The Last One



 


Naquela quente manhã de agosto, a clínica particular St. Ellens para Bruxos e Feiticeiros e a suíte presidencial 347 pareciam anormalmente pequenas para aquele seleto, mas ainda assim, barulhento grupo de jovens.


- Ela é tão gorda. – comentou Vail na sua habitual falto de tato, olhando para o pequeno bebê dormindo no berço.  – Parece um hipogrifozinho recém nascido.


Percebendo o olhar mortal que Vivian lhe direcionava lá da cama, ele sorriu.


- Um lindo hipogrifozinho, é claro. – concertou, indo se sentar ao lado de Doux e Frais nas poltronas do quarto.


 - Ela tem um dia, já decidiram o nome? – perguntou Doux depois de olhar para o bebê.


- Lucíola.


- Morgana.


Disseram os pais ao mesmo tempo, depois trocando olhares furiosos.


- Minha filha não vai chamar Lucíola/Morgana. – falaram juntos novamente, quase bufando agora.


- Lucíola é nome de biscate, Vivian. – argumentou o homem, apontando-lhe um dedo.


- Morgana é o nome da namorada do Shrek, Brendan. – ela retrucou, cruzando os braços. – Minha filha, decididamente, não vai ter o mesmo nome que um falcão fêmea.


- Até vocês decidirem isso, estão a chamando como? Bebê? – interferiu Emmy,  arqueando a sobrancelha, sentada no braço da poltrona de Fou.  – Eu gosto de Diana.


- Podia se chamar Kisawe, esse foi o nome da minha primeira vassoura. – fantasiou Vail, sorrindo meio sonhador.


Como se reclamasse do possível nome, a bebê acordou emitindo uns barulhos semelhantes a choro, sendo pega pela mãe.


- Eu prefiro Molly, ela tem cara de Molly. – comentou Frais, entrando na discussão.


- Molly é nome de vaca, querida. – comentou Doux.                  


- Molly é o nome da minha avó, mais respeito, viu?! – brigou a ruiva, fazendo cara feia para o amigo, que se encolheu com medo atrás da namorada.


- Podia ser Licanter, foi o nome da minha segunda vassoura.


Revirando os olhos, meio impaciente, Fou se levantou, quase derrubando a melhor amiga no processo.


- Vocês podem opinar o quanto quiserem, mas quem vai registrá-la sou eu, mesmo. E vou colocar o nome que eu quiser. Por falar nisso, estou indo registrá-la agora.  – dizendo essas últimas palavras, ele saiu em direção à ante-sala. – Papai já volta, Morg.


Emmy, Frais, Doux e Vail trocaram olhares e foram atrás dele, berrando suas próprias sugestões.  Vivian pulou da cama agilmente, nem parecendo uma mulher que acabara de dar a luz, com a filha nos braços e a entregou para o único ser humano restante ali. Bernard Zabine, claramente ignorando a discussão, estava parado num canto, escorado à parede, olhando para o teto, despreocupado.


- Cuida dela pra mim, Bernard. – ordenou, enfiando o bebê no colo dele. – Você não vai colocar qualquer nome brega na minha filha, Shmtson. – berrou também indo atrás de Fou.


- Mas.. – tentou dizer o moreno, porém a mulher já tinha sumido. - .. Eu nunca relei num bebê. – murmurou pra si mesmo, meio em pânico.


Pela primeira vez, o sonserino olhou o serzinho em seus braços que o encarava com grandes olhos azuis (idênticos aos do pai). Ela não era negra, como a mãe, e muito menos leitosa como o pai, era algo entre os dois, um moreno não claro, nem escuro. Bem pequena, mas ainda sim gordinha.


 – Olá, neném. Eu sou Bernard, mas você provavelmente vai me chamar de Tio Bernard.. – cumprimentou num sorriso meio amarelo. -.. o que é uma coisa muito brega, na minha opinião, por que eu só tenho 16 anos e não tenho cara de tio.


Só então, sentindo que não estava mais no colo quentinho da mãe, a garotinha contorceu a face, fazendo menção de começar um grande berreiro.


 - Ohh...shit! Não chora, não, por favor, bebezinho. – pediu desesperado, balançando-a de qualquer jeito no colo.


Na ante-sala a discussão corria solta, Fou berrava que Lucíola era nome de tintura de cabelo, enquanto Vivian ameaçava o colocar na prisão francesa dos bruxos se ele ousasse batizar sua filha com aquele nome de velha fofoqueira. Os outros berravam sugestões por cima dos xingamentos que os dois pais gritavam um ao outro.


Até que Frais parou, enrugando a testa.  – Alguém mais está ouvindo isso?


 Little Joanna's got big blue eyes                                                                          Coconut cream and coffee colored skin


Pequena Joanna tem grandes olhos azuis                                                                                                                             Pele cor de café com leite


Abruptamente a discussão cessou, e todos prestaram atenção no que ela dizia.


“Alguém estava cantando?” Em silêncio, abriram uma fresta da porta para o quarto. 


I could die when you’re lying in my arms
where castles are made of sand


 Eu poderia morrer quando você está deitada nos meus braços                               


Onde castelos são feitos de areia...


Bernard cantava quase sussurrando para o bebê, um meio sorriso no rosto.  Estava de pé perto da grande janela de vidro, olhando diretamente pra pequena.


Olhos azuis se fitando.


We start to dance
But only the music is bleeding when crickets replace the band


Nós começamos a dançar                                                                                                                    Mas somente a música está tocando quando grilos substituem a banda 


A garotinha parecia quase hipnotizada pelo rosto e voz dele. Prestes a cair no sono, ela ainda tentava ficar acordada o máximo possível.


You will always be my sunkissed trampoline,
You go up and down in my heart,
Turned into jelly beans


 Você sempre será meu trampolim beijado pelo Sol                                                                                                     Você faz meu coração subir e descer                                                                                                                     Transformando tudo em balas. 


Lá da porta, os olhos de Vivian e Frais se encheram de lágrimas, enquanto os homens faziam uma careta feia para Bernard. Por Morgana em trajes de banho, o playboyzinho tinha conquistado até o bebê ?!


 Emmy somente sorriu de lado, seu namorado às vezes fazia as coisas mais inesperadas possíveis.


And I'm starting to believe that danger's never near,
When Little Joanna is here.


E eu estou começando a acreditar que o perigo nunca está por perto,                                                                        Quando Little Joanna está aqui.


E finalmente, o bebê dormiu, segurando um dedo do adolescente na mãozinha pequena.


- Essa música é um clássico, cara. – comentou Fou entrando no quarto, e pegando a filha para colocá-la no berço.


- O baterista d’As Esquisitonas escreveu pra filha dele, há mais de uma década. Eu pensei que combinava com ela, e aí cantei. – o sonserino tentou se explicar, passando a mão na parte de trás do cabelo, meio desconcertado por ter sido flagrado.


- Bem, eu acho que já temos um nome, não é?! – perguntou a mãe, num sorriso radiante.


Resignado, o homem de cabelo roxo concordou com a cabeça.


- Bem vinda ao mundo, Joanna Shmtson, minha  Little Joanna.


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Mais tarde naquele dia, Emmy pulou pra fora do Porshee na frente de sua casa, e revirou os olhos para a cena que se desenrolava na porta. Seu pai, de braços abertos e em posição de defesa, tentava impedir sua mãe de passar.


- Draco, eu vou na minha empresa, quer você queira ou não. – a ruiva dizia batendo o ombro no peito do marido, como se tentasse arrombar uma porta.


Ele não se moveu.


- Ruiva, chaves de portais são ruins para a gravidez. – ele dizia calmamente.


- Não me obrigue a te azarar, seu.. – ela ameaçava puxando sua varinha das vestes, só então notando o carro parado ali na frente. – Emmy diga ao seu pai que ele está sendo estúpido.  – ordenou apontando o dedo.


A garota olhou para o pai, que apenas a encarou de volta por alguns segundos.  


- Mãe, o papai tem razão. – a filha replicou com um sorriso de lado idêntico ao do loiro.


Gina revirou os olhos e bufou. – Eu odeio quando vocês fazem isso. Tenho pena de você, Bernard, ela é igualzinha ao pai. E com a idade só tende a ficar pior.


E com esse comentário, ela deu as costas, desistindo de sair.


- E ainda sim você me ama. – Draco replicou abraçando a mulher pelos ombros e acompanhando-a.


Emmy riu e se voltou para o namorado que tinha a expressão assustada que ele passara a adquirir nos momentos mais estranhos desde o casamento de Blaise e Luna. Como quando ela tinha sorvete no nariz e ele tirou, ou quando eles voavam juntos e ela quase caiu da vassoura porque o vento jogou todo seu cabelo na cara, ou quando os dois simplesmente estavam juntos, abraçados, e em silêncio. a


- Você não vai entrar? – ela perguntou, gesticulando. – Akim está tão feliz que reencontrou a irmã Mika que ele anda fazendo as melhores comidas do mundo.


- Eu tenho outros planos. – respondeu olhando para as próprias mãos.


- Quais? – ela perguntou por que não se lembrava de ele ter comentado isso antes.


- Vou precisar reportar pra você todos os meus passos, agora? – respondeu grosso, fechando suas feições.


- Uou, você realmente quer brigar comigo por isso? – ela replicou calmamente, cruzando os braços.


O sonserino respirou fundo, bagunçou os cabelos nervosamente e finalmente a encarou. – Emmy, eu quero te dizer uma coisa que vem me perturbando há dias. – ela não replicou, apenas arqueou a sobrancelha, instigando-o a falar. – Eu..Eu..Eu..


- Você?


- Eu quero terminar com você. – ele disse rapidamente. – Eu não quero namorar sério tão novo. Quero sair com outras garotas e me divertir. É isso.


A ruiva também respirou fundo e apoiou as duas mãos no carro, para seus olhos ficarem no mesmo nível. Olhos cinza no azul, o garoto engoliu em seco.


- Tudo bem. – ela lhe ofereceu um sorriso de lado que o perturbou mais ainda. – Eu também estou com vontade de sair com outros garotos.


- Como assim? – o adolescente pareceu confuso, enrugando a testa.


Emmy, que já havia lhe dado as costas, lhe ofereceu um sorrisinho por cima do ombro. – Você realmente acha que eu não vou sair com mais ninguém por sua causa? – perguntou, e sem esperar a resposta, ela entrou porta adentro.


Bernard se orgulhou de ter conseguido esperar ela sair de seu campo de visão para começar bater a cabeça contra o volante repetidamente, murmurando as mais diversas maldições.


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Alguns meses depois..


Hogwarts


Os passos duros do adolescente quase afundavam o chão de pedra do castelo, o rosto pálido estava contorcido numa feição de ódio evidente, e seus olhos azuis estavam espreitados. Criancinhas fugiam, pessoas se espremiam contra a parede para não entrarem no caminho dele. E, por mais bonito que fosse, Bernard Zabine estava assustador naquele momento. 


Por entre seus dentes cerrados de raiva podia-se ouvir algo como “muita audácia”, “ruiva irritante”, “morte” e “tortura”.


- Cara, onde você esteve? Te procurei a manhã inteira.. – comentou Evan Rossier, um ser muito corajoso que ousou até colocar uma mão no ombro do primo, em forma de cumprimento. 


Há meses os dois passaram de uma convivência amigável a uma amizade cheia de cumplicidade. Ambos haviam crescido muito no verão, suas feições haviam se alargado, tornando-se quase sem traços infantis, tanto que agora chamavam muito mais atenção entre a população feminina do castelo, ainda mais por que eram solteiros meio ‘galinhas’.


- Por aí. – rosnou o moreno, e o amigo nem precisou olhá-lo mais de uma vez para saber que algo tinha acontecido, e o pior, saber o que tinha acontecido.


- Estamos indo atrás do Smith? – o loiro perguntou alegremente, ajeitando a mochila nas costas.


Ao ouvir isso Bernard virou-se tão rápido, que seu pescoço estralou.


- Você sabia e não me disse nada. – rosnou, espreitando os olhos. - Eu só não te mato porque não quero perder meu tempo com você. – disse com raiva, massageando o pescoço.


- Desculpe-me, mas é TÃO mais legal quando você descobre sozinho. Mês passado, por exemplo, você estourou uma goles na mão de tanta raiva.  – tentou-se desculpar, abrindo um sorriso amarelo.


Agora os dois passavam pelo corredor da aula de Aritimância, onde o sexto ano da Grifinória e da Lufa-Lufa tinha acabado de terminar seu último período da manhã. No meio do caminho, outro garoto se juntou a eles, meio ofegante pela corrida.


- Onde estamos indo? – perguntou James Potter, num sorriso animado ao perceber que as intenções dos amigos não eram das melhorem.


- Convidaram Emmy para ir a Hogsmead. – quem respondeu foi Evan, parecendo quase entediado com o assunto.  - de novo.


- E nós estamos indo, novamente, ameaçar arrancar a cabeça do infeliz se ele não desistir?  - retrucou o grifinório, arqueando a sobrancelha. – Você devia superar isso, cara. – falou para Bernard, que tinha acabado de afugentar um terceranista só com o olhar. – Vai fazer três meses que vocês terminaram.


James, porém, não recebeu uma resposta, já que haviam acabado de encontrar Brian Smith e seus dois amigos, bem no começo do corredor, vindos provavelmente de uma aula de Poções.


- Eu quase tenho pena do pobre corvinal. – comentou Evan com James, quando Bernard deu passadas maiores e mais largas, distanciando-se deles, enquanto puxava a varinha.


- SMITH, MEU RAPAZ! – a voz do Zabine trovejou pelo corredor inteiro fazendo o corvinal dar um pulo no seu lugar, derrubando alguns livros no chão.   – NÓS NUNCA TÍVEMOS A OPORTUNIDADE DE CONVERSAR, mas eu acho que esse é um ótimo  momento para nos conhecermos melhor.


Num rápido movimento, Bernard colocou o garoto de cabeça pra baixo no ar. Os amigos dele fizeram menção de ajudar, mas num primeiro sinal de movimento, os dois voaram e foram presos magicamente à parede de pedras.


- Vocês definitivamente não querem entrar nessa briga. – disse o loiro sonserino com sua varinha em mãos, de onde o feitiço havia vindo. Ele e o outro amigo, recostaram-se na parede, apenas observando, sabiam que Bernard queria fazer aquilo sozinho.


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Hospital St. Mungus, Recepção.


- Senhor, é melhor o senhor se acalmar e poderemos resolver tudo calmamente. – pedia o estagiário, a voz meio abafada por se encontrar suspenso no ar pelo colarinho de seu jaleco. 


O autor dessa proeza? Um homem alto, loiro, que possuía as feições bonitas de seu rosto transtornadas, os olhos quase negros de raiva, culpa, ódio.


- Você ainda não entendeu, não é mesmo?! Eu vou te explicar a situação: Minha mulher está lá dentro faz 4 HORAS e 20 minutos, e não me falaram nada. Eu quero que você vá lá e veja o que está acontecendo com ela, ou irei descontar toda a minha frustração com um bom estoque de maldições no seu traseiro, compreende?!


Assustado, e ligeiramente tocado com a história do loiro, o estagiário assentiu. Draco Malfoy sorriu de lado, pela primeira vez em horas, e soltou o pobre rapaz que saiu tropeçando corredor adentro. 


 Caminhou até as desconfortáveis cadeiras e sentou-se lá, esperando por noticias. Em meio a um turbilhão de sentimentos, um flash de algumas horas atrás lhe surgiu na mente.


- Aonde você pensa que vai? – ele perguntou enquanto assistia sua mulher, grávida de sete meses, sentar-se a mesa completamente vestida para sair.


- Comprar carne, de certo. – ela respondeu, revirando os olhos pra ele. E vendo olhos cinza se estreitarem, completou. – Trabalhar, Draco. Eu vou trabalhar.


- Não, você não vai. – o loiro contrapôs enquanto bebericava sua xícara de chá. – Viajar nesse estado de um país para outro é cansativo demais e pode causar danos a sua saúde.  


- Estou praticamente trancada aqui faz quase um mês, quero ver você me impedir de ir até a minha empresa. – a ruiva bufou, esfaqueando seu mamão, sem dó nem piedade.


- Na verdade, eu já te impedi. – ele comentou, num sorrisinho irritante, apontando um pergaminho em suas mãos. – De acordo com isso, você está proibida, de acordo com Leis Ministeriais a sair desse país magicamente. 


- Eu não acredito que você foi pedir ajuda pro meu pai. – com raiva, ela se levantou. 


- Gina, querida. – ele chamou, indo atrás dela. – Sua empresa ficará bem sem você.


- Você está me chamando de inútil? – ela berrou, seus hormônios na gravidez causavam mudanças de humor drásticas, a fizeram sair do modo muito brava, para o depressiva. –E provavelmente, me acha substituível também.


- Não, querida. Você.. – ele tentou, abraçando-a, prevendo o longo choro.


- Eu sei, é só porque eu estou gorda e vermelha, parecendo uma goles, não é?!  - continuou, a cada palavra contorcendo mais ainda seu rosto de porcelana.


- A goles mais linda que já vi. – no segundo que isso saiu de sua boca, ele soube que havia feito seu erro fatal.


- E VOCÊ AINDA CONFIRMA. – berrou, soltando-se dele com raiva e correndo pra fora da sala de jantar.


Nem um minuto mais tarde, quando ele procurava por ela em uma das Alas da casa, um elfo doméstico apartara, lhe dizendo que a Senhora Malfoy havia tentado subir a escada principal correndo, se desequilibrara e rolara os doze degraus que havia subido.


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Hogwarts


- Eu já sei o que você fez, e isso não foi bonito. – disse Daphné para a irmã, em tom de repreensão, assim que as duas se encontraram no corredor das aulas para irem juntas até o Salão Principal almoçar.


- Eu só aceitei sair com um cara, não é o fim do mundo.  – retrucou laconicamente, mas um sorrisinho irritante quase escapando. – Não pretendo ir para um templo de sacerdotisas virgens, você sabe disso.


- Você tem um namorado. Um bem possessivo, diga-se de passagem. – contrapôs meio irritada. 


- Eu tinha um namorado, loira. Até a alguns meses atrás quando ele decidiu que havia nascido para ser um playboy idiota, e T-E-R-M-I-N-A-R comigo. 


A loira revirou os olhos, ajeitando os cabelos, meio cansada daquela relação de sua irmã e seu melhor amigo.


- Você sabe que ele vai ficar irritado, não é?!


Antes mesmo que a gêmea ruiva pudesse responder, os cabelos lanzudos de Alethia surgiram no caminho das duas, barrando-as.


- Correção, prima, ele não VAI ficar. Ele ESTÁ muito irritado. – contou meio ofegante, já que havia corrido do primeiro andar até o quinto, atrás delas. – E ouvi rumores que está tendo uma briga no corredor de Aritimância. Vamos logo antes que Bernard não deixe nem rastro de Smith pra contar história. – dizendo isso, saiu as arrastando pelos braços.


-  Não seja exagerada, Alethia.  – a outra ruiva disse meio entediada. – Não fique superestimando o Zabine, ele não é tudo isso.


- Aritimância? James está lá perto, eu espero que ele dê um jeito nessa história pacificamente. – foi a vez de Daphné falar, os olhos meio estreitos, pensando como iria azarar o namorado se ele estivesse brigando NOVAMENTE. Os sonserinos, definitivamente, haviam estragado o pobre Potter.


As outras se entreolharam e Alethia se manifestou com um olhar cético direcionado a prima loira que era esperançosa demais, em sua concepção.


- Eu sei que James está lá, junto com Evan provavelmente, e é por isso que eu temo ainda mais pela integridade do pobre Smith.


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Bernard bufou com muuuita raiva. Aquela garota havia brotado do chão ou algo no estilo?! Ele estava muito feliz há dois minutos quando estava prestes a  começar a azarar Smith, e eis que surge aquela fulaninha lançando-lhe um Expelliarmus pelas costas e berrando algo sobre acabar com a tirania Zabine.


Aquela filha de uma mantícora. 


- Você nunca mais irá azarar alguém nesse colégio, Zabine. – disse a morena num tom épico de herói do século XV, levantando a varinha. – Eu me cansei de seus abusos.


- Você está achando que é quem, garota? – o garoto respondeu meio incrédulo, arqueando a sobrancelha. 


- Catlyn Morgs(1), aquela que acabará com sua raça. – dito isso lançou um primeiro feitiço, dando tempo somente de o garoto pular para o lado e desviar.


Ali ao lado, James e Evan observavam a cena, tão espantados pelo súbito aparecimento da garota que nem haviam notado que ela tinha libertado além de Smith, seus dois amigos.


- De onde aquela garota surgiu? – perguntou o moreno, passando a mão nos cabelos e bagunçando-os ainda mais.


- Você reparou que ela fala como se fosse um daqueles super-heróis dos quadrinhos? – riu o loiro, coçando a bochecha.


- Eu repa... OPA! Que diabos foi isso?! – berrou James quando um jato amarelado passou rente a sua orelha e só não o acertou, porque ele desviou num último instante.


Os dois olharam para o lado e repararam nos amigos de Smith de varinhas em punho, apontando para eles.


- Isso vai ser fácil até demais. – quem falou foi Evan, rodando a varinha entre os dedos.


- Não vai ter nem graça. – complementou o grifinório, com um sorriso de lado, e também tirando a varinha de dentro do bolso.


Um minuto e quatro jatos de luz depois, Smith e seus dois amigos estavam presos à parede de cabeça pra baixo. James e Evan sorriram entre si e olharam para seu outro amigo, este desviava de um oitavo jato de luz rosa que a garota corvinal lançava. 


- Agora, azara a garota. – mandou o loiro, cruzando os braços.


 - Eu não vou azarar uma garota, vai contra os meus princípios. – retrucou, também cruzando os braços. – O sonserino aqui é você.


- Eu não bato em garotas, a não ser que elas peçam. – disse num sorriso malicioso, ignorando a cara de nojo que James fez. – Quem vai fazer o serviço sujo então?!


- Daphné! - exclamou de súbito, arregalando os olhos, olhando para um ponto às costas do amigo.


- Daphné? Duvido que ela queira bater em alguém, você sabe, pode estragar a unha ou bagunçar o cabelo. MAS se nós falássemos que a garota deu em cima de você..– tagarelou, contando nos dedos as possibilidades de um plano-super-maligno-de-manipular-Daphné-e-salvar-o-pobre-Zabine.


James, que perdera o dom da fala, somente apontou um dedo trêmulo para as costas do amigo. 


Evan virou-se e deu de cara com suas três amigas com rostos espantados olhando para a briga. Ele não poderia culpá-las, aquele não era o típico cenário das brigas deles em Hogwarts. Bernard correndo e desviando de feitiços NÃO fazia parte do script.


 Bem, e como bom primo, ele não poderia abandoná-lo num momento como aquele, certo?!  E como James parecia bastante ocupado tentando se livrar do esporro que a namorada lhe daria por brigar mais uma vez, e Alethia, como boa monitora, tentava retirar os corvinais da parede, só lhe restava uma última opção. 


- Ruiva, você poderia me fazer um grande mega super duper favor?! – pediu, juntando as mãos e abrindo um enorme sorriso de pedinte.


Em resposta, recebeu uma arqueada de sobrancelha e entendeu aquilo como um incentivo para continuar.


- Você poderia, em nome de todas as Santidades, salvar o Bernard daquela situação vergonhosa? – apontou dramaticamente para o moreno que já tinha dois pequenos cortes no rosto e alguns furúnculos na mão esquerda. 


Emmy sorriu indecifrável, cruzando os braços e escorando-se numa parede muito próxima ao local da briga, tanto que podia se ouvir tudo que a garota falava, ou melhor, xingava Bernard.


- Não, apanhar constrói o caráter. Talvez o ego dele diminua depois de apanhar de uma garota.  – disse em tom de fim de discussão, dando um meio sorriso para o loiro.


- Então, nós vamos nos encostar aqui e assistir Bernard apanhar? – perguntou indignado, quase fazendo um bico.


- Ainda bem que você entendeu o espírito da coisa, bom garoto. – disse como quem fala com um cachorro, voltando seus olhos para o ‘duelo’ de uma pessoa.


Bernard acabara de dar uns passos para o lado, e olhar rapidamente para seu primo, meio suplicante.


- Desmaia a garota, Evan. Eu não quero bater nela. – pediu em voz alta com um pouco de esforço, ele ofegava de tanto fugir.


- Eu também não quero bater numa garota. – defendeu-se o loiro também em voz alta, e depois apontou para a ruiva ao seu lado, em tom de explicação. – Ela também não quer.


A cara que o moreno fez foi de dar dó, mas não amoleceu a ex-namorada.


- Pare de fugir! – berrou Catlyn avançando pra mais perto do sonserino. - Eu irei acabar com você,  vidro de laquê mutante.


Emmy piscou, descorando da parede, e olhou diretamente pra garota. – Perdão? Do que você o chamou?


- Vidro de laquê mutante. – quem respondeu foi Bernard, quase sorrindo.


- Evan. – chamou a grifinória, falando perigosamente com pausas. – Eu acabei de mudar de idéia.


Dizendo isso puxou a varinha, fazendo dois acenos cruzados com ela.  Um jato de luz branco em forma de X atingiu a garota na barriga, arremessando-a quase pela metade do corredor.


- Entenda uma coisa, garotinha. Você o odeia, eu compreendo. MAS só eu posso chamá-lo desse jeito.  – disse sem sorrir, e constatando que a garota tornava a se levantar, a varinha também em punho.


Aproveitando a distração momentânea, Smith se jogou em cima de Bernard no método trouxa, já que sua varinha estava com Catlyn.


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- Onde ela está?? Onde? – berrou uma loira descontrolada, entrando no St. Mungus, atrás dela um homem moreno tentava acalmá-la.


- Luna, meu amor, pense no bebê e se acalme querida. Nós vamos achar Gina, okay?! – ele pedia quase desesperado, colocando as mãos no ombro da amada que nitidamente se acalmava com o toque dele. 


Antes que ela fosse completamente acalmada, seus olhos azuis encontraram Draco Malfoy sentado numa das desconfortáveis cadeiras da recepção do local e sua raiva fumegou novamente.


- MALFOY! – ela berrou, chamando a atenção do homem para si, enquanto trotava até ele. – O QUE POR MALDIÇOES VOCÊ FEZ PARA MINHA AMIGA DESSA VEZ?


O loiro não respondeu, apenas contentou-se em voltar sua atenção para o chão, seus olhos baixos, culpado.


- ME DIGA, CARAMBA!!! – gritou, enquanto praticamente se debruçava sobre o homem sentado, apontando-lhe um dedo no meio do nariz. – SE ALGO ACONTECER COM ELA EU VOU... AHHH. – ela se interrompeu, levando as mãos até seu ventre protuberante. – ...eu vou ter o bebê. – falou, olhando para a água que escorria pelas suas pernas.


Enquanto Blaise entrava em modo de desespero e as enfermeiras acudiam a mulher em trabalho de parto, Draco soltou uma risada seca. Algumas pessoas pararam para olhá-lo, enquanto a risada se transformava num ataque. “Do que diabos você está rindo?”, todos os olhos ali lhe perguntavam.


Controlando-se, ele respondeu a pergunta silenciosa. – Essa é a segunda mulher que eu faço entrar em trabalho de parto só hoje.


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A professora McGonagall respirou profundamente e contou, mais uma vez, quantos dias restavam até a formatura daqueles seres. Céus, eles ainda estavam no sexto ano.


- Foi tudo culpa dele, professora. Esse idiota é quem arruma briga como hobbie. – a ruiva bufava, olhando feio para o garoto ao seu lado.


- E a senhorita Morgs foi parar na enfermaria por culpa do Sr. Zabine, eu suponho. – a mulher comentou sarcasticamente, fazendo os três garotos presentes rirem.


- E se eu fosse vocês não ficaria tão animada. Brigando como trouxas, Sr. Zabine, eu preciso lhe dizer o quão selvagem isso é? – brigou, se forçando a não gritar e bater a cabeça dele na mesa pra ver se algum juízo entrava ali.


- Aquele corvinal andou mexendo com o que não devia. – o sonserino bufou, cruzando os braços. Emmy levantou o braço, pedindo permissão pra falar, a senhora acenou com a cabeça permitindo.


- Eu posso, por favor, bater na cara dele, professora? - ela pediu educadamente, um sorriso perigosamente doce, a mão fechada já preparada para disparar o golpe.


- Não, senhorita Malfoy, você não tem permissão para atacá-lo. – respondeu depois de algum tempo, se culpando mentalmente por realmente ter considerado permitir. Então, ela se virou para os dois garotos remanescentes. – E quanto a vocês dois, Potter e Rossier, é esse o exemplo que os monitores dessa escola dão aos alunos mais novos? Duelando em pleno corredor?


- Alguém ia ter que ensiná-los algum dia, professora, não é melhor que sejam, pelo menos, as autoridades a fazê-lo? – o loiro respondeu na sua voz mais charmosa.


Respirando fundo novamente, ela massageou suas têmporas, sentindo a enxaqueca chegando. – Eu realmente não sei uma punição suficientemente ruim para todos vocês, já que a suspensão dos times de quadribol não parece ter adiantado. – o garoto Rossier respirou para fazer um comentário, mas foi interrompido. – E não se preocupe que o diretor da casa de vocês me deu pleno poder para puni-los, como ele próprio disse, ‘da forma mais cruel, humilhante e (...)’ – e a velha senhora foi interrompida por uma batida urgente na porta e o súbito aparecimento de Daphné Malfoy, parecendo muito corada e aflita.


- Nosso. Irmão. ‘Tá. Nascendo.  – ela disse rapidamente, respirando com dificuldade pela corrida e olhando para Bernard ela complementou. – E. O. Seu. Também.


- Sérios? – a ruiva estranhou. – Mas a mamãe não tem nove meses ainda.


- Eu sei, parece que ela caiu da escada. – ela disse, quase chorando e se virando para a professora. – Dumbledore já autorizou a ida minha, da minha irmã e do Bernard via Floo para o St. Mungus. E eu só vim buscá-los.


Então, como se tivessem sido ordenados, os dois levantaram ao mesmo tempo e saíram da sala, antes mesmo da mulher ter aberto a boca.


A senhora de quase oitenta anos se jogou na sua cadeira, e massageou as têmporas novamente, mandando que a deixassem sozinha, sendo prontamente atendida pelos dois garotos.


- Quatros setenta dias.. Quatrocentos e setenta dias.. – ela repetiu pra si mesma, como um mantra.   


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Os três adolescentes correram pelos corredores do hospital até encontrarem as suítes 556 e 558. As gêmeas entraram na primeira e encontraram sua mãe muito pálida sentada na cama encostada em seu pai, que a abraçava por trás e murmurava algo repetidamente.


- Draco, pela milionésima vez, não foi sua culpa. E tudo está bem comigo e com o bebê, então, cale a boca. – a ruiva murmurou fracamente, dando um pequeno sorriso ao marido.


Ao bebê ter sido mencionado, os olhos das duas percorreram o cômodo pra encontrá-lo numa espécie de caixa de vidro ao lado da cama. E elas não perderam tempo em correr até ele.


- Irmãozinho liindo. – a loira disse emocionada, dando um tchauzinho para o pequeno embrulho azul deitado lá dentro. – Eu sou a Daphné, sua irmã preferida e mais legal.


- Barbie, não minta, nós duas sabemos quem será a preferida. – a ruiva replicou com um sorriso, encarando o bebê que mantinha os olhos fechados. 


Draco e Gina sorriram para a cena. – Vocês duas vão poder pegá-lo mais tarde, ele tem que ficar ai dentro com alguns feitiços o protegendo por que foi prematuro, mas ele é tão saudável que os curandeiros disseram que vamos embora amanhã. – o loiro disse, ainda sorrindo.


- E a Tia Luna? – Emmy perguntou, mas antes que qualquer um pudesse responder a porta foi aberta abruptamente e Luna, em toda a glória de uma cadeira de rodas, entrou, também segurando um embrulho. Blaise a empurrava com um sorriso estúpido no rosto e Bernard vinha atrás, as mãos nos bolsos, olhando apenas pro seu irmãozinho.


- Vamos fazer as apresentações? – a loira disse alegremente, quando parou ao lado da caixa de vidro. Vendo a cara de interrogação de todos os presentes, a loira explicou. – Como obviamente eles serão melhores amigos, tem que ser apresentados, não?!


Assim, ela levantou o próprio bebê, até que os dois rostinhos tivessem da mesma altura.


- Blake Alexando Zabine conheça Thomas Draco Malfoy. – ela disse e, como se para mostrar que tinha entendido a apresentação, o bebê loiro abriu a boca e pôs se a chorar estridentemente.


Entretanto, antes que qualquer um o alcançasse, o choro parou abruptamente. Emmy nunca soube se foi sua imaginação ou não, mas por um instante pareceu que os olhos azul escuro de Blake encontraram os verde de Thomas, e isso fizera o choro do bebê cessar.


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Um ano e alguns meses depois..


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- Eu não vou usar isso, Daphné. – a ruiva disse pela milionésima vez, fazendo a outra ruiva no cômodo rir.


Aquela noite era especial para todos os alunos acima do quinto ano, se tratava do Baile da Primavera, uma idéia implementada por uma aluna americana filha de trouxas há quase dez anos atrás e que havia virado tradição na noite anterior à formatura dos setimanistas. Alethia e Daphné se arrumavam nos aposentos de Monitora-Chefe dessa última.   


- Mas, Alethia, vermelho é a sua cor. –choramingava, balançando o vestido na cara da outra, para sustentar sua afirmação.


- Então, que tal você usar o vermelho pra cobrir mais partes do meu corpo, assim eu não sou presa por atentado ao pudor?! – a loira fez a sua melhor cara de cachorro coom-fome-abandonado-no-frio, até a prima finalmente sucumbir com um suspiro miserável. – Tudo bem, eu uso, mas quem vai me tirar da cadeia vai ser você.


Daphne sorriu e acenou freneticamente com a cabeça, já começando a maquiar a garota mais nova.


- Vocês já estão meia hora atrasadas. – Emmy comentou lá da cama onde ela estava muito bem acomodada, usando jeans velhos e rasgados, tênis sujos e uma camiseta do seu time de quadribol em Beauxbatons. Aparentemente ela não iria ao baile. – Os garotos devem estar impacientes ali embaixo.


- James e Evan vão sobreviver alguns minutos esperando. – Daphné comentou distraidamente, dando uma poção para alisar os cabelos à Alethia.


– Eu ainda não entendi como você e Evan resolveram ir juntos. – comentou, finalmente se sentando na cama para observá-las se produzirem.


- Eu nem planejava ir por causa do meu namorado, mas ele me implorou, já que não estava afim de aturar alguma maluca falando sem parar sobre futilidades. – perante o olhar incrédulo da prima, ela deu de ombros. – Pois é, parece que ele se cansou da vida de galinha.


- Na verdade, Evan está apaixonado. – a loira comentou, como quem fala sobre o tempo, atraindo olhos arregalados pra si. – Vocês não perceberam? Ele vive dando suspiros, parecendo uma garotinha de escola primária. E quando eu perguntei, ele disse que o irmão da garota o mataria 208 vezes se ele tentasse algo só depois o ressussitaria para torturá-lo e aí matá-lo novamente, além de ela não gostar dele. Pobre Ev.


As três não puderam conter uma pequena risada, quando um garoto que já dispensou mais garotas que muitos podem contar, se apaixona e não é correspondido é como se a justiça estivesse sendo feita no Universo.


Minutos mais tarde, quando as duas já se preparavam pra sair, Daphné olhou mais uma vez para o corpo jogado na sua cama. – Você tem certeza que não quer vir, irmãzinha? Eu consegui que aquela banda que você tanto gosta tocasse, aqueles bruxos americanos famosos lá.


- Não, Barbie, eu estou cansada pra ir nesse troço. – ela resmungou com um travesseiro na cara. – Vou ouvir eles lá do Lago.


 A loira sorriu meio triste, sabia muito bem o porquê da ruiva não ir, e se dependesse dela, essa situação seria mudada rapidamente. - Eu tenho mais uns quatro vestidos no meu guarda-roupa, caso você mude de idéia.


E com isso, as duas primas desceram as escadas de encontro aos seus pares, um estranho brilho de determinação nos olhos da loira.


--


Os quatro amigos adentraram o Salão, observando o ótimo trabalho realizado por Daphné e seu colega de Monitoria Chefe, um corvinal calado e muito estudioso. Tudo tinha sido ricamente decorado com flores, cascatas de água caindo nos cantos mais reclusos e o céu do salão ricamente estrelado. A primavera estava sendo lindamente representadas ali, até mesmo na mesa de comidas, cheia de frutas e outros alimentos coloridos e saudáveis. Como tradição de todo Baile de Primavera, as roupas eram de trouxas. Os garotos com smokings e as garotas com vestidos trouxas e Cardigans que combinavam com a gravata de seus pares.


E enquanto Alethia, James e Evan admiravam os arredores, a loira se focava em seu alvo, que não foi difícil de encontrar, já que sua companhia que usava um vestido azul elétrico que poderia ser visto a duas milhas de distância NO ESCURO. A gêmea Malfoy se forçou a tirar os olhos daquele insulto ao Mundo da Moda e colocar toda a sua atenção naquele ser infeliz que ela conhecia há bons 17 anos, aperfeiçoando sua melhor face intimidadora.


É de conhecimento popular que Daphné Malfoy nunca foi uma pessoa paciente. Tome como exemplo quando ela tinha oito anos e Bernard havia pegado sua boneca preferida e, como boa peste, ele voou sobre a cabeça dela balançando o brinquedo. A pequena loira usou magia não-voluntária voluntariamente para derrubá-lo no chão e resgatar sua amiga boneca.


E naquela noite, depois de mais de dois anos agüentando aquela situação irritante, ela chegou a conclusão que Bernard estava pedindo pra ser derrubado de sua vassoura novamente. A vassoura, no caso, sendo seu ego gigantesco. Com esse pensamento, ela praticamente arrastou o namorado até seu alvo.


- Olá Bernard. – ela disse, enquanto ele e James se cumprimentavam em algum toque de mão típico de garotos. Notando como os olhos do amigo não tão discretamente vasculharam o salão por uma cabeça ruiva, ela suspirou pesadamente. – Ela não veio, seu grande idiota. Ela se cansou de esperar.


O sonserino que preferiria dar banho em um basilisco a admitir que estava procurando por Emmy, deu a Daphné seu melhor sorriso inocente. – Eu não sei de quem você está falando. 


O tom despreocupado dele foi a gota d’água, a loira ouviu seu último fio de sanidade se quebrar com um SNAP, dentro de sua cabeça. Daphne avançou literalmente, levantando-o pela gola de suas vestes, conseguindo tirá-lo alguns centímetros da cadeira, e quase rosnando suas próximas palavras. – Você pode enganar a todos, a Emmy, e até você mesmo, mas eu te conheço desde sempre, seu babaca estúpido, e sei que você está morrendo de medo de até mesmo pensar sobre o que você realmente sente por ela. – Bernard tentou mostrar por um olhar o quanto aquilo era mentira, já que naquele momento todo seu suplemento de ar estava sendo cortado por mãos pequenas e delicadas. – E eu sei que você acha que tem tempo, mas você não tem. Ela vai embora e você não vai vê-la nos próximos anos, então use seu pequeno cérebro pra escolher o que você prefere: enfrentar seus medos ou viver sabendo que ela se foi.


E, então, ela finalmente, o soltou, fazendo-o respirar fundo pra compensar os minutos sem o fazê-lo. Sem esperar respostas, ela sorriu para o namorado que a encarava admirado. – Vamos dançar, querido? – pediu num sorriso brilhante, enquanto a banda começava uma música nova, já o puxando pra dentro da multidão que nem havia notado sua tentativa de assassinato para com um colega de casa. 


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(N/a: Música da banda: I’d Come for you.)


O adolescente fechou os olhos e nada delicadamente, deixou sua cabeça encontrar com a mesa, milhares pensamentos estavam rodando dentro de sua cabeça, a estúpida estúpida estúpida música não ajudando em nada, a imagem de Emmy gargalhando parecendo se distanciar cada vez mais e as palavras de Daphne rodavam.


Ela vai embora.


VAI.


 EMBORA. .


- Eu sempre achei que somente Emmy Malfoy era louca. – uma voz parecendo distante lhe fez levantar a cabeça para dar de cara com o rosto perfeitamente maquiado de seu par. – Mas parece que é algo de família, não é, Bê?! – completou numa risadinha maldosa.


Diversas imagens passaram em frente dos olhos do moreno. O primeiro jogo de quadribol, as brigas, os beijos, os duelos. Tudo que ele havia vivido com ela até uma única imagem se focar. Olhos cinza o encarando por cima do ombro nu, enquanto ele delineava com a ponto dos dedos horríveis cicatrizes.


Quase como um chute em seu estômago, um diálogo voltou a sua memória e o fizeram se levantar num pulo e correr para algum lugar muito específico, sem nem ao menos se despedir da garota que continuara sentada na mesa.


- Eu vou pegá-lo. Quando terminar Hogwarts eu vou encontrá-lo. Eu sei que só eu posso achá-lo.


Bernard morreria antes de deixá-la ir atrás daquele vampiro ridículo sozinha, estava na hora de ele deixar de ser um adolescente mimado e assumir suas responsabilidades.


--


Emmy Malfoy naquele momento, sentada ao pé da árvore Malfoy(como ela havia acostumado a chamar a árvore plantada por sua mãe) e escutava a música que Bernard havia tocado pra ela no violão, ser tocada por seus verdadeiros intérpretes e ela quase se esmurrou por pensar nele.


Estúpido Sonserino. Estúpido baile. Estúpidas garotas loiras com peitos-maiores-que-suas-cabeças. Estúpida banda. Estúpida Música. Estúpido Sonserino. ESTÚPIDO. ESTÚPIDO.ESTÚPIDO.


Jogando uma pedra no lago Negro e fazendo a Lula Gigante remexer as águas em represália, ela não ouviu os passos as suas costas até alguém se sentar ao seu lado.


A ruiva não sabia como, mas sem ao menos olhar, ela sabia quem estava ali. – O que você quer, Zabine? Você vai arruinar suas adoráveis e caras vestes se sentando no chão e eu não quero conversar.


Mesmo sem querer, ele sorriu. – Primeiro, eu não me importo e segundo, Ótimo. Assim, você só me escuta por um momento.


Ele tomou o silêncio dela como uma permissão para falar, então, ele engoliu em seco e o fez. - Sabe, Emmy, eu não sei se você já percebeu, mas eu não sou muito bom com toda essa coisa de ‘sentimentalismo’, eu consigo fazer qualquer garota cair aos meus pés com meia dúzia de palavras, mas elas nunca são verdade. Então, eu não sei um jeito melhor te dizer isso, então, vou usar aquele velho e infalível clichê. – ele engoliu em seco novamente, bagunçou os cabelos e disse: - Eu te amo.


Bernard teria rido da cara que a ruiva fez se ele não tivesse tão nervoso. Ele contou mentalmente até cinco e então, aconteceu. Emmy explodiu. – O quê? Como assim? VOCÊ terminou comigo, lembra? Eu achava que todas aquelas cenas nos últimos dois anos eram só pra satisfazer seu ego gigante. – ela falou sem parar, balançando as mãos no ar, num estilo muito parecido com o de Daphne quando animada ou nervosa. Até parecer voltar a si, e lhe lançar seu melhor olhar mortal. – Se você estiver zoando com a minha cara, Zabine, eu juro pela minha família que eu-


A ameaça ficou perdida na garganta dela, quando o adolescente se inclinou alguns centímetros e uniu seus lábios, num selinho carinhoso por alguns segundos. A garota suspirou pesadamente.  


- Viu? Você sentiu? Eu não sei o porquê disso, mas é só eu tocar em você que algo muito esquisito acontece, é como um choque mínimo e prazeroso. E quando a gente namorava eu achava que era sei lá, atração e iria passar, mas, então James falou algo sobre playboys e amor no casamento do meu pai e tudo pareceu teu óbvio que eu fiquei com medo. Eu nunca se quer pensei em ter uma namorada e aí quando eu tenho uma pela primeira vez, eu acabo me realizando que ela é A garota. Eu fiquei com tanto medo que terminei com você, mas eu nunca deixei você realmente ir, os garotos me zombaram tanto por estar sempre em cima, tentando vigiar você. Cão de guarda foi o apelido mais agradável que eles inventaram, pra você ter idéia. Eu me irritei, e resolvi que era melhor eu te esquecer ou pelo menos fingir que eu esqueci. Mas hoje a Daphné me falou umas coisas e eu percebi que A garota simplesmente não poder ser esquecida porque se eu não passar o resto da minha vida com ela, meus dias restantes vão ser simplesmente miseráveis.


Ele parou de falar abruptamente, sua respiração rápida, olhos arregalados, parecendo prestes a desmaiar. Emmy apenas o observou atentamente, seus olhos cinza contendo uma emoção que ele não conseguia classificar.


- Terminou? – ela perguntou calmamente, recebendo um aceno de cabeça. – Ótimo.


E em um gesto rápido demais pra muitos acompanharem, ela levantou a mão e acertou em cheio o rosto branco do rapaz.


- Essa é por ter sido um covarde e me deixado. – ela disse, e no segundo seguinte, se jogou sobre ele, beijando-o fervorosamente por diversos minutos. – E essa é por ter voltado e, por falar nisso, eu também te amo, seu vidro laquê mutante.


Os dois gargalharam e continuaram ali no lago, ouvindo o show da banda favorita deles e curtindo estarem novamente juntos.


--


Campo de Quadribol, dia seguinte.


- Você fez um ótimo discurso, querida. – Gina disse sorrindo para sua filha loira, enquanto a abraçava. –  A cerimônia toda foi fabulosa, você e James fizeram um ótimo trabalho.


- Eu adorei aquela dança dos garotos. – Luna comentou com um sorriso animado, procurando os garotos para parabenizá-los.


-  Tia, Bernard, James, Evan e MacNamara não estavam dançando, eles estavam correndo do Snape para não serem assassinados por estarem nus em cima do palco. – ela comentou rindo, também procurando o namorado, mas ele provavelmente estava sendo torturado pelo professor de Poções, já que a diretora assim que entregara todos os diplomas, correra para fora do castelo enquanto gritava “Livre, Finalmente Livre!”e ria maniacamente.


Luna cruzou os braços, sobre sua proeminente barriga de oito meses, murmurando para sua filhinha que o irmão dela e seus amigos haviam sido muito originais e que ela esperava que a pequena Kath fosse igual eles. A loira ignorando completamente o fato de Bernard somente ter ‘dançado’ nu por causa de uma aposta entre os quatro capitães de quadribol sobre quem iria ganhar o campeonato. E como a Corvinal ganhara a taça, os outros três capitães tiveram de subir no palco sem nenhuma roupa. Evan os acompanhou dizendo que eles não seriam os únicos a se divertirem.


- Hey, Daph, o que você vai fazer agora? – Blaise perguntou a afilhada, enquanto ria da conversa entre sua esposa e a barriga dela.


- Eu vou pra Ala Mágica de Oxford, Tio. E, então, quando eu terminar, se minha adorada mãe deixar, vou ajudar lá na empresa dela. – ela contou, quase pulando de animação.


Gina sorriu para a filha, pensando consigo mesma que em quatro anos, sua empresa teria a melhor presidente Junior possível.


- E a Emmy? – quem perguntou agora foi Luna, percebendo que ela não fazia a mínima idéia do que sua afilhada queria fazer de sua vida.


- Ela está pensando em viajar pelo mundo por alguns anos e só depois decidir. – Daphné disse, rápido demais e lançando um olhar nervoso na direção da mãe. – Onde estão Tom e Blake? – ela perguntou, mudando de assunto completamente.


E como se esperassem serem mencionados, os dois pequenos garotinhos apareceram, conversando em suas vozes de crianças de dois anos. O pequeno loirinho tagarelava rapidamente, apontando para todas as coisas interessantes do castelo, enquanto o moreno apenas escutava, acenando com a cabeça, e observava tudo com seus olhos escuros, muito atentos.


Enquanto as mulheres se abaixavam e mimavam os dois pequenos, Blaise se permitiu sorrir amarelo, pensando que nesse momento seu melhor amigo devia estar contando para a filha sobre o que esperava ela e seu próprio filho, Bernard, no futuro.


 --


Arredores do Lago


- Espera aí, pai. – a ruiva pediu, levantando a mão, parecendo pedir um tempo. – Você quer que eu vá para Avalon? Avalon sendo a melhor escola de Inomináveis no mundo inteiro que aceita apenas 15 alunos por ano? Avalon que só fica visível por 15 minutos a cada 3 anos e depois some na névoa? Essa Avalon? – Emmy complementou meio chocada.


Draco apenas acenou com a cabeça vagarosamente.


- E você quer que eu vá pra lá? – perguntou novamente, a proposta parecendo interessante, mas ainda assim hesitando. Ir significava deixar tanto para trás. 


- Sim, eu acho prudente que você receba o melhor treinamento possível para completar sua missão. – ele replicou, percebendo a hesitação dela e até adivinhando a razão para tal. - O navio sai da Flórida(2), na América, e eles esperam que você e seus três idiotas se juntem a eles no cais mágico número 33, à meia noite do dia Primeiro de Setembro. 


- Três idiotas? – ela perguntou se esforçando pra não rir.


- Eu tinha a impressão de que você não iria a nenhum lugar sem Bernard e aqueles dois garotos franceses esquisitos, assumi errado? – Draco perguntou, arqueando uma sobrancelha para a filha.


- Você está certo, Pai, como sempre. – disse num sorriso de lado, sendo retribuída com um muito parecido.


- E eu quero que fique com isso. – ele disse entregando lhe um objeto prateado que ao analisar, ela percebeu ser um punhal feito de aço forjado por duendes que tinha uma cobra, de olhos feitos de rubi, como punhal. 


Emmy levantou os olhos de sua mais nova arma para encarar seu pai, ele tinha o queixo travado, como se tivesse tentando se segurar para não fazer algo estúpido. Sabendo o quanto era difícil para ele vê-la ir de encontro ao perigo, ela se jogou nos braços do melhor pai do mundo inteiro, em seus olhos. – Eu te amo, pai.


Os dois ficaram assim por muito tempo, até ouvirem alguém chamar o nome da garota.


- Hey, Emmy, estava te procurando. – Bernard Zabine gritou, enquanto se aproximava da namorada e de seu sogro, James ao seu lado, olhava para ao redor, procurando por outra cabeça loira.


- Eu tenho muito orgulho de você, Aimeé. – o loiro sussurrou pra ela, lhe dando um carinhoso beijo na testa e indo de encontro aos namorados de suas filas que caminhavam na direção deles.


Num movimento quase gracioso, Draco Malfoy levantou seu afilhado pelo colarinho da beca de formatura. – Eu espero que você cuide dela com a sua vida, Bernard. Não faça eu me arrepender.


O pobre Zabine teve tempo apenas de acenar com a cabeça enfaticamente, sendo solto no chão, já que a atenção do patriarca Malfoy agora era direcionada ao primogênito de seu arquiinimigo.


- Pra te falar a verdade, Potter, eu sempre tive esperanças que você ia embora rápido, mas parece que minhas preces não vão ser atendidas num futuro próximo, então, está na hora de nós dois termos uma adorável conversa, não acha?! – e com isso, ele saiu arrastando James, para algum lugar mais afastado.  


Bernard caminhou despreocupadamente até sua namorada, a abraçando por trás e Emmy apertou firmemente o punho de cobra e encarou o horizonte, pensando em Jack. A cada dia que passava, o encontro deles parecia mais perto.


Mas agora, ela tinha esperança de que quando o momento chegasse ela e seus três homens preferidos no mundo todo(excluindo seu pai) estariam juntos, prontos para batalha.


 


The End.


(1) Alguém se lembra da Catly Morgs? Dos capítulos anteriores? A que odiava o Bernard, então, na verdade, ela simplesmente gostava dele, mas como ele nunca dava atenção, resolveu que ia ser igual a Emmy pra ele gostar dela.


(2) Avalon é no triângulo das Bermudas.


N/a: Acabooou, galera... Até que enfim, o resto agora é só bônus e epilogo.


Só pra quem não adivinhou, quem vai com a Emmy pra Avalon são o Fou, o Bernard e o Vail.


E a Luna ta grávida de novo, dessa vez é uma menina. E o James vai tentar carreira no Quadribol.


O Evan vai estudar com a Daphné em Oxford, já que ele quer ser um empresário de sucesso. Algum chute em quem é a garota que ele está apaixonado?


Espero que tenham gostado do final, e obrigada por lerem a minha fic e por favor COMENTEM! Porque sem comentários eu não animo de terminar o bônus e ele ta bem na metade.


Beeeeijos!

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