A Falta de Reação



Molly e Fleur estavam chorando e se abraçando. Todo aquele acontecimento com Gui acabou fazendo as mulheres fazerem as pazes.

Tonks observava a cena, chocada, como todos, mas acreditava em Fleur quando ela dissera que precisava mais do que um lobisomem para fazê-la desistir de Gui. Então olhou para Lupin que estava parada ao seu lado e num impulso, pelo momento, pelo que estava sentindo, por tudo que estava acontecendo, ela desabafou.

- Esta vendo! Ela ainda quer casar com Gui, mesmo que ele tenha sido mordido! Ela não se incomoda!

Lupin não esperava por isso. Todos estavam tão abalados com os acontecimentos. Ele estava tenso com a situação, não gostava de discutir sua vida pessoal na frente de tanta gente.

- É diferente – disse quase sem mover os lábios – Gui não será um lobisomem típico. Os casos são completamente diferentes ...

- Mas eu também não me incomodo, nem um pouco! Já lhe disse um milhão de vezes ...

Tonks tinha agarrado Lupin pela frente das vestes sacudindo-o. Ele sempre dava as mesmas desculpas para ela e ela sempre dava a mesma resposta. Não se importava com o fato dele ser um lobisomem, nunca se importou e ele sabia disso, mas continuava a não querer nada com ela, desde que Sirius morreu, ele insistia nessa história ridícula.

- E eu já disse a você um milhão de vezes ... – respondeu Lupin evitando os olhos dela, encarando o chão - ... que sou velho demais para você ... pobre demais ... perigoso demais ...

Eram sempre as mesmas desculpas, todo aquele papo de velho, pobre e perigoso. No inicio ele não ligava tanto para isso, foi difícil convencê-lo que ela não se importava e ele acabou cedendo. Mas desde a morte de Sirius que resolvera terminar com ela, ele não falava mais nada além dessas desculpas. Não se importava em dizer a Tonks mais nada, apenas que era velho para ela, pobre e perigoso. Ele sempre usava essas desculpas. Tonks não sabia mais o que dizer o que fazer para que Lupin acreditasse nela. Então a Sra. Weasley, que estava dando palmadinhas carinhosas no ombro de Fleur se interpôs na conversa.

- E tenho lhe dito o tempo todo que sua atitude é ridícula, Remo.

- Não estou sendo ridículo. – respondeu Lupin com firmeza – Tonks merece alguém jovem e saudável.

O Sr. Weasley que estava perto da cama de Gui, junto com a Sra. Weasley e Fleur, disse.

- Mas ela quer você!!! Afinal das contas Remo, os homens jovens e saudáveis não permanecem sempre assim.

O Sr. Weasley fez um gesto mostrando o filho deitado na cama da ala hospitalar.

Todos estavam em silêncio observando a cena. Lupin não se sentia muito confortável naquela situação. Não gostava de chamar atenção e naquele momento todos estavam olhando para ele. Então, olhando para os lados, m pouco aflito, evitando encarar qualquer pessoa presente ali, esperando que aquela discussão acabasse logo, disse.

- Este não ... não é o momento para discutir o assunto ... Dumbledore está morto ...

- Dumbledore teria se sentido o mais feliz dos homens em pensar que havia um pouco mais de amor no mundo.- disse secamente McGonagall, no momento em que as portas da enfermaria tornaram a se abrir e Hagrid entrou.

- Fiz ... fiz o que mandou, professora. – disse Hagid com a voz sufocada, sem perceber o que estava acontecendo ali – Re ... removi ele. A professora Sprout fez a garotada voltar para a cama. O professor Flitwick está descansando, mas diz que logo estará bem e o professor Slughorn diz que o Ministério foi informado.

Todos agora olhavam para Hagrid e professora McGonagall. Então ela se levantou da cadeira.

- Obrigada Hagrid – voltou sua atenção para o pessoal em torno da cama de Gui – Terei de ver o pessoal do Ministério quando eles chegarem. Hagrid ... – ela se virou para ele novamente - ... por favor, avise os diretores das Casas ... Slughorn pode representar a Sonserina ... de que quero vê-los sem demora no meu escritório. Gostaria que você se reunisse a nós também.

Hagrid saiu da enfermaria arrastando os pés. McGonagall olhou para Harry e pediu que ele a acompanhasse também, queria conversar com ele. Os dois saíram da enfermaria, deixando todos em silêncio. Ninguém ousava falar nada e nem queriam.

Tonks e Lupin continuavam ainda de pé, um ao lado do outro, sem se olharem. Não sabiam o que fazer. Tonks por vezes arriscava olhar para ele e via que ele tremia um pouco, parecia perdido, sem querer acreditar nos acontecimentos. Não gostava de vê-lo sofrendo daquele jeito. Já sofrera bastante na vida, perdeu os amigos e agora Dumbledore. Queria ajudá-lo de alguma forma. Provaria a ele que não o deixaria, não iria passar por isso sozinho, mesmo que quisesse. Ela não o deixaria!! Com isso, arriscou encostar sua mão na dele, bem de leve, segurando as pontas dos dedos dele, que tremiam.

Lupin não conseguia acreditar que Snape pôde fazer algo assim, matar Dumbledore a sangue-frio. Não gostava de Snape, mas ele o ajudou quando foi professor em Hogwarts, fazendo as poções que o ajudavam durante as transições de lua cheia. Como pôde ser espião para Voldemort ?! Dumbledore acreditava tanto nele, mesmo que todo mundo afirmava o contrário. Não podia acreditar nisso. Então sentiu uma mão quente e macia segurar-lhe as pontas dos dedos, desviando-o de seus pensamentos. Ele apenas olhou para a mão que o segurava e nada fez. Não tinha vontade de fazer nada, nem de retirar a sua mão das mãos de Tonks. Não queria outra discussão ali na enfermaria.

Madame Pronfrey quebrou o silêncio.

- Meninos, vocês devem voltar para seus dormitórios. Não podem fazer mais nada aqui. Gui precisa descansar agora. – olhando para o restante do grupo continuou – Sr. e Sra. Weasley e a Senhorita Delacour podem ficar mais uns minutos se quiserem. O restante pode ir também, a não ser que precisem de medicação.

Tonks e Lupin sacudiam a cabeça negativamente. Ninguém contestou as ordens da Madame Pronfrey. Apenas se despediram uns dos outros e saíram da enfermaria.

Lupin se despediu da Sra. Weasley e foi falar com o Sr. Weasley.

- Sabe Arthur, não acho que Gui vá se tornar um lobisomem completo. Mas quando ele melhorar eu converso com ele.

- Obrigado Remo. Você vai pra casa agora?!

- Vou sim. Preciso descansar. Todos nós precisamos.

Não estava muito certo se conseguiria dormir esta noite. Com certeza estava cansado, mas dormir seria um problema.

- Eu lhe acompanho até a saída do castelo. Vou embora para casa também. – disse Tonks que tinha se despedido de todos. E saiu calada ao lado dele.

Não falaram nada durante todo o percurso até os portões do castelo. Ela sabia que ele não era de falar sobre seus sentimentos, ainda mais agora. Ele estava abalado com tudo isso. Podia ver nos olhos dele, que se enchiam de lágrimas, que ele estava com medo, estava desesperado, como se tudo aquilo fosse o fim.

Chegaram ao lado de fora do terreno da escola, podiam desaparatar agora. Tonks queria dizer alguma coisa a ele, mas não sabia exatamente o que, queria mostrar a ele que ela estava ali, que se precisasse de alguém para conversar, ela estava disposta. Só não sabia com fazer isso. Não queria falar nada que o aborrecesse agora. E antes que ela pudesse abrir a boca para dizer algo, ele olhou nos olhos dela, pela primeira vez na noite, uma lágrima escorrendo em seu rosto e desapareceu.

Ela ficou ali olhando para o nada. Estava espantada, não acreditava que ele tinha feito aquilo. Não depois da cena da enfermaria. Tinha que ir atrás dele. Lembrou da conversa dele com o Sr. Weasley, que ele falou que ia para casa. Ela sabia que ele continuava morando na casa de Sirius. Será que ele tinha ido para lá?! Teria que arriscar, não sabia de nenhum outro lugar que ele poderia morar. Desde que o conheceu, ele sempre esteve no Largo Grimmauld, nunca conheceu sua antiga moradia. E certamente ele não voltaria para a caverna que os lobos ocupavam, agora que Fenrir Greyback sabia que ele era um traidor e pertencia a Ordem.

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