Livro Negro



Depois de algum tempo tentado sair daquela prisão, Amadeus já tinha desistido. Cansado, sentou-se no chão e olhava fixamente para a mão que reaparecia aos poucos.

Somente Draco continuava tentando. Murmurando vários tipos de feitiços e azarações que não ajudavam em nada. As vezes batia com varinha na própria cabeça por não se lembrar das palavras certas.

_ Desista... não tem como sair... _ falou Amadeus sem tirar os olhos da sua mão.

Draco sentiu uma raiva enorme. Como ele poderia desistir agora?

_ ... não podemos fazer mais na...

_ CALA A BOCA! _ o garoto explodiu _ Você me arrastou até aqui, e agora por causa de uma gaiolinha de fogo está desistindo?! Pois fique sabendo que eu já cheguei muito longe para parar agora!

Amadeus não teve nenhuma reação com a explosão de Draco. Apenas o olhou e perguntou:

_ Então... o que pensa em fazer?... já não tentamos de tudo?

Draco cerrou os olhos com força e permaneceu calado. Até que...

_... nem tudo... talvez se... DOOOOOBBBBYYYY!!!

O espectro piscou espantado sem entender o que ele tinha berrado.

Depois de um breve momento ouviu-se passos apressados pelo lado de fora.

_ Si-sim meu senhor! Aff, aff... Dobby está aqui senhor!

_ Me tire daqui Dobby! _ ordenou Draco.

_ ... é a voz do mestre Draco! Mas ele morreu... não morreu?

_ Não Dobby. Eu fugi de casa e agora resolvi voltar. Só que eu fiquei preso aqui... Agora me tire daqui!

_ Cla-claro... mas eu...

_ TIRA LOGO!!!

Um estalo. Dois estalos...

_ Não acontece nada meu senhor!

_ Droga Dobby! Isso não é uma lareira! Use os seu verdadeiros poderes!

_ Os poderes de Dobby, senhor? Tem certeza?

_ TENHO DOBBY! VAI LOGO!

Uma rajada de vento atingiu o centro do cerco de chamas e, descendo em círculos, apagou até a último faísca de fogo. A imagem de um Dobby tremendo dos pés à ponta das orelhas de felicidade apareceu:

_ Me-meu senhor deixou Dobby usar seus poderes... Pequeno senhor Malfoy é muito bom com Dobby!

_ Tá, tá Dobby. Não se empolgue tanto. Vem! Podemos precisar de você novamente. Para que lado eles foram Amadeus?

_Para essa realidade não desaparecer, eles precisam do livro negro para selá-lo... Por acaso seu pai não tem algum livro desse tipo aqui, tem?

_ Deve Ter. Mas eu não sei onde.

_ Do-Dobby sabe meu senhos! _ murmurou o elfo se encolhendo logo em seguida.

_ Sabe mesmo? _ perguntou Draco surpreso.

_ O senhor não vai me castigar ,vai?... Dobby não queria Ter visto, meu senhor, oi sem querer. Dobby estava só limpando a lareira da sala e...

_ Não se preocupe Dobby. Eu só vou te castigar se não me contar onde está esse livro!

O elfo, ainda receoso, começou a gaguejar:

_ Dobby viu o senhor Lúcio levando muitos livros para uma das passagens. Ele falou para a senhora que aqueles livros não podiam ficar em qualquer lugar, e... _ ele parou com um soluço e se jogou no chão dando murros na própria cabeça. _ Dobby não podia Ter falado isso! Não podia! Senhor Lúcio proibiu!

_ Sabe onde é essa passagem Draco? _ perguntou Amadeus.

_ Acho que faço idéia. Deve ser uma das câmaras proibidas! Mas elas tem feitiços contra intrusos por todos os lados.

_ Som um espectro, se esqueceu? Somente feitiços negros muito avançados podem me atingir. Dobby! Nos leve até essa passagem!


***

Dobby os guiou por vários corredores escuros até chegarem em um sala espaçosa. Lá havia apenas uma mesa grande com vinte lugares, alguns quadros antigos e uma lareira enorme.

_ É aqui meu senhor! _ Dobby apontou para dentro sem coragem de entrar.

_ ... Tem certeza que é esta sala Dobby? _ o elfo abanou as orelhas enormes afirmamente _ Essa é uma antiga sala de reuniões. Mas há muito tempo não a usamos. _ Draco comentou olhando a sala escura.

_ Muuuuito antiga... foi depois de um reunião aqui que Charlotte fugiu... Me lembro como se fosse ontem... Ela discutindo com meus pais, levantando da mesa e derrubando a cadeira, e depois fugindo para seu esconderijo... _ ele olhou para a grande e única janela da sala. Tinha começado a chover, e a água fustigava o vidro com violência. Um relâmpago iluminou a sala e ele continuou _ Eu a segui, e foi naquela noite que ela executou o feitiço...

_ Puxa... ainda bem que não tenho irmã... Onde fica a passagem Dobby?

_ Ali meu senhor... _ ele apontou para um dos quadros _ é só apertar a orelha do velho bruxo que ela aparecerá.

Draco entrou seguido por Amadeus e fez o que Dobby falou. No mesmo instante a parede afundou e arrastou-se para o lado, deixando a vista uma passagem pouco iluminada.

_ Muito bem, Dobby! Agora volte para a cozinha. _ ordenou Draco.

_ Ei! Espere! _ Amadeus chamou pelo elfo. A cabeça com enorme orelhas apareceu na lateral da porta _ Pegue isso! _ o espectro lhe jogou uma toalhinha que enfeitava a mesa.

_ Porque fez isso? _ perguntou Draco indignado.

_ Sempre quis fazer isso. _ respondeu ele indiferente olhando para Dobby que pegou a toalhinha com o rosto iluminado _ Agora, o livro! _ eles seguiram pela passagem.


***

_ Lumus! _ Amadeus ordenou para a varinha.

Logo que o corredor por onde avançavam se iluminou, eles se depararam com paredes de pedra perfeitamente talhadas com relevos de dragões.

_ Hunf! As paredes desse corredor são bem mais trabalhadas que as do resto da casa! _resmungou Draco olhando para os olhos de vidros verdes dos dragões.

_ Mas não são da minha época. _ Disse Amadeus olhando atentamente os relevos _ E não parecem ser muito antigos...

_ Certamente meu pai construiu na época que era comensal. Quase toda a população bruxa da Inglaterra sabe que meu pai por muito tempo deixou nossa casa a disposição do Lord das Trevas.

_ Bom... nossa família nunca teve uma boa reputação... Mas eu nunca pensaria que um neto meu chegaria a apoiar um...ah, não podemos prever o que nos espera... Nox!

_ Não acha esses dragões um tanto estranhos? Esses olhos...

_ Espere! Não...

Amadeus não pode o impedir e no mesmo instante, os relevos de dragões se transfiguraram-se em um líquido amarelo e mal cheiroso, e começaram a escorrer para o chão.

_ O que é isso? _ Draco se exaltou quando o líquido tocou nas barras de suas vestes e começaram a corroe-la.

_ Suba! _ gritou Amadeus flutuando e puxando garoto pelas golas das vestes _ Isso é ácido! _ Ah, ácido?! _ Draco flutuou por si próprio e olhou para os estrago em suas vestes _ ... ainda bem que essas são as velhas...

Eles ouviram outro estralo que pareci vir do fim do corredor. _ Na-não gostei desse barulho. _ engasgou-se Draco.

Logo segui-se um ruído de uma pedra pesada sendo arrastada.

_ Estão fechando a saída! _ Amadeus apressou-se pelo corredor escuro, mas Draco permaneceu parado. No mesmo instante os olhos de vidros do dragões que ainda estavam no mesmo lugar, caíram no ácido e o transformou em uma gelatina pegajosa. Espécies de laços saíram como se disparadas da gelatina e agarraram os tornozelos de Draco.

_ AMADEUS! _ ele gritou quando sentiu o ácido queimar sua pele e o puxarem para a gelatina que se avolumava cada vez mais.

Um lampejo veio do corredor escuro e uma de fogo azulado cortou o ácido que prendia o garoto.

_ Voe o mais rápido que puder e se desvie dessa coisa! _ ele ouviu o espectro gritar ainda se afastando.

Ele não pensou duas vezes e se projetou para frente, colocando toda a sua força nisso e ganhando mais velocidade.

Uma onda de ácido se formou e passou a o perseguir, cada vez mais próxima dele.

Ao longe ele avistou a luz da varinha de Amadeus e a pedra que se arrastava lentamente para trancar a passagem.

_ Rápido! _ o espectro segurava a respiração.

Draco não pensava em mais nada, a não ser passar antes que o ácido ou a pedra o pegasse. A cara de Amadeus denunciava que as coisas não estavam favoráveis para ele.

“Mais rápido! Mais rápido!” Draco gritava consigo mesmo. Ele fechou os olhos e pensou desesperadamente e passar pela passagem.

De repente sentiu um puxão na vestes, que quase o enforcou, e o fez voltar para trás e bates as costas na parede de pedra que acabara de se fechar. Abrindo os olhos viu que tinha conseguido passar a tempo, e Amadeu o olhava surpreso enquanto impedia a gelatina ácida de passar por frestas.

_ E... eu... consegui? _ perguntou Draco abobado _ Ah, ah! Eu consegui! Eu posso tud... - ele tentou se levantar em um pulo, mas foi puxado novamente. _ EI! _ ele pegou a vestes que estavam presa e começou a puxá-las com raiva. _ Por-ca-ri-a-de-ves aaahhhh! _ as vestes se rasgaram e ele rolou para trás batendo na outra extremidade do corredor onde se encontravam agora.

Amadeus o ajudou a levantar.

_ Depois dessa não tenho mais a mínima dúvida de que isso não é um pesadelo! _ resmungou ele apertando as costelas doloridas.

Agora, eles se encontravam em um corredor mais estreito e com duas direções a seguir: Esquerda ou direita. Nos dois haviam archotes com chamas trêmulas de cores amareladas.

_ Por onde acha que devemos ir? _ perguntou Amadeus olhando para os dois lados.

_ ... Não faço a mínima idéia... _ disse Draco que ainda apertava as costelas. _ Acho que então vamos ter que nos separar. Eu fico com o Livro Negro, se encontrar algum vestígio de que eles foram por esse lado me avisa.

_ Avisar?... Como?

_ Um sinal.

_ Tá viajando Amadeus? Que sinal?

_ Se esqueceu que eu enquanto espectro tenho algum controle sobre você?

_ ...é... _ respondeu ele pensando _ acho que você me falou qualquer coisa... Ei! Não vai se aproveitar disso!

_ Não se preocupe! É só se concentrar em me chamar que eu vou pressentir.

_ Ai, ai... _ disse Draco seguindo pela esquerda _ isso tá pior que aqueles dramalhões-bruxos da minha mãe...

Ele não encontrou nenhuma dificuldade por um tempo. Mas percebeu que as luzes dos archotes iam diminuindo de intensidade conforme ele avançava. Até que chegou em um ponto que um deles estava quase apagado.

_ Que estranho... _ murmurou, passando pelo archote o olhando atentamente. Ao voltar a olhar para frente se deparou com uma nova parede.

_ Mas que droga! _ ele chutou com força a parede e virou-se para voltar. De súbito, outro estralo às sua costas e novamente o ruído de pedra se arrastando.

_ Oh-ou... _ ele voltou-se novamente esperando ver outra armadilha _ Idiota! Nunca chute assim uma parede em um esconderijo bruxo!

Ele prendou a respiração com a cena com que se deparou.


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