Elaboração essencial de Bruxar



Inconsciente, Harry caiu, e quando caiu, sonhou. Em seu sonho, havia uma festa no jardim dos Weasley. O senhor e a senhora Weasley estavam lá, assim como seus filhos: Carlinhos, um pouco queimado como sempre, Gui com Fleur DeLacour, sua namorada fazia um ano agora, Fred e Jorge, e Ron, que estavam brincando com estalinhos explosivos com a Gina, numa mesa de vime verde em um canto.

Draco Malfoy também estava lá, debaixo da sombra de um carvalho, vestindo tênis brancos e parecendo muito feliz consigo mesmo. Ele estava falando com uma garota esbelta vestida com um vestido amarelo e um enorme chapéu branco;

Estou morto? Harry se perguntou Isso é o Paraíso? Se isso é o paraíso, o que o Malfoy está fazendo aqui?

A garota que estava falando com Draco de repente virou-se, e Harry viu que era Hermione. Ela andou até ele pela grama, sacudindo uma raquete de tênis. Ele reconheceu o vestido amarelo que ela estava vestindo, porque ela o havia usado uma vez nas férias que ele passou com ela e os pais dela. Ele sempre gostou desse vestido.

- Oi, Harry!_ ela cumprimentou

- Hermione_ ele disse, andando até ela – Eu acho que estou tendo uma queda!

- Por mim?_ ela perguntou, emocionada

- Não, eu quis dizer que eu estou literalmente tendo uma queda!_ ele disse – Caindo no nada, pelo ar. Na verdade, estou me sentindo meio enjoado.

A expressão emocionada do rosto dela foi substituída por uma de raiva.

- Você é muito idiota, Harry Potter!_ ela disse, ergueu seu braço, e bateu na cabeça dele com sua raquete de tênis.

Harry gritou de dor.

- Por que você fez isso?_ ele perguntou – Sinceramente!

- Ei!_ disse uma voz no ouvido dele, uma voz que não era de Hermione – Harry, sossegue!

- Talvez a queda perturbou a cabeça dele._ disse outra voz preocupada

- Harry?_ disse a primeira voz de novo – Harry, vamos lá, acorde!_ e dessa vez Harry sabia quem era

Ele abriu os olhos e olhou.

Ele estava deitado no banco de trás de um carro e Ron Weasley estava sentado perto dele, muito pálido, mas sorrindo feito um louco. Jorge estava no banco de motorista e Fred estava sentado ao seu lado. Os dois viraram-se em seus assentos para olhar para ele com os olhos arregalados, o que seria um problema grave se o carro estivesse se movendo, mas não era nenhum problema já que o carro estava parado.

No meio do ar.

Harry se sentou.

- O...o quê?_ ele gaguejou – Como? Vocês? Aqui? Carro voador?

- Está certo._ concordou Jorge – Nós. Aqui. Carro voador.

- Ele parece ter uma grande compreensão das coisas essenciais, não é?_ observou Fred

Harry tentou de novo:

- Como vocês...?

- Nós pegamos você quando você estava caindo._ explicou Jorge entusiasmadamente – Foi super legal!

- Foi bom que o papai progrediu para um conversível._ adicionou Ron

- E eu curei seu braço._ disse Fred, girando sua varinha como um batom – Sem problemas.

- Mas o que vocês estão fazendo aqui?_ perguntou Harry, pasmo – Não me diga que vocês pegaram o carro do seu pai para uma voltinha à meia-noite e por acaso me encontraram caindo num penhasco!

- Dificilmente._ disse Ron – Como aquele..._ ele tirou um papel dobrado de seu bolso e jogou-o no colo de Harry – Eu fiquei muito chateado com você_ disse Ron – Mas como você acabou de cair num imponente penhasco, eu alivio um pouco.

Harry desdobrou o papel, curioso. Era um bilhete endereçado a HARRY POTTER, e ele teve de examinar duas vezes até entender o conteúdo.

- É um bilhete pedindo resgate._ ele disse, pasmo – Aquele que Rabicho enviou para a escola me contando que Sirius estava aqui._ ele olhou para Ron, espantado – Como você conseguiu isso?

- Harry, seu grande fedelho!_ disse Ron, em repulsa – Eu abri sua correspondência, é claro! O quê você achou que eu iria fazer? Você e Hermione desaparecem, e então eu recebo um bilhete maluco dela, me lembre de mostrá-lo a você, dizendo que ela saiu com você numa espécie de missão de resgate, e pedindo para não contar pra ninguém. Bem, naturalmente eu sabia que algo estranho estava acontecendo, então quando um pássaro preto nojento apareceu no dia seguinte com uma carta para você, é claro que eu abri!

- E que bom que ele fez isso!_ exclamou Fred

- Então eu logo mostrei para Fred e Jorge, e fomos correndo para casa, e pegamos o carro novo do papai que ele comprou com o dinheiro da loja de brincadeiras, que claro, ele encantou para voar, e nós chantageamos ele, ameaçando contar à mamãe, então ele emprestou pra gente, então seguimos a instrução do bilhete pedindo resgate, e chegamos aqui._ Ron contou – E na hora certa, eu devo realçar, nós demos um jeito de voar pela propriedade, e quando olhamos para baixo, lá estava você, quase caindo no abismo, com Hermione te segurando. Foi um choque, eu devo dizer. E então, você escorregou, e caiu, e foi muito aterrorizante, então Jorge pisou fundo no acelerador, e nós voamos para baixo e demos um rasante para pegar você._ Ron suspirou, satisfeito – Foi melhor que um Wronski Feint!

Harry não compartilhou do entusiasmo de Ron. Ao invés disso, ele pôs suas mãos no rosto.

- Oh!_ ele gemeu – Hermione! Não!

- Você naõ parou de gritar por ela quando estava desmaiado._ disse Jorge, num tom de quem dá uma informação importante

- Eu tive um sonho em que ela me batia com uma raquete de tênis._ murmurou Harry, entre seus dedos

- Certo!_ disse Ron, que oviamente não acreditou nele

- Nós temos que voltar para a trilha_ disse Harry, aflito – Hermione e Sirius, eles provavelmente acham que eu estou morto. E Malfoy... ele fugiu...

- Isso me faz lembrar de outra pergunta que eu tinha que fazer._ disse Ron – Tinha muita coisa no bilhete maluco de Hermione sobre o Malfoy... o quê é que ela quis me contar, Harry?

- Só vá com o carro até a trilha._ disse Harry – Eu explico no caminho.



**



Demorou um pouco para eles voltarem ao topo do penhasco. No caminho, Harry descreveu os acontecimentos dos últimos dias para os outros passageiros do carro. Fred e Jorge eram um ótimo público, vaiavam, comemoravam e gritavam nas horas certas. Ron, contudo, era bem diferente.

- A Hermione beijou o Malfoy?_ ele perguntou,interrompendo Harry – Draco Malfoy?

- Só uma vez_ disse Harry – Que eu saiba._ ele adicionou, enrugando a testa

- Hermione beijou o MALFOY?_ repetiu Ron

- Eu mencionei o braço gigante e assustado de demônio?_ perguntou Harry

- Mencionou, mas Hermione...

- Cale a boca, ron!_ reclamou Jorge – Você está me dando dor de cabeça com essa ladainha!

- Isso não foi ela normal!_ disse Ron, espantado – Eu sempre achei... quero dizer, você sabe... ela e você._ ele disse, e examinou a expressão de Harry – Ou não._ ele adicionou, apressadamente

- Chegamos!_ disse Jorge, que estava de fato estacionando na trilha

Os Weasley saíram do carro, Harry, sobre suas pernas, que ainda estavam trêmulas, os seguiu.

À primeira vista, parecia a eles que só havia uma pessoa sentada na trilha. Então, quando eles se aproximaram, perceberam que era Sirius, abraçado a Hermione, que estava chorando em seu ombro.

Hermione raramente chorava, e Harry nunca ouviu ela chorar desse jeito. Era um som horrível, perdido, esquisito. Ele tentou seguir, mas não conseguiu fazer suas pernas funcionarem bem. Ele tropeçou, e Jorge o segurou.

- Vá com calma, Potter!_ ele disse

Ao ouvir Jorge, Sirius olhou para cima. Seus olhos arregalaram quando ele viu Harry, e então ele deu um sorriso enorme. Delicadamente, ele pôs sua mão sobre o ombro de Hermione e afastou.

- Hã... Hermione._ disse Sirius – Hermione!_ ele pôs sua mão sob o queixo de Hermione e virou o rosto dela

Hermione seguiu o olhar de Sirius e viu...

Ron?

Ela nem parou para pensar como Ron chegou ali, só ofegou, se levantou e correu até o amigo, abraçou ele e voltou a chorar histericamente.

- Ron, oh, Ron, Harry está morto, eu sinto muito, a culpa foi toda minha, mas eu tentei...

Ron deu um tapinha na cabeça dela.

- Você disse morto?_ ele disse, sem soar nem um pouco triste – Bem, isso quase aconteceu.

Hermione se afastou um pouco e olhou para ele, incrédula.

- O quê?

- Bem, ele tem um estilo de vida muito arriscado._disse Ron, ignorando a expressão chocada no rosto dela – Você não acha? Eu creio que o que resta a nós é dedicar o resto de nossas vidas é fazer com que a memória de Harry nunca enfraqueça no Mundo dos Bruxos. Talvez o jeito seja fazer um monumento gigante. Um grande bloco de mármore com a estátua do nosso anão de óculos favorito no topo. Nós podemos pedir a Fred e Jorge que financiem a construção._ vendo a expressão dela, Ron abrandou e calou-se – Hermione, sua boba,_ ele disse com um sorriso – Olhe atrás de mim!

Ela virou seu rosto e viu Fred e Jorge sorrindo feito loucos. E entre eles, muito cansado, com seu cabelo arrepiado para todos os lados, e seus óculos entortados, mas muito vivo, estava... Harry.

Os joelhos de Hermione ficaram fracos, e ela desabou no chão, sentada.

Um segundo depois, Harry empurrou Ron (um pouco rudemente) para abrir caminho, e estava sentado ao lado dela no chão.

- Hermione_ ele tomou fôlego, e colocou seus braços em volta dela – Eu sinto muito... eu sinto muito... Ron é um idiota._ ele virou-se e encarou Ron – Ron, você é um idiota!_ Ron revirou seus olhos – Estou bem_ Harry continuou – Não chore.

Mas ela não estava chorando, estava mais ofegando aliviada, respirando tremulamente, enterrando sua cabeça no ombro dele. Harry olhou sobre a cabeça dela para Ron e mexeu os lábios desesperadamente: O que eu faço?

Ron fez uma mímica, na qual ele dava uns tapinhas na cabeça de um alguém invisível, e Harry fez o mesmo com Hermione.

Hermione parou um pouco de ofegar.

Agora Ron fez uma mímica na qual ele agarrava um alguém invisível e beijava essa pessoa apaixonadamente.

Harry olhou para ele furiosamente. Agora não, mongol! Ele mexeu com os lábios.

Os gêmeos Weasley assistiram Harry e Hermione se abraçarem como se o mundo estivesse acabando, e balançaram suas cabeças. Jorge suspirou.

- Olhe para ele_ disse Jorge, em voz baixa – Ele tem a melhor oportunidade de todos os tempos disponível para ele: Oi, voltei da morte! E não usa isso!

- Ele é um cretino!_ concordou Fred

- Contudo, eu estou feliz que ele está vivo._ disse Ron, que estava ouvindo

- Eu também_ disse Jorge – Nós temos um jogo contra a Sonserina na semana que vem, e estamos achatados sem ele.



**



Ninguém quis andar na passarela que Harry caiu (mesmo ele estando bem), especialmente Hermione, então eles entraram no carro e voltaram para o topo do penhasco, onde eles estacionaram no meio de um pequeno bosque, onde Sirius deu um aviso surpreendente:

- Nós não vamos embora.

- Está bem_ disse Jorge – Nós vamos só dar uma voltinha, fazer um acampamento. Torrar uns marshmallows. Esperar o Lord das Trevas voltar e nos matar.

- Nós não vamos embora_ Sirius clarificou – Sem Draco.

- Calma aí, Sirius!_ disse Ron, soando horrorizado – Por seis anos meu sonho foi deixar o malfoy num deserto horrível e cheio de aranhas gigantes, e agora que eu finalmente tenho a oportunidade, você quer tirar isso de mim?

- São as aranhas gigantes dele, Ron, elas não irão machucá-lo._ salientou Harry

- Bem, não se pode ter tudo, pode?_ disse Ron

- Sirius está certo_ falou Hermione

- É claro que você concorda com ele_ disse Ron asperamente – Você fica beijando o Malfoy em todo o canto, e além do mais, é natural que você queira salvar a pele sebosa dele. Sua... sua garota má, Hermione. Sua adoradora do mal!

Hermione revirou seus olhos.

- Ron! Sinceramente!

Sirisu cruzou os braços sobre seu peito.

- Eu não saio daqui sem Draco._ ele repetiu

- Ele te beijou também?_ perguntou Jorge – Namoradeiro, esse Malfoy!

Harry havia se virado e estava olhando agora para a Mansão.

- Ele não vai querer vir conosco, Sirius!_ Harry disse

- Você tem que concordar comigo que seria muito errado não dar ao menos a chance de escolher a ele._ falou Sirius

- Errado?_ disse Ron, com raiva – Na primeira chance que ele teve, ele apunhalou vocês todos pelas costas, não é?

- Só porque Voldemort usou o feitiço Veritas nele._ disse Sirius agudamente

Harry e Hermione começaram a falar ao mesmo tempo, e Sirius levantou sua mão pedindo silêncio.

- Draco não me contou_ ele disse – Eu imaginei. E eu não iria contar a vocês porque eu imagino que isso seja problema dele, mas vocês devem saber. E eu queria ver você, Ron_ ele disse com um lampejo de raiva na direção de Ron – Lutar contra isso com a força que ele lutou.

Hermione e Harry olharam um para o outro, com expressões idênticas de terrível culpa. Então eles viraram-se para Sirius.

- Por que ele não nos contou?_ perguntou Hermione – Ele disse que Voldemort não o torturou para fazê-lo falar.

- O feitiço Veritas não é tortura._ disse Sirius – Tecnicamente falando.

- Ele é muito teimoso!_ disse Harry, com raiva

- Exatamente como alguém que eu podia mencionar..._ disse Sirius

Harry olhou para seus sapatos, e disse:

- Vá buscar ele, Sirius.

- Seja prático_ protestou Jorge – Como vamos achá-lo?

Sirius apontou seu próprio nariz.

- Você esqueceu que eu sou um cão._ ele disse – Eu posso seguir seu rastro. Seguí-lo.

- Isso é meio gritante e perturbador_ disse Fred – Você sabe disso, certo?

- Mas para fazer efeito_ disse Sirius – Vocês cinco esperam aqui. Eu vou procurá-lo por vinte minutos, não mais que isso. Eu sinto que ele não está longe.



**



- Eu tenho uma pergunta pra você, harry._ disse Ron

Harry e os Weasley (outro nome de banda legal?) estavam amontoados no carro, que estava estacionado perto da beira do abismo. Jorge tinha reclamado que o carro estava fazendo um barulho esquisito, e ele e Fred estavam agora sob o capô tentando descobrir o problema. Os Weasley trouxeram comida com eles, então Harry estava agora enfiando um sanduíche de geléia em sua boca, entre goles de suco de abóbora.

- Sim?_ disse Harry, com a boca cheia de sanduíche

- Quando é que você vai contar a Hermione o que vocÊ sente por ela?

Harry engasgou o seu suco de abóbora.

- O quê?_ ele olhou em volta, nervoso

Hermione, dizendo estar exausta, havia saído com seu sanduíche e seu suco para a beira da clareira, e estava deitada na grama a uma boa distância deles.

- Você ouviu bem_ disse Ron – Seu garnde pateta idiota, está escrito na sua testa, quando é que você vai dizer alguma coisa?

Fred e Jorge tinham saído do capô agora e estavam ouvindo com grande interesse. Harry olhou para o seu suco.

- Eu disse a ela_ falou harry

- Quando?_ perguntou Ron

- Quando eu estava caindo do abismo_ disse Harry – Um pouco antes da minha manga rasgar. Eu disse a ela que eu a amo.

- Que jeito de se despedir de cena!_ disse Fred, soando profundamente impressionado

- É, foi quase uma pena que nós te salvamos_ adicionou Jorge – Por toda a vida dela, ela nunca te esqueceria se isso fosse a última coisa que você disse a ela.

- Certo! É exatamente como eu quero que Hermione se lembre de mim pelo resto da vida dela_ disse Harry – O cara do poço sem fundo.

- Melhor do que O Cara que apareceu tarde demais_ disse Ron – Melhor do que o Cara que Cruzou os Braços Feito um Fedelho só Assistindo Ela Ficar com o Malfoy.

Harry parou de tomar seu suco de abóbora.

- Vocês não estão ajudando_ disse Harry– De todo modo, eu nem sei se ela me escutou.

- Só há um jeito de saber_ falou Ron



**



Sirius correu pela propriedade preta prateada velozmente, desviando de qualquer coisa que pudesse ser um obstáculo ruim de algum modo. Mesmo tendo quase certeza de que estava seguro na forma de cachorro, ele não quis correr em nada que pudesse atrasá-lo.

Suas suspeitas de que Draco não estava longe foram confirmadas quando ele se aproximou de um lugar com umas árvores, sombrio e fantasmagórico na escuridão. Sirius tomou sua forma humana, e se esquivou por entre os galhos.

Draco estava sentado, encostado no tronco de uma árvore. Ele fazia Sirius se lembrar estranhamente de Narcissa, talvez porque o garoto parecesse muito vulnerável, e o cabelo dele, assim como o dela, era branco platinado à luz da lua.

Quando Sirius se aproximou dele, a mão de Draco sacou sua varinha. Ele a direcionou a Sirius, e disse:

- Não se aproxime.

- Sou eu._ disse Sirius calmamente

- Eu sei quem é_ disse Draco, erguendo sua cabeça – E eu disse para não se aproximar.

Sirius pôs a mão no bolso, sacou sua própria varinha, e a jogou no chão. Draco o observou cautelosamente.

- Você tem ótimos reflexos_ disse Sirius, se esticando – Você está no time da Sonserina, não está? Em que posição você joga?

- Apanhador._ disse Draco

- Você deveria ser batedor._ disse Sirius – Você também é bem rijo.

- Você é a segunda pessoa que me diz isso nos últimos dois dias._ falou Draco – De todo modo, por que você está aqui? Você não veio atrás de mim para falar sobre esportes.

Sirius sentou-se e encostou suas costas contra um tronco de árvore, oposto a Draco, que ainda estava apontando a varinha para ele.

- Eu acho que eu queria te contar_ disse Sirius – Que você me lembra alguém que eu conheci quando estava em Hogwarts.

- Sério?_ perguntou Draco, sem muito interesse – Quem? Meu pai?

- Não_ respondeu Sirius – A mim.

Draco riu um pouco.

- Eu não acredito nisso_ ele disse – Você? Você era o melhor amigo do pai de Harry, meu pai me contou sobre você e Tiago Potter. Vocês eram da Grifinória, vocês faziam o bem, vocês eram exatamente... como... Harry._ ele disse com ênfase

- Talvez Tiago fosse._ disse Sirius – Mas eu sempre fui o garoto mau, o que fazia as coisas erradas. Meus pais... bem, você não quer ouvir sobre isso. Basta que eu diga que eu não tinha o feliz lar doce lar que Tiago tinha. Nós dividíamos o dormitório no primeiro ano na Grifinória, e eu odiava ele.

- Você odiava ele?_ Draco estava interessado agora, a despeito de si mesmo

- Odiava. Ele era um excelente aluno, legal, um ótimo jogador de Quadribol, todo mundo gostava dele, e ele era capaz de ser bom sem tentar. E eu sempre seguia meu primeiro instinto, que geralmente era ruim. E eu estava sempre com problemas por causa de brigas. Eu surrei Severo Snape incontáveis vezes, às vezes por razão nenhuma. Bem, sempre por razão nenhuma, a menos que você conte que ele era um seboso nojento e eu detestava ele. Dumbledore desesperava-se de mim.

Agora Draco estava espantado, e perguntou:

- Você tinha problemas com Dumbledore?

- Toda hora._ respondeu Sirius

- Agora não me diga_ Draco interpôs-se – que aí um dia Tiago te salvou de um destino horrível, e você se deu conta do cara legal que ele era, e vocês foram amigos para sempre.

- Não_ disse Sirius – Na verdade, um dia eu fiz algo realmente terrível, e ele me deu um soco. Eu devolvi na mesma moeda, é claro. Na verdade, nós nos espancamos. Dumbledore proibiu Madame Pomfrey de curar nossos machucados e cortes, então tivemos que usar a maneira antiga, trancados juntos na Ala Hospitalar. Quando saímos de lá, éramos amigos, e continuamos amigos.

- Você está sugerindo que eu espanque Harry?_ perguntou Draco, com uma sombra de seu antigo sorriso – Porque esse é o tipo de conselho que eu aceitaria.

- Se você quer a amizade dele, esse é um jeito não ortodoxo de conseguí-la. É isso que você quer?

- Não._ respondeu Draco – Inferno!_ ele abaixou sua varinha – Eu não sei.

Sirius estava parado.

- Eu aprendi muito sobre mim mesmo em Azkaban_ ele disse – Eu também pensei muito sobre Tiago. Eu me dei conta de que a razão porque nós tínhamos sido inimigos mortais, e depois grandes amigos era porque éramos muito parecidos. Orgulhosos. Teimosos. Determinados...

Draco sorriu novamente, com um pouco mais de força dessa vez.

- Quando foi que o Homem Cachorro virou o Homem Conselheiro?_ ele perguntou

- Irritantes_ adicionou Sirius – Eu esqueci irritantes.

- Estou vendo a que ponto você quer chegar._ admitiu Draco – Mas eu não sou parecido com o Harry. Eu saberia. Quando a Poção Polissuco estava funcionando... era como se alguém tivesse jogado uma luz na minha cabeça, e eu podia ver dentro de cada parte da minha mente, eu sabia porque eu estava fazendo as coisas, sabia o que eu queria, sabia qual era a coisa certa a fazer, e queria fazer essa coisa certa. E agora..._ ele estalou seus dedos – Acabou.

- O que você está dizendo_ falou Sirius bondosamente – É que quando você tinha o Harry em você, você podia ser bom sem tentar. Agora você só precisa tentar. Como o resto de nós tenta.

- Não me recomende nada._ disse Draco – Eu odeio isso._ mas ele não parecia estar com raiva. Ele parecia estar triste, e ainda mais parecido com Narcissa, com a mesma beleza pálida e melancólica – Não há razão para eu voltar com você._ disse ele – Eles me odeiam agora.

- Não, eles não te odeiam._ Harry não te odeia, e Hermione definitivamente não te odeia.

Draco olhou para Sirius rapidamente.

- Ela disse... alguma coisa?

- Se você quer saber o que Hermione está pensando, você vai ter que perguntar a ela._ disse Sirius – Confie em mim. Ela não é esse tipo de garota.

- Por que você está sendo tão legal comigo?_ perguntou Draco, olhando furtivamente para Sirius

- Eu te disse_ falou Sirius – Que você me faz lembrar de mim. E além disso, eu acho que Harry precisa de você.

- Harry não precisa de alguém como eu.

- É aí que você se engana_ disse Sirius – Vamos lá._ ele ofereceu uma mão e Draco a aceitou. Sirius o ajudou a se levantar – Eu devo te dizer que os Weasley estão aqui._ ele disse

- Certo, eu sei que eles me odeiam._ disse Draco

- Não, eles não te odeiam._ Sirius começou, e parou – Certo, eles te odeiam. Mas assim como um homem sábio uma vez me disse, se você sta se mantendo firme por popularidade universal, você vai ficar aqui por muito tempo.



**



- Hermione_ era a voz de Harry

Ela abriu seus olhos e observou. Ele estava em pé na frente dela, uma sombra embaçada de Harry, clareada por um pálio de estrelas. Por um momento, ela só sorriu para ele, era como o monte de sonhos que ela tinha, e eal pensou que ainda não estava acordada. Contudo, em seus sonhos, Harry jamais pareceu tão aflito.

- Harry_ ela disse, se sentando – Está tudo bem?

- Está._ ele disse, olhando para ela com uma expressão engraçada – Você quer dar uma volta comigo?

- Onde?

- Só uma volta, aqui por perto. Eu não quero que os outros escutem.

- Está bem._ ela disse, se levantando e seguindo ele

Ele estava andando para longe do carro, pela beira do penhasco.

- Eu queria te agradecer_ ele disse – Por salvar a minha vida.

- Eu não te salvei, Harry, você caiu_ ela salientou desapontada

- Se você não tivesse me segurado por tanto tempo, Ron e eles chegariam tarde demais. Você ouviu o que eu te disse?

- O quê?_ ela perguntou, confusa pela pergunta repentina – Quando?

Ele parou de andar e olhou para ela. O rosto dele à luz da lua estava escuro, delineado com sombras prateadas, o rosto mais familiar do mundo para ela, e ainda, de certa forma, o mais estranho. Olhar para ele tinha aquele efeito nela, como sempre, de fazer todo o resto do mundo não parecer real.

- Quando eu estava quase caindo._ ele falou – Você me ouviu?

- Eu achei que você disse que me amava._ ela disse, desviando o olhar – Mas talvez você não disse.

Houve um longo silêncio. Então, ele disse:

- Eu disse.

O coração dela começou a dar pancadas fortes, e ela olhou para o chão de grama.

- Eu sei que você me ama, Harry._ ela falou – Eu sou sua melhor amiga. Não foi isso que você quis dizer?

- Você sabe que não foi._ ele respondeu, baixando o tom de voz

- Eu te disse_ ela falou – Eu te disse que eu não ia ter essa conversa com você novamente.

- Então não fale_ ele disse – Só me escute.

Ela ergueu sua cabeça e olhou para ele novamente. Ele tinha aquele olhar em seu rosto. O olhar determinado de Harry. O olhar que ele tinha para se manter firme quando tinha que fazer algo difícil, como encarar um Rabo Chifrudo Húngaro, ou derrotar o Lord das Trevas, ou contar a Hermione o que ele sentia por ela.

- Eu te amo_ ele disse – E eu não só te amo, como estou apaixonado por você. E tenho estado há tempos.

Hermione só ficou parada. Ela sentiu como se tivesse deixado o seu corpo, e a verdadeira Hermione estivesse flutuando por aí, em algum lugar sobre sua cabeça, assistindo a tudo com destacado interesse.

Harry parecia aflito.

- Essa deveria ser a hora em que você fica muito feliz e me beija._ ele falou

- Há tempos?_ Hermione ouviu a si mesma dizer – O que você quer dizer com há tempos?

Harry parecia aturdido. Ele obviamente não se preparou para interrogatórios.

- E-eu acho... quero dizer, eu sabia disso há dois anos. Antes disso eu também devia estar, mas eu não havia me dado conta. Eu me lembro quando eu me dei conta. Nós estávamos de férias com seus pais e você estava vestindo aquele vestido amarelo. Não era tão bonito quanto esse que você está vestindo agora, mas..._ ele sorriu para ela, preocupado – Você estava linda.

Hermione lembrou-se. Ela havia vestido aquele vestido porque seria a primeira vez que ela iria ver Harry após dois meses de viagem, e ela esperava que ele gostasse da roupa, mas ele não disse nada, absolutamente nada.

- No ano passado_ ela disse vagarosamente – Eu te disse que eu te amava. E você me disse que não sentia nada por mim além de amizade.

- Eu não queria perder sua amizade. Eu acho que eu estava com medo.

- Com medo?_ ela repetiu o que ele disse – Você sabe o que você fez comigo, Harry? Você sabe em que você me pôs? Ouvir você dizer que não me amava, foi a pior coisa que já me aconteceu. Eu não posso acreditar que você só..._ ela estava com muita raiva agora, a voz dela estava estalando – Você mentiu pra mim, Harry. E mentiu uma coisa dessas!

Harry parecia espantado.

- Eu nunca quis te machucar._ ele protestou – Eu só...eu pensei que nunca iria dar certo conosco, está bem? Eu achei que nós éramos muito diferentes. E eu achei que se eu tentasse fazer dar certo com a Cho...

- Essa é a diferença entre você e eu._ interrompeu Hermione – Eu nunca teria tentado fazer dar certo com ninguém senão você.

- Estou tentando fazer dar certo com você agora._ falou Harry, fazendo um visível esforço para manter-se calmo

- Contudo, você nunca teria tentado se não fosse por Draco. Se não fosse por ele, nunca teria ocorrido a você que você poderia me perder. Você só achou que eu fosse sentar num canto, esperando que vocÊ um dia mostrasse algum interesse por mim, como... como bagagem esquecida.

- Bagagem?_ Harry estava branco de choque

Ela dobrou seus braços e olhou para ele. Ela estava cheia de raiva sensata, que ela sabia que era sensata, mas não adiantava nada. A expressão no rosto dele a fez ficar ainda mais com furiosa. Ele tinha tido tanta certeza da reação dela. Tanta certeza...

- Você não precisa me dizer tudo isso._ ele disse, terminantemente – Seria o suficiente me dizer que você não me ama.

- Mas eu te amo, Harry._ ela disse – Eu te amo mais do que qualquer outra coisa. Eu te amo tanto que isso me assusta.

- Então por quê?

Mas ela balançou sua cabeça.

- Eu não quero me assustar mais._ ela disse, e começou a se afastar dele, andando até o carro

- Hermione!_ ele chamou por ela, soando desesperado

Ela parou, mas não olhou para trás.

- Ele não te ama como eu te amo!_ Harry continuou – Ele não te conhece como eu te conheço.

- Não_ ela concordou – Mas ele não pode me machucar como você pode.

E ela continuou seu caminho.



*** creque (isso deve ser o coração do Harry se partindo em pequenos pedaços adolescentes)***



- Eu nunca mais vou seguir um conselho seu_ Harry disse a Ron

Ele tinha ido se sentar com os Weasley. Hermione, que ainda se recusava a falar com ele, estava em pé um pouco distante deles, observando a Mansão Malfoy.

O sorriso de Ron começou a se desfazer.

- O quê...?_ ele perguntou

- Ela me odeia._ disse Harry terminantemente

Ron, Fred e Jorge ficaram completa e interiamente espantados. Eles obviamente estavam, ainda mais certos dos sentimentos de Hermione do que Harry.

- Hermione não te odeia_ disse Jorge, por fim, num tom chocado de voz

- Ela me odeia_ disse Harry – Ou ao menos odeia o que tem por dentro de mim.

- O que você fez?_ perguntou Ron – Você deve ter feito alguma coisa.

- Obrigado, Ron, pelo voto de confiança._ disse Harry, num tom abafado de voz

- Eu só quis dizer...

- Tome um pouco de suco de abóbora._ ofereceu Fred, estendendo um copo até ele

- Eu não quero suco de abóbora._ falou Harry – Eu quero vodka. Você tem vodka?

Ron balançou sua cabeça, desapontado. E disse:

- Realmente só temos suco de abóbora.

- E óleo de motor._ disse Jorge – Você quer óleo de motor?

- É isso_ disse Harry no mesmo tom abafado – Eu cheguei ao fundo do poço.

- Ei, olhem!_ disse Fred, apontando - Sirius está voltando. E ele trouxe o Malfoy com ele.

- Eu estava errado._ falou Harry – Estou num lugar bem mais abaixo.

Ele se endireitou, relutante. Sirius e Draco estavam realmente andando até eles, Sirius na forma humana, e Draco muito parecido como estava da última vez que Harry o viu.

Os Weasley saltaram do carro quando Draco e Sirius se aproximaram. Harry os seguiu, mais devagar. No canto de seus olhos, ele podia ver Hermione andando até eles vinda da beira da clareira.

De alguma forma, Draco estava... diferente. Harry não tinha certeza de como, exatamente. Ele só estava diferente.

Ron, Fred e Jorge tinham cruzado seus braços. Eles estavam olhando Draco como se ele fosse uma bomba a ponto de explodir.

- Malfoy_ disse Ron, balançando sua cabeça defensivamente

- Olá, Weasley._ cumprimentou Draco – Weasleys._ ele adicionou, ao olhar Fred e Jorge. Então ele olhou para Harry e ofereceu uma mão. – Eu gostaria de te agradecer por salvara minha vida.

Harry só olhou. Draco continuou parado com a mão estendida serenamente. Atrás da cabeça de Draco, Harry podia ver Sirius o observando.

Ele estendeu a própria mão, apertou a de Draco, e balançou-as.

- Por nada!_ Harry disse

Eles soltaram suas mãos rapidamente. Então Draco virou-se para os Weasley.

- Olhem_ disse Draco – Eu sei que vocês não gostam de mim. Muita gente não gosta.

- Eu acredito piamente nisso._ falou Ron

- E eu..._ Draco franziu as sobrancelhas – Droga, Weasley! Você quebrou a minha linha de pensamento!

- Você estava nos contando como ninguém gosta de você_ disse Fred, voluntarioso

- Eu não disse ninguém._ falou Draco, cujo ar de serenidade estava começando a se dissipar, asperamente

Ele olhou para Sirius.

- Melhor para enquanto se está vencendo._ Sirius aconselhou

Jorge estalou seus dedos, lembrando-se de alguma coisa.

- Sirius,_ ele disse – Você pode vir aqui dar um jeito no carro? Ele sta fazendo um rangido engraçado... e eu pensei que, já que você tem aquela motocicleta voadora...

- Claro!_ falou Sirius

Ele seguiu os Weasley até o carro. Harry, querendo estar o mais longe possível de Hermione, foi com eles. Isso deixou Draco sozinho com Hermione, que estava em silêncio durante toda a conversa.

- Ei!_ disse Draco

Ela olhou para ele, e assim como Harry, achou que ele estava... de algum modo diferente.

- Eu sinto muito mesmo._ ela falou – Sirius nos contou sobre o feitiço Veritas. Eu estava muito pronta para pensar o pior de você, e eu te julguei completamente mal, me desculpe.

Draco balançou sua cabeça.

- Você não me julgou mal._ ele disse – Você achou que eu era um babaca, e eu sou um babaca. E eu provavelmente sempre serei.

- Talvez_ disse Hermione – Mas você é um babaca de moral. Isso faz sentido?

- Na verdade não._ disse Draco

- Isso quer dizer_ Hermione explicou – que mesmo que eu não acredite que você vá dizer a coisa certa, sempre eu vou acreditar que você vai fazer a coisa certa. Sempre.

Draco sorriu.

- Isso quer dizer que o convite de passar as férias chez Granger ainda está de pé?

- Claro_ disse Hermione – E eu acho que os meus pais vão gostar de você, considerando que você salvou a minha vida.

- Você sabe_ falou Draco – Que dizem que, uma vez que você salva a vida de alguém, você fica responsável pro essa pessoa para sempre. Então, eu vou ter que ficar de olho em você de agora em diante.

- Essa parece ser uma regra injusta_ disse Hermione

- Qualquer regra que signifique que eu tenho que passar mais tempo com você é uma boa regra no meu livro._ disse Draco

Hermione ruborizou. Ela não podia remediar isso. Ocorreu a ela que só dois garotos no mundo pareciam ser capazes de fazê-la ruborizar só olhando para ela quando os dois estão no topo desse penhasco. É claro, um dels não estava falando com ela.

Draco parecia conseguir ler a mente dela.

- Você está pensando em Harry._ ele falou

- Nós conversamos_ ela respondeu – Não transcorreu bem.

- Ele parece péssimo._ falou Draco

- Você também estaria se tivesse caído de um penhasco._ disse Hermione protetoramente

Draco sorriu para ela.

- Não foi o que eu quis dizer, e você sabe disso._ ele disse – Você não tem idéia do que quer, não é?

- Eu sempre achei que eu queria o Harry._ ela falou – E agora eu não sei mais._ ela suspirou – Ele me deixa tão maluca...

- Fora do tópico Harry_ falou Draco – embora eu adore falar sobre ele, é claro, algo acabou de me ocorrer.

- O quê?

- Eu nunca te beijei de volta ao meu corpo._ disse Draco

Hermione se sentiu ruborizar novamente.

- Será que seria... diferente?

- Só há uma forma de descobrir._ ele disse, dando a ela um sorriso preguiçoso e felino

- Hermione!

Era Sirius chamando. Ela virou-se e o viu fazendo um gesto para que ela e Draco fossem até o carro. Ele, Harry e os Weasley já estavam sentados, prontos para partir.

Ela olhou de novo para Draco, que parecia despreocupado.

- Está tudo bem_ ele falou – Nós teremos bastante tempo durante as férias.

Ele é terrivelmente muito seguro de si mesmo, não é? Hermione pensou, enquanto eles caminhavam até o carro. Exatamente o oposto de Harry. Harry, que estava sentado no banco traseiro, ao lado de Ron, e olhando fixamente para o penhasco.

Draco sentou-se ao lado de Harry, que nem se virou. Isso fez com que não sobrasse nenhum lugar para Hermione.

- Superlotados?_ perguntou Jorge alegremente – Hermione, você vai ter de se sentar no colo de alguém.

Draco e Harry olharam para ela. Draco desviou o olhar rapidamente. Hermione olhou para Jorge, e então se sentou no colo de Ron.

- Você não poderia ter aumentado o espaço com mágica?_ ela perguntou para Jorge quando eles partiram

- Para quê?_ Jorge perguntou, distraído, enquanto mudava a rotação do carro

Isso fez com que o carro batesse por cima e por baixo. Num barulho muito alto.

Jorge gritou de alegria, Ron reclamou bem alto no ouvido de Hermione que ela estava esmagando sua perna, e junsot a todo o barulho, ela ouviu Harry fazer uma barulho que soava muito como um grito de dor.

Ela virou-se e viu Harry levantado de seu assento. Na verdade, ele não estava muito levantado, ele parecia mais estar sendo erguido por mãos invisíveis, repreendido pela gola de sua camisa, e arrastado para fora de seu assento. Ele tinha suas mãos sobre sua garganta, tentado impedir que sua camisa o sufocasse.

- Jorge!_ berrou Hermione – Pare o carro!

Eles estavam agora a vinte metros do chão. Jorge virou-se de seu assento, viu Harry, arregalou os olhos, e freou o carro. O efeito disso foi que Harry voou para cima, saiu do carro, e caiu quarenta metros até o chão.

Jorge fez com que o carro girasse, e o fez mergulhar até o chão. Eles pousaram com um baque de sacudir ossos, e começaram a saltar do carro.

A primeira coisa que Hermione viu quando saltou do carro foi Harry, ajoelhado no chão. As mãos dele estavam sobre suas costas.

A segunda coisa que ela viu foi Lúcio Malfoy, parado ao lado de Harry. Ele estava com a mão firme, segurando sua varinha, apontada diretamente para o coração de Harry.

- Vocês todos_ disse Lúcio sem olhara para eles – Fiquem onde estão.



**



- Como ele nos achou?_ Hermione sibilou para Sirius

- O Feitiço Essencial._ Sirius sussurrou de volta. Ele estava olhando aflito para Lúcio – funciona como uma forma de achar a pessoa encantada.

Lúcio deu um passo para mais perto de Harry, mantendo sua varinha apontada para ele.

- Harry Potter_ ele disse. Lúcio parecia muito desarrumado. Seu cabelo estava arrepiado para todos os lados, e suas vestes, onde não estava amassada e rasgada, estava ensangüentada e enlameada – Você me causou bastante problema._ ele ergueu sua cabeça, olhou para os outros, que estavam perto do carro, boquiaberto de choque. Seus olhos pousaram em Draco – Todos vocês me causou bastante problema.

- Deixe-o em paz, Lúcio!_ rosnou Sirius

- Por que eu deveria?_ disse Lúcio, agora olhando novamente para Harry

Parecia, Hermione pensou, que ele pôs algum tipo de Feitiço do Amarramento nas mãos de Harry, ela podia ver cordas em volta dos punhos dele.

- Porque você não pode matar nenhum de nós._ disse Sirius num tom agudo – E se você tocar em Harry...

- Quem disse que eu não posso matar a vocês todos?_ perguntou, enraivecido – Eu sou um Malfoy! Na minhas veias corre o sangue de Salazar Slytherin!

- Não corre!_ disse Harry bruscamente – Dumbledore me disse que Voldemort era o ultimo descendente de Slytherin.

Lúcio encarou Harry.

- É do meu conhecimento que todos os nossos esforços para tentar matar um menininho idiota não deram em nada._ falou Lúcio – Mas isso não acontecerá mais.Meu Mestre desejaria ter o prazer de te matar, mas ele vai ter de se contentar com o prazer de ser presenteado com o seu cadáver.

Ele apontou sua varinha para Harry, e disse:

- Avada...

E parou. Porque Draco tinha corrido até eles e estava agora entre a varinha de Lúcio... e Harry. Ele encarou seu pai, levemente ofegando, olhando para ele com firmeza.

Lúcio Malfoy franziu suas sobrancelhas, e disse impacientemente:

- Saia da frente, Draco!

- Não_ disse Draco, que estava muito pálido – Se você quiser matar Harry, você vai ter que me matar primeiro.

Lúcio parecia furioso, e falou:

- Não seja tolo.

Atrás de Draco, Harry começou a tentar se levantar. Ele estava fazendo alguma coisa com suas mãos, mas Hermione não podia ver o quê.

- Eu sei que você teria deixado o Lord das Trevas me matar._ disse Draco, ainda olhando para seu pai – Mas eu não sei se você consegue fazer isso com suas próprias mãos.

- Eu te garanto que consigo._ falou Lúcio – E irei. Saia da frente!

- Mate-o e você perderá Narcissa também._ disse Sirius

- Cale a boca, Black!_ sibilou Lúcio. A mão dele foi até seu pescoço, e agarrou o pingente. Ele o ergueu até sua cabeça. Draco olhou para ele, confuso – Você é o meu filho e meu único herdeiro._ disse Lúcio a Draco – Pela última vez, você vai sair da frente?

Draco balançou sua cabeça, e disse:

- Não.

- Muito bem_ falou Lúcio – Eu sou jovem. Eu posso casar novamente. Eu posso ter mais filhos.

E ele apertou sua mão no pingente, afundando suas unhas nisso.

Draco berrou, e caiu sobre o chão como uma árvore caindo. Quando ele caiu, ele colidiu em Harry, que estava caído no chão com Draco em cima dele, com o rosto azul, mas ainda respirando.

Lúcio soltou o pingente, e Hermione o viu brilhar com luz bruxuleante em sua amolgadura, mas não estava quebrado.

Ainda não.

Lúcio deu uns passos sobre a grama até Draco e Harry. Hermione olhou para os lados e viu que Ron, Fred e Jorge tinham sacado suas varinhas, e estavam quase apontando-as para Lúcio.

- Agora não!_ ele sussurrou para eles

Eles olharam para ela como se ela fosse maluca.

- Esperem_ ela sibilou

Lúcio chegou até o emaranhado de Draco e Harry. Ele se agachou e agarrou as costas da camisa de seu próprio filho com uma só mão, e o tirou de cima de Harry. Ele empurrou o corpo flexível de Draco para o lado.

Harry estava deitado no chão com as mãos nas costas, olhando para Lúcio.

- Adeus, Harry Potter!_ disse Lúcio erguendo sua varinha

- Olá, Lúcio!_ disse Harry, sentando-se

Hermione viu algo prateado e brilhante lampejar de repente na mão direita de Harry. Era a espada que ele havia pego na sala de esgrima da mansão. Ele a sacou, e cortou a mão de Lúcio ao meio. Harry se levantou num pulo quando Lúcio berrava e caía, com os dedos de sua mão direita ensangüentados, sua outra mão ainda segurando o Feitiço Essencial.

Harry virou sua cabeça para Hermione e ela soube imediatamente o que ele queria que ela fizesse.

- Hermione!_ ele gritou – Agora!

Hermione apontou sua varinha e clamou:

- Accio!

E o Feitiço Essencial saiu da mão esquerda de Lúcio e voou até ela. Ela o segurou cautelosamente, e virou-se para os Weasley, que tinham suas varinhas apontadas para Lúcio.

- Já!_ ela falou

- Estupefaça!_ gritaram Ron, Fred e Jorge

Uma luz branca saiu da varinha deles e atingiu Lúcio na cabeça. Hermione já havia visto antes o que a força de Feitiços Atordoantes podia fazer, mas não foi menos impressionante dessa vez. Lúcio foi lançado para os lados e voou pelo ar, batendo no tronco de uma árvore, onde ele ficou inerte.

Harry caiu ajoelhado, perto de Draco, ainda segurando a espada. Hermione e Sirius correram para se juntarem a ele, enquanto os Weasley correram para ver se Lúcio ainda estava consciente, sendo assim, perigoso.

Ajoelhada, Hermione pôs sua mão no ombro de Draco. Ele ainda estava azulado, mas sua respiração parecia normal. Ela olhou para Sirius, preocupada, E PERGUNTOU?

- Ele vai ficar bem?

- Eu acho que ele desmaiou de dor._ disse Sirius silenciosamente

Draco se mexeu, e seus olhos se abriram. Ele falou:

- Eu não desmaiei. Eu não desmaio.

- Claro!_ disse Harry – Você só decidiu tirar um cochilo no meio de toda essa agitação.

Draco olhou para Hermione, e perguntou:

- E o meu pai?

- Ele está bem._ ela disse rapidamente - Nós o atordoamos.

Draco de repente pareceu muito, muito cansado.

- Que bom._ ele disse

Haviam olheiras sob os olhos dele, Hermione se aproximou, e muito suavemente tocou o rosto dele.

- Você foi fantástico!_ ela disse – Você realmente foi.

Draco olhou para Harry, e perguntou:

- Como você se livrou das cordas?

Harry mostrou a espada, erguendo-a.

- Eu cortei as cordas com a ponta dessa espada._ ele disse, e Hermione viu que os pulsos dele estavam cortados e sangrando um pouco – E você sabe do que mais?_ ele adicionou e virou a espada – Eu acho que seu pai devia estar certo quando falou que vocês tem parentesco com Slytherin._ Harry virou a lâmina, para que todos pudessem ver as palavras escritas, no cabo, um pouco acima das jóias verdes: Salazar Slytherin

- Eu sempre soube que eu era especial._ disse Draco, e fechou seus olhos novamente

Harry olhou para Hermione. Ele não parecia mais furioso. Só cansado, preocupado e triste.

- Ótimo feitiço da atração, Hermione_ ele disse – Obrigado.

Ela balançou a cabeça positivamente para ele, não confiando que podia falar.

Nesse momento, Ron, Fred e Jorge se aproxmaram. Ron estava andando na frente, Fred e Jorge estavam arrastando Lúcio entre eles. Sirius olhou para eles.

- Ponha-o na parte de trás do carro!_ ele pediu

Apesar de Sirius ter pedido, sem dúvida, para que Fred e Jorge começaram a enfiá-lo no bagageiro. Sirius olhou para eles, deu de ombros e virou-se para Draco.

- Quando chegarmos à escola_ disse Draco, virando-se para Sirius – Você vai me contar o que tinha de mais no pingente?

- Claro!_ disse Sirius, parecendo aflito

- E Potter, você vai me devolver essa espada? Porque, como você sabe, não é sua. Está na minha família há anos.

- Malfoy_ disse Harry, sem rancor – você nunca a notou até hoje, notou?

- Talvez sim, talvez não._ disse Draco

Ele olhou para Harry, cujo rosto, para a surpresa de Hermione se contorceu num sorriso muito cansado e muito relutante.

- Diga o que você quiser, Malfoy_ ele disse – Diga o que você quiser.

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