A Pior Forma de Reencontro

A Pior Forma de Reencontro



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Caleidoscópio

Parte 3 - A Pior Forma de Reencontro


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Hospital St. Mungos - 22:41h - Sexta-feira (Yes! X-files! De novo)

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Snape acabara de aparatar no hospital de bruxos, e ia pelos corredores em passos
largos, em direção ao escritório da diretoria do hospital, quando foi abordado
por uma medibruxa, aparentando uns 40 anos, de grandes óculos e cabelos presos
num coque, com uma prancheta abraçada ao peito.



_Sr. Snape! Que bom que o senhor veio o mais rápido possível! Havíamos acabado
de convocá-lo!



_Oh! Sim! Fiquei sabendo do ocorrido através de aurores no ministério, então vim
imediatamente para cá. Sabia que me convocariam.



_Muito bom mesmo! Graças a sua boa fé e pronto atendimento, temos salvado muitas
vidas! Agora, por favor, me acompanhe até o centro de tratamento intensivo.





A medibruxa tomou a dianteira em alguns passos e Snape a seguia. Pela mente de
Snape, passavam mil coisas em frações de segundo: o quanto poderia fazer para
salvar a paciente, se isso fosse possível; se finalmente descobririam uma forma
de contra-maldição a crucius kedrava; sentia certo alívio de esta também não ser
uma maldição extrema como a avada kedavra, ao menos para os bruxos, mas o que
não era muito, pois os trouxas eram muito vulneráveis à ação do feitiço...
Severus, estranhamente, sentia-se atordoado com todos aqueles acontecimentos,
seus pensamentos sobre isso estavam bagunçados, isso estava deixando-o
incomodado, não era típico dele. Talvez fosse a ansiedade de finalmente terminar
a poção que, teoricamente, curaria as seqüelas daquela maldição terrível, testar
em alguém que sobreviveu aquilo... mas, no fundo, ele tinha um certo temor,
estava com um pressentimento ruim em relação àquela vítima sobrevivente do
crucius kedrava.





Os corredores do hospital pareciam não ter fim, pois nunca chegavam a CTI do
mesmo. Enquanto caminhavam, a medibruxa ia relatando o estado clínico e as
análises sobre o mesmo ao mestre de poções, pacientemente:



_ ... a princípio, não acreditávamos que a paciente tivesse sofrido o ataque de
uma crucius kedrava, como suspeitavam os para-medibruxos... aparentemente, ela
não demonstrava nada do que costuma acontecer às outras vítimas, achávamos que
tivesse sido uma outra maldição qualquer ou mesmo uma cruciatus...



_A informação que tive era de que se tratava de um ataque da crucius kedrava...
eu mesmo custei a acreditar de que alguém poderia sobreviver aquela maldição
horrível, mas precisava vir constatar com meus próprios olhos. E então? Qual foi
o parecer clínico?



_Realmente, a paciente sofreu um ataque da maldição crucius kedrava. Fizemos
todos os exames e constatamos os danos que tal maldição causa, claro que, como
ela conseguiu sobreviver, os danos em seu organismo foram muito menores, mas
eles estão lá. Constatamos danos no seu sistema nervoso central e no aumento de
sua temperatura; quando ela chegou, sua temperatura corpórea estava em torno de
44º, o que por si só já é um grande dano que pode deixar seqüelas
irreversíveis...





Snape olhava a medibruxa de forma pesar. Mesmo que a vítima tenha sobrevivido à
maldição, não se sabia quais seqüelas poderiam vir daí. Havia desenvolvido em
parte uma poção, apenas usando como estudo a teoria de que alguém viesse a
sobreviver a isso, através de necropsias em corpos de trouxas... tudo, no
entanto, eram apenas teorias. Era necessário agora usar todas as informações
coletadas pelos medibruxos para dar uma seqüência exata ao desenvolvimento da
poção...





Chegaram até a entrada da CTI, ambos se dirigiam aos fundos da enorme sala
branca, repleta de leitos que se ocultavam por cortinas alvas.



_...mas, há algo de muito grave no estado clínico da paciente - a medibruxa
falava num tom cansado. _Embora tenhamos chegado a uma conclusão de que foi esse
fato que salvou sua vida por ora, tememos que ela realmente jamais se
recupere...



Snape apenas olhava seriamente para a medibruxa, dando-lhe toda a atenção. Mas
seu coração estava descompassado e ele sabia estar temendo algo em relação a
essa vítima... ele temia a sua identidade, como se soubesse de quem se tratava,
mas tentava mentir para si mesmo de que estava fora de seu estado normal e
estava imaginando coisas demais...



_Por que a senhora acha que ela pode não mais se recuperar?



_Como uma forma de auto-proteção, essa moça entrou em coma quase imediatamente
ao receber o impacto da crucius kedrava. Totalmente inconsciente, ela não
recebeu toda a carga da maldição, então o organismo não processou por completo
todas as informações, fechando assim todas as conexões com o que vinha de fora,
no caso, o feitiço. Se em parte, isso a salvou de uma terrível morte certa, em
outra, sua vida se tornou vegetativa...



_Mesmo assim - Snape falava em tom condensado, como sempre, mas por dentro
estava quase angustiado com tudo que estava ouvindo, e também pela expectativa
de saber quem era de fato essa pobre vítima "_Por Merlim! Que não seja ela!" -
ainda temos uma chance valiosa em mãos, de finalmente descobrirmos uma forma de
lutar contra essa nova maldição.



Snape e a medibruxa chegaram finalmente até o leito da paciente. O leito estava
oculto pela cortina branca.



_Exatamente - a medibruxa começava a afastar as cortinas em volta do leito -
mas, peço a Merlim que Hermione retorne à vida novamente, que não tenha seqüelas
graves...







As cortinas estavam abertas, deixando a mostra o leito ocupado... o coração de
Snape parecia socar-lhe o peito, de tão forte que batia, e seus olhos umideceram
ao fixá-los no rosto daquela moça que parecia apenas estar dormindo
profundamente.



"_Por Deus! Não!" - Snape aproximou-se mais do leito, olhando atentamente para o
rosto da moça, como se quisesse ter certeza de que não se tratava realmente de
Hermione Granger. Seu rosto inexpressivo, pálido, com fortes olheiras e algumas
pequenas marcas de expressão, ainda conservava os traços finos e delicados
daquela menina que fora um dos mais inteligente alunos de Hogwarts. Neste
momento, Severus esqueceu-se de quem era, de onde estava e o porque estava ali,
postou-se ao lado do leito e acariciou levemente o rosto de Hermione, como se
quisesse redesenhá-lo; pousou a mão sobre a testa da moça e deslizou-a pelos
cabelos. Não conseguiu se conter, e lágrimas finas e quase imperceptíveis
corriam por seu próprio rosto.



A medibruxa, que conhecia Snape desde que estudaram na mesma época de Hogwarts,
estranhou muito o súbito silêncio do mestre de poções; ela estava as suas costas
e não o viu acariciar o rosto da paciente ou suas lágrimas. Como que tateando,
perguntou-lhe num tom recalcado:



_Sr. Snape... o senhor conhece essa moça, Hermione Granger?



Voltando a si, mas sem virar-se para a medibruxa, respondeu pausadamente:

_Sim, conheço... ela foi a minha melhor aluna em Hogwarts...



_Eu sinto muito... mesmo tratando com vários casos todos os dias, sei como é um
choque quando vemos algum conhecido e... ainda mais quando nos são caros...



"_Muito mais que isso..." - Snape continuava a acariciar os cabelos da moça,
parecendo que tinha se desligado de todo o resto ao seu redor. A medibruxa
compreendeu aquele silêncio vindo do antigo colega, e retirou-se.



_Irei deixá-lo a sós com a paciente por alguns instantes, Severus... estarei lhe
esperando na entrada da CTI para irmos pro laboratório, por favor, não se
demore...



_Muito obrigado... - respondeu Snape, quase num murmúrio.







Naquele leito, aquele corpo inerte, apesar de ainda demonstrar vida com algum
movimento através da respiração lenta e profunda, parecia desprovido de
conteúdo, uma concha vazia, sem alma, poderia ser de qualquer outra pessoa, mas
por que tinha que ser justo Hermione Granger que ali jazia?! Isso é uma coisa
egoísta demais para se pensar, mas também não era egoísmo do destino, talvez,
que impedisse aquela menina tão benevolente e altruísta, que sempre praticou o
bem, de viver o mínimo de felicidade? Já não era suficiente a perda dos pais? Um
amor não correspondido? E o que mais a impedia de sorrir? O que mais havia
acontecido a sua vida desde que ela cortou os laços que a ligava ao nosso mundo?




As pequenas e quase imperceptíveis marcas de seu rosto denunciavam que esta
menina passou muito tempo em pensamentos dolorosos... não havia marcas de
sorriso, mas algumas linhas entre os olhos e pela testa. Mesmo aquela pele
pálida e olheiras que lhe eram atípicas - "Será devido ao estado que se encontra
ou seria a sua característica física desses últimos anos?" - mesmo aquelas
poucas linhas de expressão que denunciavam uma tristeza profunda, não
conseguiram mascarar seu ar de menina, que de longe, ainda era possível notar
sua postura intelectual... A inteligência de Hermione era algo nato, que estava
impresso em cada pedacinho seu, em cada ato, na sua forma de andar, falar,
olhar... o que a fazia mais bela do que naturalmente seria, uma beleza acima dos
padrões baratos dessa sociedade... seus cabelos, agora mais curtos, não passando
muito da altura dos ombros, sustentavam grandes cachos macios e brilhantes,
completavam aquela figura de beleza simples dando-lhe um ar onipotente...



_O que fez nestes últimos anos? - Severus dirigia suas palavras sussurradas a
uma Hermione que estava ao mesmo tempo ali, dormindo profundamente, e distante
anos-luz, presa num abismo entre a vida e a morte. _Tenho certeza que tornou-se
bem sucedida naquilo que tenha feito... me arrependo profundamente de ter
deixado minha soberba falar mais alto e não ter me arriscado a entrar em sua
vida...



Severus abaixou-se, postando um leve beijo na testa de Hermione e terminando num
juramento sussurrado:



_Eu farei de tudo para trazê-la de volta, darei minha própria vida por isso se
necessário for.



Retirando-se do quarto , voltou seu olhar mais uma vez para Hermione, que
permanecia estática e inexpressiva, num sono tão profundo que talvez jamais
voltasse a despertar:



_Eu juro que devolverei sua vida, Srta. Granger. Coloco minha própria vida e
minha honra nessa promessa!



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Fim do 3º Capítulo - Continua.

By Snake Eye's - 2004

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