uma Potter. Seus pais acreditavam que você corria mais risco do qualquer um deles. Esse silêncio só foi quebrado ontem a noite, quando Voldemort se fez presente aqui na escola. As informações que temos é que Harry nasceu um ano depois, e que também um ano depois o esconderijo foi descoberto. Sua mãe não confiava em Pedro. Desconfiava de que ele era um Comensal, por isso mandou esconder Emily em algum lugar seguro. Parece que eles tinham planos de esconder Harry também, mas... presumo que o tempo deles era curto demais!


Harry engoliu em seco e abriu a boca, sem porém, conseguir falar uma única palavra.


_ Enquanto a Charlotte... Nunca ficamos sabendo dela. Somente Draco era reconhecido como Malfoy. Pobre menina! A vida toda treinada para destruir alguém, e sem um motivo justificável. Nunca imaginei que a sede de poder de Voldemort chegasse a tanto...


Emily olhou suplicante para Dumbledore:


_ Quando vai ser o enterro? Eu quero ir!


_ Que enterro? _ perguntou o diretor sorrindo.


_ Charlotte! Quando vão enterrar ela?


_ Bom, pelas informações que tenho, ela ainda não saiu da enfermaria.


Por um minuto Emily olhou surpresa para o diretor, e no minuto seguinte tinha derrubado a cadeira e escancarada a porta. Harry ouviu os passos da irmã pulando os degraus de dois em dois e saiu atrás dela.



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Emily passou correndo por vários corredores e escadas, pelo caminho que levava a tão conhecida enfermaria.


"Como ela ainda está na enfermaria?" . Atropelou Pirraça que deu uma cambalhota no ar xingando alto.


"Não pode... a não ser que..."


Ela parou derrapando na esquina de um corredor e deu de frente com Draco sendo expulso da enfermaria por madame Pomfrey:


_ Saia Malfoy! _ dizia ela o empurrando pelas costas.


_ Prometo que eu não faço mais isso, mas deixa eu entrar! _ choramingava ele relutando a sair.


_ Draco!


_ Emily! Então você está aqui! _ ele correu e a abraçou _ Achei que também estava na enfermaria. Eu juro que ia te ver, mas essa urubuzona _ ele lançou um olhar sinistro para a enfermeira que estava voltando a fechar a porta _ não me deixou entrar só porque eu derrubei umas coisinhas quando entrei.


_ Charlotte está aí?


_ Não sei... eu deveria saber, não? Afinal, fui seu legítimo irmão por alguns minutos, mas fazer o quê... _ ele deu um suspiro de falso lamento _ ...a vida continua!


_ Não está triste com a morte de sua irmã? _ perguntou ela torcendo a cara.


_ Bom.. não estou assim triste, triste de sair gritando por aí, mas... Ah, Emily! Consola eu dizer que a minha casa não estaria inteira até o próximo ano letivo comigo e ela dentro?


Emily balançou a cabeça e empurrou a porta da enfermaria. A enfermeira estava juntando os cacos de algumas coisas que pareciam ter sidos vidros de poções. Quando ela viu que Draco espiava por trás de Emily, soltou os cachorros:


_ JÁ TE MANDEI SAIR DAQUI! Olha o estrago que você fez!!!


_ Tá, tá... eu fico aqui fora.


Emily entrou fazendo manobras para tentar se desviar dos cacos espalhados por toda a parte.


_ Na última cama. _ disse madame Pomfrey ainda lançando pragas enquanto tentava tirar do chão uma mancha rosada. Emily foi até o final da fileira de camas. A última estava envolta por uma cortina branca. A garota deu a volta e sentou em um banquinho perto da cama. Charlotte estava lá. Mais pálida que nunca...


"Como seria se...?... Ah, não fique pensando no que poderia ter sido! Pense no agora!".


Ela não agüentou, seus olhos estavam rasos de lágrimas e mais uma vez elas rolaram pelo seu rosto. Mas estava conformada:


"Charlotte morreu tentando salvar nossas vidas!" _ ela passou a mão pelo rosto fungando _ "E não tinha culpa de ter sido iludida a fazer tudo o que Voldemort mandava. E também... Droga!... o que é isso?"


Ela pegou, na mesinha ao lado, um objeto que ela já tinha visto antes. "É o presente anônimo que ela ganhou de aniversário!... mas está diferente..."


Ela revirou o medalhão com as mãos. A madeira estava quase totalmente chamuscada, e no meio do "M" tinha um buraco, que quase o atravessou.


_ O Avada Kedrava não tem efeito nenhum em coisas mortas. Madeira é morta. _ alguém falou sussurrando.


_ FANTASMA!!! _ Emily caiu do banco.


_ Fantasma?! Onde?! _ ela ouviu a voz de Draco e Harry, que entravam correndo na enfermaria chutando cacos de vidro sem ouvir os berros de madame Pomfrey.


_ Estou tão mal assim? _ perguntou a cabeça de Charlotte aparecendo para Emily que ainda estava esparramada no chão.


_ Cha-charlotte?


_ Não. Cleópatra.


_ Charlotte? _ Draco atravessou as cortinas _ você não morreu?


_ Não, Draco. Só estava cansada e resolvi dormir!


_ Ah-ah, não tem graça! Emily tava se derramando por sua causa desde ontem a noite!


_ Verdade? _ ela perguntou para a garota que estava tentando se levantar.


_ E-eu... é... _ ela se apoiou na mesinha com o olhar vidrado em Charlotte _ como...?...


_ Você também ganhou um cicatriz? _ perguntou Harry.

_ Cicatriz? _ riu-se ela _ Não sou uma Potter colecionadora de cicatrizes! _ ela pegou o medalhão que havia sido jogado em cima da cama, com o susto de Emily, e apontou para o"M" avariado _ Mas minha verdadeira família também ajudou!


_ Ei! Isso era para ser meu! _ resmungou Draco olhando bem para o medalhão. _ Meu avô deixou de herança para o seu neto e... Ah, tá explicado! _ disse ele desanimado e depois com uma vozinha zombadora falou _ "Meu primeiro neto!" ... Tenha paciência! Eu era feliz...


_ Não seja tão trágico Draco! Eu deixo você brincar com o meu alagatus. _ Charlotte replicou com a mesma voz. Draco fechou a cara e ela tentou falar com a colega _ Emily? Tem certeza de que está bem?


_ Se eu estou bem? _ ela engoliu em seco _ Você morre e vive de novo! É pra eu estar bem?... Quase que eu morro também com esse susto! _ ela abraçou Charlotte.


_ Eu confirmei minha teoria... _ disse Draco pensativo.


_ Que teoria? _ perguntou Harry.


_ De que o Lord das trevas é vesgo!


_ Vá dormir! _ Charlotte atirou o travesseiro nele _ E desgruda Emily! Não precisa de tanta meleira assim... Mas falando sério... ele fugiu, né? _ Emily confirmou com um aceno de cabeça. _ Então... é melhor eu ficar atenta...


_ Pedro com certeza vai para Azkaban, mas Lúcio pode se dar um jeito. _ um sorriso iluminou o rosto de Harry _ Sirius vai ficar livre e eu posso morar com ele.


_ Não, Harry. _ Charlotte olhava para o nada _ Ele não vai desistir, eu sou apenas mais uma para a sua lista. É melhor você continuar onde está, ele ainda não descobriu. Um portal se abriu na câmara?


_ Sim. Uma passagem enorme... a propósito, o que era aquilo?


Charlotte suspirou orgulhosa:


_ Um portal... na verdade um ponte de ligação entre a câmara secreta e o nosso... esconderijo dele! Não foi nada fácil conseguir criar um... ele pediu a minha ajuda...


Um breve silêncio.


_ Dumbledore disse que eu tenho que ir aos julgamentos... _ ela continuou irritada.


_ Julgamentos? _ o rosto de Draco se iluminou _ Ainda tem chance de te mandarem para Azkaban?


_ Draco! _ rugiu Emily.


_ Talvez... vou ser julgada também.


_ Mas você não tem culpa! _ desesperou-se Emily.


Charlotte não respondeu.


_ Senhores! _ a enfermeira apareceu e entregou a Harry e Draco uma pá e uma vassoura _ Se não estiver limpo em cinco minutos, vão ter uma surpresinha da próxima vez que precisarem dos meus cuidados.

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