Dia das Bruxas



Capítulo 02- Dia das bruxas


“Cobra
Eu sou a cobra
Tentando
Aquela mordida que você leva
Me deixe livrar sua mente
O deixe para trás
Não tenha medo
Eu tenho o que você precisa
Tenha fome e eu alimentarei”
(Devil’s Dance - Metallica)




Bellatrix Lestrange era uma mulher vaidosa. Não a ponto de ser narcisista como sua irmã caçula, já que tinha consciência que a sua beleza perturbadora era notada por todos e que não precisaria passar horas e horas em frente ao espelho atenta a qualquer detalhe que o tempo pudesse esculpir em seu rosto perfeito. Na verdade, a sua vaidade vinha do seu lado negro; de saber que era invejada por seus companheiros comensais, por saber que o Lorde Negro confiava nela. Vaidosa a ponto de sentir um prazer quase insuportável quando notava os olhares cobiçosos de alguns, quando o Lorde solicitava a sua presença e lhe apresentava alguns dos seus planos.


-Mandou me chamar, Milorde? - A comensal adentrou o escritório do Lorde das Trevas, inclinando a cabeça de maneira servil, os cabelos negros acompanhando o movimento. Contudo, os olhos não haviam se despregado do bruxo que estava sentado atrás da escrivaninha, acomodado numa poltrona confortável.

Desde que pousara os olhos sobre a figura alta e esguia de Lord Voldemort, que Bella sabia que não seria mais a mesma. Podia sentir, como se fosse um fogo que queima de maneira impetuosa, o poder que se desprendia daquele bruxo. Não era algo comum. As ondas de magia negra pareciam reverberar nela e sussurrar-lhe sedutoramente em seu ouvido, como o silvo de uma serpente que encanta a sua presa. Soube naquele momento que sua vida pertenceria à ele. Deixou que ele olhasse no mais fundo de seu ser e conhecesse todos os seus pensamentos, os seus desejos, os seus anseios. E ele percebeu que tudo o que se passava na cabeça de Bellatrix era direcionado à ele, Voldemort.

E a cada vez que se encontrava na presença de seu mestre, Bellatrix sentia a mesma ansiedade, a mesma expectativa percorrendo o seu corpo, como se fosse a primeira vez.

-Sim! - O Lorde se levantara de sua poltrona e dera a volta pela escrivaninha, parando em frente à sua serva. - Você é leal ao seu mestre, Bellatrix?- Sua voz era fria e um pouco aguda, e falava pouco acima de um sussurro.

-Sempre, mestre. Sempre! - A mulher respondera com convicção, colocando muita ênfase na palavra “sempre”, os olhos brilhantes de deslumbramento. - O mestre sabe que eu sou a sua serva mais fiel e que sempre o serei.

-Então você seria capaz de sacrificar a sua vida por seu Lorde, morreria pela nossa... causa?

Bellatrix ergueu o rosto e encarou os olhos de Lord Voldemort. Um calafrio atravessou o seu corpo, mas ela não deixara transparecer aquilo. Era quase prazeroso tentar ocultar o quanto suas pernas fraquejavam quando aquilo acontecia... Ela não sabia descrever a sensação de ter a mente invadida pelo seu mestre; de sentir ele tateando as suas memórias, os seus pensamentos. Mas ao contrário da maioria, ela não se importava com isso.

-Eu morreria pelo mestre!

Um sorriso satisfeito distorceu as feições viperinas do Lorde Negro ao ouvir aquela sentença. Um sorriso onde os lábios mal se moviam, mas que faziam o olhar semelhante ao de uma serpente irradiarem aquele brilho escarlate. Bellatrix adorava escarlate, sempre fora a sua cor favorita.

Bellatrix não era simplesmente mais uma comensal que estava em busca de glória e poder. Ela realmente acreditava na doutrina da pureza do sangue, acreditava cegamente naquilo, talvez por causa de sua criação no seio da família Black. E Lord Voldemort era a personificação das suas crenças. Como ela poderia não segui-lo?

-Tenho uma missão para você, Bella! - E a comensal não podia ter sentido satisfação maior, quando ouvira as palavras seguintes: - Uma missão que só pode ser confiada a você e que deverá ser mantida em sigilo para sempre. Até o seu túmulo!



Religiosamente, como se aquilo fosse ainda mais essencial do que respirar, Bellatrix renovara os feitiços de proteção que guardavam a relíquia do Lorde das Trevas. Sabia que naquela noite do dia das bruxas, a magia ficava ainda mais intensa no ar, quase palpável; por isso aproveitara o momento de solidão em seu quarto para isso.

Ele lhe dissera que aquele simples diário poderia, num futuro não muito distante, terminar a nobre missão de Salazar Slytherin, o maior dos quatro de Hogwarts. Sem pestanejar, sem questionar, a comensal aceitara com verdadeira honra aquilo, ter em seu poder e guardar com sua própria vida algo assim, tão valioso.

Escutou o ruído de passos pesados no corredor e guardou apressadamente o objeto dentro de uma caixa média com o brasão dos Black, onde Bellatrix costumava guardar alguns objetos de uso pessoal. Ninguém ousaria mexer em alguma de suas coisas e mesmo que tentasse, o diário que lhe fora confiado estaria bem guardado por poderosas maldições. Aquele era um segredo seu, nem mesmo Rodolphus saberia daquilo. O mestre confiava nela e aquela confiança não lhe seria tirada por nada e nem por ninguém.

Quando Rodolphus entrou no quarto, encontrou Bellatrix sentada em frente à mesa do toucador, escovando os cabelos negros. Ela parecia indiferente à presença dele, mas o seu olhar atento analisava cada passo do marido, que se aproximava lentamente de onde ela estava sentada. Sentiu ele afastar o seu cabelo para o lado, deixando-o todo acumulado em seu ombro esquerdo e, em seguida, algo frio lhe escorregando pelo colo.

Voltando a encarar o seu reflexo no espelho, Bellatrix viu que havia um delicado colar de prata trabalhada, com uma única safira de brilho hipnotizante ao redor de seu pescoço e repousando em seu colo. A mulher deslizou os dedos longos pela jóia, mas a sua expressão permanecia impenetrável.

-O que significa isso, Rodolphus?

-Não posso presentear mais a minha esposa? - Ele perguntou ironicamente, os dedos brincando com uma mecha do cabelo dela. - Apenas um agrado para você, Bellatrix!

Aquele era o modo do homem pedir desculpas pela sua grosseria, pelo seu ciúme descontrolado. Sabia que não poderiam ficar brigados por muito tempo, eram cúmplices, companheiros. Unidos num casamento onde um não sabia quem era mais interesseiro do que o outro.

E ele realmente sentia um orgulho extremo ao saber que era casado com uma das Comensais mais poderosas do Lorde Negro, sentia orgulho por ser invejado pelos demais. E fora ele que levara Bellatrix para aquele caminho, fora ele que lhe permitira aquela honra. Nada poderia tirar dele aquele orgulho.

-Narcisa o ajudou novamente a comprar as minhas jóias? - Bellatrix perguntou com deboche, voltando a ajeitar os cabelos. - Ela sabe muito bem que eu prefiro rubis.

-Eu sei disso, mas as safiras combinam com os seus olhos, querida! - E o olhar cheio de volúpia que Rodolphus lhe lançara, dizia claramente que ele esperava um agradecimento a altura pelo presente.

-Nós vamos nos atrasar para o jantar na casa dos Malfoy, Rodolphus!

-Ainda está cedo, nós temos tempo!


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-Belo colar, Bella! - Narcisa comentou, assim que o casal Lestrange entrara no hall da mansão Malfoy em Wiltshire e entregavam as suas capas de viagem para um pequeno elfo de olhos saltados como pires. - Dobby, guarde as capas dos nossos convidados e sirva-nos o nosso melhor vinho!

-Mamãe e papai já chegaram? - Bellatrix perguntou, olhando com desprezo a figura miúda e assustadiça de um dos elfos domésticos dos Malfoy.

-Sim, já chegaram, e nossos tios também, junto com Régulos!

E enquanto se encaminhavam para a espaçosa sala de estar da mansão, Narcisa comentava com os seus gestos comedidos as melhorias que havia feito ali desde que se mudara após o casamento. Era notável a mudança que se operara na caçula dos Black após o casamento: Narcisa, que sempre vivera à sombra da irmã mais velha e da mãe, agora parecia muito dona de si e da situação, nem lembrava mais a garota que, por trás da postura arrogante, carregava uma insegurança latente.

Um aroma delicioso de abóboras assadas chegava facilmente na sala de estar da mansão, onde Lucius e seu pai Abraxas Malfoy, Cygnus, Druella, Órion, Walburga e Regulus Black conversavam. O rapaz mais jovem parecia um pouco abatido, mas ostentava o seu sorrido arrogante quando viu a prima chegar com o marido.

Fazia pouco mais de uma semana que Regulus fora marcado a fogo pelo próprio Lorde, tornando-se mais um de seus comensais, mas até o momento não lhe fora entregue nenhuma missão. O rapaz não era capaz de descrever a ansiedade que sentia ante o que poderia vir a fazer, de mostrar o seu valor; a expectativa de provar que era superior, de tornar o seu nome conhecido por toda a futura geração de sua casa sempre nobre e pura.

O jantar em comemoração ao dia das bruxas transcorria de maneira comum, onde os homens conversavam sobre a política fraca do Ministério diante do perigo iminente declarado pelo Lorde das Trevas. Os comensais presentes no jantar se deliciavam com as maneiras desesperadas do Ministro da Magia em tentar manter a ordem durante o seu governo, fazendo comentários mal-intencionados sobre o assunto.

-Como se o que o Lorde das Trevas fizesse fosse algo abominável, não é mesmo? - Bellatrix comentou com sarcasmo, tomando um curto gole de sua taça de vinho. - O Ministério deveria lhe dar uma Ordem de Merlin por isso, já que irá lhe poupar o trabalho de nos esconder dos trouxas.

-Bellatrix! - Cygnus lançou um olhar reprovador à filha mais velha. - Você não deveria falar assim!

-Porque não? - A mulher arqueou as sobrancelhas, pousando o guardanapo sobre o colo e oferecendo sua taça para ser cheia novamente. - Estou dizendo alguma mentira por acaso?

-Bellatrix, você tem que aprender a ser mais sutil! - Lucius comentou, recebendo um gesto de concordância de Rodolphus. - Não se pode sair dizendo uma coisa dessas por aí. Podem até pensar que você é uma aliada do Lorde das Trevas. Já pensou nesse absurdo? -Completou com ironia.

-Por mim eu não ficaria me escondendo por aí, fingindo ser uma coisa que não sou! - Bellatrix sibilou tão baixo, que ninguém foi capaz de ouvi-la.

Prevendo que dali poderia sair alguma discussão inflamada, Druella interveio, mudando completamente o rumo da conversa:

-Mas nos conte, Cissa, querida, como tem sido a sua vida em Wiltshire...

As mulheres da família acabaram por entrar nos assuntos corriqueiros da vida doméstica, para desespero de Bellatrix. Aquilo era muito tedioso. Tão tedioso, que cinco minutos depois os homens se recolheram no escritório de Lucius, para continuarem a discussão interrompida.

As vozes de Druella e Narcisa chegavam nos ouvidos de Bellatrix, sem que ela se desse conta do que realmente elas estavam falando. Vez ou outra Walburga se manifestava, normalmente com seus comentários mordazes e irônicos. Será que o futuro de Bellatrix era se tornar uma mulher tão ou mais amarga do que a tia? Às vezes a comensal se pegava pensando nisso. As duas eram tão semelhantes...

-Eu ainda acho, Cissa, que mármore negro ficaria melhor no piso do salão...

Será que aquelas mulheres só sabiam falar daquilo? Havia tanta coisa que era mais importante do que aquilo e tudo o que elas sabiam falar era sobre coisas pequenas e fúteis.

-Mas mamãe, mármore negro deixaria a casa muito escura!

E então, finalmente acontecera. Começara muito sutilmente, no principio uma leve ardência que foi crescendo e crescendo até se tornar uma dor latejante em seu antebraço esquerdo e que logo depois explodiu com uma força surpreendente. Não podia ver caveira e serpente enegrecendo em seu antebraço, a manga do vestido escuro não permitia aquela visão; mas ela conhecia muito bem aquela sensação: o mestre a chamava! Tinha ímpetos de sorrir diante daquilo, gargalhar, extravasar aquela sensação de plenitude.

Discretamente, e Bella sabia que quando sua mãe e Narcisa entravam em alguma daquelas discussões fúteis, perdiam a noção do mundo, ela se encaminhara para o escritório da mansão. Assim que abrira a porta, encontrara o olhar expectante de Régulos, como se não soubesse o que fazer. Provavelmente a marca negra também estaria ardendo nele.

Ela aproximou-se da poltrona onde Rodolphus estava sentado e se inclinou sobre ele, deixando Cygnus, Órion e Abraxas levemente curiosos.

-Está queimando! - Ela sussurrara simplesmente, com a expressão imperturbável no rosto bonito. Rodolphus fizera um gesto quase imperceptível com a cabeça, como se quisesse dizer o mesmo.

-Bellatrix não está se sentindo muito bem, vamos voltar para casa! - Rodolphus anunciou para os outros, lançando um olhar cheio de significado para Lucius e Régulos. -Vamos, querida?

Os lábios finos de Bellatrix curvaram-se num sorrisinho que esperava ser despretensioso:

-Vamos logo!


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Poucos minutos depois, Bellatrix, Rodolphus e Régulos aparatavam em frente a uma imponente casa senhorial em Sheffield.

No exato instante em que seus pés tocaram a grama aveludada da propriedade, Bellatrix teve a mais absoluta certeza de que não se tratava de uma construção bruxa. Não sentia a magia no ar, nem os possíveis encantamentos que poderiam estar protegendo a casa de pessoas como... ela, por exemplo!

Foi quando sentiu o primo ofegar ao seu lado e parecia que um choque elétrico havia atravessado o seu corpo. Não precisaria olhar para trás, para ter a certeza de que o seu Mestre estava se aproximando.

-Milorde! - Inclinou a cabeça, fazendo uma discreta reverência, assim como os outros dois que estavam com ela. Bella quase era capaz de ouvir o seu coração martelando em seu peito, a adrenalina correndo velozmente em suas veias.

A figura alta de Voldemort se aproximou mais ainda, um sorriso de satisfação transformando as suas feições, deixando-o ainda mais apavorante, enquanto encarava os três comensais presentes. Lucius não fora convocado daquela vez.

Voldemort se voltou para o rapaz mais jovem. Os seus olhos vermelhos procuraram penetrar nas defesas do jovem Black e viu que ele não lhe oferecia resistência. Quase tão dócil e servil quanto um elfo doméstico. Mas o rapaz não poderia reclamar, afinal, a marca que ardia em seu braço era muito mais atraente do que os trapos esfarrapados daquelas criaturas.

-O que temos que fazer, mestre? - Rodolphus perguntou, enquanto os quatro observavam a calmaria presente no bonito casarão.

Apenas algumas poucas luzes estavam acesas no que parecia ser a sala de estar. Lamparinas feitas com abóboras estavam dispostas ao longo do caminho que levava a porta da frente.

-Apenas uma simplória comemoração pelo dia das bruxas! - O Lorde respondera maldosamente.

-Trouxas! - Bellatrix ofegara, excitada.

-Não simples trouxas, Bella! - Voldemort advertira, como se repreendesse uma criança que roubara doces antes do jantar. - Já passou o tempo em que acabávamos com trouxas inúteis e sem importância ao acaso. Temos de concentrar as nossas energias em conquistar aquilo que nos interessa.

-E quem teremos de visitar nessa noite, Milorde? - Rodolphus perguntou, enquanto se aproximavam da casa.

-Um figurão da alta sociedade britânica. - Voldemort respondeu com indiferença. - Eu avisei ao Ministro da Magia que tomaria medidas drásticas se os meus pedidos não fossem atendidos. Acho que ele não ficará muito contente se houver desentendimentos com o Primeiro Ministro, já que ele prometera que nada iria interferir no mundo trouxa. Tolos!

Régulos sussurrara um feitiço e a porta abrira com facilidade, sem produzir ruídos. O som animado de conversas vinha do interior da casa, para onde os bruxos das trevas se encaminharam com passos leves.

O estado de surpresa que se espalhara na família - um casal e o filhinho de sete anos - de trouxas que jantavam, não poderia ser descrita. Também, como não se impressionar com a súbita aparição de quatro figuras encapuzadas em sua sala de jantar, na noite do dia das bruxas? Aquilo era surreal demais e George Smith, dono do casarão senhorial, tinha a nítida impressão de estar preso dentro de um daqueles filmes de terror.

-Mas o que diabos...? - O homem esbravejou, levantando-se e encarando os encapuzados e tentando disfarçar o seu temor.

-Veja, até que o trouxa tem alguma coragem! - Bellatrix zombou, soltando uma gargalhada.

-Do que você me chamou? - Smith indagou. Sentiu os dedos pequenos e macios de seu filho tocarem sua mão e olhou para a criança.

-Papai, é alguma brincadeira do Halloween?

-Sim, criancinha, é uma brincadeira bem divertida! - Bellatrix lançara um olhar rápido para Voldemort, como se pedisse permissão para o que fosse fazer. Rodolphus também se aproximou, apontando a sua varinha para a mulher de Smith, que permanecera estática por todo o tempo.

Em segundos, os gritos de dor e desespero provenientes da agonia da Maldição Cruciatus encheram as paredes da casa. Régulos observava, com os olhos levemente arregalados, a varinha erguida de chofre.

O garotinho se encolhera num dos cantos da sala de jantar, chorando baixinho, totalmente apavorado. Ele não estava gostando daquela brincadeira, queria que aquilo acabasse. Achou que o seu choro havia surtido efeito quando, depois de longos minutos, os gritos estridentes de sua mãe haviam cessado.

-Black, você já lançou alguma vez, uma Maldição Imperdoável? - Voldemort perguntou para o rapaz mais jovem.

-Sim, senhor! - Régulos respondera, os olhos pregados no homem que lutava bravamente para resistir à maldição cruciatus lançada por sua prima. Nunca pensara que um trouxa pudesse ser tão determinado. - Mas apenas em animais, nunca em pessoas!

-Mostre para mim que você é capaz. Você já tem a Marca Negra em seu braço, mas isso ainda não é o suficiente para mim. Mate!

Régulos olhou para Bellatrix e depois para Rodolphus. Os dois pareciam incentiva-lo com sorrisos perversos. A insegurança consumia o jovem, mas ele iria até o fim. Aproximou-se do local onde Smith estava caído, ofegante, o olhar suplicante lançado a ele.

-Não, eu não quero que você o mate! - Voldemort ordenara com sua voz fria e aguda. - Eu quero que você mate ele! - e apontou para o garotinho encolhido no canto do aposento.

-Mas mestre, é apenas uma criança! - O jovem murmurou, a voz trêmula.

-Não, não é apenas uma criança. - Bellatrix respondera bruscamente. - É um trouxa miserável e repulsivo, que não tem o direito de respirar o mesmo ar que nós. Mate-o, o mestre ordenou!

Voldemort fizera um movimento com sua varinha e uma cadeira se postara atrás dele. Sentou-se confortavelmente, tamborilando os dedos longos e pálidos nos braços da cadeira.

Régulos ofegou. Aquilo era um teste, um teste para saber se ele realmente seria capaz de ingressar no serviço das trevas. Será que ele seria capaz de proferir uma maldição da morte sem cometer erros? Será que ele conseguiria reunir ódio e força ao mesmo tempo para assassinar o garotinho? Ele precisava fazer aquilo. Ele tinha que fazer aquilo. Era uma questão de matar ou morrer.

Apontou a varinha para o garotinho...

...nunca mais seria capaz de esquecer a expressão de pavor que brilhava naqueles olhinhos azuis...

... suor escorria por debaixo de suas vestes negras, fazendo a varinha escorregar em suas mãos trêmulas. Não, ele não era um covarde, era tão ou mais capaz do que Sirius; ele iria conseguir. Não iria decepcionar sua mãe.

... O garotinho soltara um soluço...

... ele não tinha que temer nada, ele era um Black...

-Avada Kedavra!

E o corpo do garotinho desabara sem vida no tapete felpudo, fazendo companhia ao de seus pais, igualmente assassinados.

Atordoado, Régulos acompanhara Rodolphus, Bellatrix e o próprio Voldemort para os jardins da propriedade. A lua cheia iluminava os canteiros que não floresceram e o vento frio do outono parecia trazer o sussurro agoniado dos mortos.

-MOSMORDRE!

Rodolphus conjurara a marca negra no céu, amaldiçoando mais uma casa com o símbolo da morte, tão fria e assustadora. O brilho da névoa esverdeada, que ascendia cada vez mais alto, parecia ocultar o brilho das estrelas; o que de certa forma era uma ironia.

E antes de desaparatar, Voldemort sorrira de maneira cruel para o seu mais novo servo:

-Bem vindo aos Comensais da Morte, Régulos Black!


~~//~~//~~//~~


N/A: Se eu disser que escrevi esse capítulo praticamente todo ontem, dá pra acreditar? Nossa, baixou A inspiração. Tudo bem, não falei taaaanto assim da Bella e nem dos supostos casos que vão rolar nessa fic, mas essa relação da Bellatrix com o Régulos vai ser importante para o desenrolar da história. (calma, ela não vai atacar esse priminho, não.. rs =D). acho que já ficou até claro o motivo, não?

E eu sei que é até um pouco clichê essa coisa de ataques no dia das bruxas, mas eu não resisti. E devo acrescentar que o meu lado pervas veio à forra com aquela cena do garotinho...arre, to com medo de mim...rs... Se eu peguei pesado me perdoem, mas eu não acho que o Voldemort e seus Comensais fossem vilões do tipo novela mexicana... (e eu tenho que parar de ler coisas russas, tá me afetando muito..rs)

Ahh, obrigadinhos às pessoas que comentaram a fic, fiquei bem feliz mesmo. Pra quem me desejou boa sorte no vestibular, um obrigado duplo. Sim, eu passei e ano que vem serei uma estudante de letras (a pessoinha aqui não se cabe de felicidade). Obrigado pelo apoio.

Grande beijo e até o próximo!

Happy Halloween!



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