A Mesma Atitude Pelo Mesmo Mot

A Mesma Atitude Pelo Mesmo Mot



Já era por volta da meia noite quando uma grande coruja branca entrou pela
janela do escritório de Dumbledore, em Hogwarts. Em sua perninha, havia um
envelope também branco que trazia um selo feito em cera com o símbolo do
hospital St. Mungus. Alvo prontificou-se de imediato a pegar a carta e, sem
esperar agradecimentos, a coruja sumiu pela noite na mesma velocidade em que
apareceu. A professora Minerva McGonagall e a medibruxa da escola Madame Pomfrey,
estavam também no escritório de Dumbledore, inteirando-se e comentando o
ocorrido daquela fatídica sexta-feira; estavam todos um pouco apreensivos e
ansiosos sobre a tal vítima sobrevivente da maldição crucius kedrava. Alvo
olhou-as sobre os oclinhos de meia-lua, com um leve sorriso otimista no rosto.



_Finalmente chegou a notícia que tanto esperávamos.



As duas senhoras apenas se posicionaram na direção do diretor, dando-lhe toda a
atenção. Alvo lia primeiramente para si próprio a carta, para passar melhor a
idéia antes de que cada uma lesse por si mesma. Conforme ia lendo a breve carta,
que foi escrita apressadamente, o rosto de Dumbledore tornou-se um pouco
sombrio. Ao terminar, levantou seus olhos na direção de McGonagall e Madame
Pomfrey, aguardou alguns instantes para dar a notícia.



_A carta é de Severus e ele nos avisa que a bruxa que enfrentou os comensais
neste fim de tarde na Londres trouxa foi realmente acometida pela crucius
kedrava, e está agora em tratamento intensivo no hospital. - Alvo faz uma pausa
para ganhar forças para dar a pior parte da notícia - a moça está em coma
profundo e não se sabe se ela irá se recuperar inteiramente...



Madame Pomfrey pôs a mão sobre o peito, como se quisesse acalmar o próprio
coração que bateu descompassadamente naquele instante. Sendo uma medibruxa, ela
sabia exatamente do que vinha a ser e o que poderia vir a acontecer a um
paciente que entra em coma profundo, sabia que não havia muito o que poderia ser
feito num caso desses, pois, por mais que se pesquisasse, até então, nenhum
médico ou cientista, seja bruxo ou trouxa, ainda havia descoberto o que acontece
de fato a uma pessoa em coma e que sua recuperação era algo totalmente
individual, como que se dependesse da escolha do paciente se ele voltaria a
despertar ou permanecer assim até o fim dos dias.



Após o breve intervalo para avaliar a reação das duas bruxas diante de si, Alvo
inspirou profundamente, para terminar de comentar a carta:



_...Severus também diz que ficará no hospital por tempo indeterminado, estará
terminando o desenvolvimento da poção que ele vinha pesquisando há meses com a
ajuda de alguns medibruxos e acompanhar o caso de perto... - Alvo baixou seus
olhos, quase fechando-os - ... mas lamento muito em dizer que nossos temores se
concretizaram... de que a vítima trata-se de Hermione Granger...



Ao ouvir o nome de sua aluna favorita, Minerva levou rapidamente as mãos à boca,
como se quisesse conter um grito. Abaixou sua cabeça e cambaleou em direção a
uma poltrona; Madame Pomfrey se prontificou em ampará-la imediatamente, temendo
que Minerva viesse a desfalecer. Sentada, ainda com as mãos no rosto e os
cotovelos apoiados sobre as pernas, grossas lágrimas corriam de seus olhos.
Mesmo já tendo idade avançada, mesmo já ter vivido diversas situações
angustiantes, mesmo com toda a sua rigidez e segurança, Minerva sentia-se como
se tivesse lhe arrancado o coração. Tinha imenso carinho por Hermione, como se a
menina fosse parte sua, como se fosse sua própria filha, tanto que ela fora a
única pessoa com quem Hermione ainda mantinha algum contato do mundo bruxo,
desde que, é claro, o mesmo jamais fosse mencionado. Minerva estava suando frio
e pelo seu corpo passava um leve tremor - medo? Dor, talvez?... - Alvo e Papoula
ficaram muito apreensivos com o estado em que Minerva se encontrava e ambos a
ampararam, levando-a para a enfermaria. Ah, esse foi mesmo um dia difícil...



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St. Mungus - 7:36h - Sábado

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Severus Snape encontrava-se sentado a uma pequena mesinha branca, numa sala
simples, mas ornamentada como se fosse uma casa, com poltronas, cadeiras, uma
cozinha embutida num canto separada por um balcão, com algumas plantas para dar
cor à sala quase totalmente branca e algumas revistas e jornais dentro de um
cesto. Acompanhando-o estava um medibruxo com quem havia trabalhado a noite toda
no laboratório, preparando a poção para curar os danos da crucius kedrava em
Hermione; ambos tomavam café silenciosamente, enquanto o medibruxo lia sobre o
ataque dos novos comensais na Londres trouxa no Profeta Diário.



Entre um gole e outro de café, Snape estava perdido em seus pensamentos, agora
em velocidade reduzida devido a noite em claro que passou, e também ao estresse
devido a todos os fatos ruins que sempre teimam em vir a acontecer todos de uma
vez só e em questão de instantes, mal dando tempo para respirar ou tomar ciência
do ocorrido. Por um lado, sentia uma ponta de alegria por ter chegado a alguma
conclusão com a poção, graças ao auxílio e grande competência dos medibruxos,
que fizeram uma avaliação minuciosa do estado clínico de Hermione, que ajudaram
e muito em chegar a um consenso sobre a elaboração do antídoto... sentiu orgulho
de si mesmo de ver que realmente estava no caminho certo com suas pesquisas.
Mas, por outro lado, e que terrivelmente falava mais alto, estavam a apreensão e
angústia que lhe ardiam o peito, pois, por mais certo de que estivesse de que a
poção faria efeito, pois até então ainda não havia errado em seus prognósticos,
uma tenaz ponta de pessimismo fazia-o temer que talvez não desse certo, de que a
poção não sanaria os danos causados pela maldição, e, mesmo que fizesse efeito,
talvez Hermione não despertasse daquele sono mortal...







"Droga!" - Severus balançava a cabeça como se tentasse desmanchar aqueles
pensamentos odiosos, enquanto baixava à mesa a sua xícara quase vazia.
"Pensamentos pessimistas é tudo o que a Srta Granger não precisa neste momento!
Todos nós chegamos ao consenso que o coma cessaria no momento que seu organismo
estivesse livre dos males do feitiço! Ela acordará novamente! Ela voltará para a
vida!"



Neste momento o medibruxo, Terry Boot, um rapaz entre seus 25 e 30 anos, baixava
o jornal para encarar um cansado e mais pálido ainda Severus Snape.



_Cara... você tá pior do que costuma ser, sua aparecia está péssima, Snape! - o
rapaz olhava Snape com um sorriso maroto no rosto enquanto este o jurava de
morte com os olhos - de fato, estava esgotado demais para retrucar com palavras.




Em resposta ao olhar de Snape, o medibruxo deu uma leve risadinha e continuou:
_Vá pra casa, Snape. Tome um banho, durma um pouco... mais tarde você volta pra
nossa adorável companhia.



_Há! Como se eu fosse acatar a ordem de um moleque ex-aluno meu! - Snape esboçou
um leve sorriso sarcástico, com os olhos ainda fuzilando o rapaz.



_Não é uma ordem, menos ainda de um moleque ex-aluno seu... - o rapaz
levantava-se da mesa e, em pé ao lado de Severus, pôs a mão no ombro do mestre
de poções, e terminou numa voz macia e encorajadora: _... é uma recomendação de
um medibruxo! Vá descansar um pouco, relaxar. A Srta Granger ficará bem... mas
temo que se ela acordar e vê-lo nesse estado ela possa encomar novamente, heheh...



Terry se postou ao lado da porta, aguardando Snape, enquanto este lhe dirigia um
olhar mais tenro, como se tivesse se divertido com as palavras do medibruxo.



_É garoto, acho que tens razão... - Snape levantava-se e já estava vestindo o
sobretudo negro - mas não vá espalhar isso por aí, senão é o doutor que terá que
ser medicado com alguns antídotos anti-maldição... - Snape já estava diante da
porta, e Terry apenas levantou os braços em sinal de "pare-eu-me-rendo" e deu um
novo sorriso: _Jamais ousaria, senhor!







Terry Boot acompanhava Snape pelos corredores do hospital, talvez para ter
certeza de que seu antigo professor iria mesmo embora ou se voltaria novamente
para o centro de tratamento intensivo para velar o sono de Hermione, esperando
que ela acordasse a qualquer momento. Pelo caminho, Terry ia num monólogo que
não despertava qualquer atenção de Severus, que, neste momento, só pensava em
chegar em casa e dormir um sono quase tão profundo quanto da Srta Granger. Há
alguns anos, como uma forma mais cômoda, para estar mais perto do que acontecia
no mundo trouxa, Severus Snape comprou uma casa num bairro residencial perto do
centro de Londres. Não era nada parecida com sua imensa mansão, mas era bastante
aconchegante e agradável. Nada parecida, também, com seus aposentos nas
masmorras de Hogwarts. Para não despertar a curiosidade dos vizinhos, levava a
vida o mais simples e básica possível, usando o mínimo de magia, quase como um
típico trouxa. Embora ainda permanecesse a maior parte do tempo em Hogwarts -
não mais tanto como anos atrás - sempre arranjava algum tempo para curtir a casa
e a vida trouxa que aprendeu a apreciar... curtir, evidentemente não era o
termo, mas, certamente, elegeu aquele lugarzinho modesto e acolhedor como seu
refúgio, para onde ele ia para desligar um pouco a mente de todos os fatos que
envolviam o mundo bruxo - embora, ainda, o mundo trouxa lhe parecesse estranho
e, por vezes, assustador. Na verdade - o que ele não gostava de admitir,
tentando sempre mascarar a verdadeira intenção com a desculpa de ficar mais
próximo dos ataques dos novos comensais aos trouxas - era que essa foi a solução
que encontrou de estar próximo, de alguma forma, do seu grande amor, platônico e
proibido... "_quem te viu e que te vê, Severus..."







_Sabe... eu achava que Hermione tivesse se casado com o Potter... - Terry falou
num tom meio triste.



Snape apenas olhou o rapaz com o canto do olho, como assimilando o que ele
acabava de falar.



_Eu me lembro, lá na escola, o quanto eles sempre estavam juntos... e como
Hermione se dedicava a ele... quem prestava atenção via o quanto ela era
apaixonada por Potter.



_Potter casou-se com a irmã de seu fiel escudeiro - Snape falava num tom de
escárnio, mas mantinha os olhos à frente, no caminho - Você deveria saber,
afinal, Harry Potter é uma celebridade.



_Francamente, Snape... Harry Potter perdeu toda a importância quando Voldemort
morreu. Sabe como é: sem o vilão, não há a necessidade do herói... - Terry
completou com um sorriso mau no rosto.



Snape parou próximo a saída do hospital, encarando Terry, com um sorriso meio de
lado e sobrancelhas erguidas, dando-lhe um ar cético e sacaz:



_Um corvinal que não gosta de Harry Potter?! Isso é nova para mim!



_De certa forma, eu odeio o Potter! Por culpa dele, não lutei por Hermione, pois
achava que os dois estavam muito bem juntos e que se casariam logo que saíssem
da escola! E no fim, esse idiota se casa com uma garotinha qualquer e põe
Hermione Granger pra escanteio! Isso é absurdo!



Snape fechou a cara, como se fosse provocar uma tempestade, mas perguntou no seu
típico tom denso e curto:

_Então você gosta dela?



_Er, bem... eu era muito afim dela na escola, mas por causa de Potter, procurei
burramente tirá-la da mente... e, agora, a reencontrando... bem, ela não é
casada e eu menos ainda...



Snape estava totalmente mau-humorado, seu olhar parecia querer lançar uma avada
kedavra sobre o medibruxo, serrou os dentes e tentou conter sua fúria que surgiu
instantaneamente:

_Então...



Terry, que estava admirando o piso do hospital, ergueu os olhos para o mestre de
poções, dando-lhe uma atenção com certo interesse.



_... use isso para salvar a Srta Granger! Se seus sentimentos forem verdadeiros,
use-os para trazer Hermione Granger de volta à vida!







Snape abriu a porta da entrada do hospital bruscamente e saiu; sua expressão era
péssima, mas, mesmo com aquela raiva que cresceu de repente em seu peito,
conteve-se e ainda pôde encorajar o sujeito que se tornou uma ameaça de hora pra
outra. Mas ele realmente a amava e muito! Tudo o que queria era que Hermione
Granger fosse feliz, que estivesse bem, com vida, com saúde, não importava onde
e com quem! Isso era um amor profundo e verdadeiro, que ultrapassava qualquer
conceito, que sempre estaria acima de qualquer sentimento mesquinho de posse e
egoísmo.





Ele a amava e era esse amor que seria sua derradeira arma para trazê-la de volta
à vida!



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Fim do 4º capítulo - continua

By Snake Eye's - 2004




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N/A: Para quem não se lembra, Terry Boot é um dos 3 alunos da Corvinal que
entraram para o ED, no 5º Livro. Em uma passagem, quando Hermione entrega aos
membros os galeões que ela enfeitiçou com o "Multiforme", Terry Boot ficou
impressionado com a inteligência da menina, então, eu, “muito oportunista”,
resolvi aproveitar esse personagem, pois ele se encaixa perfeitamente na
Hermione que coloco nessa fic: a Hermione que desperta paixões por sua
inteligência, acima de tudo, pois é aí que está sua maior beleza ^______^



É esta passagem aqui:




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"- Bem... Eu achei que era uma boa idéia - ela disse vagamente. - Eu quero
dizer, mesmo se Umbridge pedisse para que nós esvaziássemos os nossos bolsos não
é nada suspeito em carregar um galeão, é? Mas... Bem, se vocês não querem
usá-los...



- Você pode fazer um feitiço multiforme? - disse Terry Boot.



- Sim.



- Mas isso é... isso é do nível NIEM, isso é - ele disse fracamente.



- Oh - disse Hermione, tentando parecer modesta. - Oh... Bem... Sim, eu acho que
é.



- Como você não está na Corvinal? - ele perguntou, fixo em Hermione com algo
próximo a admiração. - Com cérebro como o seu?"

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