Outra realidade



_ Meu tataravô?

_ O que você abriu ontem a noite, era o livro do encanto de Charlotte! Para ela conseguir sair do livro, o encanto criou essa realidade, mudando pequenas, mas importantes coisas no passado mais recente.

_ O livro?... Aquele do baú! Agora eu me lembrei! Antes de eu desmaiar saiu uma pessoas de dentro que não era você!...Quer dizer que essa doida está solta poraí?!

_ Sim! Só eu posso impedi-la, mas preciso de sua ajuda! Escute! Temos que ser rápidos! Quando Charlotte executou o encantamento, já não raciocinava direito. Sair do livro deve ter consumido muito de suas energias. Ela ainda deve ser um espectro como eu. Ela depende do sol para recuperar suas energias, aproveitaremos que agora ainda é noite. Temos que encontra-la antes que ela consiga se materializar por inteira nesse mundo!

_ Ai, por Merlin! Eu era feliz quando só existia Você-sabe-quem e ele só perseguia o Potter! Nunca mais vou procurar logros antigos naqueles baús!

_ Draco! Preste atenção! Seus pais correm perigo! Temos que chegar no esconderijo de minha irmã antes de o sol nascer!

_ E onde fica esse esconderijo?

_ No quintal de sua casa!

_ Sério? _ perguntou Draco cruzando os braços _ Eu ando naqueles terrenos desde os dois anos e nunca vi nenhum “esconderijo” lá!

_ Simples! Eu tranquei ele depois que selei o livro de Charlotte! Vamos! _ ele flutuou a mais de dois metros do chão.

_ Ei! Eu não trouxe a minha vassoura!

_ Você NÃO pertence a essa realidade, Draco! Você está morto aqui! É apenas um espectro transportado pelo livro para cá, que já conseguiu se materializar!

_... Quer dizer que se eu quiser voar não preciso de uma vassoura?

_ Tente! Só de um impulso!

Para a surpresa de Draco, depois de um impulso, ele começou a flutuar também. Meio desequilibrado com a nova experiência, conseguiu subir trinta centímetros.

_ Nossa! Depois de deportamos essa minha tia avó doida, eu vou voltar para Hogwarts quebrar a cara do Potter versão “Eu-sou-o-rei-do-pedaço!”. Vamos! _ disse ele quando finalmente conseguiu pegar o jeito e equilibrou-se.


***

Os dois pousaram nos jardins da mansão Malfoy, já era quase meia noite, e somente as luzes das cozinhas e áreas de serviço estavam acesas na casa.

_ Agora eu entendo por que minha mãe desmaiou hoje de manhã. _ disse Draco sorrindo olhando para a casa _ Queria Ter visto a cara que meu pai iria fazer se me visse... Então, foi realmente o Dobby que eu vi passando quando eu chamei hoje de manhã?!... Sabe me dizer qual parte da história foi mudada, Amadeus?

_ Sim! A parte mais crucial do passado recente, Harry Potter.

_ O Potter?

_ Sim. Ele não foi entregue aos seus tios, e cresceu na fama. Basicamente a única diferença dele e você agora, é que ele é considerado um herói mundial! No resto ele é mimado e sempre teve tudo o que quis!

_ Ei! Não gostei do seu tom!... Como você sabe dessas coisas se até eu abrir o livro você nem existia?

_ Você me deu todas as informações que eu precisava quando tocou o livro.

_ E onde fica esse tal esconderijo, então?

_ Ali! _ ele apontou para uma estátua de uma raposa em cima de um pilar _ Essa era a estátua de Charlotte!

_ ... nunca me perguntei o por quê dessa estátua... _ comentou Draco olhando bem para ela _ e como se abre?

_ Aponte a varinha para o nariz dela e diga “Abra”!

_ Abra! _ Draco fez o que ele pediu.

A estátua rangeu e ganhou vida. Pulou de cima do pilar e sentou-se ao lado esperando, enquanto no lugar em que ela estava, surgiu uma abertura.

_ Você primeiro! _ Disse Draco.

Amadeus desceu e Draco foi logo em seguida. A raposa continuou sentada ao lado do pilar.

_ Muito bem, meu amigo! _ um pessoa encapuzada saiu de trás de uma árvore e afegou a estátua _ Volte para o seu lugar e não os deixem sair!

A estátua voltou e ficou imóvel como sempre fora.


***

_ Esse túnel não acaba nunca?

_ Já estamos chegando!...Você reclama de mais!

_ Não precisava ser um esconderijo tão longe assim!

Eles continuaram seguindo o túnel até chegar ao seu fim. Onde ainda restava alguma coisa da velha porta que fora arrancada do seu lugar naquela noite.

_ Eu não queria Ter que voltar para esse lugar novamente... _ comentou Amadeus entrando na sala escura e úmida.

_ Lumus! _ sussurrou Draco e iluminou o lugar com sua varinha.

_ Ainda está do mesmo jeito que eu deixei. _ suspirou o espectro.

_ Você fez essa bagunça toda?

_ Eu estou querendo dizer que ela ainda não veio aqui. Talvez ela saiba que eu queimei o livro negro...

_ Se não tem nada que interesse aqui vamos voltar! _ disse Draco dando meia volta e saindo.

_ ... vamos! _ Disse Amadeus, dando uma última olhada pela sala e o seguindo.

No percurso de volta, agora iluminado pela luz de sua varinha, Draco percebeu que o braço direito de Amadeus estava começando a ficar nítido.

_ Olhe!

Amadeus percebeu o braço:

_ Droga! Temos que nos apressar! _ ele passou na frente de Draco e saiu do círculo iluminado.

_ Espera! _ Draco tentou o seguir.


***

_ Eles estão presos, senhor! _ disse a pessoa encapuzada se ajoelhando e curvando-se.

_ Tem certeza?

_ Sim! O garoto não tem força o suficiente para quebrar o feitiço que tranca a passagem, e o seu condutor não está totalmente materializado.

_ Muito bem! Agora vamos ao que interessa! Meus seguidores já partiram para cumprir minhas ordens. Tudo está indo como planejei!

_ Quando vou ganhar o que me prometeu?

_ Em breve... assim que tudo estiver acabado!


***

_ Anda Draco!

_ Eu... não... agüento...correr...desse... jeito! _ respirou Draco chegando a entrada da passagem, apoiando-se nos joelhos para não cair.

_ Eu tenho a mão da varinha materializada, ma não tenho varinha. Então por favor, abra logo a passagem!

_ A-abra! _ Draco ordenou, mas não aconteceu _ Abra!... Abra! Abra!... Abra, por acaso, não é ordem para quem está do lado de fora?

_ Não... alguém trancou a passagem.

_ E agora?

Amadeus permaneceu calado olhando para a passagem.

_ Quer dizer que não faz idéia de como nos tirar daqui?!

_ Acho... acho que sei! Espere aqui! _ ele desapareceu novamente, voltando pelo túnel.

_ Ah, sim... obrigado por me deixar descansar um pouquinho!... _ gritou ele se escorando na parede.

Amadeus não demorou muito. Draco ainda ofegava quando ele voltou carregando vários frascos.

_ Ei! Se você não ainda não se materializou, como consegue carregar essas coisas?

_ Eu não te tirei de entro do castelo? Trazer esses frascos não é nada comparado a te carregar!

_ Isso é um elogio?... _ Amadeus começou a ler os rótulos dos frascos. _ O que pensa em fazer?

_ Explodir a entrada!

_ Alô! Eu posso morrer aqui, sabia?

_ Droga! Não tem nenhum que cause um estrago suficientemente grande para abrir essa entrada!...

_ O que vamos fazer, então?

_ ... Ora, você não falou que também era um gênio? Pois então use essa sua virtude!

_ Eu sou um gênio! Mas na escola! Se esqueceu?

_ Então use o que você aprendeu durante esses quatro anos de escola!

Draco o encarou e aceitou a provocação. Apontou a varinha para o túnel escuro:

_ Accio! _ Um pedaço grande de madeira que ainda restava da velha porta, veio voando em alta velocidade para a direção deles.

_ ABAIXE-SE! _ eles se jogaram no chão no mesmo instante em que o pedaço de madeira passou zunindo por suas cabeças, e bateu com tudo na passagem.

Eles se levantaram tossindo pela poeira que o estrago causara.

_ Ah-há! Consegui! _ Exclamou Draco levantando-se e saindo.

_ Muito bem! Agora vamos! _ disse Amadeus saindo logo em seguida.

_ Aonde?

_ Vamos vasculhar aqueles baús! Eu preciso da minha varinha!

_ Não temos varinhas de parentes aqui na mansão. Geralmente é enterrada junto com o dono.

_ Não a minha! Acha que eu não pensei em todos os detalhes? _ disse ele gabando-se, enquanto seguia para a entrada dos fundos da casa dos Malfoy.


***

A casa estava totalmente silenciosa. Não se ouvia viva alma em nenhum dos andares.

_ A noite é sempre assim aqui? _ perguntou Amadeus.

_ Como vou saber? Eu durmo de noite! _ disse Draco o conduzindo para o quarto onde encontrou o baú do livro. Amadeus revirou os olhos irritado _ Mas... não tem nem ao menos um elfo perdido poraí... isso está muito estranho!

_ Era isso que eu queria dizer! _ falou Amadeus num muxoxo.

Chegaram no quarto. Draco novamente “acendeu’ sua varinha iluminou todo o local.

_ Ali! _ ele apontou para o baú cercado de outros livros largados de qualquer jeito ao seu redor.

_ É assim que você trata heranças de família? _ Amadeus pegou o livro de capa roxa com sua mão impressa.

_ Que eu saiba a herança mais importante está no banco.

_ No banco?... Acho que você iria se dar muito bem com a Charlotte!

_ É mesmo, vovô?! _ mesmo nessas circunstâncias, Draco não perdia seu sarcasmo.

De repente, e para o susto deles, ouvem o grito de Narcisa vindo de algum lugar.

_ Minha mãe! _ Draco foi até a porta e esperou para ouvir mais alguma coisa. _ Ela deve Ter pegado meus pais!

_ Ela está aqui! _ sussurrou Amadeus olhando para o livro _ Acho que vamos precisar disso ainda! _ ele entregou o livro par Draco e depois percorreu o olhar pelo quarto _ Aqui!

Ele pegou uma luneta antiga e, quebrando o a lente dela, retirou sua varinha de dentro.

_ Bom esconderijo, não?

_ ... Por que eu não peguei essa luneta ontem?...

_ Conseguiu destinguir de onde o grito vinha?

_ Acho... acho que foi da escada que leva para o terraço.

_ Então é pra lá que nós vamos!


***

O vento soprava forte no terraço da mansão Malfoy.

_ Oh, não! Chuva? Logo hoje? _ resmungou Draco logo que saíram para fora, olhando para céu que ostentava gordas nuvens cinzentas.

_ Lá estão eles! _ Amadeus apontou para a outra extremidade do local: Lúcio e Narcisa estavam amordaçados em um canto, sendo vigiados por uma figura baixa encapuzada. Pedro Pettigrew segurava Harry Potter, também amordaçado. E ao meio deles se encontrava quem menos Draco esperava ver nessa confusão:

_ É Você-Sabe-Quem! _ exclamou o garoto.

_ Quem? _ perguntou o espectro.

_ Muito bem Draco! _ Voldemort sibilou _ Sabia que vocês cairiam na minha armadilha...

_Sua armadilha? _ perguntou Amadeus perplexo.

_ Deveria confiar mais nos seus pressentimentos garoto... _ riu-se ele.

Amadeus e Draco permaneceram calados em posição de ataque não ousando mexerem um dedo. Voldemort continuou:

_ Sua irmanzinha poderia Ter sido um gênio para a sua época, mas nenhum gênio conseguiria sozinho um Livro Negro! Mas infelizmente você queimou o nosso... Quer explicar para eles minha cara?

A pessoa que estava vigiando Lúcio e a esposa, os fez flutuar alguns centímetros do chão com um gesto rápido de varinha. E se adiantando para frente de Voldemort tirou o capuz.

_ Charlotte? _ Draco ouviu Amadeus sufocar quando viu a cara, ainda transparente, de uma menina de treze anos.

_ Olá Amadeus! _ Ela cumprimentou gentilmente _ Quanto tempo, não? _ Agora sua voz era irônica, seus olhos azuis pareciam cintilar fogo e seu sorriso era o mesmo desdenhoso da família Malfoy. _ Realmente eu não contava com a sua intromissão nos meus planos. Esse seu encantamento me fez perder muito tempo irmão! _ queixou-se ela hipocritamente.

_ Porque veio atormentar essas pessoas Charlotte? _ Amadeus, pela primeira vez, parecia estar completamente perdido sem saber o que pensar.

_ Meu mestre pediu... _ disse ela indiferente dando os ombros _ não iria recusar! E essa época é muito mais favorável para mim.

_ O livro negro! _ exclamou Amadeus parecendo finalmente encaixar o quebra-cabeça.

_ Os vira-tempos modernos são muito úteis. _ Voldemort se divertia com a surpresa do espectro.

_ Não acha que eu comprei um Livro Negro de magia na Travessa do Tranco, acha? _ perguntou a garota fingindo surpresa _ Meu mestre me entregou, junto com tudo que eu precisava para executar a maldição.

_ O-o que vocês querem mudando assim a história? _ perguntou Draco olhando para seus pais, que pareciam ser os mais confusos com aquela situação.

_ Somente ele. _ o Lord das Trevas apontou para Harry _ Mudar minha queda seria muito difícil, mas mudar a vidinha medíocre do Potter foi fácil de mais. A única coisa que faltava era eu recuperar meu corpo, um feito que concretizei no final do torneio tribruxo.

Harry permanecia calado, mas o terror era visível em seus olhos verdes. Pedro sorria, divertindo-se com tudo aquilo.

_ A parte mais fácil, realmente, foi conseguir com que Draco encontra-se o livro! Seu papai aceitou esse trabalho, mesmo sabendo que enfrentaria sérias conseqüências.

Draco sentiu um aperto no estômago e relembrou o que o tinha feito entrar naquele quarto.

No dia anterior, ouvira seu pai comentando com sua mãe sobre certos artefatos da família que deveriam ser mantidos à distância do filho. Como todo o garoto normal, Draco com uma curiosidade enorme... Então seu pai havia concordado com tudo! Draco olho para o Lúcio dessa realidade, que nem ao menos entendia o que eles estavam falando. Conseqüências? Por que ele não tinha esquecido também?... “Seria melhor se tivesse mudado como os outros...” pensou com raiva. Mas, depois de olhar para Harry, o menino que desde o começo da vida enfrentou as artimanhas de Você-Sabe-Quem, reduzido a um garoto que não conseguia se mexer de tanto medo; percebeu que se houvesse ainda alguma esperança de fazer as coisas voltarem ao normal, somente ele poderia alcança-la.

_Não sei o que vocês estão tramando! _ Draco ouviu-se gritando _ Mas não vamos deixá-los irem até o final!

_ ... E... o quê um espectro e um calouro em bruxaria podem fazer para me impedir?
Voldemort estralou os dedos e no mesmo instante Draco e Amadeus foram cercados por chamas negras.

_ Droga! _ xingou Draco olhando a sua volta, mas quase ao mesmo tempo relembrando com um sorriso desdenhoso _ Podemos sair voando! O Lord das Trevas não tão esperto assim!

_ Draco espe... _ Amadeus tentou impedir, mas em vão.

Draco mal tinha flutuado no ar, quando as chamas cresceram e o impeliram novamente para o chão. Ele bateu com violência no piso de pedra, e sentiu um dor imensa no nariz. Meio atordoado, levantou-se com a ajuda do espectro, sentindo o sangue escorrer pelo rosto.

_ Não devemos subestima-lo! Ele pensou em tudo. Olhe... _ ele tocou as chamas com a mão que ainda estava transparente. As chamas emitiram pequenos fios elétricos que percorrera por toda a mão _ Eu não sinto nada, mas também não posso atravessar.

E agora? _ perguntou Draco tentando fazer o nariz parar de sangrar.

_ Eu... não sei! Eles estão com o controle da situação agora...

Draco olhou para as chamas que se fechavam o cerco sobre suas cabeças para impedir que saíssem.


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