De Magids e Espelhos



- Diga o que quiser, Malfoy_ disse Harry, e, com surpreendente cortesia, pôs a espada de Slytherin na divisão entre o braço e o antebraço de Draco

Draco abraçou a espada.

- Obrigado, Potter_ ele agradeceu, com visível esforço

Sirius, Harry e Hermione trocaram olhares preocupados. Deixando Harry e Hermione sentados a cada lado de Draco, Sirius se levantou e andou até o carro voador. Os irmãos Weasley tinham acabado de enfiar o inconsciente Lúcio Malfoy de ponta-cabeça na mala do carro, e estavam se entreolhando de uma maneira satisfeita.

- Olá, Sirius_ disse Ron ao se aproximar – Nós colocamos Lúcio na parte de trás do carro, como você pediu.

- Obrigado_ disse Sirius – Mas ele não é o Malfoy no qual eu estou concentrado no momento.

Fred balançou sua cabeça.

- Eu nunca pensei que eu sentiria pena de Draco Malfoy._ ele disse – Mas eu meio que sinto isso, agora. Ainda assim, eu não gosto dele. Mas o próprio pai dele tentando matá-lo daquele jeito..._ Fred estremeceu – Comparando-me a ele, sinto-me sortudo.

- Você é sortudo._ disse Sirius brevemente

Ron estava mordendo o seu lábio inferior, e perguntou:

- Lúcio estava realmente tentando matá-lo?

- Ah, sim._ disse Sirius – E quase foi bem-sucedido em seu intuito. E ainda pode ser, se não levarmos Draco para Hogwarts logo. Ele está morrendo.

Jorge deixou a chave do carro cair.

- Morrendo?_ ele repetiu, olhando chocado para Sirius

- Apronte o carro._ disse Sirius brevemente e andou até Draco. Ele se ajoelhou ao lado do garoto e disse – Você pode andar?

Draco parecia estar considerando a hipótese. Então ele disse, com uma fraca expressão de surpresa:

- Na verdade... não.

Hermione parecia que iria se debulhar em lágrimas, mas não se debulhou.

- Não tem problema._ disse Sirius toscamente; agachou-se; e levantou Draco como se ele não pesasse mais que uma criança, não como um adulto

Quando ele pôs Draco no colo, a espada caiu dos braços de Draco, e bateu no chão. Harry a pegou e entregou-a para Sirius, que estendeu sua mão livre e agarrou-a pelo cabo.

E a deixou cair de novo, imediatamente, como se ele tivesse sido queimado.

Quando ele falou novamente, o que saiu foi uma voz estranhamente forçada:

- Harry. Você leva a espada.

- Certo_ concordou Harry, surpreso

- E não deixe ninguém mais tocar nela._ disse Sirius, e começou a andar com Draco até o carro

- O que é que está havendo?_ perguntou Hermione, pensativa

Mas Harry não estava prestando atenção. Observando Sirius e Draco, ele disse, numa voz tensa:

- Eu tinha esquecido o quão forte Sirius é.

Ela virou-se e olhou para Harry, e ele olhou de volta. Era a primeira vez que ele a olhava nos olhos desde aquela conversa no topo do penhasco, mais cedo. Ela não podia deixar de sentir que havia algo diferente no jeito que ele olhava para ela. Algo que ela não podia decifrar.

- Você acha que ele vai morrer?_ ela perguntou

Harry balançou sua cabeça, e disse:

- Eu espero que não._ ele levantou-se, pegando simultaneamente a espada – Mas Sirius parece pensar que ele está bem fraco. Eu realmente não faço idéia.

Quando ela seguiu Harry até o carro, olhou para o Feitiço Essencial em sua mão. Era algo asquerosamente bonito: ouro branco contornando um pingente de cristal, dentro do qual estava um dente de leite de Draco. Ela podia ver onde a unha de Lúcio havia penetrado no macio e puro ouro, onde suas mãos torceram o cristal como a lente de um telescópio.

Sirius havia colocado Draco no banco traseiro, onde ele encostou-se à janela, com os braços em volta de si próprio, como se estivesse gelado. Ele sorriu de modo tênue para Hermione quando ela sentou-se ao lado dele, e então, fechou seus olhos. Sirius sentou-se ao lado de Hermione.

Harry estava sentado na frente, com os Weasley.

Hermione assistiu Draco respirar quando Jorge ligou o carro, e depois o levou ao ar, e desceu do penhasco. Sobre o seu ombro, Hermione sentiu que Sirius também estava observando Draco respirar. Não que ela tivesse a menor idéia do que fazer se ele de repente parasse.

Ela olhou para baixo pela janela quando eles voaram sobre o Poço Sem Fundo, negro e infinito, sob o céu noturno e relampejante. Ela ainda estava segurando o Feitiço em sua mão, quando algo ocorreu a ela. Estivesse onde for, o Feitiço seria perigoso a Draco, sendo vulnerável como era para ser danificado ou quebrado. Mas se ela o jogasse no abismo, o feitiço cairia, cairia eternamente, não sendo tocado por nada além de vento. Ela estava pensando o que poderia ser feito com isso agora...

Ela virou-se, segurando o feitiço, se perguntando se deveria jogá-lo no abismo. Então, ela sentiu um leve toque em seu punho.

Ela olhou para baixo, e viu, para sua surpresa, que era Draco. Lê estava muito pálido, a pele sob seus olhos estava quase translúcida, mas ele estava acordado. Ele balbuciou:

- Não faça isso.

Ela olhou para ele. Ele sabia o que era aquilo?

- Eu acho que eu sei o que é isso._ ele disse – Eu sempre meio que soube. Mas eu quero que você guarde isso.

- Guardar isso?_ Hermione estava horrorizada – Eu não quero...

- Por favor_ ele disse, e fechou seus olhos

Vagarosamente, Hermione puxou sua mão de volta. Com um sentimento de ameaçadora relutância, ela abriu a corrente, colocou-a em volta de seu próprio pescoço e afivelou o fecho. Ela sentiu o frio da jóia contra sua pele, quando o pingente caiu dentro de sua camisa. Era pesado. Muito mais pesado do que ela havia pensado. Como uma âncora em volta de sue pescoço.



**



O céu mudou para azul-ardósia quando eles aterrissaram em solo de Hogwarts, e Draco estava agora inconsciente, e não podia ser acordado. Logo que eles chegaram ao chão, Sirius saltou do carro.

- Eu estou indo até Dumbledore._ ele disse, e caiu de quatro sob a forma canina, e correu até o castelo

Ninguém podia pensar em nada para dizer. Os Weasley foram ver se Lúcio ainda estava inconsciente na mala do carro. Hermione e Harry sentaram-se, observando Draco respirar. Hermione queria perguntar a Harry se ele ainda estava chateado com ela, mas isso parecia de algum modo grosseiro conversar com Draco ao lado, mesmo que ele estivesse inconsciente. Por fim, ela perguntou:

- Harry, você está bem?

Ele olhou para ela, e respondeu:

- Estou bem.

Sua voz estava desprovida de expressão, e ele ainda tinha aquela expressão estranha no rosto, que Hermione não podia identificar.

- Seus punhos ainda estão sangrando._ ela disse, em voz baixa - Você quer...

Ele saltou do carro sem olhar para ela, e caminhou até os Weasley. Hermione permaneceu onde estava, tentando não chorar.

E então, Sirius voltou, com Dumbledore e Madame Pomfrey, e tudo ficou embaçado. Madame Pomfrey mandou que todos se afastassem de Draco, fez aparecer uma maca, o colocou sobre ela, e eles saíram sem hesitar. Todos os assistiram partir, em vários graus de receio.

- Professor_ Hermione disse em voz baixa – Ela disse se ele vai ficar bem?

Dumbledore balançou sua cabeça.

- Sobre isso_ ele disse compactamente – Eu não posso dizer nada, no momento._ ele se virou para os Weasley – Eu sem que vocês devem estar cansados, meninos,_ ele disse, e adicionou com uma leve piscadela – E eu sei que o seu pai deve querer seu carro de volta. Mas eu gostaria de perguntar se vocês fariam um favor para nós.

Os três Weasley concordaram com a cabeça.

- Nós precisamos que vocês levem Lúcio ao Departamento Mágico de Cumprimento da Lei, e que o entreguem aos Aurores._ falou Dumbledore – Eu já falei com eles. Eles estarão esperando vocês._ ele se virou para Sirius – Sirius, conte os detalhes para eles. Eu preciso ir até a ala hospitalar ver se eu sou de alguma utilidade para Madame Pomfrey. Harry e Hermione… venham comigo, por favor.

- Há uma coisa, professor._ disse Sirius brevemente – A espada que eu te contei. Está com Harry.

Dumbledore olhou para Harry, e perguntou:

- Eu posso vê-la?

Harry entregou-a a ele, e Dumbledore a examinou.

- Eu vejo_ ele disse, e depois de um longo silêncio, devolveu a espada a Harry – Não deixe mais ninguém tocar nela._ ele disse, do mesmo modo que Sirius

Dumbledore virou-se e caminhou até o castelo, e Harry e Hermione o seguiram.



**



- Como ele está?_ perguntou Dumbledore, olhando para o garoto pálido sobre a cama, Harry e Hermione em cada lado dele, com expressões descontentes

- Ele vai sobreviver._ disse Madame Pomfrey, cansada, mas menos preocupada – Eu dei a ele vários tônicos fortificantes, e uma poção energética. Não houve danos duradouros, e ele deve acordar logo. O garoto é de fato bem forte, embora não pareça.

- Eu quero ser notificado quando ele acordar._ falou Dumbledore

A porta da enfermaria abriu-se e Sirius entrou, e disse para Dumbledore:

- Eles já foram.

Madame Pomfrey estava irritada.

- Isso é uma ala hospitalar, e não uma estação de trem!_ ela disse asperamente – Esse garoto precisa de repouso!

Hermione queria sorrir para Harry. Ela estava muito acostumada a ouvir Madame Pomfrey dizer essas palavras quando era Harry quem estava a seus cuidados, depois de ter saído de alguma aventura estranha. Mas Harry não olharia para ela.

- Você está certa, Poppy._ disse Dumbledore serenamente – Harry, venha comigo até o meu escritório, eu gostaria de falar com você. Sirius e senhorita Granger, vocês podem ficar aqui com Draco se quiserem.

Dumbledore saiu com Harry, e Sirius e Hermione sentaram-se em poltronas em cada lado da cama de Draco. Era verdade que ele parecia melhor. Alguma cor havia voltado a tomar conta de seu rosto.

Hermione estava feliz de estar sozinha com Sirius. Ela queria perguntar algo a ele. Pondo a mão dentro de sua própria blusa, ela puxou o Feitiço Essencial para fora e mostrou a ele.

- Draco queria que isso ficasse comigo, mas eu não sei o que fazer com isso._ ela disse – Eu ia jogar no Poço Sem Fundo, mas...

- Que bom que você não fez isso._ disse Sirius – Se Lúcio for a julgamento, vamos precisar dessa prova contra ele. São dez anos em Azkaban por fazer uma coisa dessas, e provavelmente mais dez anos por tentar matar alguém com isso. E quando essa pessoa é o seu próprio filho...

- Bom_ disse Hermione, finalmente – Sirius...

- Sim?

- Por que você não deixou ninguém senão Harry tocar naquela espada?_ ela perguntou

Como resposta, Sirius levantou sua mão e ela viu uma queimadura vermelha sobre sua palma.

- É esse o motivo._ ele disse – Se eu tivesse segurado a espada por mais tempo, minha mão estaria carbonizada.

- Mas Draco a tocou, e ele está bem._ ela falou

- Sim, ele está_ disse Sirius, virando-se pra olhar Draco novamente – O que nos mostra várias possibilidades.

- Você não vai me contar, vai?_ ele perguntou, desengonçada – Você só está sendo enigmático.

- Esse sou eu._ concordou Sirius – Homem Enigmático. O Enigmático Homem Cachorro, para ser preciso.

Hermione sorriu.

- Na verdade, há algo que eu gostaria de lhe contar._ falou Sirius

Ela franziu suas sobrancelhas, curiosa.

- Não seja tão dura com Harry_ ele disse calmamente – As pessoas que ele realmente ama na vida, bem, tendem a morrer. Isso o faz receoso quanto a mostrar suas emoções.

- Talvez nós pudéssemos dar menos conselhos_ disse Draco – e tomar mais conta do paciente. Eu sou o foco de atenção aqui, não sou?

Os dois pularam em sobressalto e olharam para Draco. Ele estava acordado e olhando para eles, não estava sorrindo, mas era possível ver diversão em seus translúcidos olhos acinzentados.

- Draco!_ gritou Hermione, feliz, e o abraçou

- Ai!_ ele disse, mas estava sorrindo agora

- Me desculpe._ ela disse, soltando-o – Eu te machuquei?

- Ser espancado por dez Death Eaters me machuca_ falou Draco – Você só... me fez lembrar.

Sirius estava olhando severamente para ele.

- Há quanto tempo você está acordado?_ ele perguntou – Você nos ouviu falar sobre o Feitiço Essencial?

- Ouvi_ disse Draco, parando de sorrir

Sirius abriu sua boca, mas Draco balançou sua cabeça.

- Está tudo bem_ ele disse – Eu entendi. Eu entendo o quanto eu quero. Não explique.

Sirius fechou sua boca, e levantou-se, ainda preocupado.

- Eu estou indo até Dumbledore._ ele disse – Volto logo.



**



- Harry_ disse Dumbledore, após longo silêncio

- Sim, professor?

Harry tinha acabado de contar a Dumbledore sua versão dos acontecimentos da última semana. Eles estavam sentados no escritório do diretor, um belo aposento circular, ao qual Harry já estava bastante aficionado. Isso era bom, já que ele lembrava-se de ter ido parar lá várias vezes.

Dumbledore estava obviamente pensando sobre a mesma coisa.

- Eu esperava que esse fosse o período letivo que não acabaria com você sentado no meu escritório como se tivesse acabado de sobreviver a uma rebelião de duendes. Ai de mim, isso parecia ser muita esperança._ ele lamentou-se – Para piorar, temos aurores espalhados por toda a Inglaterra tentando pôr Feitiços de Memória em todos os trouxas que tinham dito ter visto bruxos pairando no céu, graças ao extremamente eficiente Feitiço do Içamento de sua amiga, a senhorita Granger. Quanto ao Lord Voldemort..._ Dumbledore suspirou – Não temos idéia de onde ele possa estar.

- Eu sinto muito por tudo isso, professor._ disse Harry, indiferente

Dumbledore levantou as sobrancelhas.

- Vamos, Harry_ ele disse – Você deve saber que eu não te culpo. Eu não te culpei pelo seu nome ter aparecido no Cálice de Fogo.

- É_ disse Harry, na mesma voz indiferente – Tudo acontece comigo, não é?

- Você é especial_ falou Dumbledore – Nem você sabe o quão especial.

- Então me diga._ pediu Harry

- Eu planejava dizer._ disse Dumbledore inesperadamente – Mas eu estou esperando que o jovem Malfoy acorde, primeiro, já que isso interessa a ele também.

Harry se espantou.

- O que isso tem a ver com o Malfoy?

Agora, Dumbledore estava olhando para ele, receoso.

- Você não gosta dele, gosta?

- Não muito._ respondeu Harry, olhando para o chão

- E ainda assim, você ofereceu sua própria vida pela dele, por sua conta e de Sirius_ disse Dumbledore – E ele ofereceu a dele por você. Por que isso, então?

- E-eu não sei._ disse Harry, espantado – Professor...

- Sim?

- Lúcio Malfoy disse que sua família descendia de Slytherin. E que essa espada aqui, era dele. Mas você me disse que não havia descendentes de Slytherin depois de Voldemort.

- Eu estava errado._ disse Dumbledore, jovialmente – Isso acontece. Salazar Slytherin viveu há centenas de anos atrás. Certamente, ainda há alguns descendentes vivos dele. Nenhum deles com uma grande concentração de sangue de Slytherin, porém. Ou assim eu achei. É um tanto como você, tendo o sangue de Gryffindor...

Harry virou a garrafa de tinta que ele estava brincando.

- Eu tenho o sangue de Gryffindor?

- Ah, meu caro_ falou Dumbledore jovialmente – Isso deveria ser um segredo.

- Bem, não me espanto que eu e Malfoy não gostemos um do outro._ disse Harry – Gryffindor e Slytherin, eles também não gostavam um do outro.

- Você e Malfoy me fazem lembrar de dois garotos que eu conheci_ disse Dumbledore – Eles estiveram no meu escritório inúmeras vezes. Eles se detestavam! E ainda assim, no final, eles teriam morrido um pelo outro. Disso eu sei.

Harry olhou para Dumbledore, curioso.

- Tiago Potter e Sirius Black._ disse Dumbledore

Espantado, Harry estava quase protestando quando a porta abriu e Sirius entrou e falou:

- Professor, Draco Malfoy está acordado. Eu achei que você deveria vê-lo.



**



- Que pena que papai não podia estar aqui._ disse Jorge Weasley, usando sua varinha para fazer com que um inconsciente Lúcio Malfoy subisse pelas escadas do prédio do Cumprimento da Lei. (Ron havia sido deixado no parapeito com a não-invejável tarefa de impedir que os transeuntes esbarrassem no carro invisível.) – Ele adoraria ver o Malfoy se dando mal.

- Pare de bater com Lúcio Malfoy nas pilastras, Jorge._ falou Fred

- Desculpe_ disse Jorge, nada arrependido – A mão que eu seguro a minha varinha está um pouco trêmula.

Uma pequena multidão de Bruxos do Cumprimento da Lei estava esperando pr eles dentro do prédio. Entre eles, estava Mad-Eye Moody, ao lado de uma bruxa alta, cujo capuz impedia a visão de seu rosto. Ele piscou para os Weasley com o seu olho mágico quando eles entraram.

Jorge tirou sua varinha da direção de Lúcio, que caiu no chão no centro do círculo de bruxos, e ficou lá, roncando levemente.

- Aqui está_ disse Jorge – Lúcio Malfoy. Ele é todo seu, cavalheiros.

Os bruxos arregalaram os olhos para ele.

Mad-Eye Moody foi o primeiro a se manifestar:

- Dumbledore disse que vocês pegaram Malfoy com um Feitiço Essencial Ilegal. Isso é verdade?

Fred e Jorge começaram a falar ao mesmo tempo.

- Ele seqüestrou Sirius Black...

- Usou a maldição Cruciatus em Hermione Granger, ela é uma aluna de Hogwarts...

- Tem um monte de objetos de Artes das Trevas na casa dele...

- Tentou matar o próprio filho com aquele troço Essencial, nós vimos...

- Ele é um criminoso!_ disse Jorge, em conclusão – Joguem o livro nele!

- Ou_ continuou Fred, esperançoso – Vocês podem jogar coisas mais largas, mais pesadas.

- Como pedras._ sugeriu Jorge

- Testemunhas?_ pediu um dos bruxos, soando irritante

- O quê?_ perguntou Fred, pego de surpresa

- Testemunhas_ resmungou Mad-Eye Moody – Não que não saibamos que Lúcio Malfoy é um cara ruim. Nós sabemos disso há anos. Mas nunca houve ninguém que testemunhasse contra ele.

Fred e Jorge olharam um para o outro.

- Bem_ disse Jorge, incerto – Nós. Nós somos testemunhas.

Os bruxos pareciam ter suas dúvidas.

- E Sirius Black._ adicionou Jorge

Os bruxos ainda pareciam ter suas dúvidas. Embora Sirius tivesse tido seu nome limpo no ano anterior a esse (ajudado por Dumbledore e pelo fato de que ficou evidente que Pedro Pettigrew ainda estava vivo e era um seguidor de Voldemort), ele ainda estava longe de ser considerado um íntegro membro da comunidade mágica.

- E Harry Potter_ disse Fred, desesperado

Houve um murmúrio depois disso. A maior parte do mundo mágico considerava Harry um herói, mas ainda havia muitas coisas que faziam desconfiarem de sua ainda-misteriosa história e poderes. Jorge ouviu as palavras “ofidioglota” e “sempre cheio de histórias loucas, não está?”.

Fred e Jorge olharam um para o outro amanhecida aflição.

- Eu testemunharei._ disse uma voz

Todos viraram-se para ver quem havia falado. Havia sido a bruxa esbelta ao lado de Mad-Eye Moody, que estava até agora, quieta. A bruxa ergueu sua mão e tirou seu capuz.

Era Narcissa.

Mad-Eye estava sorrindo. Ele obviamente havia esperado isso. Fred e Jorge, por outro lado, estavam abismados.

- Eu testemunharei_ ela disse novamente – Sou Narcissa Malfoy. Lúcio era o meu marido. Eu posso confirmar que ele é de fato culpado em todas as acusações contra ele. Em acréscimo, eu abrirei a Mansão Malfoy para o Departamento do Cumprimento da Lei e permitirei que seus aurores examinem-na em todas as suas passagens. Lá deve haver material de Magia Negra suficiente para mantê-los ocupados por um ano. Eu também_ ela continuou, agora falando diretamente com Mad-Eye Moody, para quem parecia que o Natal havia chegado mais cedo – te dar todos os papéis de Lúcio. Há muita coisa neles sobre Lord Voldemort e sobre o que ele e meu marido chamavam de O Plano. Isso será uma leitura interessante.

- Mas... mas por quê?_ gaguejou um dos bruxos

- Porque eu quero algo em troca._ respondeu Narcissa

- É mesmo?_ disse Mad-Eye Moody, parecendo já saber – E o que você quer?

- Eu não quero que mandem Lúcio para Azkaban._ disse Narcissa

Jorge e Fred ficaram horrorizados.

- Por que não?_ gritou Fred

- Você não pode estar querendo que soltem ele!_ protestou Jorge

Narcissa olhou para a propensa figura de sue marido pro um longo tempo.

- EU não peço isso por mim._ ela disse – Eu ficaria feliz de vê-lo em Azkaban pelo resto da vida. Mas nós temos um filho. Draco. Meu filho._ ela olhou para Moody – Eu não quero que ele fique pensando sobre o sue pai em Azkaban. Pensando nele sofrendo, ficando louco._ ela virou-se para o resto dos bruxos – Eu peço que ao invés de Azkaban, vocês o mandem para o Hospital St. Mungo’s para Bruxos Enfermos. Para a seção de criminosos insanos.

- Eu acho que podemos concordar com isso._ disse Mad-Eye brevemente

Houve um longo silêncio, então os outros bruxos concordaram com a cabeça.

- É ruim o bastante lá?_ perguntou Jorge, esperançoso

Mad-Eye sorriu para ele, mas os outros bruxos estavam ocupados falando entre si e ignoraram os Weasley. Um dos bruxos fez aparecer uma maca e fez levitou Lúcio até ele se acomodar sobre ela. Vários outros bruxos saíram da roda de discussão para acompanhar Lúcio até a uma cela.

O resto dos bruxos parecia interessado somente em falar com Narcissa, mas ela saiu de perto deles e andou até Fred e Jorge.



- Eu queria agradecer a vocês._ ela disse – Dumbledore mandou que Mad-Eye fosse até mim, e ele me contou o que aconteceu. Eu queria agradecer a vocês por tudo o que vocês fizeram por Draco.

Jorge ruborizou. Narcissa devia ser bem mais velha do que ele, e ainda por cima ser mãe de Draco Malfoy, mas ela ainda assim era muito bonita.

- Não foi nada._ ele disse

- Vocês poderiam me fazer um favor?_ ela continuou, e entregou um envelope a eles – Eu escrevi uma carta para o Draco, já que eu não posso estar com ele agora. Vocês poderiam entregá-la a ele?

- Certo! Claro!_ disse Jorge, pegando a carta

- Obrigada_ ela disse, se abaixou, e beijou cada um dos gêmeos na bochecha, e andou de volta até os bruxos, que a acompanharam para fora do aposento

Fred e Jorge, ambos agora vermelhos sob o cabelo vermelho, andaram até o carro.



**



Quando Harry, Dumbledore e Sirius entraram no aposento, Hermione e Draco estavam conversando. Ela estava inclinada, com seus cotovelos sobre o travesseiro dele, e a cabeça dele estava virada para ela. Eles estavam conversando animadamente, e só pararam quando Dumbledore limpou sua garganta.

- Está se sentindo melhor, senhor Malfoy?_ ele perguntou, piscando

Depois, se sentou perto de Draco, e Sirius e Harry se sentaram em acentos em lados opostos ao dele. A espada de Salazar Slytherin estava no colo de Harry. Era incongruente no aposento hospitalar.

- Harry_ disse Dumbledore – E Draco_ Dumbledore olhou de um para o outro pelo aro de seus óculos dourados – Algum de vocês_ ele continuou – sabe o que é um Magid?

Harry e Draco olharam para ele perplexos.

Dumbledore virou-se para Hermione, que tinha a expressão que ela sempre tinha nas aulas quando só ela, e ninguém mais, sabia a resposta para uma questão.

- Senhorita Granger?

- Bem, o Professor Binns me disse que Magid é um tipo raro de bruxo, nascido com talentos especiais._ disse Hermione prontamente – Salazar Slytherin era um Magid, assim como Rowena Ravenclaw. O senhor é outro, professor. E..._ ela hesitou – O Lord das Trevas também.

- Um Magid é realmente um tipo raro de bruxo ou bruxa._ Dumbledore concordou – Raro e muito poderoso. Um Magid pode fazer mágica sem o uso de uma varinha, pode resistir a várias maldições e feitiços, e pode sobreviver a feitiços que facilmente matariam outro bruxo._ ele virou-se para Harry – Você se lembra, Harry, de quando você me perguntou por que Voldemort queria te matar quando você era um bebê?

Harry concordou com a cabeça, parecendo descontente, e falou:

- Você disse que eu ainda não podia saber, mas que um dia você me contaria.

- Eu estou te contando agora._ falou Dumbledore – Você é um Magid, Harry.

Draco e Hermione viraram-se para olhar Harry, que estava pálido de surpresa. Sirius não parecia nem um pouco surpreso, era óbvio que ele já sabia.

- Eu sou?_ perguntou Harry, chocado

- Sim, você é._ respondeu Dumbledore – Você é de fato um Magid muito poderoso.

- Ah, típico!_ disse Draco, soando irritado – Agora o Potter é um Magid, acima de tudo e de todos.

Dumbledore virou-se para Draco, que ficou sem cor por um momento, achando que o diretor fosse dar uma bronca nele. Ao invés disso, Dumbledore disse:

- Você também é um Magid, senhor Malfoy. E, se eu não estiver errado, muito mais poderoso que Harry.

Draco ficou ainda mais pálido do que Harry havia estado.

- Você tem certeza?_ Draco perguntou, soando realmente muito descrente

- Eu não tinha._ disse Dumbledore – Eu sempre soube que você era_ ele falou, virando-se para Harry – Nós soubemos disso quando você nasceu. Foi por isso que Voldemort quis te matar, por isso que os seus pais precisavam se esconder com você. O Lord das Trevas não queria um Magid filho de dois de seus maiores inimigos, dois de meus maiores seguidores. Ele sabia que quando você tivesse idade o bastante, você se tornaria uma arma que poderíamos lançar contra ele.

- E eu?_ interrompeu Draco – Por que ele não tentou me matar?

- Por que ele iria querer isso?_ falou Dumbledore sensatamente – Você é filho do seguidor mais próximo dele. Pense na arama que você seria no arsenal dele! Você poderia ter sido o maior Death Eater de todos!_ Dumbledore balançou sua cabeça – O seu pai manteve segredo sobre isso, Draco. Pais com filhos Magids devem registrá-los no Ministério quando eles nascem; ele nunca te registrou. Eu duvido que alguém mais soubesse disso além de Lúcio e do próprio Voldemort. Várias ferramentas de Adivinhação que eu uso me indicavam que havia outro Magid em Hogwarts, mas eu nunca soube quem era.

Draco estava em silêncio, lembrando-se de algo que seu pai havia lhe dito essa manhã: O Lord das Trevas sempre teve grandes expectativas sobre você, Draco.

- Como você sabe?_ ele perguntou para Dumbledore – Como você sabe que eu sou um Magid?

- Aquela espada, por exemplo._ disse Dumbledore apontando para a espada que estava no colo de Harry – Ela é um objeto mágico muito poderoso, Draco. Só um Magid poderia tocar nessa espada. Também há o fato de que Lúcio fez um Feitiço Essencial com um dente seu de quando você era um bebê. Ele usava isso para controlar a você e à sua mãe, isso é verdade, mas isso também o ajudava a usar alguns de seus poderes de Magid. Isso o fazia um bruxo mais forte do que ele seria em outras circunstâncias.

Draco e Harry estavam de olhos arregalados para o diretor. Hermione disse:

- Professor Dumbledore?

- Sim?

- A Poção Polissuco afetou Harry e Draco daquela forma porque... porque eles são Magids?

- Uma boa suposição, senhorita Granger. De certa forma, uma suposição acurada. O efeito da Poção Polissuco durou tanto, na verdade, porque o senhor Malfoy causou isso.

- Lúcio fez o quê?_ perguntou Harry, perplexo

- Ele está falando de mim, idiota!_ disse Draco – E eu não fiz nada disso!_ ele adicionou, encarando Dumbledore

- Ah, você fez isso, sim._ falou Dumbledore, pestanejando – E se eu posso ser tão atrevido a ponto de afirmar que você e Harry sempre tiveram, o que podemos chamar de, uma rivalidade de espécies...

- Ele está com inveja de mim, se é isso que você quer dizer._ interrompeu Draco

Harry revirou seus olhos.

- Realmente_ falou Dumbledore – Bem, eu considero essa teoria: quando você tomou a Poção Polissuco, senhor Malfoy, e virou Harry, você imediatamente viu um modo de tirar vantagem para si próprio com a situação. Ser Harry. Viver a vida dele. Ver o que ele via. Descobrir seus segredos. Seu pai te ensinou a achar fraqueza e explorá-la, como se era de esperar, não ensinou?

Draco parecia envergonhado, e começou a dizer alguma coisa:

- Eu...

- Professor_ protestou Sirius

Dumbledore ignorou ambos.

- Ele te ensinou outras coisas do gênero._ ele prosseguiu no mesmo tom compassado – Como a ver mal quando o bem é oferecido, a menosprezar os que lhe são inferiores e a bajular aqueles que lhe são superiores. De não favorecer em nada que não lhe dê ganho pessoal imediato.

- Eu nunca..._ disse Draco fracamente – Não de propósito...

- EU disse que ele lhe ensinou_ disse Dumbledore – Eu não disse que você aprendeu. Eu acho que havia outras vantagens para você em se tornar Harry. Você sempre pensou em Harry como em alguém para quem o bem vem facilmente. Sob a pele de Harry, você poderia permitir a si mesmo que seguisse suas inclinações naturais e melhores, as quais, sendo você mesmo, eram sufocadas. Você poderia ser bom. Valente. Heróico_ ele continuou – Estou dizendo que você queria que isso continuasse, um bruxo qualquer não poderia ter feito isso. Você fez o efeito da poção durar o que durou. Você usou sua própria energia, energia de Magid, para impedir que o efeito acabasse. E, é de meu conhecimento, que foi necessário que outro Magid tirasse o efeito da poção de vocês.

Draco estava olhando para o diretor, boquiaberto.

- Eu tenho mais uma pergunta, professor._ disse Hermione, em voz baixa

- Sim, senhorita Granger?

- Se Draco e Harry são Magids... por que Harry não mostrou nenhum sinal disso? E por que Draco não mostrou nenhum sinal disso até agora?

- Essa é uma característica que não aparece até o final da adolescência. Ela pode ser espontânea ou pode precisar de variados estímulos para ser ativada.

- Tipo?_ perguntou Harry, curioso

Harry não tinha certeza absoluta, mas parecia para ele que Dumbledore estava fracamente embaraçado.

- Um certo tipo de emoção bem forte._ falou Dumbledore – Dá certo com perigo, também. De fato, nos tempos antigos, se uma criança Magid não mostrasse nenhum sinal de habilidade até mais ou menos os dezoito anos, o Ministério a mandaria enfrentar um dragão ou um monstro desse tipo.

Harry parecia aflito.

- Eu já enfrentei um dragão, e eu não mostrei sinais de ser um Magid, professor..._ ele falou

- Está tudo bem, Harry._ disse Dumbledore jovialmente – Nós te daremos mais dois anos, e então nós te daremos para um basilisco te devorar.

Harry olhou furtivamente para Dumbledore. Ele tinha regular certeza de que ele estava brincando. Não estava?

- Eu explicarei melhor isso a vocês dois, mais tarde._ disse Dumbledore – Eu sinto que, se nós ficarmos aqui mais um pouco, Madame Pomfrey dirá palavras feias para mim.

Hermione sorriu para Draco quando ela se levantou.

- Eu volto amanhã._ ela disse

Harry pôs a espada sobre a cama de Draco, onde este último poderia pôr as mãos se quisesse.

- Até mais, Malfoy._ ele falou

Quando eles deixaram o aposento, Harry perguntou para Dumbledore:

- Há alguma chance, professor, de o meu sangue Magid vir de Godric Gryffindor?

- Velho Godric, o rabugento, como meu parceiro Nicolau Flamel costumava chamá-lo?_ perguntou Dumbledore jovialmente – Ah, eu duvido disso, Harry. Ele não era um Magid. Não mesmo. Ele era um grande guerreiro, é claro. Muito valente. Sempre gritando. Era assim que ele aterrorizava o inimigo, você sabe, com seus espantosos gritos de guerra.

- Eu sempre pensei que fosse a coragem e seu tático brilho._ disse Harry

- Não foram, não._ disse Dumbledore – Foi realmente tudo pelos seus gritos.



**



Sirius e Dumbledore foram até o escritório dele para conversarem, e Hermione e Harry, ambos exaustos, caminharam vagarosamente até a torre da Grifinória. Eles pararam em frente ao quadro da Mulher Gorda, e Hermione virou-se para Harry, e perguntou em voz baixa:

- Você está feliz de ser um Magid?

- Claro._ respondeu Harry. Ele parecia esgotado de tão cansado, havia olheiras sob seus olhos verdes – Pode apostar que estou.

Ela olhou para ele e entendeu de repente o que parecia diferente na expressão dele. Estava uniforme, ilegível, e ela sempre pôde ler as expressões de Harry, antes. Ela pensava que sabia cada tom de emoção na voz dele, no rosto dele, mas agora... qualquer coisa que ele estivesse sentindo, ele estava escondendo dela.

- Harry, sobre antes...

- Não_ ele disse ferozmente

Ela parou, e perguntou:

- Não o quê?

- Não, eu não quero falar com você agora._ ele disse numa voz monótona

- Mas...

- Deixe-me adivinhar_ ele disse, virando o rosto para encará-la, e chateado como ela nunca o havia visto antes – Você pensou em outra coisa muito dolorosa para me dizer, mas você não quer esperar até amanhã, porque a parte realmente engraçada é a expressão do meu rosto.

Hermione estava chocada.

- Harry, eu sinto muito...

- EU não quero falar com você sobre isso._ ele disse – Eu não sei porque você está trazendo isso à tona novamente. Talvez você esteja querendo me dizer de novo o quanto eu te machuquei, como a minha conduta arruinou qualquer chance que eu podia ter tido com você. E então, você vai sair, e paquerar o Malfoy, exatamente como você fez, antes. Porque aparentemente, nada do quê ele fez arruinou as chances dele com você.

Ela abriu sua boca para protestar, mas calou-se. Ele estava certo. Ela paquerou Draco na frente dele. E talvez ela tivesse feito isso para machucá-lo. Se ela paquerou Draco com esse intuito, havia sido obviamente bem-sucedida. O que era uma pequena consolação.

Harry virou-se.

- Estrondo._ ele disse para o quadro, que se abriu, revelando a passagem para a torre da Grifinória

- Harry, eu sinto muito_ ela repetiu, desesperada – Qualquer coisa que você quiser que eu diga...

- Agora, eu só quero uma coisa_ ele disse – Sair dessa conversa.

Ele andou até a passagem do quadro. Um instante depois, Hermione o seguiu.

Ron, Fred e Jorge estavam agrupados em volta da lareira, e comemoraram a chegada de Harry e Hermione com gritos felizes. Harry andou até eles, e se atirou numa poltrona. Hermione, quase chorando, ela virou-se, e correu até o dormitório das garotas.

No meio da escada, ela ouviu alguém a chamando, e virou-se.

Era Ron.

- Hermione, espere!_ ele pediu

Ela desceu alguns degraus, até que ela estava bem em frente e acima dele, e ele tinha que inclinar a cabeça para cima para olhar para ela (uma experiência rara para Ron, que era um dos garotos mais altos da escola).

- O que foi?_ ela perguntou

- Você está apaixonada pelo Malfoy?_ ele perguntou, em tom agudo

- O quê?

- Você me ouviu._ ele disse, soando muito duro – Porque Harry acha que você está. Eu disse a ele que você não está, mas ele não acredita.

- Se Harry quer saber, por que ele mesmo não me pergunta?_ ela perguntou, enraivecida

- Ah, eu não sei._ falou Ron, irritado – talvez porque da última vez que ele te perguntou alguma coisa, você quase arrancou a cabeça dele.

- AH, então todo mundo sabe disso, agora?

- Hermione,_ disse Ron, soando um pouco desesperado, agora – Você não pode estar realmente pensando em cair de amores pôr Draco Malfoy, pode? Eu quero dizer, ele é completamente louco. Ele nunca vai te fazer feliz, ele só vai te conduzir pelo mau caminho, enquanto ele sai com outras garotas pelas suas costas, e ele provavelmente vai se juntar a uma banda de rock e pintar o cabelo dele de azul, e você vai ter de esperar por ele em casa, enquanto ele passeia por aí, e um dia, ele vai te deixar com nada, senão lembranças e nojentinhas criancinhas louras.

- Ron,_ disse Hermione respeitosamente – pare de falar besteiras! Você não tem idéia sobre o que está falando, você soa completamente louco!

- Pelo menos, eu não estou falando em namorar Draco Malfoy!

- Isso é porque ele nunca namoraria você, você não faz o tipo dele. E você está errado sobre ele.

- Ah?_ disse Ron, furioso – sobre o quê?

- Ele nunca iria pintar o cabelo dele de azul, ele é muito vaidoso._ disse Hermione, virou-se, e subiu as escadas até o dormitório das garotas

Ron permaneceu na escada, sentindo-se extraordinariamente irritado quando ele se deu conta de que ele não obteve nenhum tipo de resposta para sua pergunta.



**



Logo que os visitantes saíram, Madame Pomfrey voltou ao seu trabalho, fazendo cicatrizar o resto dos cortes e machucados de Draco. Quase dormindo, com os olhos fechados, ele podia sentir leves toques em seu rosto, pescoço e ombros, quando ela curava os cortes e arranhões, o olho roxo e o corte no lábio que os Death Eaters fizeram nele. Ela se moveu até o punho torcido dele, e curou isso também. Então, ela chegou até a mão com o corte dele.

- Não_ disse Draco, puxando sua mão de volta – Deixe isso assim.

Madame Pomfrey ficou espantada de ver que os olhos dele estavam abertos, mas não demonstrou isso.

- Não seja ridículo._ ela falou – É um corte bem profundo, você vai ter uma cicatriz aqui!

- EU disse para deixar isso assim._ disse Draco, olhando para ela com um olhar, que ele esperava que fosse ameaçador

- Você ficar com uma cicatriz?_ ela perguntou, descrente

Ele puxou sua mão até seu peito e ficou com o punho fechado.

- Apenas deixe assim._ ele repetiu

- Ótimo._ disse Madame Pomfrey balançando sua cabeça

Quando ela se moveu para curar os cortes e arranhões da perna dele, Draco levou a sua mão até seu rosto e a examinou. Harry havia cortado uma profunda e entalhada linha sobre sua palma, que ia de lado a lado. Era difícil dizer, sob pouca luz, mas se ele olhasse bem para sua mão, ele veria que sua cicatriz parecia-se um pouco com um raio.



**



Exausta como estava, Hermione descobriu que havia uma chance muito pequena de ela dormir antes de contar a história toda para Lilá e Parvati, que comemoraram sua chegada com gritos de felicidade. Não, Hermione pensou melancolicamente quando ela sentou-se na cama vestindo seu pijama (o belo vestido de cetim de Narcissa, que agora estava destruído, estava dobrado caprichosamente na cômoda de Hermione) porque elas estavam felizes de revê-la, mas porque estavam procurando alguma fofoca realmente interessante.

- Você beijou Draco Malfoy num ARMÁRIO?_ perguntou Lilá, quando Hermione finalmente terminou

- Bem, essa não era realmente a parte mais importante da história,_ disse Hermione - mas, sim, é verdade.

- Mas ele é tão... mau._ disse Parvati, boquiaberta.

- Ainda sim, estranhamente atraente._ disse Lilá, começando a dar risadinhas afetadas – Vamos lá, Parvati... ele é bonito... eu nunca vi ninguém com o cabelo daquela cor. Como lantejoulas de Nata!

- Eu creio._ disse Parvati, não parecendo convencida

- Ele soou?_ perguntou Lilá – Ele tirou alguma peça de roupa?

- LILÁ!_ gritou Hermione – EU NÃO VOU FALAR COM VOCÊ SOBRE ISSO!

- Bem, e Harry?_ perguntou Lilá, impenitente – Como foi beijar ele? Foi bom?

Hermione ponderou se beijar Harry poderia ser chamado de bom. Beijar Harry foi estilhaçante, partia o coração, maravilhoso e horrível ao mesmo tempo. Foi bom?

- Foi normal._ ela respondeu

Lilá revirou seus olhos, e disse:

- Isso é excitante!

Parvati perguntou, curiosa:

- Então você está namorando Draco agora?

Hermione considerou isso, depois disse:

- Eu não sei.

- Mas você não está namorando o Harry._ concluiu Lilá, num tom precipitado

- Ele não está falando comigo_ disse Hermione – Então, isso significa um não. Nós não estamos namorando e,_ ela adicionou, angustiada – Eu duvido que nós um dia namoraremos.

- Bem_ disse Lilá, levemente hesitante – Já que não deu certo você e Harry, eu estava me perguntando... se você não se importaria... se eu o namorasse.

Hermione olhou para Lilá, boquiaberta, e falou:

- Lilá! Sinceramente!

Lilá não parecia estar envergonhada.

- Eu reconheço que você não teve muitos namorados, Hermione._ ela disse friamente – então você não deve saber como isso funciona. Eu não posso falar por todas, mas eu nunca me aproximei de Harry nos últimos anos porque nós sabíamos que você gostava dele, e pensávamos que ele gostava de você. Agora, porém...

- O que você acha, Hermione?_ riu desdenhosamente Parvati – Harry é rico, famoso, bem-apessoado, e também é legal. Além disso, ele salvou o mundo, ah, cinco ou seis vezes agora. Claro, ele é um dançarino terrível._ ela adicionou pensativa – Mas a maioria das pessoas não sabe disso.

- E o nosso último ano está para começar._ falou Lilá – Nós vamos precisar de pares para o Baile Natalino, para o Baile dos Alunos do Sétimo Ano, e, além disso, Harry vai ser o capitão do time de Quadribol...

- E quem quer que seja que vá com Harry, provavelmente vai ter sua foto publicada na “Bruxa Semanal”_ Parvati fez coro

Hermione olhou para as duas como se elas tivesse acabado de se tornar lobisomens.

- Vocês estão me dizendo_ falou Hermione –Que agora está aberta a temporada de caça ao Harry?

- Bem,_ disse Parvati – Basicamente, sim.

Hermione se deu conta de que, depois de seis anos andando exclusivamente com Harry e Ron, ela obviamente não descobriu a coisa mais importante sobre as outras garotas. Ela encarou Lilá com horror silencioso, e Lilá a encarou de volta, solidária, mas firme.

- Eu sinto muito, Hermione._ ela falou – Mas você não vai realmente ligar... vai?



**



Hermione dormiu durante aquele dia, e durante a maior parte do dia seguinte. Quando ela finalmente acordou, e desceu para almoçar, com pernas trêmulas, ela descobriu que o mundo que ela conhecia havia mudado da noite para o dia.

Não havia finalidade em tentar manter um segredo em Hogwarts, principalmente quando eles tinham a ver com Harry. Todos sabiam o quê acontecia, onde Harry, Ron e Hermione haviam ido, que o pai de Draco Malfoy estava preso, que Draco quase morreu, e havia o boato de que, ele e Hermione estavam, se não namorando, ao menos se vendo.

Quando ela chegou ao Salão Principal, todos viraram-se e olharam para ela. Ela procurou imediatamente, como de hábito, por Ron e Harry. Ela os achou, sentados a mesa da Grifinória com Fred e Jorge. Quando eles a viram, Ron deu a ela um sorriso nervoso.

Mas Harry desviou o olhar.

Hermione mordeu forte o seu lábio. Ela não iria chorar. Ela desviou o olhar deles... e viu Draco. Ele estava sentado a mesa da Sonserina, ocupando três lugares com suas pernas enormes, como sempre. Quando a avistou, ele sorriu.

Isso a fez se decidir. Sem ao menos pensar no que estava fazendo, ela andou pelo salão, e sentou ao lado dele.

Ela ouviu o zumbido sibilante de vozes que corria pelo aposento como rastilho de pólvora, mas ela não se importava. Ela só estava feliz de ver Draco. A mão esquerda dele estava embrulhada com bandagens brancas, mas fora isso, ele parecia mais saudável do que nunca.

- Ei!_ ele disse, quando ela sentou-se ao lado dele, e ele dobrou o Profeta Diário que ele estava lendo – Você sabe no que eu estava pensando?

- Não._ ela respondeu, sorrindo

- Em como chamar nosso primeiro filho._ ele falou – Eu presumo que depende se nascer um menino ou uma menina. Se for um menino, eu estava pensando em Draco Júnior. Ou nós ainda podemos chamá-lo de Harry, só para desconsertar o Quatro-Olhos. Ele nunca saberia o que fazer sobre isso.

- Draco..._ ela crepitou, e depois, vendo que ele estava sorrindo, jogou um waffle nele

Ele se esquivou.

- Me desculpe._ ele falou – Mas você deveria ouvir o que andam falando. Eles parecem achar que tivemos o Romance do Século, e não apenas alguns beijos num armário mofado.

- Oh..._ Hermione tapou o rosto com as mãos – Como as pessoas souberam disso?

Draco deu de ombros, e falou:

- Eu não faço a menor idéia. Mas eu devo dizer que isso me fez se livrar de Pansy Parkinson, o que me deixa eternamente agradecido. Ela veio me procurar esta manhã, histérica, querendo saber se isso era verdade. É claro que eu disse a ela que era, imaginando que qualquer coisa que a deixasse tão preocupada tinha que ser algo bom. Então, ela me disse que nunca mais falaria comigo.

Ele sorriu e abriu o Profeta Diário novamente. Hermione avistou a primeira página do jornal, e leu a manchete, chocada. LÚCIO MALFOY PRESO: ACUSADO. Ela leu algumas palavras no texto menor: “Uso ilegal de Feitiços Essenciais”, “seqüestro e tortura”, “testemunho de Narcissa Malfoy”, “à espera do julgamento”.

Draco seguiu o olhar dela, e abaixou o jornal.

- Eu sinto muito._ ela falou, olhando para ele - Você está bem?

- Estou bem._ ele disse, e leu a manchete – Eu recebi uma carta da minha mãe, ontem. Ela me contou basicamente tudo o que iria acontecer. E eu não estou surpreso. E _ ele adicionou – Ele não vai para Azkaban.

- Que bom._ disse Hermione, que apesar disso, achava que Lúcio Malfoy merecia Azkaban mais do que qualquer outra pessoa que ela já havia conhecido
Olhando para os lados, ela viu pessoas desviando o olhar rapidamente.

- Todos estão olhando para mim._ ela disse, em voz baixa, para Draco

- É porque você é a garota que deu o fora em Harry Potter por causa de Draco Malfoy._ ele disse jovialmente – Saiba você disso ou não.

- Ótimo._ ela falou – Agora eu tenho dois namorados imaginários. Com todos os problemas, e nenhum dos benefícios.

- Você quer os benefícios?_ perguntou Draco, olhando para ela com um sorriso curioso

Hermione ficou mais vermelha do que teria ficado se tivesse sido mergulhada em água fervente.

- Hã_ ela disse

- Vamos lá_ ele disse, oferecendo uma mão a ela – Vamos andar perto do lago. Eu quero te mostrar uma coisa.

- Hã_ ela repetiu

- Não é esse tipo de coisa._ ele sorriu

- Está bem._ ela disse, e o seguiu para fora do salão



**



Harry e Ron assistiram-na partir, Ron pasmo, e Harry com uma expressão bem estranha.

- Então_ ele disse – Eu acho que isso me faz o Cara que Cruzou os Braços Feito um Fedelho só Assistindo Ela Ficar com o Malfoy.

- AH, não_ disse Ron jovialmente – Eu tenho o orgulho de dizer que você não cruzou os braços. Você seguiu em frente corajosamente, e se fez um grande idiota, mas ainda assim, ela ficou com o Malfoy.

- Muito obrigado, Ron._ disse Harry

- Mas pelo menos você chegou a tomar uma providência._ falou Ron

- Esse sou eu. O Cara da Providência.

- De fato,_ salientou Jorge – Rigorosamente falando, é o Malfoy quem está tomando as providências aqui.

Harry soltou seu garfo.

- Você poderia NÃO falar coisas assim perto de mim?_ ele falou acusadoramente para Jorge

- Me desculpe._ disse Jorge, mas sua boca estava se contraindo numa risada

Ele ergueu seu prato para cobrir sua expressão. Fred fez o mesmo.

- Por que o meu sofrimento é tão engraçado?_ Harry surpreendeu-se em voz alta

- Isso deveria ser óbvio._ disse Ron

Harry virou-se e olhou para ele, e perguntou:

- Por quê?

- Porque é desnecessário._ respondeu Ron – Ela te ama, seu idiota estúpido. Você está esquentando a cabeça e não falando com ela. O que você queria que ela fizesse? Principalmente com o Malfoy destilando o charme do antigo Harry Potter para ela, você sabe, ele deve ter pegado de você quando estavam sob o efeito da Poção.

- Eu não sei._ disse Harry, pensativo – Eu acho que é só ele agora, na verdade.

- Você quer dizer que você realmente acha que ele a ama?_ perguntou Ron, espantado

- Sim._ respondeu Harry – Eu acho que sim.

- Nesse caso_ anunciou Jorge – Você realmente está com problemas, Harry.

Fred estava sorrindo novamente, e falou:

- Pense naquela hora que o Malfoy te pediu para matá-lo. Aposto que você gostaria de poder voltar atrás, não gostaria?

- Com vocês dois de amigos, quem precisa de desgraça e odiar a si próprio?_ perguntou Harry, retoricamente, olhando para eles

- Desde quando você ficou tão sarcástico?_ perguntou Jorge, olhando severamente para Harry – Você soa como...

- O Malfoy._ completou Fred

Todos olharam para Harry considerando.

- Parece que a poção deixou efeitos colaterais: o Malfoy ficou com a sua personalidade de cara-legal._ disse Fred, depois de uma pausa – E você...

- Ficou com um temperamento péssimo._ completou Jorge

- Eu acho que podemos dizer que o Malfoy é o grande vencedor nessa peça._ disse Fred

- Eu sei._ disse Harry, olhando para a porta pela qual Draco e Hermione saíram – Me fale algo de que eu não saiba.



**



Era um belo dia de sol. Draco e Hermione contornaram o lago e andaram até um pequeno bosque. Eles estavam andando perto de onde aconteceu a Segunda Tarefa, no quarto ano deles em Hogwarts. Hermione se perguntou se Draco sabia disso.

Ele parou sob as árvores e disse:

- Venha cá.

Ela foi, e parou perto dele, tão perto que seu braço tocava o dele.

- Veja isso!_ ele disse, e apontou sua mão esquerda para raiz da árvore

Nada aconteceu.

- Ooops!_ ele falou – Eu esqueci. As bandagens interferem.

Ele apontou sua outra mão para raiz da árvore, e dessa vez, algo aconteceu. Houve um barulho como o de uma corda de violão sendo dedilhada, e da terra perto da raiz se moveu. Hermione assistiu, admirada, a um broto verde abrir caminho no chão, emergir, e em segundos, abrir suas pétalas. Em poucos instantes, se tornou uma rosa negra. A única rosa negra que Hermione já havia visto.

Ela olhou para Draco, boquiaberta, e perguntou, confusa?

- Isso é... como você fez...?

Ele sorriu para ela.

- Coisa de Magid._ ele disse – Eu pratiquei durante toda a manhã. Você gostou?

- Eu nunca vi uma rosa negra, antes._ ela disse, se inclinando para examinar a flor

- Eu não pareço conseguir fazer flores aparecerem em outra cor._ ele disse, dando de ombros – Eu acho que é porque eu não sou o tipo do cara que adora flores. Eu pareço ser muito bom em criar Mosqueiros de Vênus, e consigo fazê-los chover como pedras, mas flores... nem tanto.

- Você os fez chover?

- Bem, só numa área pequena. E eles eram pretos também.

- Você não acha perigoso usar suas habilidades de Magid sem nenhum treinamento?_ perguntou Hermione, mesmo sabendo que soava mandona, mas, como sempre, não conseguia deixar de ser

- Provavelmente_ disse Draco – Eu suponho que poderiam ter chovido bigornas. Mas eu não estou muito preocupado. Você não gostou da flor?_ ele adicionou, soando aflito

Hermione a puxou do chão, e levantou-se, segurando a rosa entre os dedos cautelosamente. A rosa tinha bastante espinhos grandes e afiados.

- Eu gostei._ ela disse, olhando para ele – É espinhosa e irritadiça. Parecida com você.

Ele se inclinou e beijou um canto da boca dela, e seu cabelo platinado roçou a bochecha dela como asas de borboleta. Ela sentiu o cheiro dele: café, limão e pimenta, e xarope de bordo do café da manhã.

E então, ela se soltou, e disse:

- Eu não posso.

- Por que NÃO?_ perguntou Draco, soando menos como um autocontrolado Malfoy, e mais como um irritante garoto de dezesseis anos

- Eu não sei o que está acontecendo entre mim e Harry.

- Bastante coisa nenhuma._ falou Draco – Parece ser isso o que está acontecendo entre você e Harry. Ou estou errado?

- Não._ ela disse vagarosamente – Não. Você não está errado. Mas eu não posso fazer nada com você enquanto ele não está falando comigo, porque... porque...

- Porque você quer a bênção dele?_ sugeriu Draco

Ela ficou surpresa ao perceber que isso devia ser verdade.

- Eu acho que sim._ ela disse

- Nesse caso,_ falou Draco – Nós só vamos ficar juntos quando tivermos trinta anos.

- Só me dê mais um tempo._ ela disse, olhando para ele de modo litigioso

Ele jogou suas mãos para o ar.

- Certo._ ele disse – Tempo.



**



Hermione nunca havia se dado conta de que o simples fato de que ela estava sempre com Harry havia convencido a maior parte da escola de que eles eram, na verdade, uma notícia. (os freqüentes artigos da Bruxa Semanal sustentando que ela e Harry estavam juntos também não haviam doído). Agora, que haviam boatos sobre ela e Draco, e que ela e Harry haviam deixado de ser amigos, garotas começaram a tomar providências numa velocidade incrível.

Providências a respeito de Harry.

De repente, haviam garotas nos treinos de Quadribol; garotas na mesa da Grifinória; garotas esperando Harry sair de sala, no corredor. Parecia que, toda vez que ela via Harry, ele estava rodeado de garotas. Garotas altas, baixas, Hermione até viu a Murta Que Geme tentando chamar a atenção dele perto do banheiro, um dia. Parecia que ela era a única garota de Hogwarts que não estava constantemente falando com Harry.

Para Hermione, isso era como estar vivendo um pesadelo. Por todos os lugares que ela passava, ela via Harry, afinal de contas, eles estavam na mesma casa, e tinham a maioria das aulas juntos, mas ele não olharia para ela, nem menos olharia para ela, e ele estava sempre rodeado por garotas.

Se não fosse por Draco, Hermione teria ficado completamente infeliz. Ele sempre parecia feliz em vê-la, e estava sempre por perto. Ele a apresentou para seus amigos da Sonserina, o que foi... interessante. Crabbe ficou tão chocado por ser apresentado a Hermione, que ele engasgou, e acabou cuspindo farelos de biscoito nela, e Goyle simplesmente ficou parado em frente a ela, boquiaberto. Pansy Parkinson se debulhava em lágrimas toda vez que Hermione passava perto dela, e Hermione terminantemente recusou-se a ser apresentada a Emília Bulstrode, porque a lembrança da confusão que Emília a colocou em seu segundo ano ainda ferroava. Alguns dos outros sonserinos não eram tão maus, mas Hermione não se sentia confortável entre eles.

- Sempre quando eles olham para mim,_ ela disse a Parvati. Ela teria preferido falar com Ron, mas já que ele estava sempre com Harry, isso era quase impossível – Eu sinto como se eles estivessem mentalmente afiando facas na minha direção.

- Eles não são as pessoas mais legais do mundo, isso é verdade._ concordou Parvati, que estava aplicando um feitiço alongador de cílios em frente ao espelho do dormitório delas – Mas com certeza, nem todos são inúteis, são?

- Fora Draco, você quer dizer?_ perguntou Hermione, que estava deitada em sua cama, observando Parvati

- Bem, obviamente, já que você está namorando ele.

- Nós NÃO estamos namorando!_ protestou Hermione

- Não estão?_ Parvati estava tão espantada, que ela acidentalmente alongou seus cílios em quase um metro de comprimento, e Hermione teve de ajudá-la a fazê-los voltar ao tamanho normal

Quando o processo de diminuimento de cílios terminou, Parvati repetiu sua pergunta, e Hermione suspirou.

- Não estamos namorando._ ela disse – Somos apenas bons amigos.

- Quer saber, Hermione?_ falou Parvati, convictamente – Você sendo amiga de Draco Malfoy... isso é ainda mais estranho que você sendo namorada dele!

- Por quê?_ perguntou Hermione, curiosa

- Bem, se você estivesse namorando ele, eu poderia considerar isso uma atração física incontrolável. Quero dizer, ele é bonito. Isso é um fato. Mas se você é só amiga dele..._ Parvati encolheu os ombros – Você deve gostar dele de verdade.

Hermione rolou na cama e olhou para o teto. E disse:

- Eu gosto dele.

- A despeito do fato de que ele é mimado, egoísta, tem um mau temperamento e um senso de humor medíocre, e gosta de azucrinar pessoas que são mais fracas que ele e..._ Parvati parou ao perceber a expressão do rosto de Hermione, e depois disse – Ele faz isso, sim.

- Eu sei._ falou Hermione – Não tanto como antes, mas... ele é realmente uma boa pessoa, Parvati.

Parvati virou-se, olhou severamente para Hermione e perguntou:

- Então por que você não está namorando ele?

- Porque...

- Porque ele não é Harry._ disse Parvati, mostrando grande perspicácia

Hermione virou-se sobre a cama, inquieta, e disse:

- Não é mais.



**



- Ah, vamos lá, Ron!_ disse Harry atravessadamente – É simples, faça isso!

- Eu NÃO vou fazer isso!_ falou Ron, soando igualmente atravessado

Ron estava pairando no ar, montado em sua vassoura, sobre o campo de Quadribol, encarando Harry, que estava som uma perna de cada lado de sua Firebolt de braços cruzados, e parecendo furioso. Eles estavam entretidos num treino de vôo por quase uma hora antes que Harry fizesse um pedido peculiar para Ron, e os dois garotos estavam animados e irritáveis. A camisa branca de Harry estava grudando em suas costas com o suor.

- Por que não?_ perguntou rispidamente Harry – É só me empurrar da minha vassoura! Vamos, tente!

- Por que não?_ ecoou Ron, incrédulo – Que tal porque eu não quero passar o resto do ano letivo explicando para Dumbledore por que eu te matei a sangue frio sem motivo?

- Dumbledore disse que o poder de Magid se manifestaria quando eu estivesse em perigo._ disse Harry – Não funcionaria se eu simplesmente pulasse da vassoura. Eu tenho que ficar assustado. E se você não me ajudar, eu vou até a Floresta Proibida servir de comida para Aragogue.

- Harry!_ disse Ron, desesperado – Dumbledore também disse que o poder se manifestaria entre os dezesseis e os dezoito anos! Você só tem dezesseis! Pare com isso um pouco!

- O Malfoy também só tem dezesseis anos...

- Pare de falar no Malfoy!_ gritou Ron com raiva – Estou cheio de ouvir você falando nele! Só porque ele está namorando a Hermione, eu não vou te ajudar a se matar!

Os olhos de Harry se estreitaram e pareciam raivosas ranhuras verdes. Ele agarrou sua varinha, e antes que Ron se desse conta do que estava acontecendo, Harry apontou a varinha para ele e gritou:

- Rapido!

A vassoura de Ron acelerou incontrolavelmente, com Ron se pendurando nela com dificuldade, voando na direção de Harry, empurrando-o de sua Firebolt. Ron, com dificuldades até mesmo de se manter sobre a própria vassoura, viu Harry caindo. Ron, então, agarrou sua varinha, apontou-a para Harry, que estava caindo com muita velocidade, e sibilou:

- Wingardium Leviosa!

Harry, que não havia feito o menor barulho enquanto caía, ganiu quando sua queda foi interrompida a alguns metros do chão. Ele ficou pendurado lá, no meio do ar, olhando de modo reprovativo para Ron.

- Idiota!_ murmurou Ron, movendo sua varinha, e assim, ela não estava mais apontada para Harry

Harry caiu os poucos metros restantes sobre o chão do campo de Quadribol.

Ron suspirou, apontou sua vassoura para baixo, e aterrissou perto de Harry. Que estava deitado à vontade no chão, olhando para o céu, e parecendo não ter a menor intenção de se levantar.

- Zero!_ falou Harry sombriamente – Nada. Eu NÃO tenho poderes de Magid. Pelo menos não no momento.

- Harry,_ disse Ron, saltando de sua vassoura – Já te ocorreu que querer poder transformar Draco Malfoy numa lesma e depois pisar nele não é razão suficiente para os seus poderes de Magid começarem a funcionar?

Harry pôs suas mãos no rosto e disse alguma coisa que soava como “ARGH”.

- Deve haver outra maneira de fazer os seus poderes de Magid começarem a funcionar._ disse Ron – Alguma outra maneira que não arrisque a sua vida.

- Eu andei lendo sobre isso._ falou Harry – Os poderes de Salazar Slytherin apareceram quando ele teve de enfrentar um dragão que estava ameaçando o seu povoado. Mas isso foi há um zilhão de anos, quando ainda havia muitos dragões andando por aí. Já os poderes do bruxo das trevas Grindewald apareceram quando ele estava em algum tipo de batalha, outra maneira que não tem como eu conseguir meus poderes, e os de Rowena Ravenclaw começaram quando ela foi acometida por um relâmpago. Outra coisa difícil de arranjar.

- Harry..._ disse Ron vagarosamente – Você precisa falar com Hermione, é isso que você precisa fazer.

Harry olhou para Ron com suspeitosos olhos verdes e perguntou:

- Por quê?

- Porque ela é sua melhor amiga, bobalhão._ falou Ron – E porque você sente saudades dela e isso está te fazendo ficar maluco.

- Sempre que eu vejo Hermione,_ disse Harry tirando as mãos de seu rosto – Eu quero morrer.

- Isso é romântico._ disse Ron

- Sempre que eu a vejo com o Malfoy, eu quero morrer._ esclareceu Harry

- Bem, você vai ter que se acostumar com isso._ disse Ron

- Eu não quero me acostumar com isso!_ disse Harry, sentando-se abruptamente – Eu quero que os meus poderes de Magid comecem a funcionar, é isso o que eu quero.

- Isso é magia._ disse Ron, não sem ser compreensivo – O que você tem é dor-de-cotovelo. Magia não conserta isso.



**



- Eu estava pensando sobre esse verão, Hermione._ disse Draco

Era hora do café da manhã. Eles estavam sentados juntos a mesa da Sonserina. (era o quarto café da manhã de Hermione com os sonserinos. Ela já estava até se acostumando com Crabbe fazendo barulho com o canudo e cuspindo a cada refeição.) Draco estava comendo torrada numa rapidez chocante; Hermione havia acabado de descobrir que ele era um desses garotos que podiam comer tudo e qualquer coisa, e continuavam magros. E ela, que não estava com muita fome, estava mordiscando algumas sementes de abóbora.

- O que é que tem esse verão?_ ela perguntou

- Bem, eu sei que nós estávamos falando sobre eu te visitar na casa de seus pais. E eu ainda quero te visitar, mas a minha mãe me escreveu me lembrando que o meu tio Vlad estava dizendo que esperava que eu fosse vê-lo nesse verão. Ele tem um imponente castelo na Romênia, e eu estive pensando, se você gostaria...

Sorrateiramente, Hermione olhou furtivamente para a mesa da Grifinória. Ela podia ver Harry, sentado com Ron; Lilá ao seu lado, e Parvati ao lado de Ron. Quando Hermione os observava, Lilá pegou uma torrada e a ofereceu a Harry.

E Harry comeu a torrada.

Lilá deu risadinhas afetadas.

- Enquanto isso,_ continuou Draco – Eu larguei Hogwarts e virei um assassino de aluguel do Ministério da Magia.

- O... o quê?_ engrolou Hermione, virando-se para olhar para Draco

Ele estava sorrindo, mas seu sorriso não alcançava os seus olhos acinzentados.

- Hermione, amor da minha vida_ ele disse, apontando – Você realmente vai comer tudo isso?

Ela olhou para onde ele indicava, e pulou de susto. De algum modo, ela conseguiu descascar, uma pilha de no mínimo cem sementes de abóbora. A sementes mesmo estavam numa única e caprichada pilha, as cascas em outra. Hermione não se lembrava de ter descascado sequer uma semente.

- Oh!_ ela falou, acanhada – Eu vou... hã... guardá-las para mais tarde, eu acho.

- Certo, faça isso._ disse Draco, e levantou-se

Em alerta, Hermione também se levantou.

- Eu sinto muito._ ela disse - Eu estou sendo um pouco distraída esses dias.

- Eu percebi isso._ disse Draco – Está tudo bem. Eu só acabei de lembrar de algo que eu tinha que fazer. Eu venho adiando isso, mas parece que chegou a hora certa de fazer isso.

- Eu posso ajudar?_ perguntou ela, sentindo-se culpada

- Definitivamente não._ respondeu Draco

Ele a acariciou no rosto suavemente. Então, ele tirou sua mão.

- Eu tenho treino de Quadribol esta tarde._ disse ele – Te vejo no jantar.



**



Harry havia providenciado ficar sozinho no salão comunal da Grifinória, nesta tarde. Por esse motivo, ele ficou espantado quando a passagem do quadro da Mulher Gorda se abriu e Draco Malfoy entrou no aposento. Ele se endireitou e examinou o chocado Harry serenamente.

- Dica de elegância, Potter._ ele disse – Bocas ficam melhores fechadas._ ele se sentou numa poltrona e esticou suas pernas na direção da lareira – Eu não posso acreditar que a senha ainda é “estrondo”._ ele continuou – Você e os grifinórios são muito pouco desconfiados!

Harry abaixou o livro que estava lendo e olhou, aflito, em volta.

- Você quer ser um pouco mais cauteloso, Malfoy?_ disse Harry – Se outras pessoas descobrem que você tem a senha...

- Eu não quero ser nem um pouco mais cauteloso._ disse Draco – Eu quero bater na sua cabeça com uma vassoura. Mas eu não vou, é lógico.

- Por que não?_ perguntou Harry, voltando ao seu livro – Você pode usar a minha Firebolt 5000 para isso._ ele olhou para Draco – A propósito, por que a repentina explosão de hostilidade? Não deveria ser eu quem deveria estar te odiando?

- Não._ respondeu Draco – Sou eu quem deve te odiar, pela simples razão de que você está fazendo Hermione muito infeliz.

Harry largou o livro novamente, e olhou para Draco. Suas bochechas estavam coradas de raiva.

- Você veio aqui me falar dela?

- Exatamente._ respondeu Draco

- Eu tenho uma idéia melhor._ disse Harry – Por que você não dá o fora daqui?

- Olhe, eu conheço essa garota, Hermione,_ disse Draco, como se Harry não tivesse falado – E ela é uma garota maravilhosa de se estar por perto. Muito inteligente, inteligentemente bonita, também. Uma das pessoas mais corajosas que eu já conheci._ ele desviu o olhar de Harry - A única coisa é que eu sinto que ela está muito infeliz por causa de alguma coisa. Ela chora quando pensa que eu não estou olhando. Ela sai de órbita com facilidade. E sempre que você está por perto..._ Draco olhou diretamente para Harry – Ela te observa.

A cor estava começando a desaparecer do rosto de Harry. Agora ele realmente parecia espantado.

- Ela nem falaria comigo.

- Não._ replicou Draco – Você não falaria com ela.

Harry olhou para ele, admirado.

- Por que você está me contando isso?

- Eu não sei._ respondeu Draco, pensativo – O único jeito que eu consigo fazer esse tipo de coisa é me dizendo que eu não estou fazendo. Mesmo agora, eu digo a mim mesmo que eu vim aqui para falar sobre o cara chato que você é. Parece que está funcionando.

- Ela está mesmo infeliz?_ perguntou Harry numa voz abafada

- Completamente._ respondeu Draco – Olhe, Potter. Fale com ela. Você é o melhor amigo dela. Ou era.

A cor tinha saído completamente do rosto de Harry, e agora ele estava completamente pálido e infeliz.

- Eu não posso._ ele disse

- Ah! Sim, você pode._ disse Draco, cujo temperamento estava começando a puir-se – De todo modo, do que você tem medo?

- De que ela estivesse certa._ respondeu Harry – Eu a mantive como propriedade, eu a mantive como propriedade por todos esses anos. Ela tem o direito de querer me fazer pagar por isso. E pagar. Não há pagamento sufici...

- Olhe._ interrompeu Draco – Você quer se chafurdar em culpa, muito bem. Se estapeie. Mas..._ ele deu um passo à frente e olhou para Harry – Eu não vou ser a segunda escolha. Eu não vou ficar com ela porque ela não pode estar com você.

- Harry?_ disse uma voz que vinha de trás da cadeira

Harry virou-se, espantado.

- Sirius!_ Harry falou – Eu quase esqueci que eu tinha combinado de falar com você agora.

Ele levantou-se de sua cadeira, e se ajoelhou perto da lareira. Draco o seguiu e viu que a cabeça de Sirius estava flutuando no fogo. Os cabelos rebeldes de Sirius haviam sido aparados, sua barba estava feita, e ele parecia mais elegante e com mais aspecto de noivo de um modo que nem Harry nem Draco já o haviam visto antes.

- Sirius,_ disse Harry, satisfeito, estendendo uma mão, como se ele pudesse apertar a mão de Sirius

Quando ele fez isso, Draco viu a cicatriz na palma da mão de Harry, gêmea da dele. Aparentemente, ele também não havia deixado que a curassem.

- Parecendo nítido, hein, Sirius!_ disse Draco cordialmente, ajoelhando-se ao lado de Harry

O rosto de Sirius se contorceu numa expressão satisfeita ao ver Draco. Essa expressão foi logo substituída por algo que parecia alerta.

- Eu não sabia que vocês dois estariam aqui.._ ele disse a Harry

- Me desculpe._ falou Harry –Eu pus um Feitiço Obstáculo para desencorajar quem quisesse entrar aqui, mas não funcionou com o Malfoy. Típico._ ele adicionou, olhando para Draco

- Você só deveria levar em conta o fato de que eu sou um Magid, e por esse motivo, melhor do que você, Potter._ disse Draco

- Eu sou um Magid também, idiota!_ disse Harry, irritado

- Se você diz que é..._ disse Draco, num tom de grande superioridade – Mas o que você fez?

- Parem com isso!_ pediu Sirius, irritado – Vocês discutem como um casal de velhos!_ Harry e Draco deram idênticos gritos de horror – Certo, então._ disse Sirius – Deixe para lá o que eu ia dizer. Estou me retirando. Harry, depois eu te envio uma coruja.

E ele desapareceu.

- Sirius?_ disse Harry, em silenciosa perplexidade. Então, ele virou-se para Draco – Muito obrigado, Malfoy.

Mas Draco estava pensativo, e disse:

- Eu me pergunto o que ele tinha para te contar.

Harry sentou-se contra uma os pés de uma poltrona e balançou sua cabeça.

- Bem, eu vou ter de esperar pela coruja dele, agora._ ele disse irritado – Por que você não sai daqui, Malfoy? Você está me dando dor de cabeça!

- Muito bem._ disse Draco, levantando-se – Ah! Uma coisa, Potter.

- O que é?

- Não é da minha natureza o auto-sacrifício._ disse Draco, trivialmente – Eu não sei se é algum vestígio da Poção Polissuco ou sei lá o quê. Mas se for, e essa minha fase generosa passar, e você ainda estiver fazendo Hermione infeliz, eu vou arrancar as suas costelas e as irei vestir como a um chapéu. Entendeu?

- Entendi._ disse Harry, sorrindo, a despeito de si próprio – E um grande broche de estrela para você pela imaginação fértil.

- Obrigado._ disse Draco, e saiu pela passagem do quadro



**



Choveu e trovejou muito no dia seguinte. O céu relampejando parecia um ferro negro e úmido. O que ia bem com o humor de Hermione. Ela sentou-se numa poltrona do salão comunal, observando, mal-humorada, o fogo crepitante. Ela se perguntou, vagamente, onde estava Bichento. Seria bom ter um gato para deitar em seu colo, agora.

A passagem do quadro abriu-se, e Ron entrou no aposento, sacudindo água de suas vestes.

- Oi, Ron!_ disse Hermione, feliz em vê-lo sem Harry. Depois, ela viu o quão aflito e preocupado ele estava, e parou – Ron, está tudo bem?

- Não sei ao certo._ ele respondeu

Ela olhou severamente para ele, e então, perguntou:

- Onde está o Harry?

- Eu fui com o Harry para o treino de Quadribol._ disse Ron vagarosamente – Mas encurtaram-no por causa do tempo. Ninguém joga Quadribol numa tempestade de raios como essa.

- Óbvio._ concordou Hermione

- De todo modo, estávamos a meio caminho de volta ao castelo, eu estava conversando cm Fred e Jorge, e eu virei, e Harry tinha... bem, ele tinha ido.

- Ido?_ repetiu Hermione, incrédula – Ele desapareceu?

- Ele não desapareceu. Alicia Spinnet disse que o viu correndo até a Floresta Proibida.

- Bem..._ disse Hermione, infeliz – Ele deve ter um motivo...

- É isso que me preocupa._ disse Ron – O motivo dele.

Hermione estava quase perguntando o que ele queria dizer, quando a passagem do quadro abriu-se novamente e Draco entrou no salão.

Ron não parecia feliz em vê-lo, e disse:

- Falando da pessoa incrivelmente chata...

A despeito de tudo o que aconteceu, Hermione sabia que Ron e seus irmãos ainda não gostavam de Draco, e que nunca gostariam.

- Você não pode ficar entrando e saindo do nosso salão comunal, você sabe, vão acabar te pegando.

- Vocês estavam falando de mim?_ perguntou Draco calmamente – Porque eu ouvi um pouco da conversa, e parecia mais que vocês estavam falando de Harry. Ele saiu e fez algo idiota de novo, não foi?

- Sim, e é tudo culpa sua._ respondeu Ron, exorbitante

- Minha culpa? Como a culpa é minha?

- É toda essa..._ Ron fez um gesto de como se fosse varrer o salão – coisa de Magid. Ele não suporta que os seus poderes funcionam e os deles, não, está bem? Ele está fazendo tudo o que pode para fazê-los começarem a funcionar precipitadamente. Ele me pediu para empurrá-lo da vassoura dele...

- Ele fez o quê?_ perguntou Hermione

- Você me ouviu._ falou Ron – E ele anda lendo sobre Magids e suas histórias, e um deles, eu acho que Rowena Ravenclaw, estava fora de casa numa tempestade, e foi atingida por um raio, e...

Hermione levantou-se de sua poltrona, e perguntou:

- Você acha que ele saiu para tentar ser atingido por um raio?

- Nem o Harry é tão idiota!

- Geralmente não._ concordou Ron – Ele está fora de si ultimamente. Culpa sua._ ele disse, virando-se para Hermione – Andando de lá pra cá com o Malfoy, toda beijoqueira.

- Não teve beijo._ disse Hermione, chateada com essa injustiça – Teve?_ ela perguntou, virando-se para Draco

- Infelizmente não._ concordou ele

Ron não parecia convencido.

- Você está dizendo que o Harry saiu no meio de uma tempestade de raios para tentar ativar seus poderes de Magid, querendo não se sentir em desvantagem com Draco por causa de mim?_ perguntou Hermione

- Ele sente sua falta, Hermione._ disse Ron

- E nada como dizer “eu te amo” sendo reduzido a uma pilha de cinzas._ adicionou Draco

Hermione virou-se para ele, enraivecida, e gritou:

- Você não está ajudando!

- Olhe_ disse Draco, surpreso pela veemência dela – Nós não SABEMOS o que ele foi fazer lá, sabemos?

- O que mais seria?_ perguntou Hermione, quase chorando. Ela se levantou, e checou seus bolsos procurando sua varinha – Estou indo atrás dele._ ela disse – Vocês dois façam o que quiserem.

Ela achou sua varinha, e caminhou até o quadro. Draco a seguiu.

- EU vou com você._ ele disse

Ron balançou sua cabeça, e disse:

- Eu vou ficar aqui para o caso de ele voltar.

- Certo._ disse Hermione aos dois, e começou a correr pelo salão

Draco, tendo pernas bem mais longas do que as dela, nem teve que correr para acompanhá-la.

- Hermione,_ ele disse, quando eles viraram num corredor – fique calma, por favor!

- Você não entende._ ela falou – É tudo minha culpa.

Eles desceram correndo a escada larga, e saíram pelas portas da frente do castelo.

E esbarraram em Harry.

Ele estava encharcado, sua camisa e sua calça estavam coladas nele, e escorria água de seu cabelo pela sua testa, mas fora isso, ele parecia completamente saudável. Ele estava vestindo as vestes escolares sobre as vestes de Quadribol. E ele estava carregando um Bichento molhado.

- Harry!_ disse Hermione, quase chorando – Você está bem? Você está bem?

Harry olhou para os dois, perplexo.

- Estou bem.- ele disse a ela – O seu gato conseguiu se entalar em um cano de escoamento. Eu o ouvi urrando quando eu estava voltando do treino, então eu fui atrás dele buscá-lo.

Bichento sacudiu-se sobre os braços de Harry, ronronando.

- Ele é muito gordo._ disse Harry imparcialmente – Você deveria parar de dar tanta comida para ele.

Houve um ruído de trovão vindo de cima, e uma chuvarada fresca ameaçava e cair sobre eles. Bichento parecia aflito.

- Nós devemos entrar._ disse Draco, começando a andar

Hermione o seguiu, e mais devagar vinha Harry.



Quando entraram, Bichento pulou do colo de Harry, e pousou no chão, e saiu correndo, sacudindo-se. Nem Hermione nem Draco estavam tão molhados quanto Harry, que estava tremendo. E Harry simplesmente ficou ali, parado, com uma piscina cada vez maior feita da água que escorria de suas vestes e sapatos encharcados.

- Por que vocês dois vieram atrás de mim daquele jeito?_ ele perguntou num tom de voz incolor – E por que vocês perguntaram se eu estava bem?

- Hã..._ disse Hermione, sentindo-se agora realmente muito idiota – Nós devemos te levar para a Torre da Grifinória, Harry. Você está encharcado!

Harry estreitou seus olhos para ela, mas começou a subir as escadas. Draco e Hermione o seguiram.

- Você não respondeu à minha pergunta._ ele falou, virando um corredor

- Hermione achou que você tinha saído para tentar ser atingido por um raio_ disse Draco – Para fazer seus poderes. Eu disse “deixe ele”, mas ela quis ir atrás de você.

Harry parou e olhou para ela.

- Atingido por um raio?_ ele perguntou – Que tipo de idiota você acha que eu sou?

Ela ficou nervosa.

- Eu não sei, Harry._ ela disse asperamente – Talvez o tipo de idiota que tenta fazer com que Ron o empurre da vassoura?

- O Ron tem uma boca enorme._ disse Harry brevemente, então parou e olhou

Hermione virou-se para ver o que ele estava olhando, e o viu olhando para uma porta meio aberta que dava num quarto escuro, dentro do qual ela podia ver a fraca luz bruxuleante do vidro.

- Esse não é..._ falou Harry – Não pode ser...

- O quê?_ perguntou Hermione, confusa, mas Harry já havia passado por ela e aberto a porta

Ele entrou, e Hermione e Draco, trocando olhares aflitos, o seguiram.

Era um aposento que Hermione não se lembrava de ter visto antes. Grande e vagamente iluminado: uma parede inteira era só de janelas, agora mostrando o céu nublado e chuvoso que estava lá fora. Na outra parede, estava o objeto que tinha a luz bruxuleante que Hermione havia visto. Era um espelho. Redondo, com uma larga moldura de madeira. Era muito plano, e ainda assim parecia lançar uma incandescência na meia-luz.

Harry andou até o espelho, e olhou para ele como se ele guardasse todos os segredos do universo. Havia água escorrendo de seu cabelo, calças e vestes, mas Harry não parecia notar.

- Harry?_ chamou Hermione, incerta, e andou até ele

Ele não se virou, sequer pareceu tê-la ouvido se aproximar.

- Harry,_ ela repetiu – Você está olhando para o quê?

- Nós._ ele disse – Eu vejo você e eu.

Hermione olhou para o espelho e viu a si própria e a Harry olhando de volta.

- Eu também nos vejo._ ela disse – Grande coisa, Harry. É só um espelho.

- Não é..._ ele começou, indignado, então virou-se e olhou para ela. Os olhos dele estavam arregalados – O que você disse que viu?

- Você e eu._ ela disse, admirada – Ali nós estamos._ ela disse, apontando para o espelho. Então, ela olhou furtivamente

Havia algo no reflexo dela e de Harry. Algo estranho.

- E agora?_ perguntou Harry, andando para trás alguns metros – O que você vê?

Ela olhou novamente para o espelho. E o seu coração capotou.

- Ainda vejo você e eu._ ela disse, com voz contagiante – Só que... Harry! No espelho você está seco! E você está..._ ela parou, virando-se para ele – Que tipo de espelho é esse?

- Leia a inscrição._ disse Harry, espantado, mas não tão infeliz como estava antes

Hermione leu. Oãçarao uesed ojesed o, missam, otsorueso ortsom oãnue.

Como Hermione era bastante mais inteligente do que Harry, ela precisou de apenas um instante para perceber que a inscrição estava escrita de trás para frente.

Eu não mostro o seu rosto, mas sim, o desejo de seu coração.

- Você me contou sobre esse espelho._ ela disse vagarosamente – anos atrás... ele mostra a sua família, Harry...

- Mostrava._ ele disse – Eu ainda os vejo. Mas quem está em primeiro plano somos nós. Eu acho_ ele disse –que o desejo do coração de uma pessoa pode mudar.

Ele estava muito pálido, mas ele estava olhando para ela, realmente olhando para ela, como ele não olhava havia dias.

Atrás dele, ela viu Draco atravessar o aposento e sair. Seu coração se contraiu. Mas ela não podia sair. Era a vida dela, bem ali, naquele aposento.

Draco fechou a porta ao sair, e ela virou-se para Harry.

- O espelho te mostra o que você quer._ ela disse vagarosamente

Harry confirmou com a cabeça.

- Mas Dumbledore não te contou que a maioria das pessoas quer o que é pior para elas?

- A maioria._ disse Harry – Não todas._ ele olhou para ela com firmeza – Você me ama?

- Claro que eu te amo._ ela disse – Na minha vida toda, eu nunca amei alguém como eu te amo. Mas você me assusta, Harry. Você pode me ferir com muita facilidade. É por isso que eu gosto de estar com Draco. Ele não me machucaria e de todo modo, ele não pode.

Harry virou-se, andou alguns passos até ela, e a encarou.

- É engraçado._ ele disse – mas eu estava falando com o Malfoy ontem, e eu de fato percebi uma coisa. Eu percebi que eu te devo desculpas.

Ela olhou para ele. Ele estava tão pálido que seus olhos pareciam a única cor em seu rosto branco. Ele falou:

- Eu sinto muito. Eu sinto muito porque eu nunca te disse que eu te amo. Eu sinto muito porque eu esperei até quando parecia que eu ia te perder para fazer alguma coisa. Eu sinto muito porque eu menti quando você me perguntou se eu te amava. Eu simplesmente nunca pensei em você dessa forma. Você sempre foi como uma parte de mim. Como os meus próprios olhos. Ou minhas próprias mãos. Ninguém sai por aí dizendo “eu amo os meus olhos, eu amo as minhas mãos”, você diz essas coisas? Mas pense como seria viver sem suas mãos ou seus olhos._ a voz dele tremeu – Eu não sou como o Malfoy.Eu não faço declarações de amor. Mas eu sei o que eu quero.

Hermione apenas olhou para ele. Ela não podia dizer uma palavra. Ela sequer podia pensar em uma palavra.

- Eu quero que você seja feliz._ ele continuou vagarosamente – E se eu não te faço feliz, então você deve ficar com a pessoa que te faz.

Ele olhou para ela. Harry. A quem ela sempre tinha amado, não porque ele era valente, embora ele fosse, ou porque ele era inteligente, embora ele também o fosse, ou um bom dançarino (o que ele não era), mas porque ele era generoso, com um tipo de generosidade que era raro entre a maioria das pessoas, e entre adolescentes, em particular, uma generosidade que não só dá, mas desiste também.

- Ele realmente te ama._ disse Harry – Não como eu, mas...

Ele parou de falar, virou-se, e andou até a porta. Ele ia embora, ela sabia, porque uma vez que Harry decidia alguma coisa, ele fazia. E quando ele dizia alguma coisa, ele queria dizer isso mesmo. E então, ela pensou sobre o que ele havia dito, e como seria viver o resto de sua vida sem ele.

- Harry!_ ela chamou, desencostando da parede, e dando um passo até ele – Volte, por favor!

Ele virou-se. Ela não podia ver o rosto dele, ele estava sob as sombras. Ela só podia ver o branco fantasmagórico da camisa dele, e a palidez de sua pele.

- Volte, por favor._ ela disse novamente

E ele voltou. E parou em frente a ela, olhando-a.

E então, havia mãos sobre seus ombros, as mãos de Harry, e ele a estava beijando. E quando ela pôs suas mãos em volta dele, ele estava encharcado, e a água a gelava pelas suas roupas, e a pele dele estava tão fria como o gelo, mas quando ele a tocou, ela se sentiu arder. Ele tinha gosto de água de chuva e lágrimas.

Ela caiu contra a parede, ainda beijando ele. As mãos dele estavam trêmulas, e havia um zumbido em seus ouvidos, que vagarosamente aumentava, até se transformar em música, a música mais bonita que ela já havia escutado.

Ela soltou-se de Harry, admirada, e viu, pela expressão do rosto dele, que ele também escutava aquela música.

- O que é isso?_ ela perguntou, maravilhada

- Música de fênix._ ele respondeu, igualmente maravilhado

- Vem de onde?_ ela perguntou, virando-se um pouco para olhar em volta dela

Era difícil ver alguma coisa além da neve que caía.

- Hã..._ disse Harry, um pouco acanhado, agora – De mim, eu acho.

- Harry,_ ela disse, numa voz extremamente silenciosa – Está nevando.

- Eu sei._ ele disse, ainda mais acanhado

- Aqui dentro? Em junho?

- Bem,_ disse Harry, rosa em volta das orelhas – Dumbledore disse que “fortes emoções” ativariam meus poderes de Magid.

- Estão funcionando?

- Sim._ ele respondeu, confuso, mas feliz – Eu sinto isso. Como um interruptor sendo ligado. Eu acho que eu não sei exatamente como...

- Controlar seus poderes?_ ela perguntou, sorrindo, e vários filhotes de coruja, piando, vindas do teto

- Eu não sabia que você gostava tanto de corujas._ ela disse, quando ainda mais corujas surgiram do teto

- Me beije de novo._ ele sugeriu – Assim talvez apareçam canários.

- Harry,_ ela disse, beijando-o novamente – Você sabia que está nevando neve azul?

- Eu gosto de azul._ disse Harry – É a minha cor favorita.

- Neve azul?

- E por que não neve azul?

- Você sempre disse que achava neve romântico._ disse Hermione, rindo tolamente

- Apenas fique feliz que eu não sou Hagrid,_ disse Harry, dando outro beijo nela – Senão iriam chover hipogrifos.



**



- Eu preciso falar com Draco._ ela disse, algum tempo sem tempo depois, quando eles haviam deixado o aposento do espelho e estavam andando por um corredor

Os sapatos molhados de Harry estavam fazendo um barulho esquisito a cada passo, mas ainda assim, ele estava enormemente feliz com o mundo e com tudo dentro dele.

- Eu sei._ ele disse – Eu também tenho que falar com ele.

- Mas é melhor que eu vá primeiro._ disse ela

- Está bem._ ele disse, soltando a mão dela – Mas não decida de repente estar apaixonada por ele, afinal._ ele avisou – Eu não posso suportar mais isso.

- Se eu tiver alguma dúvida, eu posso voltar ao espelho._ ela disse, provocativa, voltando o percurso já caminhado do corredor – Se eu puder achá-lo de novo, é lógico.

- Não me teste, Hermione._ ele disse – Já tem neve azul pela parte de trás da minha camisa toda, e penas de coruja no meu cabelo. Eu já estou desconjuntado.

Mas ele estava sorrindo. Ela soprou um beijo para ele, já de longe, e saiu correndo pelo corredor. Logo que ela saiu do alcance de vista de Harry, ela tirou o Feitiço Essencial de dentro de sua camisa. Isso, ela sabia, era trapaça, mas ela realmente queria achar Draco e não fazia idéia de onde ele poderia estar.

Ela se concentrou, pensando firme em Draco, pensando nele o mais claramente que podia,... no seu rosto familiar, olhos claros, e cabelo platinado, no sorriso oblíquo engraçado... e o feitiço fez um suave movimento. Ela deu um passo a frente, e o feitiço se balançou novamente.

Seguindo o balanço suave, Hermione saiu do castelo, e andou até o lago. Havia parado de chover, mas tudo ainda estava úmido. Ela seguiu o balanço até o pequeno bosque onde Draco havia feito crescer a rosa negra para ela havia dois dias.

Draco estava lá, encostado numa árvore, olhando para o lago. Gotas de chuva, que pulavam das folhas e galhos formavam uma rede prateada em volta dele.

Ela veio atrás dele, e encostou sua mão levemente no braço dele.

- Oi!_ ela disse

Ele não se virou.

- Você não precisa me contar._ ele disse – Eu já sei.

- Draco..._ ela falou

Agora ele virou-se, e olhou para ela. Sua expressão era ilegível. Se ela não o conhecesse bem, ela sequer pensaria que ele estava perturbado.

- Parece_ ele disse num tom medido – que eu ainda posso sentir o que Harry sente, se ele estiver sentindo algo forte.

- Oh!_ ela disse, se sentindo ruborizar – Me desculpe...

- Não precisa me pedir desculpas._ ele disse – Eu sempre soube que isso aconteceria. Eu estive ignorando isso, mas eu sempre soube._ ele tentou sorrir para ela, falhou, e deu de ombros – Lembra daquela vez no armário, lá na Mansão?

- Claro que me lembro._ disse Hermione

- Bem, você não parava de dizer “Harry, Harry, Harry”.

- Eu fiz o quê?_ ela sentiu seu rosto arder – Por que você não disse nada?

Draco deu de ombros novamente.

- Eu tenho dezesseis anos._ ele disse – Eu não iria encurtar uma boa sessão de agarramento por uma coisa pequena como essa, não é?

Hermione cobriu seu rosto com suas mãos.

- Eu estou muito envergonhada._ ela falou

- Não fique assim._ ele disse – Você sempre foi honesta. Você nunca disse que não amava o Harry. Se eu fosse você, eu também estaria apaixonado por ele ao invés de mim._ ele fez uma careta – Não! Eu não me apaixonaria por ele. Eu sou muito melhor do que ele. Você é maluca, Hermione.

- Eu te amo._ ela disse

Ele ficou calado por um segundo. Então, ele disse:

- Eu sei. Mas é... como você ama o Ron.

Ela balançou sua cabeça.

- É diferente. Eu nunca senti por ninguém o que eu sinto por você. Eu não posso explicar isso. Mas você é importante para mim. Esteja eu com o Harry ou não, eu não quero deixar de te conhecer. Eu ainda quero te ver. Você pode vir me visitar nesse verão._ ela sorriu tremulamente – Ficar com ciúmes da multidão de namoradas que você vai ter logo que todos descobrirem que eu e você não estamos juntos, afinal de contas.

- Harry não se importaria?

- Não. Ele meio que tem um carinho por você, de um modo esquisito._ ela disse, sabendo que isso era verdade – Eu acho que ele sentiria a sua falta se você desaparecesse.

- Eu acho que eu também sentiria falta dele._ disse Draco – Eu acho que eu sentiria falta de todos os “Cale a boca, Malfoy!”. Eu acabei me acostumando com isso. Crabbe e Goyle nunca me mandam calar a boca. É refrescante.

- Eu acho que podemos contar com Harry para te mandar calar a boca regularmente._ falou Hermione

Draco estava olhando para ela com um sorriso esquisito estampado em seu rosto.

- Então..._ ele falou – Você e Harry estão... oficialmente juntos, agora?

- Oficialmente juntos?_ perguntou Hermione, confusa – Nós ainda não falamos sobre isso, de fato não, mas...

Ele agarrou a mão dela, e a virou, assim ele poderia olhar o relógio dela.

- Falta um minuto para as três._ ele disse – Vamos dizer que o seu namoro com o Harry vá ficar oficial às três, vamos lá?

- O que nos dá um minuto para que, exatamente?_ ela perguntou

Mas ele balançou sua cabeça, e disse:

- Hermione. Você está perdendo tempo.

Então, ainda deitado contra a árvore, ele a puxou para perto dele pela mão, segurando o punho dela, ela tropeçou para a frente, e cai sobre ele. E ele a beijou.

Mais tarde, Hermione pensaria que ele obviamente colocou tudo o que ele tinha, cada pedacinho de sentimento por ela, cada vestígio de paixão e cada frangalho de amor frustrado, naquele beijo. Como se ele estivesse tentando pôr tudo o que ele sentia para fora dele, exorcizar isso. Na hora, contudo, ela só tomou ciência de que seus joelhos estavam dobrados, e que havia um som esquisito em seus ouvidos, como se alguém estivesse segurando uma concha perto deles. Ela fechou seus olhos e viu raios dançando pelas suas pálpebras interiores.

Ela se perguntou se ela devia ser a única garota na face da Terra a beijar dois Magids em um único dia. Depois, ela se perguntou se isso poderia ser fatal.

Ele soltou-a, e o mundo voltou ao normal.

- Três da tarde, Granger._ ele disse, soltando a mão dela

- Uau!_ ela disse, fraca, e olhou para ele

Ele estava olhando-a novamente com aquele sorriso engraçado, metade divertido, metade entristecido. Ela sabia que ele havia acabado de lhe mostrar como ele realmente se sentia. E que ele nunca, jamais faria isso de novo.

Ele deu um meio-sorriso para ela.

- Então?

- Isso foi... assombroso._ ela disse fracamente

- E?

- E se você tentar fazer isso de novo, eu te darei um tapa na cara.

O sorriso dele se alargou, e se transformou num sorriso de verdade.

- Você adora me bater, não adora, Granger?_ ele perguntou – Você deve querer pensar sobre isso.

Ela sorriu de volta.

- Cale a boca, Malfoy!_ ela falou



**



- O que Ron disse?_ perguntou Hermione, curiosa

- Ele disse que já era hora, e depois fez uma observação grosseira que eu não vou repetir. Depois ele me disse que havia me dito.

- E o que você disse, então?_ perguntou Hermione, rindo tolamente

- Eu transformei a vassoura dele num caracol só de apontar para ela.

- Sério?

- Na verdade, eu ia transformá-la numa rã,_ admitiu Harry – E Pigwidgeon comeu o caracol, então, agora eu devo a Ron uma vassoura. Esse troço de Magid dá muita encrenca.

Hermione riu, e pegou uma maçã. Que diferença faziam vinte e quatro horas, ela pensou. Ontem, estava chovendo, e ela estava infeliz, e agora... eles haviam levado o almoço para o lago, já que o céu estava totalmente limpo, sem nuvens, e era um belo dia de junho. Harry estava sentado, encostando-se numa pedra, e ela estava inclinada sobre os joelhos dele.

- Mas você não gostaria de não ser um, gostaria?

- Eu acho que não._ disse Harry. Ele estava preguiçosamente brincando com uma mecha do cabelo dela, puxando-a, deixando-a lisa, e depois soltando, deixando encaracolar novamente – Eu estava falando com Dumbledore, e ele disse que dirige um tipo de programa de treinamento para Magids não-treinados durante o verão, na Irlanda, e se eu quiser ir nesse verão, eu posso.

- Você vai?_ ela perguntou, virando-se para vê-lo

- Bem, isso não é estar com os Dursley, e são apenas dois meses. Então eu posso te ver em agosto.

- Você sabe que o Draco ainda vai me visitar, não sabe?

- Eu sei._ falou Harry – Nós todos podemos sair. Ir à praia. Ver o Malfoy não se bronzear.

- Ei!

Os dois se viraram e viram Draco correndo em volta do lago. Ele derrapou, meio que se freando em frente a eles, e parou ali, pondo as mãos em seus joelhos, tomando fôlego.

- Harry..._ ele ofegou

Hermione olhou para Draco, curiosa.

- Você correu esse caminho todo?_ ela perguntou

Ele confirmou com a cabeça.

- Por quê?

- Eu tinha que falar com você._ ele ofegou, olhando para Harry. Se a visão de Harry e Hermione juntos o incomodava, ele não demonstrou isso. Era um talento que ele tinha – Potter..._ e Draco entregou um papel bem branco para Harry – Isso acabou de chegar via coruja.

Hermione e Harry se levantaram, e Harry pegou o papel de Draco. Ele desdobrou-o, leu-o e ficou, de repente, muito pálido.

- Harry?_ falou Hermione, em alerta – São más notícias?

Sem palavras, ele entregou a carta para ela. Era de Sirius.



Harry e Draco,

Eu decidi endereçar esta carta para vocês dois já que isso envolve ambos. Eu quis lhes escrever para contar duas coisas. A primeira é que a ação para que eu adote Harry legalmente foi aceita, e deve entrar em vigor em poucos meses. Eu estou muito feliz por isso, e eu espero que você, Harry, esteja também. A segunda coisa, Draco provavelmente já sabe, é que Narcissa e eu estávamos conversando, e decidimos nos casar em agosto, logo que o divórcio dela e de Lúcio sair. Eu estou também muito feliz com isso, e eu espero que vocês dois também estejam.



- Essa carta veio com outra de minha mãe, mas era endereçada apenas a mim._ disse Draco, atordoado – Basicamente dizia a mesma coisa. Eu não posso acreditar._ ele adicionou, balançando sua cabeça – Eu não posso acreditar!

- Então era isso o que ele queria me contar no salão comunal!_ disse Harry, igualmente estupefato

- Sirius!_ exclamou Draco – Aquele cachorro sonso! Literalmente, também!

- Bem, eu imaginei que isso aconteceria._ disse Hermione, que estava rosa com o esforço de não rir das expressões confusas deles – Vocês não imaginaram?

- Não._ disseram Harry e Draco juntos, balançando suas cabeças

- Vocês sabem o que isso significa, não sabem?_ ela disse, apontando para a carta – Se eles se casarem, e Sirius adotar Harry. Vocês dois vão ser...

- Irmãos!_ disse Harry, olhando para Draco, horrorizado

Draco encarou de volta, boquiaberto.

Hermione não podia mais se conter.

- Irmãos! Vocês dois!_ ela começou a rir – A cara de vocês!_ ela gorgolejou – Oh! A cara de vocês!

Harry olhou para Hermione e falou:

- Hermione!

- Eu não posso me conter!_ ela riu tolamente – É muito engraçado!

E agora Draco havia começado a rir também. Harry nunca o havia visto rir assim antes, não rindo abafadamente, mas rindo realmente. Vagarosamente, Harry começou a sorrir, e então, olhando para Hermione, se inclinou e segurou a cintura dela com alegria, e começou a rir também.

O barulho de suas risadas, se espalhou, pelo lago, e pelo castelo mais adiante.

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