Ato V - Cena I - Rufai Tambore



N/A: Posso dizer que é o meu ato favorito. n.n. E um dos meus capítulos favoritos também. XD.

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Ato V – Os Ensaios


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Cena I – Rufai Tambores


-Esse vento de que falais nos afasta de nós mesmos. A ceia já acabou e chegaremos tarde demais. – a voz de Amus Digorry ecoou pela rua imersa numa tênue e aconchegante penumbra. James o encarou com um ar ligeiramente sombrio, as tochas que agora iluminavam o caminho deles tremeluziram devido à brisa que soprava timidamente sobre os seus rostos.

-Temo que cedo demais, – ele começou numa voz pesarosa. – pois meu coração pressente que alguma fatalidade, suspensa no entanto nas estrelas, começara amargamente seu terrível curso nesta festa noturna e porá fim à desprezível vida que trago em meu peito graças a um golpe vil da prematura morte. Mas, Aquele que governa o leme da minha existência guie a minha nave! – ele apressou o passo e deixou-se sorrir de modo vago. – Vamos, alegres senhores!

-Rufai tambores!


Eles caminharam até a suntuosa entrada da casa dos Capuleto, desaparecendo ligeiramente do cenário. James fechou os olhos quando percebeu que o “holograma” estava girando e agora dava uma plena visão da sala da casa dos Capuleto para aqueles que se encontravam sentados a um canto da sala. Mirou meio de esguelha a massa de cabelos rubros que lançava um olhar perdido para o roteiro em seu colo e permitiu-se sorrir.

- Sede bem-vindos, cavalheiros! – a voz fria de Lestrange o despertou vagamente dos seus pensamentos e o rapaz voltou-se para ele; seu sorriso se transformando, por breves instantes, em um presunçoso. – As damas cujos artelhos não são martirizados por calos, darão uma volta convosco! Minhas senhoras! Qual de todas vós se negará agora a dançar? Aquela que se fizer de delicada, jurarei que tem calos! Não acertei em cheio? Bem-vindo, cavalheiros! Em meus bons tempos, também usava máscara e sabia sussurrar histórias nos ouvidos de uma bela dama...

James sentiu uma mão em seu ombro e encontrou o rosto de Sirius próximo ao seu.

-Certamente, como ator, o Lestrange morreria de fome. – sussurrou, fazendo James menear a cabeça e prender o riso. – E eu acho que não devo considerar uma bela dama a minha priminha Bellatrix.

James gargalhou gostosamente. Lestrange parou de falar e lançou olhares de profundo ódio para os dois marotos. Rita bufou de raiva e ralhou com os dois, parando o ensaio por alguns instantes.

O sermão para cima de James e Sirius perdurou por mais um período, mas, aparentemente, nenhum dos dois – principalmente o primeiro – não estava dando muita importância a isso.

-Ela não lembra a Minnie? – Sirius indagou, enquanto ocupava o lugar ao lado de James, ainda aos sons dos sermões da Rita Skeeter.

- Hum-hum. – James assentiu vagamente, observando uma ruiva situada a algumas cadeiras ao lado.

- Então, a próxima cena será a primeira que você vai atuar com a sua amada ruivinha, não é?

- Hum-hum.

- Ansioso?

- Hum-hum.

- Nervoso?

- Hum-hum.

- E você planeja fazer alguma coisa?

- Hum-hum.

- Você pode me dizer o quê?

- Hum-hum.

Sirius revirou os olhos.

- Você só sabe dizer isso?

- Hum-hum.

Sirius bufou de raiva, mas, logo depois, esboçou um sorriso suspeito...

James voltou-se emburrado para ele, enquanto massageava o local atingido pelo delicado e amável tapa de Sirius.

- O que foi, Sirius!? – grunhiu rapidamente.

- Você estava ouvindo alguma coisa que eu estava falando?

- Hum-hum. – ele disse, olhando de esguelha para Lily.

- Prongs! – Padfoot exclamou, indignado. O amigo pulou de susto e voltou-se para ele exibindo um ar assassino.

- O que é?

- Quer parar de olhar a ruivinha? Daqui a pouco ela desaparece de tanto você seca-la com os olhos.

James sentiu o rosto corar um pouco.

- Ela está nervosa. – ele comentou, depressa. – Isso deve significar algo, não é?

Sirius passou a mão pelos ombros de James e o abraçou com um meneio de cabeça.

- Caro Prongs, você não tem salvação... – ele o encarou com um ar desesperado. – Só espero, sincera e honestamente, que você não resolva encarnar o próprio Romeu e passar dia após dia suspirando pelos cantos, rimando amor com dor e dizendo “Ai de mim”! – ele recitou num tom completamente dramático.

James suspirou penosamente, tentando esconder o ar risonho.

- Ai de mim, tristes horas são tão longas...

Eles se entreolharam e gargalharam gostosamente.

- Ah, cala essa boca! – ralhou Sirius, ainda rindo.

- Calem a boca, vocês dois! – a voz já irritada de Rita Skeeter se sobrepôs aos risos dos dois amigos, ao que eles imediatamente se calaram; ao passo que os murmúrios dos outros colegas ainda perduravam. – Vocês ouviram alguma coisa do que eu falei?

- Por que eu tenho a ligeira impressão de que ouvi essa frase antes...? – James indagou, encarando Sirius de soslaio.

- Potter? Black?

Os dois curvaram os lábios em iguais sorrisos.

- O que você acha, querida Skeeter?

- Não? – ela indagou com uma sobrancelha arqueada.

- Não é que ela pensa, Prongs? – Sirius voltou-se para James num ar comicamente alegre, arrancando risos dos presentes.

- Vejamos, então, o que eu ia dizendo... – Rita continuou a falar com eles, sem perder a pose. A voz sibilante da garota foi se perdendo e sumindo da mente de James, enquanto ele encarava o chão de mármore a sua frente...

- Eu desisto de falar com vocês. – ela suspirou, ajeitando os cabelos, ao notar que Sirius puxava uma conversa com Marlene e James olhava vagamente para um ponto no chão e não ela. Novos risos foram ouvidos. – Vamos continuar o ensaio.

Como se tivesse sido anteriormente combinado entre as quase quarenta pessoas presentes naquele recinto, fez-se um profundo silêncio.

Lily inspirou profundamente e o seu rosto foi adquirindo uma aparência pálida enquanto as palavras “Ato I – Cena V” dançavam à sua frente tal como um fantasma a assombra-la.

- Evans? Potter? – a voz de um tom sibilante e agora adocicado de Rita Skeeter ecoou pelo recinto, fazendo com que Lily se dispersasse do seu pesadelo e passasse a observar discretamente algo muito pior: James Potter. – Vocês foram os únicos que não se levantaram ainda. – ela completou como uma criança que cutuca perversamente uma fera enjaulada e acha graça nos rugidos aborrecidos da mesma.

James, por sua vez, estava com uma feição pensativa. Aparentemente em um “mundo paralelo”, como Sirius mencionou num sussurro para Remus e Peter, fazendo-os prender o riso.

O rapaz foi acometido de um tênue sobressalto quando presenciou aqueles orbes verdes fitando-o com plena curiosidade e lançou-lhe um sorriso, que não se sabia ser maroto ou nervoso, para logo depois abandonar o ar pensativo e se levantar calmamente do local em que estivera sentado.

- Evans? – Rita insistiu com um sorriso debochado nos lábios.

Lily desejava que um buraco se abrisse magicamente aos seus pés naquele exato momento em que percebera que era o centro das atenções do salão inteiro. Arrancando toda a dignidade que ela conseguira dentro de si, ela levantou-se meio relutante e empalideceu quando constatou que Rita colocara James Potter estrategicamente no centro da sala dos Capuleto.

- Hum, Evans, posso dar uma palavrinha com você, antes de tudo? – James questionou com a voz extremamente rouca e quase se embolando nas palavras. Lily sentiu o rosto ferver perante as ovações e assovios que preencheram a sala.

- Ah... Tudo bem. – ela falou, um pouco alto demais, a fim de se sobrepor a balburdia que se instalara no local. James esboçou um sorriso para ela e aproximou-se da ruiva a passos lentos.

Lily mordeu o lábio inferior quando ele a segurou pelo pulso e a puxou para um canto do cenário – mais precisamente o pequeno corredor que levaria até o banheiro feminino. Rita fez um comentário maldoso, no que Lily bufou de raiva. Na melhor das oportunidades, ela sabia que não hesitaria em apertar aquele pescoço dela e sufoca-la até a morte.

- Potter, sua mão está gelada. – ela sussurrou para ele, arqueando uma sobrancelha; o olhar nervoso correndo por entre o recinto imerso numa penumbra acolhedora.

James não disse nada por alguns segundos, apenas se preocupou em solta-la, deixando-a entre ele e a parede. O maroto apoiou as mãos nas duas pias em formato de concha que estavam situadas em ambos os lados da ruiva e esboçou um fraco sorriso. Lily não gostou nada daquilo...

- O que você quer?

- Conversar com você. – ele disse num sussurro. – A sós. – aumentou o tom de voz, lançando um olhar fuzilador para um ponto atrás de si e Lily notou os milhares de “peixes” de enormes cabeças que despontavam por entre os minúsculos recifes do suntuoso aquário que dividia as duas alas.

Havia também cadeiras estranhamente mais próximas e – não se sabe como – situadas dentro do banheiro, enquanto no vão da porta, várias cabeças se punham acima das outras para espiar recinto adentro.

Houve um murmúrio de desaprovação e um “Hey! Eu sou seu amigo!” exclamado por um indignado – mas não menos escandaloso – Sirius Black.

James voltou-se para Lily e ela percebeu que ele estava levemente constrangido. Ficou um tanto incomodada com o fato e se limitou a admirar o reluzente distintivo de monitor-chefe que ele trazia no peito.

- Olha... – a voz dele foi quase um sussurro e ela viu-se, instintivamente, aproximando-se mais dele a fim de ouvir melhor. O distintivo reluziu ainda mais e ela percebeu que ele, aparentemente, o polia regularmente. – Eu sei muito bem que eu não sou o melhor dos garotos para você. Então, se você quiser que eu desista do papel de Romeu, ou então se quer declarar a desistência do papel de Julieta, eu não vejo problema algum. – ele passou a mão pelos cabelos e suspirou, não mais se apoiando nas pias em formato de concha. – E você já me beijou uma vez e percebeu que não é tão ruim quanto você imaginava que seria. – ele completou e ela lhe lançou um olhar meio discreto, percebendo então que ele curvara os lábios num sorriso. Lily sentiu ganas de esgana-lo junto com a Skeeter.

- Vocês já se beijaram!?

Os devaneios de um casal – um rapaz de cabelos arrepiados e uma moça de cabelos loiros – suplicando por misericórdia enquanto serviam de ingredientes para uma poção de uma massa de cabelos ruivos e olhar maníaco foi interrompido bruscamente.

Indignada, Lily voltou-se para o que achara ser a dona daquela voz e percebeu que quase todos estavam se espichando exageradamente a alguns metros de James, a fim de captar qualquer coisa da conversa e que o cenário do banheiro – aparentemente – se desmanchara por conta própria, não havendo, então, nada que deixasse a conversa mais privativa. A vontade de pular em cima do pescoço daquele maroto de cabelos arrepiados triplicou, mas ela apenas se limitou a soltar o ar pela boca de uma vez só, produzindo um leve ruído. Uma nova pessoa estava servindo de ingrediente para a poção que a massa de cabelos ruivos voltara a preparar.

- Qual foi a parte de a sós que você não entendeu, Jorkins? – James indagou, ainda de costas, e Lily constatou que os olhos dele chisparam. Ele não queria ser ouvido?

- Pode nos contar como foi, Potter? – aparentemente, a garota não ouvira a mensagem de “Não se meta onde não é chamada” implícita na frase do maroto.

- Creio que isso só deva interessar a mim e a Evans. – ele lhe lançou o seu mais irritante sorriso; mas, mesmo assim a garota não aparentava desistência.

- Vocês estão namorando?

- Claro que não! – Lily se controlou para não berrar, já se encontrando vermelha de raiva... ou seria de vergonha?

James fitou Lily com um sorriso suspeito, mas a ruiva entendera a mensagem perfeitamente. Ainda não... Controlou-se para não afundar até o chão ali mesmo. “Eu não devia ter cometido a loucura de ter beijado o Potter...”.

- Não? – Bertha insistiu, tirando - não se sabe de onde - um bloquinho de notas e um pergaminho. – Conte-nos mais sobre isso, Evans. Se você não está namorando James Potter, por que resolveu beija-lo?

O maroto riu quando percebeu que Lily estava borbulhando de raiva. Passou a mão pelos cabelos e, lançando um último olhar à ruiva, voltou-se para a garota, que se ajeitou no lugar de ansiedade.

- Não viemos aqui para ficar discutindo sobre o fato de eu ter beijado ou não o Potter, Jorkins. – resmungou Lily, antes que James se manifestasse. – E, do mesmo modo, eu creio que a vida é minha e não é de sua conta o que eu faço ou deixo de fazer nela.

Um assobio longo e surpreso ecoou pela sala e a garota olhou feio para a ruiva, guardando a pena de qualquer maneira no bolso da capa.

- Que grossa. – murmurou Rita, aparentemente decepcionada por ela e Bertha terem perdido o que seria a matéria do século.

- Se você está querendo saber como é beijar o Potter, Skeeter, não sou eu quem vai dizer como é. Prove você mesma e descubra.

- Então, você confessa que já beijou James Potter? – Bertha insistiu.

Lily bufou de raiva e crispou as mãos com uma fúria reprimida.

- Vá à merda, Jorkins. Eu já disse que isso não é da sua conta. – ela olhou irritada para a face risonha de James. – E, Potter, quieto!

- Eu não estou fazendo nada, Evans. – ele prendeu o riso.

- Mas pretende fazer! – ela retrucou, muito vermelha. – Você está se divertindo com a situação.

- E o que isso tem a ver? É proibido rir, agora?

- Eu sei muito bem essa sua felicidade, Potter. Mas... – ela apontou o dedo em riste para ele. – escute bem o que eu vou lhe dizer: uma graçinha; uma graçinha que seja da sua parte, e você irá se arrepender de ter se metido comigo! – ela corou furiosamente. – E eu quero que seja técnico! – comentou num sussurro, fazendo James franzir o cenho, confuso.

- Como...?

- Técnico, Potter. – ela abaixou o tom de voz. – Beijo técnico. – alguns risos foram prendidos e Lily revirou os olhos; James agora a encarava numa feição ligeiramente cética.

- Existem técnicas para se beijar alguém agora, Evans?

- Claro que sim! Você deve agir como um profissional e não como um adolescente movido a hormônios.

James soltou um fraco riso.

- Mas, Lily, eu sou um adolescente movido a hormônios.

- Controle-se, então! – ela disse, ligeiramente rouca, em meio aos risos dos outros presentes no recinto. – Eu não quero que o beijo que vamos encenar passe disso!

James esboçou um sorriso presunçoso em resposta.

- Espere e verá, Evans.

-Potter! – ela murmurou, já muito vermelha.

- Por que vocês não param de discutir de uma vez e partem logo para a ação? – Sirius pronunciou com um tom implícito de malícia na voz. James, ligeiramente corado, encarou o amigo e os dois esboçaram iguais sorrisos marotos.

- Black! – Lily bradou, furiosa.

- Como você vai fazer, James? – Sirius continuou, aparentemente, ignorando a repreensão da ruiva e fazendo alguns dos presentes rirem gostosamente. – Tem de ser perfeito.

- Bom... – James esboçou um sorriso trinta-e-dois dentes, fazendo algumas garotas suspirarem quando ele acompanhou o ato com um passear da mão pelos seus cabelos rebeldes. – Eu estive pensando em...

- James Potter! – Lily se controlou para não gritar. O rapaz gargalhou junto com Sirius.

- Evans, eu só estava brincando.

- Eu estou cansada das suas gracinhas, Potter. – ela olhou feio para ele e depois encarou Sirius, que ainda ria. – E as suas também, Black! – o maroto automaticamente parou de rir.

- Que mau-humor, Evans. – ele comentou de modo displicente, fazendo a ruiva reprimir um grito de raiva. – É só um beijo! – completou, entediado. – Não tem nada demais nisso! – ele pareceu analisar por breves instantes. – Tudo bem, você vive em guerra não-declarada com o James há séculos, ele sempre te chama para sair e há muito quer ter a oportunidade ideal para te agarrar... e, bem, ele parece ter encontrado, mas... – James olhou feio para Sirius, que sorriu debochadamente. – é só um beijo!

- Black, se você falar essa frase mais uma vez, vai se arrepender de ter nascido. – ela falou, lembrando-se da tarde de alguns dias atrás. Automaticamente, lançou um olhar significativo para James, que ergueu as mãos e deu de ombros, num gesto mudo de proteção.

- Mas, Evans, é só um beijo! – ele repetiu, aparentemente, não dando atenção a frase da ruiva. Um raio vermelho passou um pouco acima da cabeça de Sirius, fazendo-o se abaixar de susto.

-Hey! Isso podia ter me atingido, sabia? – protestou, enquanto a ruiva ainda mantinha a varinha estendida em posição de ataque.

-O próximo será certeiro. – sussurrou com um brilho maníaco no olhar. Sirius engoliu em seco. – Bom, quem quer ser o próximo? – a ruiva completou de modo displicente, fazendo a maioria a encarar de modo incrédulo e os sonserinos resmungarem e fazer um estranho barulho com os lábios. James, aparentemente, não estava prestando muita atenção ao seu redor, pois mantinha um olhar perdido em um ponto qualquer do recinto...

- James, acorda! – Sirius gritou, fazendo o rapaz se sobressaltar. – Vai acabar babando!

Em meio a novos risos, James olhou de forma furiosa para Sirius, enquanto a ruiva guardava a varinha no bolso de modo triunfante.

- Isso não seria bom para o beijo de vocês... – ele sorriu de modo malicioso. – Apesar de que, é só um beijo, não é, Lily?

- SIRIUS BLACK! – ela gritou, enquanto os outros gargalhavam. – Você me paga!

- Ah, Evans, vamos... O Prongs – soltou o maroto com um ar malicioso, fazendo James parar de sorrir e voltar o olhar para ele. – só falta subir pelas paredes de tanta expectativa com essa cena.

- Padfoot! – James o repreendeu, muito vermelho.

- Ih, ele corou! – Bertha comentou, animada. – Não é todo dia que se vê James Potter corado.

- Ele treinou com algumas garotas, até... – Sirius disse, inclinando levemente a cadeira que estava sentado, deixando-a com dois dos pés para o ar.

- Ele treinou comigo! – uma garota que James não soube dizer o nome, comentou.

- Hey! Isso é mentira, Evans. – o maroto murmurou, lançando um olhar desesperado para a ruiva.

- Isso já tem muito tempo... – a garota pareceu rever. – Mas eu não me importo se você quiser treinar comigo agora, Jay.

- Er... – ele passou a mão pelos cabelos. – Não estou muito interessado no momento.

- Claro; podendo ensaiar com a ruivinha, por que ele estaria...? – Rita soltou de modo malicioso. Lily ficava vermelha a cada minuto.

-Realmente, Skeeter, você deve ter toda a razão. – Sirius murmurou em concordância. – Resta saber se a Evans está interessada também.

- Dizem que o James beija bem. – Rita deu de ombros, num ar quase maquiavélico. – Veremos por quanto tempo ela diz que o odeia.

- Chega! – apesar da voz da ruiva ter soado baixa, ela tremia. – Black, pare de gracinhas, ou você vai se arrepender delas pelo resto dos seus dias de detenção nesse recinto escolar. Skeeter, se você não quiser um olho roxo, sugiro que fique calada. Vocês outros, parem de rir ou eu azaro um por um. E, Potter, já aqui para ensaiarmos essa droga de cena!

- Estou indo, minha santa adorada. – ele disse num sorriso, fazendo Lily revirar os olhos e os outros prenderem o riso.

- Finalmente! – Sirius exclamou num ar entediado, levantando-se gradativamente do local em que se encontrava sentado. – Então, agora só precisamos por o cenário de volta, não é?

Remus levantou-se da cadeira num pulo e empalideceu brevemente.

- Sirius, er, eu não acho uma boa idéia... – comentou, ligeiramente amedrontado e receoso.

- Por que não? – ele encarou o amigo de modo incrédulo. – Relaxa, Remus! Não esquenta, eu sei o que eu estou fazendo.

- Eu sei que você sabe, mas o problema é que...

Mas, aparentemente, Sirius Black não o estava mais ouvindo. O rapaz ergueu a varinha de forma pomposa e murmurou o encantamento. O globo prateado chiou de forma ensurdecedora e as pessoas olhavam para cima de forma assustada.

- ... eu mudei o encantamento. – completou Remus, num fio de voz, fechando um dos olhos em sinal de temor.

- Mudou...? – Sirius disse numa voz ligeiramente tremida quando o globo chiou com mais força. – E por que você não me avisou antes?

- Você não me deixou! – retrucou rapidamente, afastando-se o máximo que conseguia do globo.

- VAI CAIR! – alguém gritou em sinal de desespero ao que todos berraram e protegeram as cabeças e se abaixaram. Ouviu-se um pipoco seguido de um cheiro que lembrava muito fios queimados. O objeto caiu no chão com um estrondo e uma esquisita poeira azulada pairou entre eles.

Sirius tossiu repetidamente e sorriu amarelo para a bagunça que certamente havia se instalado. Remus, ainda olhava feio para ele e só então o rapaz notou que havia caído em cima do mesmo.

- Desculpe. – disse completamente constrangido, se levantando e erguendo a mão para ajudar o outro a se levantar.

Remus negou a ajuda de Sirius, ainda exibindo um ar completamente fuzilador. Sirius alargou o sorriso constrangido e espanou displicentemente a poeira da blusa do amigo. Remus ainda o encarava da mesma maneira.

- Não deve dar muito trabalho em fazer outro globo, não é, Moony? – ele falou num murmúrio. – Sabe, todos aqueles cenários...

- Que não estavam completamente prontos...

- Ainda tinha as roupas...

- Que acabaram por ficar extremamente emboladas... – ele olhou para Sirius com um sorriso cínico, ao notar que ele estava vestido de frei.

- Hum, até que você fica bonito de Romeu. – Sirius comentou, dando tapinhas nas costas de Remus.

- Sendo que a apresentação é daqui a dois meses... – Remus ficava a cada minuto mais vermelho.

- Remus, foi sem querer... - Sirius disse, receoso. Remus Lupin irritado não era algo bom de se ver... muito menos de se ouvir.

- E eu tenho de começar tudo novamente.

- Eu te ajudo! – disse, rindo nervosamente. Pelo olhar que Remus lhe lançara ele soube perfeitamente que ele não queria a ajuda dele.

- Se você me ouvisse...

Mas Sirius foi poupado de um longo sermão ao ouvir um grito rouco que eles reconheceram ser de James. Remus e Sirius se entreolharam, temerosos. A poeira ainda não tinha se dissipado.

- Evans, está doendo! – ele exclamou, indignado, ao que todos riram. – Vai ficar roxo! Isso aqui é um braço, sabia?

- Potter! Foi tudo culpa sua! – Lily bradou, emburrada.

- Como...? Minha? – ele indagou numa voz comicamente incrédula e fina. Novos risos foram ouvidos. – Por que as culpas giram ao meu redor?! Foi o Sirius quem executou o feitiço!

- Hey! Não me meta nesse meio! – bradou Sirius, rindo. Remus olhou feio para ele como quem diz: “Não fale nada, a culpa foi sua!”, o rapaz sorriu amarelo.

- Mas você empurrou o Chang dizendo que ia me salvar... – ela bradou. – E quer me largar? – os outros riram.

- Por quê? Está tão bom aqui...

- Potter!

- Estou treinando a nossa cena da lua-de-mel, Evans. – o tom de voz malicioso. – Não quer partir para um treinamento técnico do ato da lua-de-mel também? – muitos gargalharam.

- Potter! – ouviu-se sons agudos de tapas e novos gritos indignados de James.

- Ai, Evans, isso dói! – mais risos. – Você tem a mão pesada, sabia?

- Potter, olha onde você põe a mão! – ela bradou, furiosa.

- Mas, essa mão não é minha... – ele falou confuso.

- Não...? – ela falou, surpresa. – Então... – ouviu-se o som de um tapa e uma risada rouca.

- Potter!

- Evans, não dá para eu sair daqui e minha perna está coçando, essa coisa pinica.

- Mas minha perna também está aqui! – ela resmungou em resposta. – Sirius Black, eu ainda te mato!

Todos os presentes começaram a murmurar entre si, já que a poeira azulada se concentrava no centro e impedia uma maior visibilidade de tudo o que estava ao redor.

- Ai, eu não mereço isso... – ela disse num tom completamente choroso. – Potter, fica quieto!

- Isso aqui está apertado, Lily... – ele resmungou, apesar de ter um tom malicioso implícito na sua voz. – Não que eu esteja reclamando, é claro...

- Potter! Tire sua mão daí!

Ouviu-se um gemido de dor, o que atiçou ainda mais a curiosidade dos presentes.

-Lily, você quase... – James murmurou, entre dentes. – E eu já disse que essa mão não é minha!

- É Evans e eu estou tentando me levantar, se você não sabe...

- Custava avisar...? – ele questionou, indignado. – Você quase... – ele suspirou. Muitos dos homens presentes esboçaram uma careta, entendendo perfeitamente o que James queria dizer. – E quer parar de se mexer...?

- Potter, eu não pretendo ficar presa aqui com você o resto do tempo... – ela murmurou, quando a poeira estava se dissipando brevemente. Todos arregalaram os olhos em sinal de curiosidade.

- Eu quero. – ele recebeu um novo tapa em resposta. – Ai, Lily, isso dói! – ele repetiu e ela bateu nele novamente.

- Isso foi pelo Lily, Potter.

- Acho que devo rever meus conceitos, se for para você ficar me batendo assim, acho melhor esperar pelo dia do nosso casamento... – alguns dos presentes riram.

A poeira dissipou de vez e muitas cabeças se aproximaram do centro do barulho com um extremo receio e curiosidade. Um bolo de panos azuis e vermelhos encontrava-se na frente deles e movimentava-se de forma rápida e inquieta. Sirius sorriu de forma maliciosa.

- Vocês silenciaram... O que estão fazendo aí?

- Ah, Black, cala essa boca e nos tira daqui! – grunhiu Lily em resposta. – E, Potter, tira a mão da minha...

- Não sou eu, Evans. – ele falou num resmungo aborrecido. – É você quem está esmagando minha mão e consequentemente...

- Suba essa mão, Potter! – segundos depois, um som de tapa ecoou e as gargalhadas de James soaram pelo recinto. – Eu falei da outra, Potter!

- Eu estou tentando pegar a minha varinha, Evans. – ele disse, ainda entre risos. – Eu bem sei que ninguém vai se dar ao trabalho de nos tirar daqui e se você continuar me batendo, vai acabar criando hematomas no meu braço. – muitos prenderam o riso. – Aliás, se você está com a mão livre, por que você não pega a sua?

- Por que a mão de alguém está em cima da minha... – a voz dela falhou completamente.

- Como...? – houve um movimento brusco, o que fez todos os outros crerem que James havia se sentado. Talvez, eles não estivessem não grudados assim...

- Potter! – ela bradou com a voz extremamente rouca.

- Evans... – ele falou num murmúrio apreensivo. – Essa mão está quieta...

Todos se entreolharam, assombrados.

- Meu Merlim, você matou o Chang!

- Não matei não! Ela está quente ainda. – ele retrucou, emburrado. – E você sabia que era ele e não fez nada para tirar a mão dele da sua... bunda?

Todos gargalharam.

- E você sabia esse tempo todo que podia se levantar e não fazia nada quanto a isso?

- Quanto a isso? – a voz dele soara maliciosa. – Quer dizer que você estava esperando que eu fizesse isso, Evans?

- Nos tirar daqui, é claro. – ela resmungou em resposta. – Quer pegar logo essa varinha?

-Você está sentada em cima da minha perna, Evans, como você quer que eu a pegue? Aliás, se você faz tanta questão de sair daqui... não que eu esteja incomodado... por que você mesma não pega a sua?

-Potter, eu estou de vestido, não posso simplesmente pegar a varinha. – ela pigarreou. – Ela está em um bolso interno.

-Melhor ainda.

-POTTER!

Todos riram e Remus revirou os olhos, estendendo a varinha para o bolo de panos. Sirius o impediu com um sorriso no rosto.

-Deixa, está divertido. – o maroto falou entre risos.

-Se você diz...

Remus respirou profundamente e guardou a varinha no bolso.

Perduraram-se alguns minutos de tapas, risos de James e resmungos de Lily, até que cabelos rebeldes despontassem pela cortina, seguido, segundos depois, por uma cabeça rubra.

A imagem de sorrisos maliciosos, James e Lily levantaram-se calmamente e começaram a retirar o resto do pano que cobria um corpo estirado no chão. O casal se entreolhou e depois encarou o corpo com um leve temor.

-Skeeter, acho que temos um problema aqui...

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N/A: Desculpem mais uma vez pela demora...T.T. Prometo que isso não vai mais se repetir e, na próxima semana, teremos mais um capítulo postado aqui. XD.

Bom, como já virou hábito... vamos a um trechinho do que está por vir no próximo capítulo.XD.

"-Então, santa adorada... – os dois pararam e os olhares se encontraram. O tom na voz de James tinha uma doçura que até então ela não conhecia. – deixai que os lábios façam o que as mãos fazem. – ele entrelaçou a mão a dela e ergueu-a a altura dos seus ombros, sorrindo de leve. – Orações, aceitarás, para que a fé não se mude em desespero.
-As santas são imóveis mesmo atendendo às orações. – James sorriu perante a resposta dela e Lily sentiu-se nervosa ante o olhar que ele lhe lançara. Um predador que espreita a sua presa...
-Não vos movais, pois, até minha prece efeito ter... – ele murmurou, fechando os olhos de forma gradativa e entreabrindo os lábios de leve."


Espero que gostem! Beijos e até a próxima!

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