Recomeço



17) Recomeço

Quando Hermione retornou à sala, encontrou Harry lendo um pergaminho. A mulher sentou-se num dos sofás da sala, e esperou que ele concluísse a leitura. Recostou a cabeça numa almofada e fechou os olhos; estava exausta, e tudo que queria era tomar um banho quente e em seguida, deitar-se. Não percebeu a aproximação de Harry, apenas sentiu os lábios dele em sua testa. Ela sorriu.

- E então? – ela quis saber.

- Rony disse que prenderam todos os aliados de Venon que se encontravam no esconderijo, exceto Venon. – Harry contou.

- Ele conseguiu fugir?

- Na verdade, ele se matou. Acredito que Venon não aceitou a idéia de ser preso, e acabou com a própria vida.

- Jamais desejaria a morte dele, mas estaria mentindo se dissesse que não me sinto mais segura ao saber disso. – Hermione confessou.

- Sei como se sente. E a Sara?

- Ela dormiu. Queria que eu contasse tudo sobre como voltamos a ser amigos, mas a convenci a esperar até amanhã. – Hermione disse, sorrindo – Tem certeza de que não seria melhor tê-la levado para casa?

- Absoluta. Sara passou por um momento muito difícil, e precisa se sentir segura e querida; sei que estou te pedindo demais, mas não acredito que Gina será boa companhia para minha filha.

- Você não está pedindo demais, Harry. É um prazer ter a Sara aqui comigo por uns dias, mas Gina é a mãe dela e provavelmente vai se preocupar.

- Por favor, não vamos falar dela! – o moreno pediu.

- Não podemos fingir que a Gina não existe. Ela é mãe de sua filha e sua esposa, caso tenha esquecido!

- Eu não esqueci, Hermione! – ele ficou de pé e se afastou.

- Ótimo! Terá que decidir se deseja continuar esposa dela, pois eu não estou disposta a ser apenas sua amante! – a mulher também ficou de pé, ligeiramente irritada.

- Eu estaria louco se continuasse com ela, pois além de ela ter me enganado por todos esses anos, eu não a amo mais. – Harry a encarou – Eu amo você, Mione.

Toda a raiva se dissipou ao ouvir aquilo e ver o sorriso dele. Ela se aproximou lentamente, e apoiou a testa no tórax dele. Harry a envolveu num abraço, e a ouviu sussurrar que também o amava. Então, Hermione afastou-se apenas o necessário para que o moreno pudesse beijá-la.

- E é com você que quero ficar. – ele disse, acariciando a face dela. Escondida no corredor, Sara sorria ao ver os dois juntos. Acreditava que Hermione poderia fazer seu pai feliz como sua mãe nunca fizera.

*****************

Assim que foi atendido pelo elfo doméstico que trabalhava na casa de Rony, Harry adentrou no local, e ficou por alguns minutos aguardando o amigo. Não demorou muito para o ruivo surgir com um sorriso de alivio nos lábios.

- Graças a Merlim tudo deu certo! – ele disse sentando-se ao lado de Harry.

- Sim, Venon agora está morto, e minha filha sã e salva.

- Mais tarde vou visitá-la. – ele pausou por alguns segundos, então, continuou – Harry, você ainda não foi para casa?

- Não. – a expressão do moreno mudou completamente.

- Gina está preocupada com você, já recebi dezenas de corujas dela pedindo notícias suas.

- Notícias minhas... E da Sara? Por acaso, ela perguntou em algum momento como está a filha dela? – Rony não respondeu – Gina sequer percebeu que quase perdeu a filha.

- Ela não é a melhor mãe do mundo, mas ainda assim, Harry... É sua esposa. – Harry respirou fundo, e olhou bem nos olhos do amigo.

- Rony, você sabia da morte dos Granger? – o ruivo piscou, surpreso.

- Os pais da Mione morreram? Quanto tempo tem isso? Por Merlim, a Mione deve estar arrasada... – ele ficou de pé – Preciso vê-la agora mesmo e...

- Eles morreram anos atrás. Na verdade, foram assassinados.

- C-como? – Harry também ficou de pé.

- Você sabia que a Mione quase morreu pouco tempo antes da guerra?

- A Mione? Mas do que está falando?

- Rony, se eu lhe disser que fomos injustos com a Mione, principalmente eu, e que a culpa é da Gina, você entenderia por que eu não consigo olhar para a cara dela, pelo menos, por enquanto?

- Ai meu Merlim! – Rony passou as mãos pelos cabelos – O que minha irmã fez?

- Houve um ataque de comensais, e os pais da Mione morreram. Ela ficou muito ferida, foi levada a um hospital trouxa, mas felizmente sobreviveu. – ele contou, ainda sentindo raiva de si mesmo – Gina interceptou uma carta da Mione, e além de ter respondido fingindo ser eu, nunca nos contou sobre esta carta.

- V-você tem certeza? Gina não seria capaz de algo tão mesquinho!

- Mione tem cicatrizes, Rony. Você sabe que os métodos trouxas são diferentes dos nossos. Eu pude ver nos olhos dela toda sua tristeza, não só por ter perdido os pais de uma forma tão brutal, mas também por ter passado por tudo isso sozinha. Nós viramos as costas para ela no momento que ela mais precisou. E eu ainda a expulsei da Ordem como se ela fosse uma traidora. – Harry baixou a vista, envergonhado.

- Eu nem sei o que dizer. Preciso falar com a Mione, todos nós! – Rony falou.

- Gina não tinha o direito de fazer o que ela fez.

- Minha irmã está doente. – ele disse, também envergonhado – Há muito que eu percebia que o que ela diz ser amor é na verdade uma obsessão.

- Eu vou me divorciar dela.

- Divorciar?

- Não quero continuar com alguém que me enganou por tantos anos.

- Eu entendo. – Rony respirou fundo, imaginando a reação de Gina quando soubesse daquilo – E quando vai falar com ela?

- Quando eu estiver mais calmo.

- A Mione está em casa?

- Sim. Ela está com a Sara.

- Então, eu vou até lá. Mione precisa saber que também não sabia sobre a morte dos pais dela. – ele disse.

- Vamos.

*********************

Ela colocou uns biscoitos num prato, enquanto Hermione enchia dois copos com suco recém preparado. Depois, seguiram para a sala de estar, e sentaram no sofá. Sara sorriu antes de tomar o primeiro gole do suco. Estava um pouco mais magra, e mais pálida, porém, sentia-se segura agora, e era tudo que importava.

- Tem certeza de que não precisa ir ao médico, ver se tem alguma fratura? – Hermione quis saber.

- Absoluta. Estou bem, Mi. Eu sou muito forte.

- Verdade. Deve ter puxado a seu pai. – a menina riu.

- Tive medo que demorassem muito para me encontrar.

- Tivemos sorte de capturar um aliado de Venon. Percebi que estava sendo seguida, então, Harry, Rony e eu armamos um plano e o pegamos antes. – Sara sorriu, satisfeita.

- Sabia que tinha sido uma boa idéia!

- O quê?

- Mi, você vai ter que me perdoar, mas acho que este homem te seguiu por minha culpa. – ela se ajeitou no sofá, empolgada com sua própria idéia – Eu imaginei que Venon demoraria um pouco até entrar em contato com o papai, então, eu disse para um dos homens que ia levar comida para mim que você era muito inteligente e com certeza me encontraria.

- Ah. Muito esperta! – Hermione elogiou.

- Tive medo que ele conseguisse machucar você, mas era minha única chance.

- Não tem problema. Sua idéia foi ótima, e sem ela não teríamos você de volta tão cedo.

- Agora... Você vai me contar como as coisas entre meu pai e você melhoram? – ela pediu, fazendo Hermione corar de leve. A mulher não sabia se deveria contar tudo para Sara.

- Bom... Eu posso resumir e dizer que esclarecemos finalmente o passado.

- Está muito resumido, Mi! – ela reclamou, cruzando os braços.

- Pequena... Entenda que há assuntos que ainda são muito complicados para você entender, muito embora, eu saiba o quanto é uma garota inteligente.

- Mas eu queria saber todos os detalhes.

- Eu lhe prometo que um dia eu lhe contarei tudo o que aconteceu.

- Promete mesmo?

- Sim. Quando você for um pouco mais velha conversaremos novamente, e eu contarei tudo que aconteceu. – Hermione sorriu para a menina – Por enquanto, basta saber que Harry e eu voltamos a ser amigos.

- Certo. Embora, eu já saiba que vocês não são apenas amigos. – a mulher engasgou com o suco ao ouvir aquilo.

- C-como?

- Eu vi vocês se beijando, Mi. – Hermione corou complemente, fazendo Sara sorrir.

- Sinto muito, querida. Não queríamos que soubesse ainda, porque seu pai é um homem casado e isso é errado, e...

- Na verdade, eu aprovo que vocês namorem.

- Verdade?

- Sim. Claro que meu pai precisa se separar da mamãe. – ela falou.

- Não ficou com raiva de mim?

- Eu posso ser uma criança ainda, mas não sou boba, Mi. O casamento dos meus pais vai mal há muito tempo. – Sara disse seriamente – Meu pai é a pessoa que mais amo nesse mundo, e eu sei que ele não estava feliz. Mas ontem, eu vi meu pai sorrindo como nunca havia visto antes; ele realmente gosta de você, e se isto o deixa feliz, eu também fico feliz.

- Oh querida. – Hermione a abraçou – Fico tão aliviada ao saber isso. Saiba que tentarei fazer de seu pai o homem mais feliz deste mundo.

- Eu sei. Eu confio em você. E...

- O quê?

- Se vocês casarem... Eu... Eu poderia ir morar com vocês? – Hermione sorriu ao ver a expressão preocupada na face dela.

- É claro, Sara. Seu pai morreria se tivesse que se separar de você. – ela beijou a testa da menina – E eu amo muito você, querida.

- Sério, Mi? – os olhinhos da pequena marejaram.

- Sim, eu a considero como uma filha. Uma filha maravilhosa, da qual me orgulho muito! – Hermione sentiu novamente o abraço apertado da menina.

- Obrigada. Eu também amo você, Mi. – a mulher sorriu, afagando o cabelo da garota.

- Então... Vamos agora experimentar esses biscoitos? – Hermione sugeriu – Estão com um cheiro ótimo, mas como é a primeira vez que eu faço, melhor comer antes de elogiar.

- Parecem bons. – Sara pegou um dos biscoitos e mordeu. Hermione ficou na expectativa, e ao ver a cara meio estranha de Sara ela perguntou.

- Muito ruim?

- Um pouco sem açúcar. – ela pegou o copo de suco e tomou um gole.

- Não acredito. – a morena suspirou chateada, quando a companhia soou – Só um minuto. – ela levantou para atender e sorriu ao ver Harry e Rony.

- Bom dia, Mione. – Rony cumprimentou, e a abraçou.

- Bom dia. Entrem, por favor.

- Está um cheiro bom! – Harry comentou enquanto chegavam à sala.

- Lamento informar, mas é só o cheiro que está bom. – Hermione diz, fazendo Sara sorrir.

- Está sem açúcar. – a menina contou.

- Ah, mas a Mione nunca foi boa na cozinha mesmo... – o ruivo brincou, recebendo por isso um tapa da amiga.

- Sara, vamos até a cozinha por um instante? Tio Rony quer conversar com a Mione. – ela assentiu, e seguiu Harry até a cozinha.

- Algum problema? – Hermione quis saber.

- Mione, eu... Eu vim para me desculpar. – ele a encarou – Harry me contou tudo que houve, e... Eu sinto tanto. – o homem se aproximou, abraçando fortemente à amiga – Sinto muito por seus pais, eu realmente não sabia. Sinto ter virado as costas para você quando mais precisou.

- Oh, Rony. – sem poder se conter, as lágrimas escaparam de seus olhos – Receber esse abraço, mesmo anos depois, é tudo que eu queria.

- Sinto muito pelo que Gina fez, que vergonha... Nem sei como meus pais ficarão quando souberem.

- Não sei por que a Gina fez tudo aquilo, mas isso já passou, não guardo mágoas de ninguém.

- Ela deve estar doente, sempre esteve... Obcecada pelo Harry, incapaz de amar qualquer coisa que não seja ele. – Rony se afastou um pouco para encará-la.

- Eu sinto pena dela.

- Eu também, Mione, mas o que ela fez foi muito errado, e ela precisa entender isso. – ele respirou fundo – Só posso dizer que fico feliz por ter descoberto a verdade, e por você ter me perdoado.

- Eu te amo tanto, Rony! – Hermione o abraçou novamente, com um enorme sorriso nos lábios. Aos poucos estava recuperando a alegria que perdera quando se afastou da Inglaterra.

- Eu também, Mione!

N/A: Bom, eu sei que demorei um pouquinho, mas aqui está o capítulo novo...!! =) Espero que vocês curtam... Como já disse, fique chegando ao final, acredito que mais dois capítulos, e pronto!! \o/ Finalizarei mais uma fic, mas já tenho um novo projeto em mente, que começarei assim que terminar esta!! Agradeço a todos que leram, comentaram e votaramm!! Beijos!! Pink_Potter : )

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